Acordo quando jogam um balde de água fria no meu corpo. Começo a tossir violentamente, os meus pulmões queimam com a água que acabei inalando.
_Acorda! - vejo que foi Mara quem havia jogado água em mim - Não é hora de dormir, você tem serviço a fazer.
Me levanto com dificuldade a dor nas minhas pernas era insuportável, vou ao meu quarto e troco de roupa, agora a única que tinha já que Paola havia estragado está, coloco o velho vestido e limpo os meus ferimentos com um pedaço de trapo velho coloco um pano e amarro para não ficar sangrando, subo as escadas com dificuldade, mas eu sabia que se demonstrasse fraqueza Mara acusaria de fazer corpo mole e isso sempre terminava em mais castigos para mim.
Não me lembro de um único dia em que as coisas eram diferentes, James sempre fora c***l e isso não era novidade, ele gostava de me ver sofrer, como se o meu sofrimento desse prazer a ele, e de fato dava, ele sorria quando me espancava, e nas poucas vezes em que eu não gritava ou implorava por minha vida ele me batia até desmaiar.
Ele era meu pai, mas não agia como tal, para ele eu era apenas a responsável pela morte da sua amada esposa, como se eu pudesse fazer algo a respeito disso, e o fato de ser praticamente idêntica a minha mãe não ajudava muito.
Termino de limpar o seu quarto rapidamente, James não gostava de chegar e me pegar aqui limpando, ele possuía uma gaveta com algumas fotos da minha mãe, uma vez o peguei olhando para elas, e até hoje tenho marcas no corpo daquele encontro. Mas em breve tudo isso iria acabar, assim que conseguisse o meu lobo eu simplesmente fugiria sem olhar para trás, era melhor ser um desertor do que continuar como escrava dele.
Ouço um assobio e vou até a janela, quando olho para baixo encontro os olhos castanhos de Diana, ela me mostra um pedaço de bolo e me pede para descer. Eu sorrio, pego os materiais de limpeza e desço, não havia comido nada na noite anterior e parecia que Diana sabia disso.
_Aonde vai com tanta presa. - diz Mara de forma rabugenta entrando na minha frente.
_Preciso lavar os panos de limpeza Mara. - digo lhe mostrando os panos no balde.
_Pode ir, e espero que esses panos fiquem branquinhos. - diz ela afastando-se, quando ela não estava olhando mostro língua e saio, essa era uma das poucas formas de revolta a qual eu me permitia.
Vou até os fundos onde ficavam os tanques de limpeza, abro a porta da e encontro Diana escondida num canto. Ela vem até mim e me entrega o pedaço de bolo.
_Coma tudo, deu trabalho para conseguir. - diz ela vendo eu devorar o pedaço de bolo, não havia percebido como eu estava com fome até colocar o bolo na boca.
_Obrigada Diana. - digo lhe dando um abraço, Diana já havia salvado a minha pele varias vezes, apesar de tratá-la m*l, ela não costumava ser espancada como eu, algo que me intrigava.
_Se conseguir mais alguma coisa deixo no nosso esconderijo. - diz ela sorrindo. Tínhamos um esconderijo para comida, ficava do lado de fora da casa num buraco numa árvore, nem sempre recebíamos comida, então quando havia um pouco mais guardávamos.
_Farei o mesmo.
_O alfa saiu? - pergunta ela.
_Sim, aparentemente o carro de Paola está velho. - digo fazendo aspas com as mãos, Diana ri.
_Imagino que ela deva estar animada para conhecer o alfa Fenrir.
_Sim, ela acredita que ele seja o companheiro dela, - digo balançando a cabeça.
_Aposto que não é, mas vou adorar a cara de desepção dela ao perceber isso. - diz Diana rindo.
_Só espero que ela não desconte em mim. - digo suspirando.
_Está perto, em breve você não vai mais precisar aguentar isso. - diz Diana colocando a mão no meu braço.
_Vem comigo Diana, aqui não tem nada pra gente. - digo pegando na sua mão.
_Eu não sou tão corajosa quanto você Zara, não conseguiria sobreviver lá fora.
_Nós teremos lobos, é claro que vamos sobreviver, e vai ser bem melhor do que aqui. - eu não teria dúvidas de que a minha vida mudaria a partir do momento em que o meu lobo despertasse, deixaria essa alcateia sem olhar para trás, e se outras alcateias não me aceitassem eu ainda poderia ir para o mundo dos humanos.
_É melhor voltarmos antes que Mara apareça. - diz Diana me dando um abraço e saindo, me viro pego os panos no balde e começo a lavá-los no tanque.
As minhas esperanças eram poucas, eu só queria que a dor parasse, os xingamentos parassem, eu não queria mais dormir com medo e acordar com medo, até aquele momento eu só havia recebido coisas ru**s. Eu queria ser forte, a Deusa sabe o quanto tenho tentado ser forte, mas o cansaço começava a me tomar, e eu sabia que não aguentaria mais um ano vivendo sobre o mesmo teto que James e Paola.
Termino de lavar os panos encho o balde de água e retorno para dentro, o dia seria longo e eu teria que agradecer se James não me visitasse a noite, algo que eu duvidava que aconteceria.
Termino de limpar o andar superior e desço para arrumar a mesa para o almoço, mesmo que James e Paola não viessem almoçar a mesa tinha que estar pronta. O barulho da porta se abrindo chama a minha atenção e quando me viro me deparo com o sorriso cínico de Paola.
_Vem ver o meu carro novo irmãzinha. - aquilo não foi um convite, ela agarra o braço de Zara e a arrasta até o lado de fora da casa da matilha. Um lindo conversível vermelho reluzia a luz do sol, Zara podia ver que o carro era impecável, e devia ter custado um absurdo.
_É lindo senhorita. - diz Zara de cabeça baixa, Paola não gostava que ela a chamasse de irmã, e a própria só o fazia para zombar dela.
_Olhe bem, porque você nunca terá nada parecido na sua vida. - diz Paola a empurrando em direção do carro, Zara bate com a cabeça na lateral do carro e cai no chão, ela já sentia o sangue quente escorrendo por sua testa.
_Oh! A sua ma***ta, você sujou o meu carro. - diz ela e entra correndo para dentro, segundos depois ela sai acompanhado de James que a olha com os lábios serrados.
_Olha papai, eu queria mostrar o carro para ela, e veja só o que ela fez. - diz Paola com lágrimas descendo por seu rosto. James se aproxima de mim e eu já sabia o que veria, então apenas me encolho quando a sua mão pesada desce sobre o meu rosto.