As semanas seguintes não foram nada fáceis. Vitória e Diego começaram a namorar sério e Bruna não queria ficar perto deles. Falava com Vitória que não queria ficar segurando vela, mas a verdade é que era insuportável ficar olhando os dois juntos.
Nunca pensou que fosse passar por isso. Sempre imaginou que a Vitória fosse começar a namorar primeiro do que ela, mas não que namoraria o garoto que ela gostava... E nunca contaria isso a loira, é claro.
Isso acabou aproximando-a de Breno, pois sempre ficava com ele no intervalo. Não que isso fosse r**m, uma vez que gostava de conversar com ele.
— Está tristinha hoje...
Bruna olhou quem falou. Estava sentada na arquibancada da escola esperando o Breno e nem reparou quando ele se aproximou.
— Não...
— Não precisa mentir pra mim.
— Estou bem.
— Tá. Não quer falar tudo bem, mas não gosto de te ver assim.
Bruna deu de ombros.
— Que tal jogarmos um pouco?
— Futebol?
— É.
— Não sou boa nisso.
— Mas vai ser só eu e você. De brincadeira. Vamos, a quadra está vazia. — Puxou a menina pela mão.
— Não sei... Isso não vai dar certo. Sou um desastre em educação física!
Breno deu uma gargalhada e Bruna o olhou carrancuda. Sabia que tinha lembrado dos vários tombos e boladas que ela já levou nessa aula.
— Mas aqui não é obrigação e sim diversão.
— Não chute a bola na minha cara.
— Não vou fazer isso. É mais provável que você faça.
— Se ficar me zoando não jogo. — Cruzou os braços.
— Tá bom. Parei — disse sorrindo.
Breno chutou a bola levemente na direção de Bruna. Ela chutou de volta. Logo estavam correndo e rindo pela quadra. Principalmente quando Bruna chutava para o gol e errava. Mesmo sem goleiro algum.
O garoto ensinou alguns truques para roubar a bola e ela aprendeu bem rápido. Já conseguia roubar a bola dele facilmente. Só não conseguia correr com a bola e logo ele roubava de novo.
— Seu chato!
— Você só precisa se esforçar mais. Acho que se realmente quiser, vai jogar muito bem.
— Minha mãe jogava quando estava no fundamental.
— É mesmo?
— Sim. Jogava com os meninos.
Breno sorriu.
— Logo se vê de onde você herdou. Só falta um pouco de treino.
— Meu pai também jogava.
— Então para de moleza! Já tem os genes dos dois lados! Tem que ter dom!
Bruna riu e o garoto sorriu.
— Talvez não tenham me passado esse.
— Para de corpo mole! Vamos logo!
Ele roubou a bola dela de novo e correu para longe. A menina correu atrás e roubou a bola dele com facilidade. Mas como sempre, não conseguia correr com a bola e ele logo pegou de volta.
— Que droga! — reclamou rindo.
A ruiva correu atrás dele de novo para roubar a bola, mas dessa vez ele puxou a bola com o pé para ela não conseguir, só que ela esticou a perna para pegar a bola e no movimento de Breno, a perna dela foi junto com a bola. A garota deu um gritinho e só não foi parar no chão porque ele a segurou.
Bruna olhou o rosto do garoto. Ao perceber que ia derrubar ela no chão, ele agarrou a cintura dela e puxou para perto, segurando com força. A ruiva tinha as mãos agarradas nos braços dele pelo susto. Ele a segurava com apenas um dos braços, mas foi de um jeito firme e Bruna se viu pensando que era bom ser segurada por ele...
— Desculpa. — Se afastou dela.
— Tudo bem. Achei que ia me esborrachar no chão...
Breno riu e Bruna ficou olhando o rosto dele por um momento sem falar nada.
— Que foi?
— Nada. Chega por hoje, né? Não quero me machucar.
— É melhor não arriscar mais mesmo. Vai que eu tenha que te salvar de novo? — disse sorrindo.
— Bobo! — Fez careta para ele.
Mas bem que ele poderia segurá-la daquele jeito de novo...
****
Estava cada vez mais insuportável ficar perto de Vitória e Diego. Parecia que ele fazia questão de esfregar na cara dela que tinha Vitória para ele. Sempre conseguia irritar Bruna quando começava a beijar a loira bem debaixo do seu nariz.
— Por que você tem evitado ficar perto de mim?
— Não é você. Só que é constrangedor ficar do seu lado quando o Diego está junto.
— Por quê?
— Porque ele fica te beijando e me deixando de lado, já disse que não gosto disso.
— Posso conversar com ele sobre isso.
— Ah tá! Aí que ele vai fazer de implicância! Isso se não te colocar contra mim!
— Ele não faria isso, Bruna!
— Tá bom. Não faria — disse estressada.
— Você precisa é arrumar um namorado também. Assim vai parar com essas frescuras. — Levantou do banco e saiu sem falar mais nada.
Bruna continuou sentada mastigando sua raiva. Como ela se atreve a falar isso? Quem ela pensa que é para falar tal coisa? Não está de frescura! Isso é uma falta de educação enorme! Existe hora e lugar para ficar se agarrando e com certeza não é na frente das pessoas assim!
