Capítulo 04

1234 Words
... mais tarde ... Saí do banho no banheiro do quarto mesmo, saí secando meu cabelo e Diego entrou lá desatando o nó da gravata. - Foi na loja?- ele perguntou direto, sem nem me dizer um oi. - Sim, mas não comprei nada. - Como não? - Eu cheguei lá Diego e a medíocre da vendedora me humilhou e disse que eu não tinha dinheiro para comprar nenhuma peça de roupa que tinha na loja e me expulsou de lá. - O que? E por que não foi reclamar? - Por que eu odeio esse universo de gente arrogante, preferi sair o mais rápido possível da loja. - Ah, mas você vai voltar lá e eu vou voltar com você.- o olhei estranhando sua fala. - Você vai comigo? Por que? - Porque quando ela me ver eu tenho certeza que vai colocar o rabinho entre as pernas e será obrigada a te atender, eu acho isso satisfatório. - hum... Ok, combinado então!- ele assentiu entrou no banheiro tomar um banho, suspirei, coloquei uma camisola de ceda que fazia muito tempo que eu não usava, geralmente eram camisas mais largas que eu usava e estava ótimo. Alisei minhas pernas com um creme corporal e deitei, respirei fundo fechando meus olhos, mas é claro que eu não ia conseguir dormir. Depois de um tempo senti Diego deitar do meu lado, abri os olhos, o quarto estava sob meia luz dos dois abajures, um de cada lado da cama. Olhei para Diego e seu olhar fitava meu corpo. - O que foi?- Perguntei baixo e ele desviou o olhar. - Nada...- sorri torto e sentei na cama. - Eu vi que estava me olhando, por que é tão difícil admitir?- eu disse me aproximando dele e ele continuou imóvel, apenas me encarando. - Eu não sei... - Diego... Depois de dois anos nesse sofrimento, dê uma chance para nós...- eu dizia baixo, peguei sua mão e coloquei na minha coxa a deslizando vagarosamente... Aproximei meus lábios dos dele, quando fui o beijar ele me empurrou me fazendo cair de volta na cama. - Para... eu não sinto desejo por você Celina e nunca vou sentir, entendeu?- meus olhos lacrimejaram. - por que não?- perguntei baixo. - Por que você não é atraente, você nunca vai ser como essas mulheres maravilhosas que eu vejo por aí, com tudo em cima, salão em dia, manicure em dia, capricho... É por essas mulheres que eu tenho desejo... - Você é um ser humano podre Diego...- eu disse começando a chorar em silêncio, eu limpava as lágrimas mas elas insistiam em cair. - e não começa com esse draminha... Vamos na loja logo pela manhã.- ele disse se virando de costas para mim na cama e desligando o abajur dele... Terminei de limpar as lágrimas, engoli o nó que se fez na minha garganta e deitei... Eu passei 2 anos tentando fazer com que as coisas fossem mais fáceis para mim e para Diego, mas nada adiantava. Se eu dormi? Óbvio que não... ............................................................... ... dia seguinte ... Eu e Diego chegamos na loja, ele em um terno todo engomado e eu simples como sempre... - Quem te atendeu ontem?- ele perguntou alto chamamdo a atenção de duas vendedoras que estavam encostadas no balcão... - Ela...- eu disse apontando para a loira aguada que me encarava. - Ótimo, você, pode vir nos atender?- ele perguntou apontando para ela que se aproximou. - posso ajudá-lo? - Essa é a minha esposa, Celina Albuquerque, ontem ela esteve aqui nessa espelunca e você a humilhou, pois bem, eu quero que a atenda e da melhor forma possível, eu ficarei aqui observando e se houver uma falha, eu converso com o dono que é meu amigo de longa data... - desculpe senhor, eu me equivoquei ontem. - então a sirva... e me veja uma taça de champanhe...- ela assentiu, a outra vendedora foi buscar e ela me olhou. - bom, o que estava procurando ontem mesmo senhorita Albuquerque? - algo tipo isso.- eu disse mostrando um vestido a ela, ela assentiu e começou a me ajudar... Na hora de pagar, Diego apenas passou seu cartão e ela foi levar todas as infinitas sacolas até o carro, eu não sei se eu tinha gostado totalmente da atitude de Diego, mas me fez dar um leve sorrisinho, porque ela mereceu, é uma lição que aprendeu em tratar os clientes todos iguais independente se tem dinheiro ou não, tem pessoas que precisam de um chacoalhão da vida para acordarem e se questionarem o que realmente vieram fazer no mundo. Chegamos em casa e até que eu subi animada para o quarto para rever todas as roupas, chamei Madalena comigo. - Ele fez isso mesmo?- ela perguntou olhando as roupas e eu ri. - por incrível que pareça sim, mas acho que nem foi para me defender... foi mais para humilhar a moça, ele adora fazer isso com as pessoas. - é, mas pelo menos deu uma lição nela... e as roupas são realmente lindas. - são sim... Madalena, posso fazer uma pergunta e crer que será sincera comigo? - claro, pode fazer. - eu sou bonita?- ela riu. - não, você é maravilhosa Celina, que pergunta é essa? - ontem, eu tentei me aproximar do Diego... Mas ele me rejeitou, disse que não tinha desejos por mim e que eu não chegava aos pés das mulheres que ele gostava...- eu disse abaixando a cabeça, ela me puxou de leve pela mão me fazendo levantar, me colocou em frente ao espelho e ficou atrás de mim. - Olha só para você Celina, é linda, uma das mulheres mais lindas que já conheci na minha vida, mas além disso, você é uma boa pessoa, de caráter e isso importa bem mais que a beleza exterior... - meu marido não é capaz nem de sentir desejos por mim Madalena, como pode ver beleza em mim? - Minha querida, eu tive um marido na minha vida que odiava o meu corpo, que odiava meu amor pela minha coleção de talheres de florzinhas, que odiava tudo em mim. Até o dia em que ele morreu e eu conheci o Alceu, meu atual marido, ele ama em mim exatamente aquilo que incomodava meu falecido marido e essa semana ele terminou de construir uma parede imteira reservada para a minha coleção de colherzinhas... Não se trata de nós, sempre haverá alguém nesse mundo que nos ame exatamente do jeito que somos, e sim, talvez isso leve o maior tempão, mas o que é nosso Celina, sempre dará um jeito de chegar até nós... Você vai encontrar a pessoa certa que amará em você tudo aquilo que Diego acha que é defeito...- eu sorri para ela em meio as lágrimas. - parece até que você saiu de um livro de conto de fadas Madalena.- ela riu baixo - ah minha menina... você merece o mundo e um dia, alguém lhe dará o universo inteiro... - você acha que eu ainda posso ser feliz? - eu não acho, eu tenho certeza. Deus não nos colocou nesse mundo para sofrer Celina... quem nos faz sofrer, pagará caro no futuro... - a abracei forte e apertei meus olhos, as palavras de Madalena me trouxeram alívio para o meu coração e me fizeram entender que eu mereço sim ser feliz e que esse tempo vai chegar... vai sim...
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