SAMUEL’S POV
A sala de Verônica Jones estava impregnada de tensão enquanto nos acomodávamos ao redor da mesa. Seu sorriso malicioso indicava que algo importante estava prestes a ser revelado.
"Se soubesse que todos vocês viriam, teria me produzido melhor", disse ela, com uma pitada de sarcasmo.
Eu a encarei, sentindo o peso da situação. "Viemos porque você disse que tinha algo para conversar com a banda."
Verônica manteve o olhar firme em mim. "Claro, nada melhor que irmos direto ao ponto." Ela respirou fundo antes de prosseguir. "Conversei com alguns contatos sobre a apresentação de vocês no Festival."
John, sempre direto, não perdeu tempo. "E o que os contatos disseram?"
Verônica hesitou por um momento antes de responder, percebendo a tensão no ar. "A banda tem um potencial enorme, mas..."
Peter, ansioso como sempre, interrompeu. "Mas o quê?"
"Vocês têm potencial, mas precisam se ajustar ao estilo comercial", ela disse, diretamente.
O choque se espalhou pela sala. Mike, sempre atento aos detalhes, levantou uma questão importante. "Como assim? Nós já temos um público adolescente que nos apoia."
Verônica assentiu, reconhecendo a validade do argumento. "Vocês estão certos. O Folk Alternativo conecta com um público específico, mas é limitado. Se querem conquistar um espaço maior na indústria, precisam considerar uma mudança de estilo."
Olhei ao redor da mesa, vendo a preocupação estampada nos rostos dos meus amigos. "E o que você e seus contatos sugerem?"
Ela me encarou de volta, ciente da resistência que suas palavras encontrariam. "Está na hora da The Wild Ones deixar o Folk Alternativo para trás e considerar o Indie Rock ou até mesmo o Pop Rock."
O impacto da sugestão de Verônica foi como um soco no estômago. Mudar nosso estilo musical significava comprometer nossa autenticidade e tudo o que acreditávamos como banda.
***
A tensão na sala de Verônica Jones era palpável, como uma névoa densa que se espalhava pelo ar. Os rostos dos membros da The Wild Ones refletiam uma mistura de choque e incerteza diante da sugestão drástica que acabara de ser lançada sobre eles.
Verônica encarou cada um de nós, seu olhar penetrante parecendo sondar nossas almas. "O gato comeu a língua de vocês?", provocou ela.
Eu tomei a palavra, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros. "Entendo o que você está propondo, Verônica, mas nossa banda é reconhecida pelas letras. Nossos fãs valorizam o significado por trás das músicas. Mudar para Indie Rock ou Pop não mudará isso; apenas alienará nosso público fiel."
Um sorriso de desdém cruzou o rosto de Verônica. "Na verdade, vocês estariam abandonando um bando de adolescentes para atrair o público certo, aquele disposto a pagar pelo nosso show por anos. Adolescentes mudam de opinião como trocam de roupa."
John, sempre o pragmático, interveio. "Ainda assim, o cenário do Indie Rock é extremamente competitivo."
Verônica concordou. "Você está certo. Estou propondo que peixes betas saiam do aquário e enfrentem o oceano."
Peter, nervoso, expressou suas preocupações. "Exatamente. Acabaremos sendo devorados por tubarões."
A resposta de Verônica foi enigmática. "Eu sou um golfinho. E como todos sabem, tubarões têm medo de golfinhos. Nós podemos nadar nesse oceano com segurança."
A analogia marinha de Verônica confundiu Mike. "Não entendi essa coisa de peixes e mar, mas não vejo como mudar nosso estilo nos fará crescer."
Verônica reafirmou sua posição. "Esse é o meu trabalho."
Eu olhei para Verônica, sentindo uma mistura de desconfiança e desconforto. A proposta era estranha e arriscada demais para ser aceita de imediato.
Verônica se levantou, desafiadora. "Venham comigo", ordenou ela.
Olhei para ela, perplexo. "Para onde?"
Ela me encarou, determinada. "Para o futuro de vocês."
