Capítulo 7

1644 Words
Samantha A festa tinha sido uma explosão de cores e sons, e o calor da noite ainda estava impregnado no ar quando saímos do carrossel. As luzes da cidade piscavam como se quisessem se despedir do evento. Caminhamos lado a lado, a multidão começando a se dispersar. Durante o trajeto senti uma estranha mistura de excitação e serenidade enquanto nos dirigíamos para a casa que embora fosse minha, por um capricho do destino, ele emprestara para mim. Quando chegamos, a casa estava silenciosa, como se estivesse aguardando o retorno de um antigo hóspede. O sentimento de retorno me fez pensar em como tudo estava tão diferente agora, e como uma simples noite de festa poderia desencadear uma série de eventos tão complexos. — A casa está em ordem, como prometido — disse-lhe, abrindo a porta e fazendo um gesto para que ele entrasse. Ele entrou, o olhar dele percorrendo o espaço com uma curiosidade que eu não conseguia decifrar. Havia uma expressão de admiração em seus olhos, algo que parecia ir além da simples limpeza que havia feito. — Está realmente bonita, bem organizada. Resumindo, tudo na mais perfeita ordem, como devia ser desde o início. — ele comentou, ainda com um ar de surpresa. — Obrigada — respondi, tentando manter a conversa leve. — Vou preparar um café fresquinho para nós. Deve estar muito tarde para dirigir. Opinei essa última parte sem olhá-lo enquanto me movia pela cozinha, preparando o café. Ele se acomodava na sala. A casa estava tranquila, e o cheiro do café começava a preencher o ambiente, criando uma sensação acolhedora que parecia um contraste com a tensão que havia surgido entre nós, e que não se dissipava facilmente. Trouxe duas xícaras para a sala e nos sentamos no sofá confortavelmente, o aroma do café envolvendo-nos em um conforto que parecia quase irreal mas ainda sentia o sabor daquela maça do amor em meus lábios. Aquela que desfrutamos juntos durante a caminhada. A conversa entre nós dois surgiu casualmente, mas havia uma tensão subjacente que não conseguia ignorar. O ambiente estava carregado de uma expectativa silenciosa, uma que estava começando a entender, mas que ainda me deixava um pouco confusa. — É realmente muito tarde — disse-lhe, olhando para ele com um sorriso. — Você pode dormir aqui, se quiser. Não é seguro dirigir agora. Ele me olhou com uma expressão que misturava surpresa e algo mais profundo. Pareceu hesitar por um momento antes de responder, mas então algo mudou em seu olhar, como se ele estivesse interpretando minhas palavras de uma maneira diferente. — Samantha, eu... — ele começou, mas a voz dele estava embargada de uma emoção que eu não conseguia identificar. Então, em um movimento abrupto, ele se virou e, ao tentar tomar um gole de café, sua mão tremeu. O café espirrou, atingindo sua batina e sujando-a com manchas escuras. Eu não pude deixar de soltar uma exclamação de surpresa. — Oh não, eu sinto muito! — exclamei, levantando-me rapidamente para pegar um pano. Enquanto me aproximava toda afoita, justamente para limpar a mancha, ele me afastou com um gesto rápido, e até ríspido por assim dizer. A tensão entre nós era palpável, até pude sentir que a proximidade estava afetando-o mais do que imaginava. Seus olhos estavam fixos nos meus, e testemunhei vividamente seu conflito interno se desenrolando. — Não — disse ele, a voz dele firme, mas com um tremor que revelava um estado emocional abalado. — Não se aproxime. Não faça isso. Não faça nada. O simples toque do pano sobre sua batina parecia ter desencadeado algo dentro dele, algo que ele não estava preparado para enfrentar. Via-se a luta interna em seu olhar, a batalha entre o desejo e a razão. — Padre Vergas — disse, minha voz suave e preocupada. — Por que está reagindo assim? É apenas um pouco de café. Não há necessidade de... — Não — interrompeu ele, sua voz quase desesperada. — É... é melhor eu ir embora. Eu não posso... não posso ficar aqui. Ele se levantou, sua expressão era uma mistura de determinação e confusão. O desejo reprimido estava evidente, percebi que a situação estava além do que havia previsto. A distância que ele estava tentando manter parecia uma tentativa de preservar a integridade de algo que estava profundamente enraizado em sua vida. Eu fiquei ali, a toalha na mão, tentando entender o que estava acontecendo. A noite tinha começado de maneira tão promissora, mas agora, sentia que algo estava se desmoronando diante de mim. Padre Vergas O caminho de volta para a igreja parecia interminável, já estava em frente mas cada passo era mais pesado que o anterior, enquanto tentava apagar da mente a imagem de Samantha. Cheguei à paroquia com a mente turva e o coração ainda acelerado. As sombras da noite estavam se dissipando, mas a inquietação dentro de mim estava apenas começando. Dirigi-me diretamente para os fundos daquela casa de Cristo, onde meu quarto e o banheiro se localizavam. A serenidade habitual do local estava longe de acalmar minha agitação interna. Precisava de um momento de solitude para tentar reverter a confusão que me atormentava. Ao me despir rapidamente, livrando-me bruscamente das vestimentas que pareciam cheirar com o doce perfume daquela jovem, entrei ásperamente no banheiro, liguei o chuveiro, ajustando a temperatura para uma água bem gelada. A sensação do frio correndo pela pele deveria ser de um consolo, mas, em vez disso, parecia amplificar a turbulência que eu sentia. A água caía em cascata, e eu me forcei a entrar na ducha, tentando me concentrar na simplicidade do ato de lavar o corpo. No entanto, mesmo sob o jato gelado, minha mente continuava a voltar para o rosto de Samantha. O desejo que inutilmente tentava ignorar, jogar para debaixo do tapete, era agora uma força dominante, e, enquanto me esfregava para tentar limpar minha mente, minha mão escorregou, roçando sem querer minha parte íntim.a. A sensação foi instantaneamente perturbadora. Um estremecimento percorreu meu corpo, tentei me afastar, mas a realidade da excitação era inescapável. A imagem dela, seu sorriso, a forma como ela me olhava, tudo estava imbuído em cada toque involuntário. O desejo estava se tornando palpável, e eu não conseguia escapar dele. Minhas respirações ficaram ofegantes enquanto a excitação se intensificava. Cada movimento da água parecia apenas aumentar a sensação, e o tesã.o acumulado estava se manifestando de maneira incontrolável. As mãos tremiam enquanto tentava ajustar o jato da água, tentando desesperadamente redirecionar a atenção. Estava perdendo a batalha contra o desejo, tinha a plena convicção disso. Cada vez que me tocava, a sensação era intensificada, e eu não podia mais ignorar a luta interna que estava acontecendo. O desejo estava descontrolado, não sabia mais como reverter isso. O conflito entre o pecado e os votos que havia feito estavam se tornando uma tempestade, estava no olho dela, no centro, totalmente impotente, confuso. Perdido. A mente estava em um turbilhão de pensamentos enquanto tentava racionalizar o que estava acontecendo. Como um homem dedicado à vida de fé, o desejo não deveria ser uma luta tão significativa, mas estava claro que estava enfrentando algo muito mais profundo e desafiador. O banheiro estava envolto em uma penumbra quase silenciosa, pois a minha respiração ofegante e intensa não cessava. A água do chuveiro já havia cessado, e ainda me encontrava nu, diante do espelho respingado, o cheiro daquela moça ainda pairando no ar, como se fosse uma condenação para as minhas fantasias mais sombrias. O frio do ambiente era um contraste c***l com o calor que ainda queimava dentro de mim. A visão do meu próprio reflexo era um lembrete amargo da batalha interna que enfrentava. Meu corpo estava à vista, e a pele estava marcada pela tensão e pela luta. Olhava incansavelmente para o espelho com um sentimento crescente e decadente de pura frustração, assim decidi que era a hora da minha punição. Peguei um chicote que mantinha escondido para momentos de penitência. A presença de Samantha, com seus olhos azuis penetrantes, havia desencadeado algo em mim que estava além da minha capacidade de controlar. De focar, de simplesmente viver a vida que havia trilhado ao longo de todos esses anos de sacerdócio. Com um movimento decidido, comecei a me chicotear nas costas e nos ombros, cada golpe sendo uma tentativa de expurgar a culpa e a sensação de desejo que eu sentia. O contato do chicote com a pele ainda molhada era dolorosa, mas a dor física parecia quase uma forma de distração da dor emocional que estava enfrentando. As marcas vermelhas se formavam em minha pele, um contraste intenso com a brancura do meu corpo nu. O espelho refletia a cena de um homem em tormento, e eu observava seu próprio sofrimento com um misto de raiva e desespero. Cada golpe era uma tentativa de purificação, uma maneira de lidar com a culpa e a lascívia que me consumia. A visão de Samantha, seus olhos azuis e seu sorriso, pareciam peças de uma tentação inescapável, e eu estava louco para encontrar uma forma de recuperar o domínio que sempre tive. As chicotadas eram cada vez mais intensas, fortes, e a dor se tornava quase insuportável ao ponto de arfar, mas eu continuava, como se o sofrimento pudesse de alguma forma aliviar a angústia interna. O espelho mostrava um homem amargurado, lutando com uma parte de si mesmo que não entendia completamente, mas que desejava se livrar a qualquer custo. Enquanto o silêncio da noite envolvia o ambiente, me perguntava se essa batalha interna teria algum fim. A concupiscência, que parecia tão intensa e incontrolável, havia me levado a um estado de desalento, e a auto-punição era a única forma que eu conhecia para tentar lidar com isso. A luta era constante, e o caminho para a resolução parecia cada vez mais distante. Longe da minha vontade. - Samantha...
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