Mariana
Eu não estava conseguindo dormir, me virava pra um lado, me virava pro outro e nada de sono chegar, eu já estava ficando impaciente com isso quando escuto meu celular chegar uma notificação, estiquei o braço e peguei o mesmo que estava em cima só criado mudo que tinha ao lado da cama, desbloqueei a tele e fui ver quem tinha me mandado mensagem.
- Oi gata, falcão aqui._ Meu coração só faltou sair pela boca, me deu uma tremedeira, comecei suar, eu nem sabia o que estava sentindo ao certo, só sei que minha respiração estava desregulada.
- Oi falcão, vou salvar aqui._ Falo isso isso já pra encerrar a conversa.
- Tá bom gata, qualquer coisa estamos aí, um beijo nessa boca gostosa._ Quando lei isso só faltei dar um treco, bloqueei o celular na hora, Meu Deus isso não era pra ter acontecido de jeito nenhum, e agora? E se ele espalhar pra todo mundo que ficou comigo, ai eu vou ficar m*l falada perante toda a favela, mas também Mariana tu é burra, primeira vez que fica uma horinhas com um homem lado e já deixa ele te beijar, meu Deus eu tou ferrada. Me levanto da cama e vou para o banheiro tomar outro banho pois o calor que eu estou sentindo tá fora do normal, já de banho tomado voltei para a cama e dessa vez mesmo com dificuldade eu acabei dormindo.
Acordo no dia seguinte com uma preguiça mas quando olho as horas no celular eu dei um pulo da cama, já ia dar sete da manhã e eu pego no trabalho as oitos, levantei da cama num pulo e corri para o banheiro tomar meu banho para me arrumar e ir para o trabalho, já arrumada eu saí de casa as pressas, ainda tinha que pegar ônibus e as vezes o mesmo demora de mais, fui descendo o morro, quando já estava perto da entrada do morro vejo algumas motos se aproximando, quando tem essas motos juntas assim ou é o Alemão ou o Falcão, e eu sinceramente não estou afim de ver ele depois de ontem, é capa de eu dar um treco, quando as motos se aproximaram eu vi que se tratava do Alemã, o mesmo também né viu o que era quase impossível já que eu estou do mesmo lado que a moto dele tá subindo, o mesmo já vinha ne olhando desde lá de baixo, senti seu olhar intenso em cima de mim, minhas pernas fraquejaram na hora, mas eu não podia passar essa vergonha se empacar aqui no meio do povo, o Alemão passou bem do meu ladinho e deu uma piscadinha pra mim, abaixei a cabeça na hora e ele passou, senti os olhares dos homens dele em mim mas fingi que não estava vendo nada e segui meu caminho, sai da morro e fui até o ponto de ônibus, da hora que eu cheguei ali o ônibus demorou mais ou menos uns vintes minutos para chegar, entrei e segui para o meu trabalho, eu já estava uma rua antes do meu trabalho e ainda era sete e meia, então faltava alguns minutinhos para que a loja fosse aberta, aproveitei e entrei numa lanchonete que tinha aqui, fiz meu pedido o que não demorou para chegar, como eu saí de casa as pressas com medo de perder o horário acabei saindo sem comer, mas agora vou comer até porquê saco vazio não para em pé, assim que terminei o meu lanche eu segui para loja, as meninas que ficavam responsável por abrir a loja ja tinham chegado, as portas estavam meias abertas, entrei e as mesmas estavam organizando as coisas para quando o público começassem chegar, me aproximei delas.
- Bom dia meninas.
- Bom dia mary._ As duas respondem.
- Ah o patrão disse que quando ele chegar aqui quer que você vá até a sala dele._ Eu já até imagino do que se trata, quando minha mãe piorou eu comecei a faltar algumas vezes no trabalho o que não tinha como não acontecer já que eu não ia deixar a minha mãe só em casa precisando de mim, como faltei ontem de novo eu acho que ele vai me demitir o que eu quero com todas as forças de que eu esteja enganada já que eu preciso trabalhar para me sustentar e sustentar minha mãe já que depois dessa cirurgia dela a mesma não vai poder voltar a trabalhar tão cedo.
- Será que ele vai me mandar embora.
- Eu não sei n**a, só sei que ontem ele chegou aqui e não te viu, aí falou que hoje quando ele chegasse queria vice na sala dele o mais rápido possível.
