LILY’S POV
Estava andando de um lado para o outro na sala, ajeitando a casa para a volta do meu pai, Doug, e sua nova esposa, Samantha. O nervosismo tomava conta de mim. Samuel me observava com aquele olhar curioso e, eventualmente, segurando o riso.
"Para de me olhar assim," falei, ajeitando um vaso de porcelana com flores no centro do aparador da entrada. "Você podia muito bem me ajudar."
Samuel riu, balançando a cabeça. "Você parece uma ratinha desesperada, Lily. Relaxa, nossos pais não vão ligar se a casa não estiver impecável."
"Eu estou fazendo isso por eles," respondi, tentando não deixar minha irritação transparecer. "Eles merecem voltar de viagem e encontrar tudo limpo e organizado."
"Valeu, mas eu tô bem assim," disse ele, recostando-se no sofá com aquela atitude despreocupada que sempre me irritava.
"Que bom que você está se sentindo bem," rebati, olhando-o séria. "Mesmo com essa camiseta que está usando há uns três dias, a cara de ressaca e esse estilo de filho rebelde."
Samuel levantou-se e se aproximou de mim, seu rosto a poucos centímetros do meu. "Pelo menos eu não estou com um vestido todo florido, fazendo o papel de filha perfeita enquanto não fui à escola nos últimos dois dias."
Engoli em seco, sentindo o sangue ferver. "Eu não fui porque você desapareceu por dois dias. Aposto que estava com a Verônica Jones."
Ele deu um sorriso cínico. "Se você apostasse, ia perder. Não temos nada."
"Não me importo," respondi, mas minha voz falhou.
Samuel segurou meu braço, olhando nos meus olhos. "Pelo visto, se importa sim."
Soltei-me dele e comecei a subir as escadas, sentindo seu olhar em minhas costas. "Vou ver se o andar de cima está bom."
Ele me seguiu, o que só aumentou minha irritação. "Não preciso de um fiscal, Samuel."
"Não subi para fiscalizar," disse ele, virando-me bruscamente. "Subi para mostrar que você se importa."
E então ele me beijou. Foi um beijo avassalador, cheio de desejo reprimido. Ele me empurrou delicadamente em direção à cama, fazendo-me deitar. Seus toques eram firmes e precisos, subindo pela minha perna até remover minha calcinha. Quando senti seus lábios em mim, todo o nervosismo e irritação desapareceram, substituídos por puro prazer.
“Aqui está a prova, Lily, que você me deseja tanto quanto eu. Seu corpo implora por mim.”
Eu estava ensopada e ele me chupou ali mesmo em cima da cama da mãe dele. Não demorou muito para eu gozar loucamente na sua boca. Minhas pernas bambearam. Mas o momento foi abruptamente interrompido pela voz de Samantha ecoando pela casa.
"Chegamos!"
Meu pai também estava lá. "Crianças, cadê vocês?"
Empurrei Samuel, nervosa, tentando recompor-me rapidamente. "d***a!"
Ele se levantou, com um sorriso malicioso no rosto.
"Estamos aqui em cima, no quarto!"
"Você enlouqueceu?" sussurrei, desesperada enquanto tentava arrumar minhas roupas.
Samuel riu. "Acho que a família não deveria começar com segredos."
Olhei para ele, indignada. "Você é um babaca."
"Um b****a que você gosta," respondeu ele com aquela confiança irritante.
Samantha e Doug apareceram na porta do quarto. Meu pai me abraçou com força.
"Quanto tempo, minha menina."
Samantha olhou desconfiada para Samuel. "O que vocês estavam fazendo aqui?"
Samuel, com a mesma cara divertida, respondeu: "Estávamos preparando uma surpresa, mas vocês chegaram muito cedo." E então, saiu do quarto, me deixando sozinha com eles.
"Estou tão feliz que vocês voltaram," disse, tentando esconder meu nervosismo.
"Também estamos felizes em estar de volta," respondeu Samantha, sorrindo.
