Os meses passaram rapidamente. Bruna e Vitória apesar de não andarem tão juntas como antes, ainda continuavam amigas. A ruiva nunca contou que tinha uma quedinha pelo namorado da amiga.
Bruna estava rabiscando em seu caderno quando Breno sentou na cadeira em frente a ela e ficou olhando.
— Que?
— Aquele dia da sua mão. Não foi tombo.
— É claro que foi!
— É mesmo? Então por que a Carolina acabou de me dizer que fez um belo gol com seu celular e de quebra sua mão?
—... Não sei. Ela é louca.
— Acha que sou bobo, Bruna?
— Não.
— Eu notei que elas não chegaram mais perto de você desde o dia que caiu.
— Coincidência...
— Não sou tapado, Bruna! Sei que foram elas! — disse irritado.
— Isso já passou, Breno.
— Por que mentiu?
— Não queria ninguém com pena de mim — resmungou.
— Não estou com pena de você e sim com raiva.
— Raiva?
— Sim. Não gosto de mentira, Bruna.
— Mas se eu falasse, você ia querer tirar satisfação, não ia?
— Não. Só não deixaria você ficar sozinha de novo. Assim não aconteceria mais.
— Desculpa.
— Não minta mais pra mim, tá bom?
— Prometo.
— Ouvi dizer que vai ter uma festa aqui na escola no fim de semana. Você vem?
— Não sei. Não gosto muito de festas.
— Mas viria comigo?
Bruna ficou em silêncio olhando o rosto dele. Sorriu levemente esperando a resposta.
— Posso pensar... E ver se meu pai deixa.
Os dois riram.
— Vou esperar a resposta dele então.
****
— E que festa é essa?
— Da escola, ué.
— Quem vai?
— As pessoas da escola.
— Engraçadinha! Quem vai com você?
— As pessoas de sempre.
— Quem, Bruna?
— Vitória, Diego, Breno...
— Hum... Acho melhor não.
— Por quê?
— Vitória já está namorando esse Diego. Aposto que o Breno quer namorar você.
Bruna respirou fundo. Isso porque ele não fazia ideia que ela ia com o Breno e não com todos.
— Eu nunca vou poder ir em nenhuma festa, pai?
Nick ficou sem fala olhando o rosto dela. Não queria ser um pai chato, mas morria de medo que ela sofresse.
— É claro que vai. Só não confio nesses garotos.
— Então confie em mim.
O moreno respirou fundo.
— Tá bom, mas quero você em casa antes da meia noite!
Bruna deu uns pulinhos de empolgação e um abraço apertado no pai. Ele riu da felicidade da menina.
— Obrigada, obrigada! — Beijou o rosto dele.
Logo saiu correndo para o quarto para mandar mensagem para o Breno. Ana entrou em casa bem na hora que ela beijava e abraçava o pai.
— O que você deu a ela?
— Deixei ela ir na festa da escola.
— Uau! Grande progresso.
****
— Já falei com você pra largar um pouco esse garoto! Daqui a pouco vai ficar sem amigos por causa dele.
— Não exagera, pai! — disse revirando os olhos. — Posso não estar tão agarrada a Bruna como antes, mas ainda somos amigas.
— Até quando vão ser, Vitória? Vai deixar uma amizade de anos ser estragada por causa de um garoto?
— Pai ele não está estragando nada!
— Então por que tem meses que você não dorme na casa da Bruna ou ela aqui?
— Ué... Porque eu fico com o Diego no fim de semana.
Matt ergueu as sobrancelhas. Vitória suspirou e desviou o olhar. Ele tinha razão.
— Vou chamar ela pra vir aqui esse fim de semana então.
— Tá.
— Mas eu posso ir à festa, não é? Ela vem comigo depois da festa.
— O Nick deixou ela ir?
— Sim. Ela me mandou mensagem e estava bem empolgada.
Matt riu. Nick não deixava nem a menina respirar. Era um milagre ela poder ir nessa festa.
— Só não quero que você chegue tarde.
— Vocês têm show nesse dia, não é?
— Sim, mas nem pense em burlar o horário. O porteiro vai me dizer que horas chegou.
— Tá bom.
O loiro saiu de perto e ela pegou o celular para mandar mensagem para o Diego.
Meu pai deixou *-*
Que bom, minha linda!
Mas eu vou ter que chamar a Bruna
Pra ir com a gente?
