7° Capítulo

2955 Words
No dia da festa, Nick fez questão de deixar a garota na escola. Ao chegar viu o Breno no portão e olhou Bruna desconfiado. — Os dois devem estar chegando — se apressou em dizer. — Sei... Para sua sorte o Matt parou o carro ao lado do de Nick e Vitória desceu. — Viu? Nick não respondeu e a olhou de canto de olho. Bruna beijou o rosto dele e saiu do carro. A ruiva foi até Vitória e segurou o braço dela disfarçadamente. — Vai comigo até perto do Breno para enganar meu pai — cochichou. A loira foi sem reclamar. Ia ter que esperar Diego ali mesmo. — A Ana colocou algo na sua comida? — Matt perguntou. — Como assim? — Você? Deixando sua filha ir em uma festa? Só pode ser drogas. — Muito engraçado! — disse irônico. Matt sorriu.  — Vai buscar elas? — Não. Estou indo a um show. — E quem vai buscar elas? — Dei dinheiro a Vitória para ir de táxi. — Eu busco elas e levo para sua casa. Matt revirou os olhos. — Elas já são grandinhas, Nick. — Não importa. Assim tenho certeza que a Bruna vai chegar na hora que falei. — Tá. Você que sabe. Mas avise elas. — Ok. Matt foi embora e Nick saiu do carro. Ele se aproximou dos três. Por um momento ficou olhando Breno e depois olhou Bruna. — Vou buscar vocês e levar para a casa do Matt. — Mas o meu pai me deu dinheiro para o táxi. — Mesmo assim eu vou buscar. Acha que não tive a idade de vocês? Você vai estar dentro de casa antes da meia noite. Bruna revirou os olhos e Breno deu uma risadinha. Nick o olhou com os olhos cerrados. — Fazer o que, né? — resmungou irritada. — Estejam aqui as onze e meia. — Não pode ser mais tarde, pai? — Onze e cinquenta. — Nossa, quanta diferença... — falou irônica. — Quer que seja as dez? — Onze e cinquenta está ótimo! — disse Vitória. — Combinado então. Nick foi embora e Bruna resmungou irritada. Quando poderia ter uma vida normal? E se ela arrumasse mesmo um namorado? Como seria? Talvez a pior coisa que faça na vida! — Seu pai é bravo mesmo, hein? — disse Breno. — Nem me fale... — Poxa achei que íamos ficar mais tempo! Meu pai não tinha nada que contar a ele que não vai ficarem casa. Que droga! — Vitória reclamou. — Desculpa por isso. Se quiser eu nem vou pra sua casa. — Nada disso! Combinado é combinado. — Vamos entrar? — Breno chamou. — Mas ela vai ficar sozinha aqui. — Não vai não — falou olhando para frente. Bruna olhou também e viu Diego se aproximando deles. Nunca viu ele tão bonito como agora! E não era para estar reparando essas coisas! — Oi gente. — Se aproximou e deu um selinho em Vitória. — Oi — Bruna e Breno responderam juntos. — Vamos? — Breno chamou de novo. — Espera... Os dois viraram de frente quando Diego falou. — Posso falar com você um minuto? — Sobre o que? — Aquele dia na sala... Bruna trocou olhares com Breno e ele deu de ombros. — Tá bom. Os dois se afastaram de Breno e Vitória, mas não muito. — Sinto muito pelo que eu disse a você. Descontei em você minha frustração e nem tinha nada com isso. — Tudo bem. — Eu não penso aquelas coisas de você. Só falei porque estava com raiva. — Se falou é porque pensa, mas está tudo bem. Deve mesmo ser verdade... Diego franziu a testa. — Não é não. Falei pra te ferir só porque eu estava “ferido” e isso não foi nada legal. — Já passou. — Espero que não me odeie. — Não odeio você. — Que bom — disse sorrindo. Bruna sorriu levemente. — Melhor irmos. Eles estão esperando. — É. Cada casal foi para um lado. Bruna estava em silêncio e pensativa. Será então que não pensa aquelas coisas dela? — O que esse cara te disse? — Pediu desculpa por aquele dia. — Só isso? — Sim. Por quê? — Não sei. Você ficou estranha desde que conversou com ele... — Não... — Ficou sim. Te disse algo a mais? — Não. Só pediu desculpa mesmo. — Hum... — Vamos comer alguma coisa? Estou com fome. — Tudo bem. Depois de comer, eles foram dançar um