Não a Quero Perder

1039 Words
CAPÍTULO 3 Não a Quero Perder Narrado por Nathan Eu bati na porta pela terceira vez, e dessa vez, finalmente, ouvi passos do outro lado. Eu estava com uma ansiedade esquisita desde que acordei. As lembranças da noite anterior estavam frescas, o show, o público, o barulho ensurdecedor das fãs e toda a correria depois, com as fotos e as entrevistas que não pareciam ter fim. Foi incrível, mas algo em mim sentia que eu precisava vir aqui, ver a Sophia e explicar por que não atendi as chamadas dela. Ela merecia uma explicação. A porta abriu e, ali, estava ela. Sophia tinha o cabelo solto e uma expressão difícil de ler. Sorri, tentando quebrar o gelo, mas algo me dizia que o clima estava diferente. — Soph… desculpa por não ter te atendido as chamadas ontem, — comecei, ainda com aquele sorriso que eu esperava que ajudasse. — Foi uma loucura depois do show, sabes? As fãs, as entrevistas… ficou tudo uma bagunça. Ela deu um leve sorriso, mas não parecia relaxada como de costume. Fez sinal para que eu entrasse, e eu a segui, sentindo que precisava explicar melhor. — Eu realmente queria falar contigo, só que foi tudo tão rápido. Acho que o tempo passou e nem percebi. — Eu tentei segurar a mão dela, mas ela desviou. Se dirigiu para a cozinha e pegou um copo de água. Fiquei parado, sentia-me um pouco perdido. Ela suspirou antes de finalmente me olhar nos olhos. — Eu entendo, Nathan. Sei que foi uma noite importante pra ti, para a banda, e que esse é o teu sonho. Mas… eu preciso ser honesta. Ontem, no show, ver tudo aquilo… não sei, me deu a sensação de que talvez tu estejas num lugar onde eu já não caiba. Eu senti um aperto no peito. — Sophia, mas que conversa mais sem sentido! É claro que cabes. Tu sempre cabes. Ela balançou a cabeça, meio sem acreditar, e eu percebi a distância nos olhos dela, uma coisa que eu não sabia como resolver. — Eu só acho que… talvez seja difícil pra ti entender agora, mas ver as pessoas ali, te idolatrando, querendo um pedaço de ti, fez-me pensar se eu não estou a ser egoísta ao querer que continues comigo. Podes ter qualquer vida, Nathan. Talvez uma vida que não precises de amarras, de responsabilidades. Eu me aproximei, tentando fazer com que ela sentisse que eu realmente estava ali, para ela. — Soph, tu não és uma amarra, nunca foste. Eu te amo, e não quero que nada disso mude por causa do que eu faço. Eu posso ter fãs, posso ter shows, mas no fim do dia, és tu que eu quero ao meu lado. Ela baixou o olhar e deu um leve sorriso, mas eu senti que ainda havia algo que ela não conseguia expressar. O silêncio entre nós se estendeu por um instante, e tudo que eu queria era que ela acreditasse em mim, que sentisse que nada na minha vida fazia sentido sem ela. — Eu vou pra França hoje, — disse, tentando trazê-la de volta ao momento, para que ela soubesse que isso não era uma despedida, só uma pausa. — É a continuação da turnê, mas vou te ligar sempre que puder. Prometo, tá? Ela assentiu e nos abraçamos, mas o abraço dela parecia mais frágil, como se estivesse com medo de me segurar com muita força. Quando nos afastamos, eu vi que ela estava a olhar para mim como quem quer guardar cada detalhe, e aquilo me doeu mais do que eu esperava. Eu a beijei nos lábios antes de sair, mas não pude deixar de sentir que ela estava me deixando um pouco mais distante, como se estivesse a preparar para algo. Fiquei parado por um instante na porta, à espera que ela dissesse alguma coisa, que me pedisse pra ficar. Mas ela só sorriu, com aquele sorriso triste e contido, que parecia guardar tudo o que ela não queria dizer. E quando fechei a porta atrás de mim, perguntei a mim mesmo se havia algo que eu pudesse fazer para convencer a Sophia de que, mesmo com toda aquela nova vida, era ela que eu não queria perder. A Milhas de Distância Narrado por Nathan Viajar para a França deveria ser a realização de um sonho. Todas as noites, desde que a banda começou a se formar, eu me via a tocar na Europa, em algum palco lotado, sentindo a adrenalina e a empolgação de milhares de pessoas que conheciam cada palavra das nossas músicas. Mas, desde o momento em que o avião pousou em Paris, a primeira coisa que senti foi saudade. Sophia sempre me dizia o quanto adorava Paris, o quanto um dia queria ver a Torre Eiffel de perto e provar os doces típicos em uma cafeteria charmosa da cidade. Andar pelas ruas francesas, ver todas aquelas luzes que eu sabia que ela adoraria, só fazia crescer a falta que eu sentia dela. E, por mais que a banda estivesse em um ritmo frenético, sempre havia aquele espaço vazio dentro de mim, uma sensação de que algo importante estava a faltar. As noites eram as piores. Quando finalmente voltava para o hotel, depois dos shows e das entrevistas, tudo o que eu queria era ouvir a voz dela, sentir que estávamos conectados de alguma forma. Mas, nos últimos dias, até isso parecia mais complicado. Nas chamadas de vídeo, ela parecia distraída, com um sorriso que nunca chegava aos olhos, como se uma parte dela estivesse distante. E eu me perguntava o que estava a acontecer, o que eu tinha deixado escapar. Peguei o telefone e cliquei no número dela mais uma vez. Dessa vez, era tarde na França, então eu sabia que ela provavelmente já estava acordada. Depois de alguns toques, a chamada conectou, e a imagem dela apareceu na tela. Mesmo assim, parecia que estávamos a milhas de distância. — Oi, amor. — Eu disse, a tentar colocar um pouco mais de ânimo na voz. — Como estás? — Oi, Nathan, — ela respondeu, com aquele sorriso pequeno que parecia se tornar mais frágil a cada dia. — Tudo bem… e tu? Como foi o show?
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