Zara
A luz do sol amarelo brilhante me acorda de um sono horrível, apesar que eu não havia dormido, mas sim desmaiado, após a cessão de socos, tapas e chutes que havia recebido do meu pai, sim, meu pai, aquele que devia me amar incondicionalmente, cuidar de mim e me proteger, ele ara quem me espancava todos os dias, já havia perdido as contas de quantas vezes no dia ele encontrava uma desculpa para vir até o porão que eu chamava de quarto me espancar.
Forço a me levantar, o meu corpo todo doía, as feridas antigas nem haviam cicatrizado e já havia novas, como eu ainda não tinha um lobo meu corpo não se curava como os outros lobisomens, a minha cura ainda era mais rápida que a de um humano, mas ainda era lenta comparado a outras lobanis, ela não conseguia acompanhar o ritmo das agressões que eu sofria diariamente.
Mesmo com dores me levanto, visto uma calça jeans surrada que eu tinha, a muito ela avia desbotado, o seu tom azul se fora ficando um acinzentado meio esquisito, mas era a única que eu tinha, então teria que servir por um bom tempo, pego uma camisa de mangas compridas na pequena caixa ao lado do velho colchão em que dormia, o meu pai não gostava que eu mostrasse as marcas da sua agressão para aqueles que visitavam a casa da matilha, prendo os meus cabelos castanhos com um pedaço de pano, era a única coisa que eu possuía para amarrar meu cabelo, eu sobrevivia com o mínimo do mínimo. Arrastando os meus pés, subo pela escada até sair perto da cozinha, poucos sabiam da existência daquele porão, eu até prefira que fosse assim, pois menos pessoas iriam me hostilizar.
Chego na cozinha e a velha cozinheira já estava lá, quando ela me vê chegando me lança um olhar raivoso enquanto coava o café.
_Esta pensando que está de férias Zara - diz colocando a garrafa de café numa bandeja - Deseja que o Alfa James fique sabendo disso?
Os meus olhos arregalam-se mostrando todo o terror que sentia a mera menção do nome do meu pai.
_Não Mara! Por favor, não conte a ele - digo me ajoelhando segurando na barra do seu vestido, o meu corpo ainda não havia se recuperado se o meu pai me batesse novamente provavelmente nem conseguiria andar no outro dia, Mara estampa um sorriso de escárnio no rosto, eu sabia que ela não gostava de mim, ninguém gostava, muitas vezes eu via ela rir de mim enquanto o meu pai me batia.
_Vamos ver como você irá se comportar hoje - diz me dando um chute com o pé me derrubando no chão, levo a mão ao peito sentindo uma das minhas feridas abrirem-se com o seu golpe.
_O que está fazendo ainda aí - diz me chutando novamente - Vá levar o café para o Alfa.
Pego a bandeja de cima da mesa e vou até a sala servir o Alfa, as minhas mãos suavam a cada passo que eu dava, eu não podia cometer nenhum erro ou seria duramente castigada, quando chego a sala o meu pai estava lendo o jornal me aproximo com a bandeja em silêncio.
_Deseja café Alfa? - a muito ele havia me proibido de chamá-lo de pai, foi em uma das vezes em que ele estava me espancando, eu implorei por minha vida o chamando de pai, ele havia desferido um tapa no meu rosto me dizendo que uma c****a como eu não tinha pai, desde então apenas me diria a ele como Alfa.
_Sim - diz sem olhar para mim o que foi um alívio, sirvo a sua xícara e coloco a garrafa na mesa, fico esperando mais afastada caso ele chame, eu não tinha permissão para comer com eles, a minha comida era o que sobrava das refeições que eles faziam, todos comiam antes de mim, até os outros empregados da casa.
_Papai! Papai! - entra Paola minha irmã fazendo bico, por sua expressão ela não estava feliz, meu pai abaixa o jornal e olha para ela com carinho.
_O que foi querida? - pergunta de forma gentil, uma gentileza que só era reservada para ela, Paola era um ano mais velha que eu, e éramos muito diferentes em aparência, enquanto eu tinha cabelos castanhos e lisos, ela tinha cabelos loiros encaracolados assim como a minha mãe tinha, a sua pele era clara e a minha era morena, eu tinha olhos castanhos e ela havia herdado os olhos azuis do meu pai.
_Papai eu quero um carro novo - diz cruzando os braços sobre os s***s batendo o pé no chão.
_O que tem de errado com o seu?
_Ele é velho, os meus amigos vão rir de mim se me verem andando com aquela velharia - o carro de Paola era novo, um conversível preto, não era do ano, mas era melhor do que o de muitos na matilha.
_Seu carro está bom querida, compramos no ano passado - tenta barganhar meu pai, mas era inútil ele sempre dava exatamente o que ela queria.
_Por favor papai. - diz se pendurando no seu braço - O Alfa Fenrir vem visitar a matilha quero chamá-lo para dar uma volta, vai se ele é meu companheiro - os seus olhos iluminam-se ao fantasiar com o Alfa Fenrir.
_Esta bem - diz meu pai com um suspiro se rendendo as palavras de Paola - Tome o seu café primeiro, depois iremos até a cidade vizinha.
_Obrigada papai - diz beijando a sua bochecha enquanto dava pequenos pulinhos ao seu lado. Vejo quando os seus olhos se voltam para mim, e um sorriso debochado se abre no seu rosto.
_Hoje estou tão feliz que acho que vou trazer uma calça nova para você irmãzinha - eu não respondo nada, conhecia bem aquele olhar e sabia que ela devia estar tramando alguma coisa. Paola se levanta do seu lugar e pega uma faca que estava na mesa, o seu sorriso era de um predador quando encurrala a presa, ela vem até mim e o meu sangue gela.
_Olha para você, tão sem graça - a suas mãos passam por meus cabelos que estavam presos e desce por minhas roupas surradas.
_Acho que posso te ajudar a ficar mais bonita - dizendo isso sinto ela cravar a faca na minha perna enquanto corta a minha calça.
_Por favor Paola - peço com lágrimas nos olhos - Está me machucando.
_Esta vendo como você é m*l agradecida - diz enquanto corta a outra perna da minha calça, sinto quando o sangue escorre por minhas pernas e eu desabo no chão sem forças.
_Por favor - peço chorando.
_Chega! - diz o Alfa - Não quero que você se stresse a essa hora querida, vamos - diz o Alfa sorrindo lhe estendendo a mão.
_Vamos - diz ela largando a faca e indo com ele, o meu coração batia acelerado, as minhas vistas se turvaram e a escuridão me engoliu.