GEORGE COLLINS
O que esse m***a do Gallagher estava fazendo aqui? