Capítulo 16

1349 Words
Padre Vergas A respiração acelerada da doce Samantha mesclada com a minha, se amontoava numa sinfonia quase agressiva, e transformava aquele beijo que se iniciou branda em algo mais ardente, verdadeiramente difícil de ser controlada. À medida que sua pequena língua castigadora foi ganhando morada dentro da minha boca tão sofrida e sedenta por ela. De maneira ríspida fui deixando o lado protetor para ser tornar o predador, com uma fome, uma sede infinita por querer mais do que já podia abocanhar me deixei levar por essa luxúria dimensional, aquele que desde o princípio da sua chegada me dominava. — Samantha… — Um gemido escapou dos meus lábios entre abertos ao embarcar mais profundo naquela língua, afogando-me ainda mais nela, indo à deriva, tentando de qualquer forma acompanhá-la naquilo que se tornou minha tempestade, meu náufrago, meu… amor. Minha pecaminosa paixão louca. — Vergas… Dolorosamente sorvei meu nome saindo daqueles beiços molhados, úmidos, pecaminosos, extasiado, totalmente compenetrado, mergulhado, tragado, possuído pelo sensual chamado, pelo sussurro espontâneo proveniente de uma excitação feminina. Trêmulo entre os beijos perdido na intensidade daquele manifesto, engoli o ar de maneira bastante sôfrega ao movê-la totalmente para mim, posicionando-a no meu colo, agindo feito um possessivo qualquer, trilhando minha própria condenação ao inferno, um caminho sem retorno, mas ao mesmo tempo sentindo que esse era o meu próprio paraíso. Um reservado somente para mim. Ao pô minha adorável Samantha no centro do meu maior pecado, localizado debaixo da minha batina, fazendo-a sentir aquilo que tanto queria evitar; a rigidez, a prova da minha maior insensatez sendo testemunhado por ela, me senti um pobre e miserável pecador, um necessitado, carente de algo que nunca desejei ter e que agora morreria se não o tivesse. Quis possuí-la. E a imagem de nós dois com os corpos colados, suados, juntos sem uma vestimenta se unindo delicadamente e ferozmente numa só carne, permeou feito um veneno raivoso impossível de ser controlado, sem esperança de cura a não ser a simples aceitação do envenenamento, da morte, dessa prisão profana. As cenas pervertidas criando raízes, as imagens sexuais vinham como ondas profundas em meu cérebro, tanto que apertei sua cintura, esfregando o meio dela, entre suas coxas, o centro daquela i********e feminina protegida apenas por um pedaço de pano qualquer. Por cima da roupa de sacerdote, podia senti-la, entregando-se, sendo guiada logo por mim. Excitada, provocando-me, um ato mais doloroso que a vergonha da qual fui imensamente banhado. Sentindo que nunca poderia ter isso com ela, não desse jeito, muito menos assim e… agora. Samantha continuou os beijos mesmo me portanto feito um canalha com ela, mesmo que a minha língua não estivesse mais dançando, bailando a sua música principal. Bem lentamente demonstrei-lhe que não podíamos seguir esse destino, ele não nos cabia, não era o certo, então a deixei saborear os últimos resquícios dos nossos beijos, dos nossos lábios conectados, se movendo numa confusão caótica e totalmente apaixonante. Quando finalmente nos acalmamos e nossos rostos buscaram-se praticamente no mesmo instante, na mesma sintonia, me levantei devagar, atormentando-me por alguns segundos antes de deixá-la ir embora. Levei-a comigo, enquanto a mantinha presa a mim, ainda naquele modo possessivo, doente, segurando-a ainda pela cintura. A todo instante fui incapaz de me afastar dela, mesmo quando suas pernas que outrora estavam dobradas, acomodadas deliciosamente em volta das minhas coxas, prendendo-me inocentemente no seu encanto de mulher. A coloquei de pé com muita facilidade, encostado nela, fazendo-a sentir no meu último ato, o vestígio da minha vergonha. Sentia o m****o pulsando, duro, e era impossível esconder-lhe o que havia causado em meu corpo. Antes dela conseguir falar ouvimos vozes ansiosas me chamando na porta da igreja — Padre! Padre! Apertei os lábios, virando-me totalmente para o outro lado, sendo incapaz de olhar para a minha namorada agora, pondo rigorosamente as mãos que antes eram imaculadas, na frente da batina. — Samantha eu… — Tome isso. Ela esticou a bíblia, aquela que ganhei