THÉO
Olho para o celular com um sorriso.
James acabou de me enviar uma foto da pequena Elli. Não dá para saber com quem ela se parece, mas a boca e nariz são da mãe.
Abby. Por mais que eu torço pela felicidade deles, ainda sinto um aperto no coração. Não queria sentir nada por ela, mas é inevitável. Eu a amei desde o dia chuvoso que a conheci, chorando em um banco de praça.
Quando ela ergueu seu olhar triste em minha direção, simplesmente perdi o fôlego. Abigail me encantou com sua doçura, seu sorriso vibrante. Mas não foi por mim que o seu coração bateu. Meu irmão levou a melhor. Eu o odiei por ele ter atravessado o meu caminho. James sempre foi um mulherengo incurável. Colecionador de calcinhas, a cada dia era uma mulher diferente. Sua relação passada com Gisele foi traumática, eu sei. Mas ele tinha que se apaixonar justo por ela? Minha Abby? — Balanço a cabeça negando.
Não. A Abby do James. Acabou! Eu tenho que esquecer essa paixonite de uma vez por todas, é isso.
— Quer mais alguma coisa? Café? Rosquinhas? — Uma voz aveludada pergunta e ergo o meu olhar encontrando um par de olhos castanhos.
— Álcool? — Sussurra baixo.
Franzo o cenho olhando para o seu crachá preso no seu uniforme amarelo.
— Alicia, não é? Você está me sugerindo alguma bebida específica?
Ele semicerra os olhos, em seguida olha para o balcão onde uma senhorinha atendia os clientes e logo retorna o seu olhar para mim.
— Sem ofensas. Mas você está péssimo. Talvez um café amargo, o ajude— Cochicha baixo me deixando perplexo com sua sinceridade.
— É. Eu sei. Mas creio que não há bebida no mundo que me faça sentir melhor.
Ela assente e antes de se virar e ir embora fala:
— Talvez a adrenalina faça. Você me parece certinho demais, não que isso seja algo errado, mas sei lá. Ergo uma sobrancelha. — Sexo?
Arregalo os olhos engolindo em seco.
— Sua chefe sabe que você gosta de constranger os clientes? — Noto como ela empalidece e seus olhos castanhos brilham irritação.
Ah, agora a deixei irritada?
— Ok! Faça de conta que não estive aqui falando com o senhor.
Gira seus calcanhares pisando duro.
— i****a! — Resmunga baixo.
Atrevida!
Nos próximos minutos, fico alheio, observando a movimentação do café e uma hora e outra meus olhos viajam por uma certa garçonete atrevida.
Observo como ela é sempre tagarela com os clientes e muitas vezes indelicada. Mas o curioso é que eles parecem não ligar e até gostam.
Meu celular vibra com mais uma notificação. Outra foto do meu irmão, dessa vez com toda a sua família.
Contorno a tela do celular com o indicador passando lentamente pelo rosto dela. Sua face está iluminada, é nítido sua felicidade.
Desligo o celular e o coloco no bolso interno do meu terno. Isso é tortura. Estou me torturando, pensando nela, a desejando com todas as minhas forças. Minha cunhada. A mulher do meu irmão.
Droga! Eles se amam e eu estou sobrando.
Tentei. Deus é testemunha que me envolvi com Lilian para esquecer ela. Obviamente não funcionou. Lillian também ama outro, Silvio. Espero que ela tenha mais sorte e consiga reconquistá-lo.
Olho para a garçonete e a flagro olhando para mim, mas rapidamente ela desvia o olhar e começa a conversar com a senhorinha do caixa.
Ando em direção a elas e p**o minha conta e antes de ir embora olho para Alicia e me aproximo colocando um certa distância, muito pouca a qual permite sentir o seu perfume, um aroma cítrico, suave e muito agradável.
Ela se afasta juntando as sobrancelhas.
— Hum. Tá invadindo o meu espaço.
Murmura, com um olhar afiado.
Coço minha barba por fazer e sorrio levantando as mão em rendição.
— Desculpe, senhorita. Não foi minha intenção.
Ela revira os olhos e sorri apertando o maxilar.
— Eu só queria agradecer pelo conselho. Talvez, se eu segui-los possa me fazer sentir melhor, ou a mente ocupada.
Pego o meu cartão e passo na maquininha, digitando minha senha.
— Quais deles. Acho que te dei muita opção— Murmura me olhando desconfiada.
Agradeço a senhorinha e volto a olhar para ela sorrindo largamente.
— Andrenalina e com sorte um pouco de sexo. — Sussurro e juro ter visto suas pupilas dilatarem.
O que me deixou intrigado.
Saio sem olhar para trás, embora a sua expressão tenha me agradado.
Entro no carro e me perco alguns instantes pensando na garçonete atrevida. Ele tem belos olhos, e seus fios castanhos claros estavam presos em um r**o de cavalo e apesar do uniforme ser um pouco discreto, tive o vislumbre das suas curvas e eram incríveis. Fecho os olhos e bato minha testa no volante. O que está acontecendo com você, cara? Parece um adolescente tarado com fetiche em uma garçonete. Dirijo para a empresa onde reviso alguns trabalhos e relatórios. Não vejo James e confesso que é melhor assim, não quero estragar a sua felicidade.
Quando retorno para a casa, tomo banho e resolvo curtir um barzinho. Não sou de ter amizades, e nem costumava sair antes, mas para tudo tem sua primeira vez.
Peço uma dose de uísque observando a movimentação, até que uma loira no balcão me chama atenção. Seus olhos azuis estão por toda a parte do meu corpo e a maneira que ela sorri e toma seu drink me faz entender que ela está a procura da mesma coisa que eu, sexo.
Pego o meu copo e me aproximo com um sorriso malicioso. Não sou homem de jogos e nem flertes. Prezo uma pessoa direta que sabe o que quer, e essa loira parece atender todos esses requisitos.
Ela sorri assim que venço nossa distância e arqueia o corpo levemente, deixando amostra um par de s***s fartos admiráveis. A cumprimento e logo iniciamos uma conversa, confesso que não levo jeito para isso, então de forma delicada, pergunto em seu ouvido se ela quer ir a um lugar mais reservado.
Minha resposta veio imediatamente.
— “Achei que nunca iria perguntar, isso.”