pouco. A quadra estava toda arrumada para a festa. Tinha umas barraquinhas vendendo comida e bebida e um espaço grande com um DJ. Bruna estava se divertindo muito e a partir daquele dia, ia implorar ao pai para deixá-la ir sempre. Nem que precisasse ajoelhar... — Preciso ir ao banheiro... — Vai lá ué. — Não sai daqui. — Ok. Breno se afastou e sumiu no meio da multidão. Bruna estava na entrada da quadra. Olhava as pessoas indo e vindo com interesse. Nunca viu a escola tão cheia como naquele momento! — Está perdida? A menina olhou para trás e franziu a testa. — Não. — Está fazendo o que aí então? — Esperando o Breno. — O que ele foi fazer? — Banheiro. — Hum... — E o que você está fazendo? — Esperando também. — Hum... Ficou um pequeno silêncio entre eles. — Pode vir comigo um minuto? — Se eu sair daqui o Breno não vai me encontrar. — É rápido. — Tá... Bruna o seguiu. Estranhando ir para longe da festa. Logo ele parou perto de uma árvore. — O que você quer? Assim vamos nos perder deles. Sem responder nada, ele agarrou o pulso de Bruna e puxou ela, colocando-a contra a árvore. A menina arregalou os olhos. — O que está fazendo? — Eu sempre quis você, mas vive com aquele garoto... — Do que está falando? — Eu quis te beijar desde o primeiro dia que te vi. Lá na sorveteria. Bruna não conseguiu nem respondeu. Estava surpresa demais com o que ouviu. — Você está namorando a Vitória! — Eu sei, mas isso é só porque você está com aquele garoto. — Não estou com o Breno. — Não é o que parece! — Nós somos amigos. — Mesmo? — Sim. — Mas ele gosta de você... — Nunca me disse nada. Diego ficou em silêncio olhando-a. Será que não estava com ele mesmo? Estavam sempre grudados! Já estavam quando ele entrou na escola. Achou logo que tinha algo entre eles e não queriam assumir. Ainda mais com o jeito que o Breno olhou para ela... — Então não tem nada com ele? — Não. O garoto ficou olhando-a sem dizer nada por um longo tempo. — Podemos voltar? Diego não respondeu e se aproximou depressa. Bruna tentou ir para trás, mas a árvore não deixou. Logo tinha os lábios tomados pelo garoto. Ele segurava a cintura dela com uma das mãos e puxava para perto de si. A outra mão estava no rosto dela, segurando para que não fugisse. Bruna sentia um turbilhão de emoções. As pernas tremiam, o coração batia forte no peito e parecia que borboletas brincavam em sua barriga. Tudo isso por estar beijando-o, mas ao mesmo tempo se sentia culpada e suja. Estava aos beijos com o namorado da melhor amiga! A ruiva empurrou Diego para longe. Os dois ficaram se olhando respirando rápido. — Nunca mais faça isso! — Não parece que não gostou... — Se aproximou de novo, mas Bruna o parou, esticando o braço e apoiando a mão em seu peito. — Você está namorando a minha melhor amiga e isso não é certo. — Eu termino com ela. Bruna arregalou os olhos. — Ficou louco? — Não menti quando disse que queria você. — Mas isso é horrível! Ela gosta de você! — Eu gosto da Vitória, mas você... — Tentou se aproximar e ela não deixou. — Melhor ficar longe. — Não diga que não me quer, pois, esse beijo me disse bem o contrário! Bruna engoliu em seco. Que desgraça! Como deixou isso acontecer? **** Vitória procurava Diego e não o via em lugar algum. Onde ele se meteu? Olhou em todos os lugares que pôde e acabou encontrando o Breno e se aproximou dele. — Cadê a Bruna? — Não sei. Estou procurando. Tive que ir ao banheiro e pedi para não sair daqui, mas ela saiu. — Hum... — E você, por que está sozinha? — Também fui ao banheiro e me perdi do Diego. — Bem, vamos procurar então. Espero que ela não tenha encontrado aquelas duas... — Você acha que elas mexeriam com a Bruna em plena festa? — Não duvido vindo delas duas... — Vamos procurá-la então. Agora fiquei preocupada. **** Bruna estava desesperada com a situação. Ela gostava sim de Diego, mas ele era namorado da Vitoria. Por mais que tenha falado que gostava dela. Não podia fazer isso com a amiga. Vitória a odiaria pelo resto da vida... Não queria perder a amizade da loira de jeito nenhum! Ainda mais por um garoto. Elas eram amigas desde pequenas e viviam grudadas. Nunca pensou que fossem gostar do mesmo garoto... Que situação! — Olha, isso não pode acontecer. Vitória gosta de você e eu não quero fazer ela sofrer. — Então é só por isso? — Como assim? — Se não tivesse a Vitória, você ficaria comigo? Bruna desviou o olhar e respirou fundo. Queria sair dali correndo e não voltar nunca mais para a escola! — Me responde, Bruna. — Não quero magoar a Vitória. — Então ficaria... — É melhor a gente voltar e, por favor, não fale nada com ela sobre isso! Vai ficar muito magoada. Se gosta dela ao menos um pouco, poupe desse sofrimento. Diego passou a mão pelo cabelo com nervosismo. Ele só fez o que fez porque bebeu um pouco. Uns colegas levaram bebidas alcoólicas escondido e batizaram o refrigerante. — Promete que não vai falar nada? — Prometo. Bruna respirou aliviada. — Mas isso não vai fazer os meus sentimentos por você sumirem. — Com o tempo vai sim. Vitória é uma garota incrível. — Ela é sim. Eu já disse que gosto dela, mas algo em você me chamou atenção também. — Não podemos ter tudo que queremos. Agora vamos voltar. — Virou as costas a ele e foi na frente. Diego respirou fundo e seguiu ela. A ruiva chegou primeiro e viu Vitória e Breno juntos. Ela se aproximou deles. — Onde você se meteu? Achei que aquelas duas tinham te encontrado — disse Breno. — Fui beber água — mentiu. — Menos m*l — disse Vitória. Breno olhava Bruna desconfiado. Tinha algo que ela não queria contar... Diego se aproximou deles também. — Onde você estava? Te procurei em quase todos os lugares! — Vitória perguntou a Diego. — Fui dar uma volta. Você demorou muito no banheiro. — Tinha uma fila enorme! — Vamos dançar. — Arrastou a menina para a pista de dança. — Ele está estranho, não acha? — Breno falou desconfiado. — Não reparei. — Está igual a você. — Como assim? — Estranha... Aconteceu alguma coisa? — Não... — Está mentindo pra mim, Bruna. Você prometeu não fazer mais isso. Bruna fechou os olhos com força. Estava surtando com o que aconteceu entre ela e Diego. — Você não conta pra ninguém? — Não. — Promete? — Prometo. — Então vamos conversar em outro lugar. Breno foi com ela sem falar nada. Os dois sentaram em um dos bancos onde não tinha ninguém e o menino esperou ela começar a contar. Bruna contou a ele o que aconteceu entre ela e Diego. — Você gosta dele? Bruna se ajeitou no banco, incomodada com o assunto. — Isso não importa. — Gosta ou não? — Ele está com a Vitória e é com ela que vai ficar. — Gosta ou não? Bruna revirou os olhos. — Sim. Breno ficou em silêncio depois que ela respondeu. Bruna olhou o rosto dele. Encarava o chão sem piscar. Ótimo! Agora magoou o melhor amigo também... — E ele disse que gosta de você? — Na verdade, acho que ele está equivocado. Ele gosta da Vitória. Acho que estava bêbado... — Bêbado? — Senti o cheiro. E o gosto... Breno desviou o olhar quando ela falou isso e engoliu em seco. — Não vai contar pra ninguém, não é? Você prometeu. — Não vou contar. — Pedi a ele pra esquecer isso, pois não quero que a Vitória se machuque. — É... — Já são quase onze e cinquenta. Tenho que ir para o portão esperar meu pai. — Tudo bem. — Vamos procurar a Vitória? — Sim. — Levantou do banco e foi na frente. Bruna respirou fundo. Será que a noite pode ficar pior? **** Já no carro Nick fazia um imenso interrogatório sobre a festa. Bruna olhava para fora do vidro e respondia mecanicamente. — Beijou algum garoto? — Não. — E você já fez isso alguma vez na sua vida? — Vitória zombou. — É claro... — Olhou o pai. — Que não. Vitória deu uma gargalhada alta, fazendo