Celina on
...dia seguinte...
Acordei no sofá da sala toda dolorida, olhei em volta com os olhos ainda entreabertos, a claridade ofuscou minha visão, segurei minha cabeça que parecia que ia sair andando de tanta dor que eu estava sentindo, me lavantei devagar, me olhei no espelho da sala, eu estava horrível... Minhas coxas, estavam cheias de marcas do cinto, meu rosto estava roxo e inchado de tantos murros que levei, meu maxilar doía, passei a mão pelos meus cabelos porque eue stava toda descabelada e entre os meus dedos vieram mil fios de cabelo... Olhei dentro dos meus próprios olhos através do reflexo no espelho e comecei a chorar em silêncio, as lágrimas insistiam em rolar pelo meu rosto mesmo que eu as limpasse.
Eu havia dormido na sala, por que eu preferi fugir daquele monstro. Peguei meu salto e subi com dificuldade as escadas, olhei para elas lá debaixo e pareciam infinitas agora que eu estava com dor... Entrei em um dos banheiros do corredor, tranquei a porta e entrei em baixo do chuveiro. Deixei que a água caísse sobre o meu corpo, as gotas faziam arder meus machucados, fechei meus olhos e na mesma proporção que a água caía, minhas lágrimas as faziam companhia.
Me sequei, me enrolei na toalha e me coloqueo em frente ao espelho para fazer os curativos como eu sempre fazia, tentei ficar com a feição um pouco melhor, mas era impossível... Saí do banheiro apenas de toalha, adentrei o quarto, vi a cama bagunçada, mas ele não estava lá, fui para o closet, peguei uma calça e uma blusa de moletom verde musgo, coloquei, amarrei meu cabelo num r**o de cavalo, pois ele incomodava quando encostava no rosto... Saí do closet e a porta do quarto abriu, meu coração quase parou, mas era a Madalena... Coloquei a mão em direção ao meu coração e agradeci infinitamente por não ser Diego
- Ai Madalena, que susto.- ela me olhou bem e se assustou
- Celina, de novo?- ela perguntou se aproximando e eu abaixei o olhar
- sim, de novo...
- o que foi dessa vez?
- eu encontrei meu primo ontem na festa da empresa, foi tipo um reencontro de irmãos sabe?
- hum... entendi tudo...
- o Diego é doente.- eu disse sentando na ponta da cama.
- Celina, quando vai dar um basta nisso?
- Madalena, não é tão fácil quanto parece. Tem muita coisa e muitas pessoas envolvidas.
- até quando vai segurar o mundo dos outros? Olha como você fica em toda essa história.- respirei fundo.
- relaxa... eu to bem...
- o que deu no médico?
- nada demais... apenas stress...
- hummm, ta seguindo a receita do doutor?
- não... não é importante isso Madalena, o Diego mesmo disse que eu não tenho porque me estressar né.
- e você rebateu isso.
- sim... mas, se eu tiver que morrer, eu prefiro...- eu disse e ela balançou a cabeça negativamente reprovando o que eu tinha dito...
... mais tarde ...
Eu estava na sala assistindo e Diego chega lá, entrou na sala e me analisou dos pés a cabeça.
- Eu quero que vá numa loja essa semana e trate de se vestir como minha mulher, vê se troca esses moletons horríveis que você usa por algo de luxo...
- eu gosto dos moletons
- eu não te dei isso como opção Celina e sim como uma ordem...- bufei...
- tanto faz, que seja...- eu disse dando de ombros
- e leve Julieta com você.
- eu vou com uma condição. Quero ir sozinha, não quero ela no meu pé me apressando, preciso de tempo para escolher as roupas como você quer...- ele bufou.
- que seja, com tanto que mude teu guarda roupa inteiro, está de bom tamanho. - ele subiu e eu suspirei... Fui para a cozinha e Madalena fazia o jantar...
- fiz algo especial que você ama.- ela disse e eu sorri.
- o que?
- lasanha de beringela.
- aaah, que deliciaa, meu Deus como eu comia isso quando era criança.
- você era a única criança que amava isso, aposto.- nós rimos.
- sim, era...Madalena
- oi...
- acha que consigo esconder esses hematomas com um pouco de maquiagem?
- acho que sim, eu te ajudo...
- é que dessa vez... foram piores...- ela soltou um longo suspiro, se aproximou de mim, colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- não está tão ruim... podemos fazer isso.
- obrigada... Diego me deixou ir no shopping sozinha, acredita?
- que novidade boa...