- Tudo bem.
Ajudo as meninas a limpar a loja, quando deu dez do dia foi a hora que o patrão chegou, ele já chegou olhando por todo o lado como se tivesse procurando por alguém, com certeza era por mim, quando ele me viu o mesmo fez sinal com a cabeça para que eu acompanhasse ele, fui atrás dele, o mesmo entrou na sala e eu entrei atrás, fechei a porta e me aproximei da sua mesa.
- Bom dia senhor.
- Bom dia.
- O senhor queria falar comigo?
- Sim, eu estava vendo aqui e você tem faltado muito, infelizmente eu irei ter que te demitir.
- O senhor sabe a minha situação com a doença da minha mãe, mas eu prometo que não irei faltar mais nenhum dia, por favor não me demiti.
- Infelizmente não tem outra solução, toda vez você diz que não vai faltar aí fica dois, três dias e volta a faltar._ Já vi que por mais que eu implore nada vai adiantar, tá escrito na cara dele que o ele quer me mandar embora e nada vai fazer ele mudar de ideia.
- Tudo bem então, e obrigada por tudo mesmo assim.
- Você pode passar aqui na próxima semana pra assinar a sua demissão e pegar o seus dias trabalhados.
- Ok.
Saiu da sala dele e as meninas já vem na minha direção.
- E aí?
- Fui demitida.
- Ho
Mary, sinto muito por isso.
- Tudo bem, eu vou conseguir arrumar outro.
- Vai sim com fé em Deus.
Me despeço das meninas e saio dali, pego o ônibus e vou o caminho todo pensando que tenho que arrumar um emprego o mais rápido possível, tem o dinheiro que o Alemão me deu ou emprestou nem sei mais como que eu falo, mas só sei que vai sobrar 20 mil dos 80 já que a cirurgia da minha mãe é 60 mil, mas eu sinceramente não sei o que vou fazer com o dinheiro, não sei se eu devolvo pra ele, mas também se eu ficar esse dinheiro uma hora ou outra vai acabar, e eu tenho que botar comida na mesa não é mesmo, vou te contar viu, que vida difícil essa minha, apenas 18 anos é parece que já vivi 100, é tanta coisa que me aparece, é preocupação, muita dor de cabeça, tantos problemas sem nenhum solução, eu acredito que minha vida do jeito que tá não tem como piorar e se piorar é que eu joguei pedra já cruz, com toda certeza só pode ser isso porquê não é possível.
O ônibus parou no ponto que tinha ali perto da entrada da favela, desci e fui andando, cheguei na entrada e comecei a subir o morro, como sempre os homens que ficavam ali começaram a mexer comigo, eu sempre achei aquilo um saco, dês dos meus 15 anos que esses caras mexem comigo, eu acho tão ridículo uns caras desses já barbudos mexendo com meninas que são quase umas crianças, mas também aqui na favela é normal, acho que eu sou a única nesse lugar que não faço essas coisa, aqui tem meninas de 15 que já estão bem espertas fazendo coisas que eu nem de perto sei fazer, mas enfim, cada um toma conta da sua vida não é mesmo?! Segui para casa, entrei e respirei fundo, hoje eu vou ficar em casa mesmo, organizar as coisas por aqui, fazer uma breve faxina e no final da tarde eu vou lá ver como a minha mãe está, fui até o quarto tomei um banho pois estava suada de subir esse morro, depois fui arrumar a casa, fiz comida, depois só almoço tirei um cochilo.
Acordei já era três da tarde, corri para o banheiro, eu tenho um defeito de sempre me atrasar pras coisas, saí de casa as pressas, assim que eu fechei a porta se casa e desci os degraus uma moto para na minha frente me dando um susto, quando olhei quem era nem acreditei.
- Falcão?
- Oi gata, tá de saída?
- Sim, vou ir ver a minha mãe.
- Sobe aí que eu te deixo lá.
- Não precisa se incomodar, eu pego um Uber rapidinho.
- Que isso pow, incomodo nenhum, tou indo pra lá mermo._ Fala e eu não acredito nem um pouco nisso, mas já que quer me levar então vamos né, ele me entregou o capacete, coloquei na cabeça e subi na moto, o Falcão saiu que nem um doido dali me fazendo apertar a cintura dele com medo de cair.
Em tempo recorde chegamos na clínica, desci e fui pra entregar o capacete a ele.
