Capítulo 4

1409 Words
Brenda Moore Atualmente, estou a caminho da Califórnia, um lugar que há tempos não visito, mas agora estou de volta... com um propósito. Decidi surpreender meu amor. Ele é tudo o que eu desejo e mais: aquele tipo de homem que prendeu meu coração sem sequer tentar. E por mais que ele deteste se prender a qualquer coisa além do físico, entre nós, ele sempre soube como me levar ao êxtase. Não há egoísmo nele, não. Ele é aquele tipo raro que se preocupa em entregar o prazer antes de recebê-lo, deixando-me em pedaços, como só ele sabe fazer. Mas eu queria mais. Em uma das vezes, propus que fingisse ser meu namorado. Ah, a forma como ele aceitou, casualmente, sem compromisso... foi um golpe, mas também a fagulha que alimentou meu desejo. Eu estava determinada a quebrar as barreiras de seu coração de pedra. Pensava que, cedo ou tarde, ele se renderia, ele seria meu. Então, ela apareceu. Uma mulher intrometida, sem o mínimo de escrúpulos, como um espinho que rasga carne e não se desfaz. Eles pareciam juntos, próximos demais. E isso me fez queimar. Ele nunca se prendeu a ninguém, sempre foi indiferente ao amor – até que essa mulher chegou e virou o jogo. Agora, vejo-o rindo, olhando-a como nunca me olhou, e sinto a amargura invadindo minhas veias. O pior é que essa mulher teve a audácia de me desafiar, de me encarar. Chegou a me arrancar os cabelos, quase que literalmente, com aquela expressão de vitória estampada no rosto. E eu aqui, ferida, humilhada. Mas não por muito tempo. Eu a afastarei, seja como for, custe o que custar. Ele é meu, sempre foi meu, e vou provar isso a todos. Se for preciso, armarei uma cena, contratarei alguém para seduzi-la diante dele. Porque sei o quanto ele detesta falsidade, o quanto a traição o enoja. Assim que ele acreditar que ela o enganou, serei eu a oferecer-lhe consolo, a segurar sua dor, para que finalmente ele entenda que sou a única que jamais o trairia. E, quando ele estiver em minhas mãos, ela será apenas uma lembrança – uma sombra do que jamais voltará. Finalmente embarquei no avião, rumo ao reencontro que me consome há meses. Assim que acordei da breve soneca, senti a excitação febril ao perceber que já estávamos aterrissando. Desembarquei rapidamente, impaciente, e logo avistei meu motorista esperando. Subi as escadas rolantes e me preparava para sair do aeroporto quando uma mulher loira apareceu do nada, deslizando em minha direção, e me abordou. — Você é a Brenda? — disse ela, com uma voz controlada, mas estranhamente intensa. — Se for, tenho um assunto do seu interesse. Eu nunca a tinha visto antes e, por reflexo, estava prestes a dispensá-la. Mas então ela disse algo que congelou cada célula do meu corpo: — É sobre a Valentina… Valentina. A mulher que ousou roubar o homem que deveria ser meu. Meu estômago embrulhou. No mesmo instante, senti o ódio ferver em mim como um veneno antigo. — O que você sabe sobre aquela mulher? Fale logo! — disparei, tentando conter o tremor na voz. — Não tenho tempo a perder aqui. Ela sorriu, um sorriso calculado, quase divertido, e sugeriu que nos sentássemos em um café próximo para discutir o assunto. A contragosto, concordei. Uma vez acomodadas, ela começou a falar sem rodeios. — Vou ser direta: aquela jovem que está com o seu ex, o Nathan Keen... eu a trouxe do Brasil. A ideia era mantê-la próxima, sob controle, mas ela escapou. Ela raramente fica sozinha, o que dificulta que eu possa orientá-la a retornar para o lugar onde deveria estar. Preciso da sua ajuda para encontrá-la. Cada palavra dela parecia ser engolida por uma tempestade dentro de mim. Valentina não só roubou Nathan, mas também tentou cortar qualquer chance que eu tivesse de tê-lo de volta, de fazer dele meu, de forma definitiva. O que essa mulher estava dizendo abria uma porta que eu jamais imaginaria: Valentina tinha uma fraqueza. E agora, essa loira estava oferecendo-me uma maneira de alcançar o que tanto desejava. Minhas mãos tremiam sob a mesa, e uma onda de euforia quase desesperada tomou conta de mim. — E o que você sugere? — perguntei, tentando