— Ora, ora quem encontramos finalmente sozinha...
Bruna fechou os olhos suspirando profundamente. Era só o que faltava!
— É um grande prêmio, sabe? Sempre rodeada de guarda-costas fica impossível — disse a outra garota.
A ruiva levantou do banco e tentou ir embora, mas Carolina não a deixou passar. Mayara se aproximou sorrindo maliciosa.
— Estava com saudade de te torturar...
— O que você ganha com isso?
— Ah... Me faz feliz — disse sorrindo.
— Principalmente por você ser tão tapada — Carolina falou próxima a orelha de Bruna.
Mayara bateu na mão da ruiva e o celular dela caiu no chão. As duas riram. Bruna abaixou para pegar o celular e Carolina o chutou para longe, mas como a mão de Bruna já estava perto, também foi chutada. As duas gargalhavam enquanto Bruna segurava a mão, que doía absurdamente. O celular dela foi parar longe de onde elas estavam. O chute foi realmente forte.
— Acho que alguém vai ficar sem celular... — Fez biquinho debochando.
— Então esse celular é seu?
As três olharam para quem falou. Uma garota de cabelos azuis e olhos verdes estava perto delas com o celular de Bruna na mão. Um garoto estava mais distante observando-as.
— Sim.
— Está tudo bem? — perguntou ao ver Bruna segurando a mão.
— Sim.
— Como seu celular foi parar tão distante? — perguntou desconfiada.
— O que você tem com isso afinal? — Mayara se aproximando garota, que nem se mexeu ao perceber a outra querendo enfrentá-la.
— Não tenho nada. Só que eu achei o celular e ele estava bem distante daqui. Como se alguém tivesse jogado...
— Isso não é da sua conta! — Carolina falou arrogante.
A garota de cabelos azuis percebeu que segurava o braço de Bruna para impedir alguma coisa e não gostou nadinha da atitude das meninas.
— Solta o braço dela.
— Que? Não estou segurando.
— Não me faça parecer retardada! Solta o braço dela agora! — falou irritada.
Carolina soltou. Isso porque o olhar que a garota lançou a ela a deixou preocupada.
Bruna se aproximou da menina e estendeu a mão para ela entregar seu celular. A garota segurou o pulso de Bruna e olhou o machucado que a garota fez ao chutar sua mão.
— Estou começando a achar que não foi só o celular que sofreu danos...
Bruna desviou o olhar e não falou nada.
— Se meta com a sua vida, sua esquisita! — Mayara se aproximou da garota.
Ao perceber que a outra ia enfrentá-la, ela empurrou os braços da Mayara para os lados e a afastou, empurrando o peito dela com força. Mayara caiu sentada no chão e resmungou de dor. A garota ameaçou ir para cima de Carolina e ela saiu dali correndo e largou a amiga sozinha.
— Acho bom vocês pararem de implicar com ela, pois se eu ver vocês meio metro perto dela, vou tratar de colocar vocês no seu devido lugar — disse séria.
— Não tenho medo de você! — disse ainda sentada no chão.
A garota se aproximou dela e a encarou bem de perto. Mayara engoliu em seco.
— Pois deveria... Sou ótima lutadora de Muay thai.
Mayara não falou mais nada e saiu de perto andando bem rápido. Quase que correndo.
Assim que a garota se afastou, a menina de cabelo azul começou a rir. Ela se aproximou de Bruna e entregou o celular.
— Acho que quebrou a tela.
— Que bom — disse irônica.
— O que aconteceu? Ela jogou seu celular no chão?
— Sim e depois chutou para longe bem na hora que eu ia pegour.
— Agora está explicado.
— Obrigada pela ajuda.
A garota sorriu.
— Não tem de que. Mas aconselho você a começar a fazer algum tipo de luta. Vai te ajudar bastante com essas meninas. Elas são medrosas.
— Não sei se me dou bem em lutas.
— Isso é questão de treino. Se realmente quiser, você consegue.
— Vou pensar sobre isso... Talvez seja bom. Qual seu nome mesmo?
— Pode me chamar de Nanda.
— Ok.
— Vamos, Marcos Paulo — chamou o garoto, que já tinha se aproximado ao ver a discussão, mas não se meteu, pois sabia que a namorada resolveria fácil. Ainda mais que não gostava de ver injustiça. Principalmente com seus amigos. Ela não conhecia Bruna, mas sacou as duas assim que se aproximou e não gostou nada.
Os dois se afastaram e Bruna olhou sua mão. Tinha um enorme hematoma e estava ralada e com sangue.
Talvez entrar em algum tipo de luta não seja mesmo má ideia...
****
— Meu Deus, Bruna! Como conseguiu isso? — Ana perguntou assustada olhando a mão da garota.
— Já disse. Eu caí em cima da mão. Estava olhando o celular e tropecei.
— Já falei mil vezes pra não andar enquanto digita! Você não escuta, não? — falou irritada. — Pelo menos agora vai passar a ouvir.
— Vou ficar sem celular?
— Deveria mesmo. Ia ser um belo castigo! Mas duvido que seu pai aguente não te ligar.
As duas riram. Claro que o Nick não aguentaria isso e era uma coisa boa. Assim ela não ficaria sem celular nunca.