CAPÍTULO 8 | MIRELLA
O celular vibrou pela terceira vez, e eu sabia exatamente de quem era. Desde que trocamos números no café, Caio vinha mandando mensagens regularmente. A princípio, era apenas conversa casual, piadinhas e comentários sobre o nosso encontro. Mas conforme as mensagens avançavam, o tom começava a mudar. As palavras dele eram envolventes, provocantes, e eu me via respondendo com o mesmo entusiasmo.
"Você tá me provocando, Mirella?" A última mensagem dele era direta, carregada de intenção.
Eu mordi o lábio, olhando para a tela. A verdade era que eu estava provocando, mas com aquele dilema constante na minha cabeça. Será que eu deveria ir tão longe? A dúvida me corroía, mas o desejo estava sempre ali, espreitando, pronto para me fazer jogar a cautela pela janela. Já fazia alguns dias que estávamos nesse jogo de flertes, e as mensagens dele estavam começando a me atingir de uma forma que era difícil ignorar.
“Eu? Nunca faria isso.” Mandei, fingindo inocência, sabendo muito bem o que aquilo significava.
O celular vibrou de novo. Ele era rápido.
"Deixa de joguinho. Que tal me encontrar amanhã? Se você estiver disposta, claro."
Suspirei, encarando a tela por um momento. Aquela era a hora. Eu sabia que a conversa não estava indo para lugar nenhum se continuássemos apenas nas mensagens. O que ele queria – e, no fundo, o que eu também queria – só seria resolvido pessoalmente. Eu estava prestes a responder quando meu irmão, Lucas, entrou no quarto sem bater, como sempre.
— O que tá pegando com você? Tá com uma cara de quem vai fazer merda.
Eu levantei o olhar do celular, já irritada.
— Vai se catar, Lucas. Por que você não fode alguém e me deixa em paz?
Ele deu uma risada, levantando as mãos em rendição.
— Só tô falando... Você parece que vai fazer besteira. Mas beleza, boa sorte com isso. — E saiu do quarto, deixando a porta aberta, como sempre.
Revirei os olhos e voltei para o celular. O dedo pairou sobre a tela por um segundo antes de eu finalmente digitar:
Ok. Amanhã, 20h. Onde?
A resposta veio quase que imediata.
"Vou te mandar o lugar. Não esquece, hein?"
Senti um arrepio de excitação percorrer meu corpo. Tentei afastar o pensamento de Lucas e sua provocação, mas a verdade era que ele tinha razão. Eu estava prestes a fazer algo que poderia dar errado. Só que, naquele momento, o risco me parecia mais atraente do que assustador.
***
No dia seguinte, enquanto me arrumava, a ansiedade começou a dar sinais. Coloquei uma roupa que eu sabia que chamaria atenção, mas que não parecia óbvia demais. O jeans justo e a blusa de alça fina deixavam meu corpo delineado, mas sem exageros. O suficiente para deixar claro que eu não estava ali para brincadeira, mas também que não estava entregando tudo de bandeja.
Olhei para o espelho uma última vez, respirando fundo. Eu sabia onde aquilo poderia levar, mas estava disposta a deixar as coisas fluírem. Peguei minha bolsa e saí.
Cheguei ao café que ele sugeriu pouco antes das 20h. Era um lugar mais intimista, não muito movimentado, o que me fez imaginar que ele tinha planejado isso. Quando o vi do outro lado da rua, sentado na mesa do lado de fora, meu coração acelerou. Ele estava de jaqueta de couro, e a forma como ele se inclinava para trás na cadeira, com uma mão segurando o copo de café, me fez sentir aquela mesma atração visceral que tive no dia em que esbarramos.
Caminhei até ele, tentando manter o controle, mas a tensão no ar já era quase palpável. Ele me viu chegando e sorriu de canto, o mesmo sorriso que me fez perder a cabeça da última vez.
— Achei que você não vinha. — A voz dele era baixa, rouca.
— E perder a chance de ver onde isso vai dar? — Sentei à frente dele, cruzando as pernas e jogando o cabelo para trás.
