Acordo com um gemido baixinho em minha orelha, abro os olhos lentamente e fios loiros estão por toda a parte da minha face. Sem contar as belas pernas entrelaçadas às minhas, e um par de s***s sendo esmagados com o meu próprio corpo.
Tento afastar seu corpo do meu fazendo o mínimo movimento possível.
Franzo o cenho olhando para o relógio em meu pulso e novamente para a loira em minha cama, e nada acontece. Adrenalina, euforia, vigor. Nada. Nenhum sentimento aparece depois de t*****r como nunca antes na vida, ainda mais uma desconhecida. Por um momento, pensei que estar nos braços de uma mulher me faria bem, mas a verdade é que estou me sentindo ainda pior. Um completo fracasso.
Unhas compridas deslizam em minhas costas, arranhando levemente.
Engulo em seco.
— Bom dia, gato. Se quiser, podemos repetir mais uma vez, o que acha?
— Sussurra e me viro para ela observando seu corpo ainda nu, e ela prender o lábio inferior sensualmente.
Não tenho nenhuma reação e isso é frustrante. Solto um suspiro e sorrio sem graça. Ela não precisa saber que não estou disposto a repetir a noite anterior. Seu desempenho foi bom, mas não me despertou nada, além de orgasmos.
— Desculpa gata, não posso. Já estou super atrasado para o trabalho.
Ele faz beicinho e se aproxima deixando um leve beijos em meus lábios.
Observo ela andar e catar suas roupas espalhadas pelo o quarto.
— Posso pedir um táxi para você?
Eu poderia te levar, mas como disse, estou mesmo atrasado.
Ela sorri e amarra os fios emaranhados em um coque frouxo.
— Obrigada! Você é muito fofo. Outro, me mandaria simplesmente ir embora.
Comenta e coço a nuca sem graça.
— Se fosse o James de antes, ele faria exatamente isso. Mas não sou ele, não sou o meu irmão.
Por mais que deseje mudar, não quero ser mais um babaca nas estatísticas.
Assinto e pego o meu celular e peço um táxi, em poucos segundos ele chega o que eu agradeço mentalmente. O após, não poderia ser pior. Transamos em todos os cantos do meu apartamento, pareciamos dois animais selvagens e pela manhã, não sabia como olhar para ela.
O constrangimento veio com força total.
Tomo um banho gelado e me arrumo para ir trabalhar, antes de ir para a empresa, passo no café e de imediato vejo Alícia servindo um casal de idosos em uma mesa de canto. Seu humor parecia ridiculamente estonteante. Ao contrário do meu que está sombrio e n***o. Seus olhos castanhos se deparam com os meus e um fantasma de um sorriso aparece em seus lábios carnudos.
Ele termina de atendê-los e caminha em minha direção com uma expressão confiante.
— Bom, dia! Já sabe o que vai pedir? — Aponta para o cardápio em minhas mãos.
Balanço a cabeça concordando.
— Um cappuccino e um bagel.
— Ela abre e fecha a boca, mas acaba anotando o pedido.
— Porque eu acho que você quer falar algo.
Ela estala a língua e se aproxima preenchendo os meus sentidos com o seu perfume.
— Na verdade, eu só ia perguntar se você seguiu o meu conselho.
— Sussurra, me olhando atentamente.
Me encosto na cadeira e cruzo os braços olhando-a.
— E se eu te disse que sim, você me deixará em paz.
— Depende. Diz rapidamente.
— Você se divertiu? Sentiu algo diferente.
— Sua pergunta me pega de surpresa, e não entendo o que isso importa para ela.
Não respondo.
Ela entende o recado e se retira em silêncio.
Minutos depois retorna com o meu pedido — Procurei por adrenalina, ontem.
— Sussurro antes que ela saia novamente.
— E aí, como se sente?— Pergunta interessada.
Nego.
— Me senti ainda pior. O que é muito frustrante. Tive uma noite produtiva, mas ao amanhecer, tudo se tornou o que era antes.
Ela morde o lábio inferior e assente.
O sino da porta toca anunciando que acaba de entrar no café um novo cliente.
— Sei, mas você tinha feito algo assim antes?
Engulo em seco, negando novamente.
Alícia me olha e parece não acreditar.
— O que, não acredita?
Sorrindo, ela pega seu bloco de notas e começa a caminhar em direção ao novo cliente.
— Pior que sim. Você é certinho demais.
— Solta me fazendo encará-la.
Ela espalma as mãos sobre a mesa e sai rebolando.
Fico pensando em suas palavras e até uma estranha consegue ver além de mim.
Olho para a mesa e vejo o pedaço de papel e o abro.
É um número.
Puta que pariu! Ela só pode estar de brincadeira. Isso é um flerte?
Coloco o papel disfarçadamente no bolso do meu paletó, mesmo sem a intenção de ligar para ela, mas nunca se sabe.
Pago minha conta e dirijo para a empresa e mais uma vez me enterro no trabalho e em mais uma noite com uma mulher qualquer. Ao amanhecer, me encontro ainda mais vazio por dentro. Como se faltasse algo, ou alguém.
Tenho ido todos os dias ao café, antes de ir trabalhar. Ignorando totalmente a presença da garçonete atrevida, e preservado mais uma noite gasta inutilmente.
Não é só Alícia que venho evitando, meu irmão e sua linda família também fazem parte disso.
Estou tentando superar a paixão que eu tenho por Abby, não quero atrapalhar a relação do casal adicionando drama.
Terei que dar o meu melhor para deixar todo esse sentimento no passado.
Pego o número do celular de Alícia e mando uma mensagem. Pergunto se ela quer vir ao meu apartamento e segundos após, sua resposta chega me deixa estranhamente satisfeito. Pergunto se posso buscá-la e ela se recusa, dizendo que pode ir sozinha.Respiro fundo e quando a campainha toca e corro para abrir.
Meu queixo vai ao chão quando ela passa por mim com um sorriso de canto.
Ela está linda. Selvagem. Eu diria muito diferente da imagem da garçonete.
A observo e pela primeira vez, sinto vontade de beijar seus lábios carnudos.