na minha passagem para o sacerdócio. O objeto valoroso pesava muito, não só pela grossura, mas sim pela falta de reverência, e ao vê-lo tive que soltar uma respiração áspera diante dessa afronta. Por que ela tinha que jogar na minha face o meu pecado? Mesmo que não fosse intencional me sentia sendo julgado pela senhorita Cruz agora. — Não precisa… — Precisa esconder o que o senhor não quer revelar. Olhei o livro sagrado com um pesar constrangedor, olhei ao redor, tentando achar uma solução mais plausível, então algo me ocorreu. Peguei de sua mão rapidamente, ainda sem ter a coragem de olhá-la devido aos acontecimentos que nos levaram até a essa situação. Depositei o livro que sabia de cor e salteado com extrema devoção, e sobre a mesma cômoda repousei as mãos, fazendo um solene pedido a Samantha. — Bata três vezes essa bíblia em meus dedos, que esse maldito… — disse-lhe com a voz rasgante, lotado de um ira descomunal. Pude perceber de viés sua aflição na hora. — … volume, vai cessar e poderei ser o que nasci para ser, um ajudante de cristo. Minha respiração estava ofegante, e o medo crescia por causa daqueles que me chamavam incessantemente para servi-los, para fazer o que eu fui instruído a fazer. Samantha buscou em meus olhos uma faísca daquele homem que havia se desviado, daquele que nunca poderia ser. — Bata! Sem dó! — gritei sem emoção, ou pelos menos tentando miseravelmente não demonstrar emoção alguma. — Padre… prometi a mim mesma que faria qualquer coisa que me pedisse mas… isso… já é demais e… — Sua meiga voz de anja foi sumindo. Encontrando forças além da minha capacidade emocional encarei-a, seco e feroz por uns intermináveis segundos, sentindo a pulsação incessante daquela ereção perversa. — Então faça… — tentei amenizar o tom, na única esperança que me fizesse sentir dor física. — Padre , o senhor está bem? Vou entrar hein! Nos encaramos fortemente, travando uma batalha já perdida, a primeira de muitas se continuarmos a agir dessa maneira imprudente. Não era culpa dela, eu que teria que vigiar mais. — Por favor… Samantha… lhe rogo… Enfim, com muito custo ela pegou a bíblia, as pálpebras daquela linda moça tremiam, lacrimejando aqueles lindos olhos azuis, deixando-se banhar pelas lágrimas ela se posicionou, erguendo o livro pesado com as duas mãos que tremiam sem parar. — Faça pelo seu namorado… — E assim ela fez, olhando-me seriamente enquanto completava a sequência sem que eu soltasse um pio. Ao terminar deixou o objeto cair no chão fazendo um baque, mas não podia perder tempo com isso, logo alguns fiéis entrariam com tudo no meu quarto, encontrando a jovem aqui presente, não podia permitir que eles a vissem. A virtude dela deveria ser mantida sagrada, preservada, mesma que minha própria ela já tenha levado, de bom grado por mim, seu padre. Sai dali fechando a porta sem trancá-la pois Samantha na primeira oportunidade deveria sair dali. Encontrei dois homens no corredor, eles estavam sujos e maltrapilhos, pedindo alimentos para os seus estômagos, uma refeição ao menos para encarar o dia sofrido deles. Os acompanhei ao refeitório, encontrando voluntários que tinham acabado de chegar para fazer suas obrigações na igreja. Enquanto eles se acomodavam, conversando comigo suas desventuras meu coração pesava por ter feito aquilo com Samantha, por ter deixando-a aterrorizada, por força-la a ser a executora da minha penitência. Samantha, meu amor, perdoa-me, pequei contra ti também. O resto da manhã foi extremamente penoso, mesmo atarefado, ocupado, volta e meia retornava para o meu quarto, na esperança de encontrá-la ainda por ali, mesmo sabendo que nas horas que se seguiram onde cuidei dos andarilhos que viam de uma caravana, ela havia partido silenciosamente, deixando apenas seu adocicado perfume de lavanda no ar. Adentrei novamente, sentando na cama. Alisei os lençóis que podiam ter maior contato com a minha namorada, sentindo ciúmes deles e uma saudade não normal vindo de um padre. Deitei a cabeça no travesseiro que ela havia depositado aquela cabeleira escura, fechando os olhos ao ser envolvido naquela mesma euforia, derretendo-me, afundando-me nas lembranças daquele... amasso entre dois amantes.
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