- Obrigada, toma.
- Fica com ele pow, vou ali resolver um bagulho e volto pra te pegar, eu te mando mensagem pra saber quando tu vai sair.
- Não previsão Falcão.
- Eu sei que não precisa eu que teria te dar uma carona pow.
- Aí tá bom, deixa eu entrar para não me atrasar.
- Vai lá.
Entro na clínica, falo com a recepcionista e sigo para ver a minha mãe, antes de entrar tiver que botar uma roupa de hospital, toca, máscara, um monte de bagulho que segundo eles é pra não passar nenhuma bactéria para ela, cheguei no seu quarto e a mesma estava dormindo, passei a mão nos seus cabelos e os olhos encheram de lágrimas, mas lágrimas de saudades e se felicidade por saber que logo logo ela estará bem.
- Não vejo a hora da senhora tá bem meu amor, com fé em Deus vai dar tudo certo com essa cirurgia._ Falo e ela abre os olhos aos poucos.
Fiquei com ela ali até às cinco da tarde já que é só uma hora de relógio a visita, assim que saí da sala fui atrás do médico, a recepcionista chamou ele e o mesmo veio aí meu encontro.
- Boa tarde senhorita, queria falar comigo.
- Boa tarde doutor, sim, eu gostaria de saber se a cirurgia da minha mãe já tem dava prevista.
- Ah tem sim, esqueci de comunicar isso, a cirurgia dela tá marcada pra semana que vem, na sexta feira.
- Ai que bom, então já outra semana eu venho aqui realizar o p*******o.
Converso mais um pouco com o médico e depois me despeço, meu celular toca quando eu já estava perto de sair da clínica, era o Falcão, uma vergonha que eu estou de atender mas acabo atendendo.
- Oi.
- Estou aqui fora te esperando gata._ E o coração mais uma vez vai lá na boca, que voz é essa meu pai.
- Tá bom, já estou saindo. _ Desligo o celular e saio da clínica, me aproximo dele, coloco o capacete e subi na moto, como da primeira vez ele novamente sai igual um doido em alta velocidade, em minutos estávamos subindo o morro, só que ele passa da minha casa.
- Falcão minha casa é ali.
- Eu sei, vou te levar num lugar._ Fiquei tensa na hora, que lugar é esse que ele quer me levar, não estou gostando nada disso.
- Calma aí gata, não vou fazer nada contigo não.
- E pra onde que você está me levando?
- Tu já vai saber.
Ele sobe o morro todo e para no lugar mais alto do morro, o lugar onde eu nunca nem sonhei em vim aqui, descemos da moto e quando eu tiro o capacete fiquei apaixonada, o lugar dava pra ver o morro todo, a vista era a coisa mais linda.
- Nossa como aqui é bonito.
- É sim, tou ligado que tu nunca veio aqui, são poucos que vem, aí como tu tá enfrentando esse bagulho aí com tua coroa achei que seria bom distrair a mente um pouco._ Ele fala e eu abraço o mesmo.
- Nossa obrigada de verdade.
Nos sentamos na grama e ficamos olhando a vista, sentir ele me olhando, viro o rosto e olho pro mesmo.
- Para de me olhar que eu vou ficar com vergonha.
- Precisa ficar com vergonha não tiu, tu é linda de mais mané, linda mermo._ Minhas bochechas queimam na hora.
- Obrigada.
- Vontade de dar um beijo nessa boca gostosa, posso?_ Aí meu Deus de novo não, assinto com a cabeça e o mesmo sem demora nenhuma toma os meus lábios em uma beijos, fui me envolvendo naquele beijo, onde nossas línguas dançamos e total harmonia, nunca pensei que beijar fosse tão bom, nossa é bom de mais, e eu estou gostando e muito, quando estávamos ali bem envolvidos naquele beijo o radinho dele toca.
- Onde que tu tá falcão, que c*****o, aparece que eu preciso de tu pra resolver um bagulho agora, deixa pra comer essas minas que tu pega depois._ O Alemão fala e o Falcão bufa, sei que é o Alemão pela voz.
- Foi m*l, vou ter que ir.
- Tudo bem, eu preciso ir pra casa mesmo.
Nos levantamos e subimos na moto, dessa vez não botei capacete, assim que ele parou em frente a minha casa eu entreguei o capacete a ele, dei tchau e entrei.