⚖️Capítulo 17⚖️

1002 Words
Capítulo 17 | Daisy Quando encontrei Caio naquela noite, dava pra ver no rosto dele que algo tinha dado muito errado. Ele estava com a mandíbula tensa, as mãos fechadas em punho, e a energia ao redor dele era pesada. Eu me aproximei, tentando entender o que tinha acontecido, mas ele já começou a falar, a voz cheia de raiva. — A gente não tem tempo pra perder, Daisy. Eu te falei o que precisa ser feito, e você ainda tá enrolando. Eu levantei as mãos, tentando me defender. — Eu não estou enrolando, Caio. Eu só preciso de alguém pra seduzir o Lucas, pra fazer ele cair direitinho na nossa armadilha. Ele me olhou com os olhos estreitos, claramente sem paciência pra minhas desculpas. — Se vira, Daisy. Eu não tenho mais tempo pra isso. O plano está em andamento e você precisa colocar o Lucas na coleira logo. Ou vai ficar esperando o quê? Que ele descubra tudo antes da gente agir? A fúria na voz dele era palpável, e por um segundo, senti um frio na espinha. Eu sabia que ele não ia tolerar mais desculpas. Lucas tinha que ser controlado, e rápido. Mas eu não podia fazer isso sozinha. Precisava de alguém pra facilitar as coisas. — Eu já estou mexendo os pauzinhos, Caio. Só preciso de tempo, — tentei argumentar, mas ele balançou a cabeça, impaciente. — Tempo é a única coisa que a gente não tem. Se você não der um jeito de fazer isso logo, eu vou fazer do meu jeito, e você sabe que não vai gostar. O aviso dele era claro. Eu sabia que Caio não ia hesitar em me passar pra trás se achasse que eu não estava sendo útil. Eu precisava agir, e rápido. Sem mais enrolações. Ele me lançou um último olhar antes de virar as costas e sair andando deixando um rastro de tensão no ar. Fiquei ali por um momento, tentando processar a conversa. Eu sabia que ele estava certo. Lucas precisava ser controlado, e eu precisava de alguém pra isso. Mas quem? Quem eu podia usar pra entrar na cabeça dele e fazer ele se perder? Foi com essa pergunta na cabeça que voltei pra casa. Quando entrei, o silêncio me recebeu como um tapa. O ar estava pesado, como sempre, mas dessa vez parecia que algo mais pairava no ambiente. Subi as escadas, ainda pensando em como resolver o problema que Caio tinha jogado nas minhas mãos. Foi então que vi Eloá deitada no sofá da sala. Aquela visão... Ah, aquilo me deu nos nervos de um jeito que eu não esperava. Minha irmã, toda relaxada, bonita, a pele impecável, os cabelos perfeitos... enquanto eu? Eu m*l reconhecia a mulher que olhava de volta pra mim no espelho. A prisão tinha me quebrado, me tirado muito mais do que a liberdade. Tinha levado minha juventude, minha beleza. E Eloá, com nove anos a menos, parecia ser a personificação de tudo que eu tinha perdido. Ela abriu os olhos devagar, percebendo minha presença. E, claro, me olhou com aquele olhar de quem não entende nada. Como se eu fosse uma estranha na casa dela. Aquilo só fez minha raiva aumentar. — O que você tá fazendo aqui, deitada, como se a vida fosse perfeita? — perguntei, a voz carregada de amargura. Eloá piscou, confusa, mas logo adotou aquela postura defensiva, como sempre fazia quando sabia que uma briga estava prestes a começar. — Eu estou descansando, Daisy. Qual é o problema? O problema? O problema era ela. Era a forma como ela sempre pareceu perfeita, enquanto eu carregava as cicatrizes de tudo que a vida tinha me tirado. Era como ela, mesmo depois de tudo, continuava bonita, enquanto eu... eu estava quebrada, por dentro e por fora. — O problema é que você sempre foi a princesinha da família, né? A boazinha, a intocável. E agora, olha pra você. Continua linda, intocada, enquanto eu ... olha pra mim! Eloá sentou no sofá, claramente desconfortável, mas tentando manter a calma. Mas eu não estava mais disposta a ouvir aquela calma dela. Minha raiva já tinha transbordado, e eu não ia segurar mais . — Daisy, por que você sempre faz isso? Por que você tem tanto ódio de mim? Eu nunca fiz nada pra você . Aquilo foi a última coisa que eu precisava ouvir. Eu me aproximei dela com passos rápidos, e antes que eu percebesse, minha mão já tinha acertado o rosto dela . O estalo do tapa ecoou pela sala, e Eloá caiu de lado no sofá, os olhos arregalados de surpresa. — Você nunca fez nada? É isso que você acha? Você sempre foi a favorita, a que nunca cometeu erros, a que todo mundo amava. E eu? Eu fiquei com as sobras! Eu sou o erro, a falha, a que todo mundo despreza. E você, com essa sua cara de santa, acha que nunca fez nada?! Eloá segurou a bochecha, claramente assustada, mas não respondeu. Talvez porque soubesse que eu estava prestes a perder completamente o controle. Talvez porque, no fundo, ela sabia que tudo o que eu dizia era verdade . Eu respirei fundo, tentando controlar a raiva que ainda borbulhava dentro de mim. Mas, de repente, uma ideia me ocorreu. Se Eloá era tão perfeita, tão boa... por que não usá-la a meu favor? Eu me abaixei até ficar cara a cara com ela, meu sorriso amargo de volta ao rosto . — Se você não quiser ser expulsa dessa casa, Eloá, você vai ter que fazer uma coisa pra mim. Nossos pais estão longe, nem pensam em voltar tão cedo, e na rua você não duraria um dia . Os olhos dela se arregalaram ainda mais, mas ela não disse nada. Ela sabia que não tinha escolha. Eu era o problema, sim, mas também era a única que podia manter ela ali . O poder agora estava nas minhas mãos. E eu sabia exatamente o que fazer com ele .
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