os dois olharem ela. — Pensa que nasci ontem? — Nick falou sério. — Não, pai. — Então não me faça de i****a! — Tá. Eu beijei um garoto uma vez... — Quando? — falou mais alto. Bruna se encolheu no banco e Vitória segurou para não rir. Nick irritado era hilário! — No fim do ano passado. — Quem é esse garoto? É o tal de Breno? — Não, pai. O Breno entrou na escola esse ano. — Então quem é? — Se chamava Vitor, mas mudou de escola. — Hum... — Você é uma figura, tio — Vitória falou apoiando os braços nos bancos da frente. — Você conheceu esse menino? — Sim. A gente era da mesma turma. — Sei... — Ele foi embora, pai. Nunca mais vou vê-lo. — Ainda bem. Vitória deu uma risadinha. Nick parou o carro em frente ao prédio de Matt e as duas desceram. — Juízo! — Tá bom, pai! As duas entraram no prédio e ele foi embora. Vitória ainda ria da cena de Nick e Bruna tinha um enorme bico. — Seu pai é muito engraçado. — Isso porque não é com você! — Nem acredito que contou a ele do Vitor... — Ué, ele que pediu. — Cruzou os braços. — Mas pelo menos não matou você e o pobre coitado está bem longe. — Por isso que contei. Se ele ainda estivesse na cidade, provavelmente meu pai o procuraria... As duas entraram no apartamento e depois de tomar banho, foram deitar. Bruna arrumou um colchão no chão para dormir. Com as luzes apagadas, não conseguia fechar os olhos, pois quando fazia isso, a cena do beijo com Diego vinha a todo momento em sua mente. Não pode ficar assim! Tem que reagir... Mas ele disse que queria ela. Que só ficou com a Vitória porque achou que ela namorava o Breno. Será que era verdade? Ou será que o Diego não passa de um cafajeste que deu essa desculpa para poder beijar a melhor amiga da namorada? Que situação! E ela não podia falar nada com a Vitória. Ela ficaria furiosa se descobrisse o que Diego fez. Mais ainda por ter sido com ela... O melhor era esquecer o ocorrido e fingir que nada aconteceu quando encontrar com ele. Mas como fazer isso? **** Alguns meses se passaram depois daquela festa. Bruna fazia o possível para Vitória não reparar como o namorado olhava para ela. Por sorte ela não via maldade nisso, mas Breno via. Sempre que ele ficava olhando a Bruna, o garoto o encarava e quando ele percebia que estava sendo observado, desviava o olhar da garota. — Mas quantos dias isso? — Um fim de semana. — Acha que vai ser bom? — Acho. Ana e Bruna conversavam sobre um programa que o pessoal estava marcando. Acampar em um camping da cidade. — Quem vai? — A Laura, o Lucas e a Júlia. O Matt, a Yasmin e a Vitória. E a Bia e a Agatha. E o Bernardo, é claro. — A Agatha vai? — Sim. Disse que quer ir. — Uau! — Então...? — Está bem. Se as meninas vão. — Só vai por causa delas? — perguntou com as mãos na cintura. — Ah mãe... Não me leve a m*l, mas o que eu faria no meio de vocês sem pessoas da minha idade? — Tá. Tem razão. Então posso confirmar você? — Sim. **** — E quando é isso? — No primeiro fim de semana das férias. — Legal! — Gosta de acampar? — Eu gosto. — Se não fosse meu pai, eu te convidaria... Breno riu dela. — Ué, mas eu posso ir sem ser convidado. — Como assim? — Podemos nos encontrar lá por acaso. Bruna sorriu e ele também. — Mas como você iria pra lá? — Convenço meu pai a ir comigo. Ele também gosta muito. Posso levar meu primo. — Ia ser bem legal. — Então vou falar com eles. — Falar o que? — Vitória se aproximou dos dois. Diego estava com ela. Tinha um dos braços em volta do pescoço da garota. — Sobre o acampamento. — Você vai? — a loira perguntou. — Quase certeza que sim. — O Nick não vai gostar nada disso... — Eu não vou levar ele como convidado. Ele vai nos encontrar lá — Bruna explicou. — Hum... — Assim meu pai não vai poder falar nada, afinal, o camping não é propriedade dele. Todos riram. 
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