Tortura

1060 Words
A minha cabeça rodava com o tapa que levei. Antes que pudesse reagir, me vi sendo arrastada até as celas. James não tinha piedade; o seu prazer era me causar dor, e sei que ele não pararia até me ver à beira da morte. Sinto quando ele prende as minhas mãos numa corrente no teto, dentro de uma das celas. Eu conhecia bem aquele lugar; não era a primeira vez que ele me levava lá, e enquanto ele não me visse morta, sabia que não seria a última. — Sua imunda! — ouço a voz de James às minhas costas. Eu sabia o que viria agora, e o meu corpo se encolhe ao se lembrar da dor que em breve me cortaria. James rasga a minha camisa, expondo as minhas costas. Ouço o barulho do chicote quando ele o pega. Sei que ele provavelmente iria mergulhá-lo em acônito; era a forma dele de me fazer sofrer mais. Assim, eu não conseguiria usar o pouco poder de cura que ainda tinha. — Eu preferia que você estivesse morta! — diz ele, enquanto sinto a primeira chicotada cortar minhas costas. Trinco os dentes para não gritar; era inútil, ele me bateria de qualquer maneira. Minha pele queimava por causa do acônito, eu sentia meu corpo ficando mais fraco à medida que novas chicotadas atingiam minhas costas. — Se aquela m*ldita não estivesse morta, eu mesmo a mataria — diz James, ensandecido. Eu podia sentir a fúria que emanava dele e que fazia meu corpo tremer. Sempre pensei que James me batia por eu me parecer com a minha mãe, mas agora, vendo-o falar dessa forma, me pergunto se estava errada esse tempo todo. À medida que os minutos passavam, sentia o meu corpo ficar dormente, provavelmente devido à perda de sangue. Eu não tinha me recuperado totalmente das outras feridas antes de ele me bater novamente. Seguro um soluço ao pensar em quão miserável era minha vida. Era tratada como escrava e vivia para servir de saco de pancadas do alfa. Pergunto-me se em outras matilhas as coisas eram assim também, mas eu não tinha essa resposta, e pela forma como ele me batia, duvidava que algum dia eu saberia. Lentamente, a minha visão começa a embaçar, e eu despenco na escuridão. Gostava da escuridão, pois ali ninguém podia me alcançar. Eu estaria segura e não sentiria dor. Simplesmente me deixo ir, sem nada para me agarrar. Acordo sentindo o meu corpo inteiro doer. Os meus olhos estavam sensíveis à luz quando os abro, e me perguntava quanto tempo havia dormido naquela posição pendurada. Os meus braços estavam dormentes e a minha mente, confusa. Eu sentia as minhas costas em fogo e sabia que devia ser por causa dos ferimentos que não cicatrizaram. Um barulho me alerta para a chegada de alguém, e o meu corpo fica tenso. — Bom dia, vagabunda — diz Paola, entrando na minha cela com um guarda ao seu lado. Ela acena para ele, e ele despeja um balde de água sobre mim, mas não era água comum; era água com sal, e não consigo segurar o grito de agonia que irrompe do meu peito. — Achei que precisava de um incentivo para despertar — diz ela, rindo, enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu só queria que tudo aquilo acabasse. Não suportava mais passar pelas sessões de tortura deles; o meu corpo não suportava mais. — Não faça essa cara, irmãzinha — diz Paola, olhando para o meu rosto. — Se você não fosse tão vagabunda, não estaria passando por isso. Trinco os dentes. Não iria dar o gostinho de ela me ver implorar, não mais. Se eu tinha que morrer, não permitiria que ela me fizesse implorar. — O que foi? Não vai implorar por sua vida? — pergunta ela, rindo. Quando não respondo, vejo-a vir na minha direção e segurar o meu rosto com força. — Implore, sua maldita! Nenhuma palavra sai da minha boca, e, com prazer, vejo os olhos de Paola ficarem vermelhos de raiva. Ela me solta e vai até os fundos da cela, voltando com uma vara de bambu nas mãos. — Vamos ver se não farei você implorar — diz ela, com um sorriso assustador nos lábios. Eu não podia fazer nada, então simplesmente permito que a minha mente vague para outro lugar, um lugar onde eu não era espancada por minha família, um lugar onde eu era amada. Sinto a primeira varada nas minhas pernas. Trinco os dentes para suportar a dor. Outras se seguem após a primeira, e a cada nova pancada que eu recebia, sentia as minhas pernas ficarem dormentes, mas, na minha mente, eu estava num lugar feliz, onde as ofensas de Paola não podiam me atingir. Não me lembro quanto tempo durou, mas sabia o exato momento em que desmaiei, recebendo de bom grado a escuridão que era minha amiga há tantos anos. Tão logo acordo, sinto a minha boca seca. Não sei há quanto tempo estou aqui em baixo, mas tenho certeza de que não havia comido nada durante todos aqueles dias. Não conseguia mais ficar em pé, apenas deixava o meu corpo pendurado pelas correntes. Sentia como se a minha vida estivesse sendo sugada de mim. Podia sentir o meu fim se aproximando, e para mim, isso era bom. Esse pensamento quase me fez sorrir. Eu abraçaria com alegria o meu fim; daria um grande abraço na morte se a visse. Ela seria minha salvação. — Finalmente acordou — ouço a voz de James atrás de mim. Eu estava tão fraca que não o ouvi chegar, mas isso não me importava mais. Em breve, eu estaria em outro lugar, e ele não me alcançaria mais. E foi com esse pensamento que fiz algo que duvidei de mim mesma. — James — disse, chamando a sua atenção. Quando ele parou na minha frente, eu sorri para ele. — Vai se f*der! A expressão dele se fechou, e a próxima coisa que senti foi seu punho se chocando com o meu rosto. Aquilo doeu como o inferno, mas não permiti que me abalasse. Olhando no seu rosto, comecei a rir, e era tão bom que eu não conseguia parar. Vejo os olhos dele se arregalarem com o meu comportamento, mas eu não ligava. Já que eu iria morrer, que fosse rindo na cara dele.
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