Não.
Pra dormir aqui
Por quê?
Meu pai pediu
Ué...
Pra que?
Falou que estou deixando ela de lado
Ela reclamou?
Acredito que não
Hum...
Mas tudo bem
Ele disse que o porteiro vai ficar de olho
Ele tem que dar um jeito, né?
Pois é
Vai ficar chateado?
Claro que não!
Que bom!
Te vejo amanhã
Até amanhã, gatinha!
No dia seguinte Bruna seguiu para a escola muito feliz. Pela primeira vez seu pai a deixou ir em uma festa! Estava tão empolgada!
Quando chegou, estranhou ver a Vitória no portão sozinha.
— Oi — disse assim que a viu.
— Oi. Está perdida?
— Não. Por que acha isso?
— Cadê o Diego?
— Já entrou.
— Ué...
— Estava te esperando.
— Hum... Aconteceu alguma coisa?
— Não, Bruna. Só quero te convidar pra dormir na minha casa depois da festa.
— É?
— Por que a surpresa?
— Nunca mais dormimos uma na casa da outra.
Vitória suspirou.
— Desculpa amiga. Estou fazendo tudo errado e meu pai me acordou ontem. Sinto muito ter me afastado de você assim...
— Tudo bem. Desde que a gente volte a ser pelo menos um pouquinho como antes, te perdoo.
As duas sorriram.
— Então vamos entrar. No intervalo quero falar sobre a roupa da festa! — a loira disse empolgada.
Bruna riu e as duas entraram.
A ruiva entrou em sua turma e sentou na cadeira de sempre. Breno ainda não tinha chegado, mas Diego estava sentado na carteira atrás da dela.
— Por que você foi reclamar com o pai da Vitória?
— O que?
— Não se faça de i****a! Você reclamou com ele se fazendo de vítima, que estava sendo abandonada pela amiga e ele a obrigou a te chamar pra ficar lá!
— Obrigou?
— Sim. Falou que ela tem que te chamar porque estão distantes. Que drama, Bruna!
— Em primeiro lugar: eu não falei nada com o Matt. E em segundo lugar: i****a é você de me falar essas coisas! — Virou as costas a ele e pegou suas coisas na mochila.
— Se não fosse tão coitadinha, não precisaria de ajuda por causa de duas garotinhas mimadas...
Bruna franziu a testa quando ele disse isso, mas não olhou para trás ou falou nada.
— Deixa de ser i****a, Diego! — disse Breno, que chegou bem na hora que ele disse isso.
— Só estou falando a verdade.
— O que foi que eu atrapalhei pra você ficar tão nervosinho comigo? — A ruiva virou de frente para ele de novo.
— Como assim atrapalhou?
— Você queria fazer alguma coisa nesse dia que ela me chamou para dormir lá e agora está jogando a culpa em mim.
— Mas é culpa sua! Se não ficasse lamuriando por aí que é a garotinha abandonada, ela não teria que te chamar!
— Chega! — Breno deu um tapa na mesa de Diego fazendo os dois levarem susto. — Se está irritadinho porque seus planos não deram certo, desconte no seu skate, na sua namorada, ou no que quiser, mas não faça isso em que não tem nada a ver com sua raivinha!
— Mas ela tem a ver!
— Dane-se! Não vou deixar você maltratar ela!
Os dois ficaram se olhando de cara feia.
— Breno senta — Bruna puxou a blusa dele.
O moreno não respondeu e sentou no lugar dele, mas não deixou de olhar para trás com o rosto sério. Diego também olhava ele de vez em quando.
Bruna no meio dos dois se sentia horrível. Então era isso que ele pensava dela?
No intervalo foi direto até Vitória para perguntar se o Matt tinha mesmo a obrigado a convidá-la. Foi correndo para chegar na frente de Diego. Vai que ele inventa outra história?
— Que foi? — Vitória perguntou ao ver a menina se aproximou correndo.
— É verdade que me convidou por que seu pai obrigou?
— Não. Quem disse isso?
— O Diego veio brigar comigo por algo que eu nem sei o que é e disse que seu pai te obrigou a me convidar.
— Meu pai não me obrigou a nada! Ele só me aconselhou. O que é bem diferente!
— Então por que ele veio me acusar assim?
— Ele deve ter entendido tudo errado.
— Sei...
— E também pode estar nervoso...
— Por quê?