***
Acompanhando Verônica Jones pelo corredor do estúdio de gravação, eu podia sentir a ansiedade pulsando dentro de mim. Ao longo do caminho, nossos passos ecoavam pelo corredor impecavelmente iluminado, enquanto eu observava meus amigos, os membros da banda The Wild Ones, seguindo atrás de nós.
Quando Verônica abriu a porta do estúdio, um mundo de possibilidades se abriu diante de nós. Os rapazes estavam curiosos e preocupados, mas a excitação estava estampada em seus rostos quando entraram no luxuoso espaço musical.
"Uau, esse lugar é maior que a minha casa", exclamou Mike, os olhos arregalados de admiração.
John riu, dando uma olhada ao redor. "Mil vezes maior que a garagem do Samuel, com certeza."
Verônica, confiante e determinada como sempre, nos guiou até a cabine de gravação. Lá dentro, ela nos indicou a letra de uma música no estilo Indie Rock.
"Vocês verão a mágica acontecer aqui", disse ela, com um sorriso cativante.
Mike olhou para a partitura, parecendo um pouco inseguro. "Eu não sou muito bom no estilo Indie Rock com meu teclado", admitiu.
Verônica ergueu uma sobrancelha, desafiadora. "Aqui jaz o primeiro peixe beta", provocou ela.
Eu intervim, tentando acalmar os ânimos. "Pegue leve, Verônica."
Ela dirigiu um sorriso tranquilizador a Mike. "Fique tranquilo, Mike. Você poderá escutar o primeiro hit da The Wild Ones comigo aqui do lado de fora."
John olhou para nós com determinação. "Vamos lá, pessoal."
Entramos na cabine, cada um assumindo seu lugar. Peter foi para a bateria, John para o baixo, e eu peguei a guitarra, preparado para os vocais.
Olhei para meus amigos, sentindo a energia pulsar entre nós. Era hora de mostrar do que éramos capazes. Com um acorde inicial, mergulhamos na música, deixando-nos levar pelo ritmo e pela paixão que fluía através de nossos instrumentos.
Cada nota, cada batida, era uma expressão de quem éramos como banda. Juntos, criamos uma sinfonia que ecoava pelo estúdio, preenchendo o espaço com nossa essência.
À medida que a música ganhava vida, senti uma onda de emoção me envolver. Ali, naquele momento, éramos mais do que apenas uma banda. Éramos uma força da natureza, prontos para conquistar o mundo com nossa música.
Quando a última nota ressoou no ar, o silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Olhamos uns para os outros, sorrisos de realização se formando em nossos rostos.
Verônica entrou na cabine, seu rosto iluminado por um sorriso radiante.
"Isso foi incrível", disse ela, emocionada. “Mas agora é hora de tocar de verdade.”
Olhei para Verônica, sentindo uma pontada de nervosismo se instalando em meu peito. "Por que agora?"
Ela me encarou com firmeza. "Vou enviar a demo para os contatos. Eles precisam ouvir o que vocês são capazes de fazer."
Minha preocupação cresceu ao pensar no tempo que isso poderia levar. "Quanto tempo vai demorar a gravação?"
Verônica sorriu novamente, mantendo-se misteriosa. "Vamos gravar até que a música fique excelente."
Frustração borbulhou dentro de mim. "Isso pode levar a noite toda", eu disse, preocupado com o compromisso que tinha com Lily.
Ela me olhou com um ar desafiador. "Então será uma noite bem produtiva. Você tem algum compromisso?", ela perguntou, desconfiada.
John interveio, tentando aliviar a situação. "Não temos nenhum compromisso, Verônica."
Ela me encarou, esperando minha resposta. Engoli em seco, escondendo o fato de que tinha prometido comparecer à festa da Ashley Cooper para Lily.
"Não, não tenho nenhum compromisso", menti.
Um sorriso de satisfação se espalhou pelo rosto de Verônica. "Ótimo, então podemos começar."
Com um aceno de cabeça, nos preparamos para a gravação, mas minha mente estava dividida entre a paixão pela música e a promessa que fiz a Lily. O tempo estava correndo, e eu sabia que teria que tomar uma decisão difícil antes que fosse tarde demais.