***
Após o encontro inicial, desci para a sala com Doug e Samantha. A casa parecia diferente com eles de volta, mais cheia de vida. Doug foi direto para a cozinha, provavelmente com sede depois da viagem, enquanto Samantha e eu ficamos na sala.
"Você fez um ótimo trabalho aqui, Lily," Samantha elogiou, olhando ao redor. "A casa está linda."
"Obrigada," respondi, tentando parecer relaxada.
Samuel reapareceu na sala, com a mesma camiseta velha e a mesma cara de sempre.
"Posso pegar algo para beber?" perguntou ele, casualmente, como se nada tivesse acontecido. “Minha garganta está seca.”
"Claro," respondi, observando-o caminhar até a cozinha.
Samantha me observou por um momento, e então perguntou: "Está tudo bem entre você e Samuel?"
Assenti rapidamente. "Sim, estamos nos ajustando."
Ela sorriu, mas parecia pensativa. "Sabe, Lily, viver todos juntos vai ser um desafio, mas tenho certeza de que vamos encontrar um jeito de fazer isso funcionar."
"Eu também espero," respondi, tentando soar otimista.
Doug voltou com um copo de água, parecendo mais animado. "Então, como foi tudo por aqui enquanto estávamos fora?"
Samuel voltou à sala, se encostando no batente da porta. "Nada fora do normal," respondeu ele com um sorriso irônico. "Só algumas festas, alguns problemas, o de sempre."
"Samuel," reprendi, tentando manter a paz. "Foi tranquilo. Tentamos manter tudo em ordem."
"Bem, isso é um alívio," disse Doug, sorrindo. "E a banda, Samuel? Como estão as coisas?"
Samuel deu de ombros. "Estamos tentando resolver algumas coisas. Verônica apareceu com uma proposta, mas não deu certo."
"Entendo," disse Doug, parecendo pensativo. "Sempre há outras oportunidades."
"Sim, sempre há," concordou Samuel, olhando diretamente para mim.
Samantha suspirou e se levantou. "Vou desempacotar algumas coisas. Lily, quer me ajudar?"
"Claro," respondi, feliz por ter algo para fazer.
Enquanto observava Samantha desempacotar as coisas da lua de mel no quarto que ela e meu pai, Doug, iriam dividir, meus pensamentos estavam a mil. Samantha falava animadamente sobre os passeios que fizeram em Las Vegas, mas eu só conseguia pensar na cena de poucos minutos atrás, quando estava gemendo sob os lábios de Samuel naquela mesma cama.
"Então, visitamos o Grand Canyon," dizia Samantha, sua voz alegre contrastando com minha confusão interna. "Foi absolutamente deslumbrante. E você, Lily, o que fez enquanto estávamos fora?"
Tentei me concentrar e responder de forma convincente. "Ah, nada demais. Só cuidei da casa e tentei me manter ocupada."
Samantha sorriu, mas seu olhar estava atento. "Tem certeza de que está tudo bem? Você parece distraída."
"Sim, tudo bem," respondi rapidamente, forçando um sorriso.
Ela se aproximou e segurou minha mão, me olhando nos olhos. "Lily, parece que você está pensando em Samuel."
Meu coração disparou. "Eu? Pensando em Samuel? Claro que não."
"Como foram esses dias com ele aqui na casa?" Samantha perguntou, sua voz cheia de preocupação. "Pode ser sincera. Eu sei como o Samuel pode ser difícil."
Decidi mentir para evitar complicações. "Foi tudo bem. Nós nos entendemos muito bem."
Samantha me olhou desconfiada. "Ele não aprontou nada com você? Não fez nada que te incomodasse?"
"Nada," respondi, tentando soar convincente. "Ele agiu como um irmão mais velho."
Ela respirou fundo, aliviada. "Obrigada pela honestidade, Lily."
"De nada," respondi, sem graça.
Samantha se levantou da cama e foi em direção ao closet. "Agora eu preciso encontrar um jeito de comprar uma guitarra nova para Samuel."
"Como assim?" perguntei, confusa.
"Provavelmente ele foi legal com você porque eu prometi dar a ele uma guitarra nova se cuidasse bem de você enquanto estávamos fora," explicou Samantha.