parecer calma. — Que me ajude a isolá-la de qualquer apoio, para que eu possa levá-la de volta. No final, isso deve resolver o problema dela e o seu — disse ela, dando-me um olhar cúmplice. As palavras pairaram no ar como uma promessa proibida. Eu não podia acreditar na sorte que o destino acabara de colocar em minhas mãos. Se aquela maldita voltar para o Brasil, o caminho para Nathan estará finalmente livre – livre para que eu o conquiste, para que ele seja meu. Meu coração acelerou ao perceber que tudo poderia ser muito mais simples do que imaginei, sem precisar armar uma cena para separá-los. — O que você quer que eu faça? — perguntei, impaciente, escondendo o sorriso que ameaçava surgir. — Só preciso que me avise quando ela estiver sozinha — respondeu Marcela, com aquele olhar frio e calculado. Pensei por um segundo e logo soube o momento perfeito. — Isso não será um problema. Ela vai a uma festa na Model essa semana, e com certeza estará sozinha. Vai ter muita gente, e Nathan não poderá estar lá, nem suas amigas. Você poderá encontrá-la facilmente. Marcela esboçou um sorriso discreto. — Se você fizer isso, ficarei muito agradecida. Mas preciso que me informe o local exato no dia da festa ou faça-a ir a algum lugar onde eu possa abordá-la com facilidade. — Deixe comigo. Vou providenciar tudo para você. Agora, preciso ir – meu motorista está esperando. Até logo. Saí dali com uma euforia incontrolável pulsando em minhas veias, como se o universo conspirasse a meu favor. Antes de partirmos, Marcela entregou-me seu número de telefone e instruiu-me a ligar no dia da festa para confirmar o lugar exato onde Valentina estaria. Marcela. Esse nome ecoava em minha mente. A mulher era peculiar e estranhamente atraente, mas havia algo sombrio em seus olhos, algo que me fez questionar a índole das pessoas ao redor de Nathan. Que tipo de gente ele estava trazendo para dentro de sua vida? Será que Marcela tinha intenções duvidosas... ou era só uma aliada temporária, alguém que me ajudaria a me livrar de Valentina? Não importava. Eu estava ali para protegê-lo – ou, pelo menos, era o que eu dizia a mim mesma. Eu era Brenda, uma mulher habilidosa, uma modelo e atriz renomada, e estava absolutamente decidida a conquistar Nathan Keen. Não importava o que tivesse que fazer ou quem eu precisasse manipular para isso. Enquanto eu me preparava para esse jogo, a certeza de que ele nutriria sentimentos por mim aumentava. Valentina estaria fora em breve, e Marcela assegurara-me que ela já estava com um pé fora do país. Mas não deixaria nada ao acaso. Instrui meu segurança particular a seguir Marcela, a investigar cada passo seu e descobrir onde ela morava. Confiar cegamente? Jamais. Agora, era hora de me preparar para a festa e garantir que eu fosse deslumbrante. Eu seria a única imagem que ele veria em seus pensamentos, a única mulher que importaria. Valentina iria desaparecer e, quando isso acontecesse, Nathan seria meu – de corpo e alma. E se essas duas desequilibradas ousarem prejudicar o meu Nathan? Oh, não. Isso, eu jamais permitirei. Elas não causarão nenhum dano a ele. Eu o resgatarei desse caos, dessas mulheres insanas que, cegas pela própria ambição, não conseguem perceber que ele é meu, que sempre foi meu. E, quando ele finalmente enxergar quem o salvou, quando estiver em meus braços, ele saberá quem o ama de verdade. Ele ficará tão grato que me amará... e, então, eu alcançarei o final feliz que sempre desejei ao lado do homem que tanto esperei. Às vezes, admito que o "sempre" talvez soe exagerado... mas foram anos de admiração, de desejo contido, de amor. Ver Nathan seminu, seu corpo perfeitamente esculpido, cada músculo em seu devido lugar... é como contemplar uma obra-prima. Ele é, sem dúvida, o homem mais atraente que já vi, e isso apenas reforça minha determinação. Ninguém, ninguém poderá tirá-lo de mim. Vou conquistar seu coração. Vou fazê-lo entender que ninguém mais pode amá-lo como eu amo. Eu terei aquele homem para mim – todo para mim... ou eu não me chamo Brenda.
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