- mas eu não queria a companhia da Julieta, que é uma fofoqueira. A sua eu quero, vamos comigo?
- eu? Ah não Celina, eu tenho muitos afazeres aqui.
- por favor Madalena, vamos respirar um pouco fora dessa casa.- ela riu baixo.
- é, você até tem razão.- sorri.
- combinado então.- ela riu baixo e voltou a fazer o jantar, fiquei lá conversando com ela, quando ela foi servir eu subi chamar Diego.
- Diego?- eu disse entrando no quarto e não vi ele lá, mas ouvi sua voz longe... fui até o fim do corredor aonde tinha uma varanda, ele estava lá falando no telefone... quando me viu, se despediu rapidamente da pessoa e desligou
- quem era?- perguntei.
- deu de cuidar da minha vida agora?
- não, é só que você desligou super rápido...
- coisa do escritório...
- hum... o jantar já está servido...
- ótimo, achei que não ia ficar pronto nunca.- ele disse saindo na frente... bufei e fui atrás... jantamos nós dois em silêncio como sempre, ele focado no celular e eu olhando para as paredes...
...dias depois...
Eu e Madalena decidimos esperar uns dias até que os hematomas sumissem mais um pouquinho para que a maquiagem pudesse cobrir e eu pudesse sair de casa sem parecer uma zumbi. Eu estava no quarto me arrumando, geralmente eu não usava muita maquiagem, só quando era realmente preciso. Há muito tempo eu não tinha vontade de me arrumar, pois Diego sempre implicava se eu escolhia alguma roupa que mostrasse alguma parte do meu corpo. Coloquei uma roupa comum, uma calça jeans clara e uma blusinha, soltei meu cabelo o penteando, fiz uma maquiagem leve apenas com base e ** para cobrir os hematomas que restavam, sem lápis ou algo do tipo... Passei um pouquinho de batom vermelho da bochecha e esfumei com o dedo para dar uma coradinha e desci...
Diego me olhou dos pés a cabeça, mas não disse nada e já saiu trabalhar... Madalena veio da cozinha já sem o seu uniforme e fomos para o shopping com o motorista...Chegando lá eu estava meio perdida, tinha tantas lojas chiques e eu bem na verdade não queria entrar em nenhuma delas.
- esse mundo não é meu Madalena.
- quando era solteira não fazia compras?
- não, muito raramente na verdade... eu preferia estudar, estar no meu quarto, enfim... não sei nem por onde começar...
- bom, sei que ficará bem em qualquer coisa que colocar...- eu sorri de lado.
- vamos nessa.- eu disse olhando para uma loja com a fachada espelhada preta e detalhes em branco... Nós duas entramos e comecei a olhar concentrada nas araras de roupas para ver se enxergava algo que chegasse próximo ao que Diego queria... Uma moça se aproximou.
- em que posso ajudar?- ela disse me olhando dos pés a cabeça.
- oi, eu estou procurando algo... chique... preciso mudar de estilo... entende?- a olhei e ela sorriu falso.
- é evidente que precisa querida... mas acredito que aqui não tenhamos peças que caibam no seu bolso.- eu a olhei sem entender.
- está dizendo que não posso pagar?
- acredito que não. Basta olhar para você.- Olhei para a Madalena que franziu a testa.
- escuta aqui, eu não te perguntei preço algum de nada dessa loja, aliás... se eu quiser posso comprar essa loja...
- eu acho melhor vocês se retirarem antes que eu chame a segurança...
- é melhor irmos Celina... tem outras lojas por aqui...- Madalena disse me puxando, eu voltei e a olhei.
- você é uma péssima vendedora e um péssimo ser humano.- eu disse, ela me deu tchauzinho debochada e eu saí com Madalena...
- ai que ódio, eu deveria ter comprado metade daquela loja sabia?
- não vale a pena Celina, pessoas assim não vão mudar de opinião tão facilmente...
- mas isso não é justo Madalena, viu como ela me olhava?
- tem outras lojas por aqui.
- na verdade, eu perdi a vontade... vamos comer algo e vamos embora
- mas e seu marido?
- f**a-se o Diego e f**a-se meio mundo desse universo de gente rica... É engraçado que vendedora de loja de rico acha que é rica igual o patrão né?- ela riu baixo...
- sua doidinha... queria que tivesse essa coragem para enfrentar Diego...
- e eu tenho Madalena... não vou até o fim porque lembro o motivo pelo qual tive que casar com ele, aí prefiro abaixar a cabeça...-ela suspirou, fomos até a praça de alimentação, comemos algo e fomos embora.
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