Fiquei surpresa e um tanto revoltada. "Isso é bem interessante."
"Não fique assim, Lily," disse Samantha, percebendo minha reação. "Eu estou planejando um dia de compras só para nós duas no próximo fim de semana. O que você acha?"
"Isso parece ótimo," respondi, tentando esconder meu desconforto.
"Ótimo! Eu sempre quis ter esses passeios mãe e filha," disse Samantha, com um brilho nos olhos. "Claro, se eu tivesse tido uma filha. Se bem que agora eu tenho."
Levantei-me, ainda mais nervosa. "Eu vou para o meu quarto."
"Está tudo bem? Eu falei algo de errado?" perguntou Samantha, preocupada.
"Não, não é isso. Só preciso descansar um pouco," respondi, tentando parecer calma.
"Tudo bem," disse ela, ainda preocupada. "Mas esteja pronta para o jantar. Doug disse que vai fazer massa."
"Claro," respondi antes de sair do quarto.
Assim que fechei a porta, minha revolta aumentou. Tudo o que Samuel fez comigo durante esses dias foi só por conta de uma guitarra. Caminhei pelo corredor em direção ao meu quarto, tentando processar tudo. Quando entrei no meu quarto, fechei a porta, sentindo uma mistura de raiva e decepção.
Como ele pôde? Pensei em como Samuel havia sido carinhoso, como me fez sentir especial, e agora tudo parecia uma mentira. Emily tinha razão, caras como Samuel não valiam nada.
Deitei na cama, tentando processar tudo. O que mais poderia ser uma farsa? A forma como ele me olhava, os toques, os beijos... tudo por uma guitarra? Meus olhos começaram a se encher de lágrimas, mas me recusei a chorar. Não queria dar a ele esse poder.
Decidi que precisava de um tempo para mim. Levantei-me e fui até a janela, olhando para o jardim. Aquele lugar que deveria ser um lar estava se transformando em um cenário de manipulação e segredos. Precisava ser forte, encontrar uma forma de lidar com Samuel e a nova dinâmica familiar.
Sentei na escrivaninha e peguei um caderno, decidida a escrever meus sentimentos. Sempre achei que colocar os pensamentos no papel ajudava a clarear a mente. Escrevi sobre minha frustração, minha raiva e minha decepção. Escrevi sobre como me sentia perdida naquela nova casa, com uma nova família. As palavras fluíam, e aos poucos, senti um alívio.
Foi nesse momento que ouvi uma batida na porta. Limpei rapidamente as lágrimas e me virei.
"Pode entrar."
Samuel apareceu na porta pouco depois, com um sorriso satisfeito. "Minha mãe me enviou para te avisar que o jantar está pronto."
"Você me negociou com sua mãe por uma guitarra?" perguntei, sem conseguir esconder minha irritação.
Ele entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. "Claro ... Foi um bom negócio."
"Um bom negócio?" eu explodi. "Você ficou cuidando de mim por causa de uma guitarra? E tudo o que aconteceu entre nós, foi parte do 'negócio'?"
Samuel suspirou, cruzando os braços. "Lily, relaxa. Não é tão simples assim. Eu me importo com você, mas a guitarra foi um incentivo."
"Um incentivo?" eu disse, a voz tremendo de raiva. "Você é inacreditável, Samuel."
Ele se aproximou, tentando tocar meu braço, mas eu recuei. "Lily, não foi só por isso. Eu realmente gosto de você. Mas a guitarra era um bônus."
"Eu não acredito em você," disse, minha voz firme. "Você só está tentando se justificar."
"Por que você se importa tanto?" ele perguntou, a voz baixa. "Achei que não se importava comigo."
"Eu me importo!" exclamei. "E esse é o problema!"
Ele me olhou com surpresa, finalmente entendendo a profundidade dos meus sentimentos. "Lily..."
"Saia," disse, minha voz firme. "Saia do meu quarto."
Samuel hesitou por um momento, mas então saiu, deixando-me sozinha com meus pensamentos.