Capítulo 4
Eva Narrando
Passo a noite em claro na escuridão do quarto. Tenho vontade de levantar-me desse chão gélido e deitar na pequena cama de solteiro em minha frente , talvez até colocar minha cabeça no travesseiro e fechar meus olhos . Quem sabe dessa forma eu consigo esquecer tudo o que aconteceu e está acontecendo em minha miserável vida . Mas isso não passa de meus pensamentos . Eu não conseguiria fechar os meus olhos para dormir , não sem os meus pesadelos me atormentarem . Ainda mais depois do que Safira fez . Estou me sentido vazia , é como se não existisse mais nada dentro de mim , nada além de um vazio infinito , uma escuridão que está tomando conta do meu ser . Eu fico me perguntando , como ela foi capaz de fazer isso, ainda mais depois de tudo o que eu passei por sua causa. Eu era apenas uma menina quando matei aquele homem , onde ela estava quando eu pedi socorro ? Quando gritei até minha garganta ficar seca e eu ficar sem voz ? Eu já estava sem força de tanto me debater em baixo daquele monstro . Estávamos na mesma casa , Safira estava centímetros de distância de mim , mas ela não apareceu para salvar-me . Era para ela me proteger de tudo e de todos , mas ela fez o contrário , Safira me expôs ao perigo . E agora fez isso comigo , ela me vendeu como se eu fosse um objeto descartável , e ainda teve a coragem de falar que o que ela fez foi para o meu bem . Tenho vontade de gritar bem alto que eu odeio a minha mãe, que eu odeio a minha vida, e principalmente, que eu odeio o meu pai . Ele tinha o direito de saber de mim, mas não, o mesmo foi um covarde traidor . Além de ser casado , abandonou uma mulher grávida, sem ao menos saber do estado dela . Deve ser por causa dele que Safira era daquela forma comigo , porque ele iludiu ela e depois a abandonou mesmo grávida. Eu odeio ele com toda as minhas forças, na verdade odeio os dois, porque não tem justificativa para o que Safira fez . Eu nunca irei perdoa-los . Minhas lágrimas rolam em meu rosto, sinto o gosto salgado da mesma em meus lábios . Um soluço abafado sai de minha boca e sinto um aperto em meu coração, uma sensação r**m. Alguém mexe na maçaneta da porta , sinto meu coração bater mais forte dentro de meu peito. A porta se abre e eu coloco as mãos no rosto , tentando me protege da claridade do dia que invade o minúsculo quarto em que estou .
XXX — Está na hora de sair e conhecer o seu novo lar, v***a . - A loira oxigenada fala, adentrando o quarto .
Eva — Eu não vou sair . - Digo sem mover-me do lugar.
XXX — Isso é o que você pensa . Fergus ! - A v***a fala olhando para mim .
O tal do Fergus entra no quarto, percebo que ele é um dos homens que estava na minha casa . Fergus vem em minha direção pisando duro, encolho-me no canto . Ele segura forte em meu braço e força-me a levantar .
Eva — Você está me machucando, seu, seu boneco assassino . - Falo encarando seu rosto, exatamente para uma cicatriz enorme que ele tem no mesmo . Reparo nas suas feições . Fergus é bonito, olhos castanhos, cabelos da mesma cor, porém ele é muito sério, e a cicatriz que tem em seu rosto o deixa com um ar de mau.
XXX — Fergus não a machuque, ela não pode ficar com hematomas. Hoje será a estreia dela, depois eu deixo você brincar um pouquinho com ela. - A loira oxigenada fala olhando para mim com um sorrio no rosto.
A v***a sai do quarto e Fergus faz a mesma coisa em seguida, puxando-me pelo braço. Vamos andando por um extenso corredor, reparo que no mesmo tem várias portas, iguais a do quarto em que eu estava. Sei que esse é um país desconhecido para mim, mas eu não posso ficar aqui, e também, eu não tenho nada a perder. Irei arriscar, em qualquer chance que eu tiver tentarei fugirei desse lugar. Parece que estamos andando em um corredor sem saída, a única coisa que tem no mesmo são as portas, que aparentam ser de alguns quartos. Saímos do corredor e entramos em um área murada, onde tem uma enorme casa. A mesma é rústica, porém muito linda e aparenta ser enorme. Olho na direção de onde saímos, o lugar parece um alojamento, deve ser, já que no mesmo tem várias portas. Entramos na enorme casa, fico boquiaberta com o que vejo, o lugar não parece nada com uma casa convencional. O espaço está vazio, a não ser um lustre enorme no teto, e as pinturas que estão nas paredes. Fico boquiaberta olhando para elas, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas só de olhar para as mesma. Tem uma pintura em especial que chama a minha atenção, não sei porque já que todas são bem semelhantes e ¨calientes¨. A mesma está em uma moldura de bordas douradas, porém o que chama atenção não é a moldura. É a pintura de duas mulheres nuas e um homem. Uma das mulheres está chupando o peito da outra, enquanto um homem forte a penetra por trás. Ele chama a minha atenção, o mesmo é alto, forte, tem os cabelos longos castanhos. Seus olhos são azuis, parecem com duas lagoas cristalinas. Ele é muito lindo, tem uma beleza inexplicável, eu nunca havia visto um homem assim, nem nas revistas.