Ele me observou por um momento, os olhos seguindo cada movimento meu.
— Eu sabia que você ia aparecer. Só não sabia se teria coragem de ficar até o final.
Eu dei uma risada curta, tentando manter a calma enquanto por dentro eu sentia a tensão crescendo.
— Depende do que você quer que aconteça.
Ele se inclinou para frente, a mão dele roçando na minha na mesa, um toque mínimo, mas suficiente para me fazer prender a respiração.
— Quero ver até onde você tá disposta a ir.
Senti meu corpo reagir à provocação, o calor subindo do meu peito para o rosto. A conversa foi ficando mais densa, o flerte mais direto, e as palavras entre nós pareciam menos importantes do que a atmosfera que se criava. A cada troca de olhares, eu sentia o magnetismo aumentando. Ele estava jogando comigo, e eu sabia que estava jogando com ele também.
Caio se inclinou levemente sobre a mesa, aproximando-se de mim, e, naquele instante, eu sabia o que estava prestes a acontecer. A tensão entre nós já estava tão palpável que o ar parecia pesado, carregado de expectativa. Eu não recuei. Em vez disso, me inclinei para frente também, até nossos rostos estarem a poucos centímetros de distância. O cheiro do café misturado com o perfume dele me envolvia, tornando o momento ainda mais intenso.
Sem pensar duas vezes, ele fechou o espaço entre nós, e seus lábios tocaram os meus. O beijo foi imediato, sem hesitação. Um calor subiu pelo meu corpo, e, por um segundo, tudo ao redor desapareceu. As conversas, as xícaras tilintando, o café cheio de gente... nada mais importava. Tudo o que existia era o contato entre nós dois.
O beijo começou suave, exploratório, mas logo se intensificou. Senti suas mãos tocando minha cintura por baixo da mesa, puxando-me para mais perto, e o desejo de seguir em frente tomou conta de mim. Minhas mãos foram automaticamente para o cabelo dele, puxando-o levemente enquanto nossos lábios se moviam em sincronia. Era como se todo o flerte que tínhamos trocado até ali culminasse naquele momento.
Mas sabia que não poderíamos continuar ali. O ambiente não era adequado para o que ambos queríamos. Caio pareceu perceber o mesmo, porque, sem quebrar o beijo, ele murmurou contra meus lábios:
— Vamos sair daqui.
Eu apenas assenti, incapaz de dizer qualquer coisa naquele momento. A urgência no ar era clara. Ele pagou a conta rapidamente, e, antes que eu pudesse pensar em qualquer outra coisa, estávamos fora do café. A noite estava fresca, mas o calor entre nós não parecia diminuir nem por um segundo.
Ele abriu a porta do carro e me guiou para dentro, como se já soubesse exatamente para onde ir. Caio dirigiu pelas ruas quase desertas com uma calma que contrastava com o que estávamos prestes a fazer. Eu, por outro lado, m*l conseguia me manter parada no banco. O silêncio no carro só aumentava a expectativa do que viria a seguir.
Em poucos minutos, chegamos ao motel. Discreto, como eu esperava, mas ainda assim fazendo com que meu coração acelerasse de uma maneira que eu não poderia controlar. Caio estacionou e, antes mesmo de desligar o motor, olhou para mim. Não houve palavras. Nossos olhares disseram tudo.
Entramos no quarto rapidamente, e assim que a porta se fechou atrás de nós, ele me puxou novamente para seus braços. O beijo dessa vez era ainda mais intenso, quase desesperado, como se o tempo que passamos no carro tivesse amplificado tudo o que já estávamos sentindo. Suas mãos deslizavam pela minha cintura, explorando cada curva, enquanto eu me agarrava a ele, como se não quisesse que o momento escapasse.
O clima no quarto era quente, carregado de desejo, e eu sabia que a linha que tínhamos cruzado já não nos permitiria voltar atrás. O beijo continuou, faminto e cheio de promessa, enquanto o mundo lá fora desaparecia de vez.
Eu era virgem .... Sim ...
Mas eu nunca tive uma visão romântica da vida e se fosse para perder a virgindade hoje, eu não estava nem aí.