— Vem comigo. — Agarrou a mão dela e a levou para o banheiro das meninas.
Chegando lá ela olhou cada cabine para se certificar que estavam vazias e ao perceber que sim, se aproximou de Bruna. A ruiva a olhava confusa.
— É que eu tinha falado pra ele que no dia da festa os meus pais não estariam em casa, então a gente poderia ficar junto...
— Levaria ele pra sua casa? — perguntou de olhos arregalados.
— Claro que não! Mas poderia ficar com ele sem problemas, entende?
— Não...
— Ai Bruna...
— O que?
— Estou falando de perder a virgindade.
Bruna arregalou os olhos e não conseguiu respondeu nada. Vitória também não falou nada depois da revelação. As duas só ficaram paradas uma olhando para a outra.
— Puxa... Por isso ele está tão irritado comigo?
— Pode ser, mas você não tem culpa.
— Então fala isso pra ele.
— Vou falar.
As duas ficaram em silêncio de novo. Bruna estava chocada! Perder a virgindade? Já?
— Você não acha... deixa...
— O que?
— Não acha isso muito cedo? Só tem dois meses que estão juntos.
— É... mas eu gosto dele.
— Só que isso não é motivo sabe?
— É um motivo sim.
— Tá, mas acho muito corrido... sei lá.
— Pra dizer a verdade, quando meu pai me propôs de te chamar, fiquei aliviada.
— Então não está pronta pra isso, Vitória.
— Ai... — Começou a andar de um lado para o outro. — Talvez não, mas eu falei que sim... e agora?
— Conversa com ele ué. Vai ter que te entender, afinal, é seu namorado e deve gostar de você.
— É... Mas e se ele brigar comigo?
— Vai ser um completo i****a! Se gosta mesmo de você, vai esperar o seu tempo.
— Tem razão, mas tenho medo.
— Essa vai ser a maior prova que você vai ter se ele gosta de você.
Vitória ficou pensativa por um momento.
— Verdade. Vou falar com ele.
— Boa sorte.
Vitória saiu do banheiro e foi direto encontrar Diego, que estava procurando-a.
— Onde você estava?
— No banheiro.
— Ah tá.
— Está tudo bem?
— Sim. Por quê?
— Parece estressado...
— Eu discuti com a sua amiga.
— Por quê?
— Eu perdi a cabeça... culpei ela e disse que seu pai obrigou você a chamar ela.
— Isso foi c***l, Diego.
— Eu sei... — disse olhando os pés.
— Tudo isso por que não vamos poder ficar juntos no sábado?
— Não vou mentir que fiquei triste, mas ela não tem nada com isso.
— Isso é verdade. Mas quanto a esse dia... — Mordeu o lábio.
— Que foi?
— É que eu andei pensando e... Acho que não estou pronta pra isso.
Os dois ficaram em silêncio. Vitória olhava o chão e Diego não tirava os olhos dela. O garoto se aproximou e segurou o rosto dela com uma das mãos. Puxando para que olhasse para ele.
— Por que não disse antes?
— Fiquei com medo.
— De que?
— Você me deixar...
— Eu não faria isso.
— Mas ficou chateado por não dar nesse dia da festa, então você quer.
— Quero, mas nunca vou te obrigar.
— Mas se enjoar de mim por isso?
— Não fala besteira! Eu gosto de você, Vitória e vou esperar seu tempo.
A loira sorriu e ele também. Logo trocaram um beijo demorado.
Bruna espionava os dois atrás de uma pilastra e suspirou ao ver eles se beijando. Pelo visto se acertaram e deu tudo certo sobre o assunto do banheiro. Ficou preocupada. Não por ele e sim por Vitória. Poderia se arrepender muito se fizesse o que disse.
— Está espionando quem?
— Ai! Breno! — Bateu nele.
— Então está espionando mesmo! Falei de brincadeira.
— Não estou espionando ninguém!
— Será? Acho que está sim.
— Não...
Breno deu uma risadinha.
— Quer dizer então que seu pai liberou a festa?
A menina sorriu largamente e faz ele sorrir junto.
— Sim! Não deu nem pra acreditar!
— Mas não disse a ele que vai comigo, não é?
— Claro que não! Assim ele mudaria de ideia.
— Então como vamos fazer?
— Te encontro aqui na escola. É mais seguro.
O garoto riu.
— Tudo bem.