XXX — Gostou? Uma verdadeira obra de arte, não? - A megera loira fala assim que percebe para onde eu estou olhando.
Eva — Quem é ele? - Pergunto apontando para o homem mais lindo que eu já vi na vida.
XXX — Em breve você saberá. - Ela fala olhando para a mulher que o homem está penetrando por trás.
Olho para a mulher na pintura. Ela tem os cabelos loiros, olho para a sua face e percebo que ela e a megera são a mesma pessoa. Sem perceber já estamos na cozinha, ela é linda e tem o mesmo ar rústico que a parte interior da casa. Na mesma encontram-se, várias garotas jovens assim como eu, elas são bem bonitas, todas estão conversando entre si. Sinto-me uma ET no meio delas. Não que eu seja feia, porém não tenho a beleza das mesmas, eu sou uma mulher normal, magra, 1;68 de altura, s***s médios e cabelos negros longos. Nada de diferente ou especial, a única coisa que eu acho bonito em mim são os meus olhos azuis. Algumas garotas olham para mim e começa a falar entre si e a dar risada.
XXX — Meninas, quero um minutinho da atenção de vocês. Como percebem, eu estou falando em português, e de hoje em diante, vocês também falarão. - A megera fala, chamando a atenção das garotas.
XXX — Por que, Blenda? - Uma garota das de cabelos castanhos pergunta, olhando para a megera que eu acabei de descobrir que se chama Blenda.
Blenda — Porque temos mais uma integrante, ela é brasileira e só fala e entende o português. - A tal da Blenda fala olhando para mim com nojo.
Olho para a sua face e noto uma marca roxa em um lado da sua bochecha, sem falar da marca de mordida que tem no mesmo lugar. Aposto que foi da mordida que eu dei ontem. Foi merecido, essa desgraçada merece muito mais do que isso.
Blenda — Como vocês sabem, hoje a noite receberemos a visita do Boss, e o mesmo trará alguns amigos importantes. Vocês sabem o que fazer. - Blenda fala olhando para as garotas.
Não presto muito atenção no que ela está falando. Fico observando a cozinha, a mesma é muito linda, tem uma bancada enorme, sem falar da mesa que as garotas estão.
Blenda — Lara explique tudo para a novata, se ela tentar alguma gracinha, não deixe de me avisar. - A megera fala retirando-se da cozinha.
Estou me sentido um peixe fora d'água nesse lugar, não sei nem o que fazer.
Lara — Ei, senta aqui. - A garota que estava conversando com Blenda fala, apontando para uma cadeira desocupada no seu lado.
Vou em sua direção e sento-me na cadeira, olho para a mesa e vejo um monte de coisas gostosas, ouço minha barriga roncar. Acho que não foi só eu, as garotas deram risada deixando-me envergonhada.
XXX — Pode comer o que você quiser. - Uma mulher usando uniforme com o nome diarista fala.
Sem pensar duas vezes, pego um prato e coloco várias coisas nele. Como quase tudo, eu estava com tanta fome.
Lara — Você estava com fome, hein. - A garota que pediu para eu sentar em seu lado fala.
Eva — Sim. - Digo, um pouco envergonhada.
Lara — Precisa ter vergonha não menina, todas nós aqui trabalhamos duro, então temos que nos alimentar bem. - Ela diz olhando para mim . — Ah, eu sou a Lara. - Ela retorna a fala, estendo sua mão em minha direção.
Eva — O que vocês fazem aqui mesmo? - Pergunto já tendo algo em mente.
Lara — Nós fazemos os homens felizes. - Lara responde com um sorriso nos lábios e uma tristeza profunda no olhar.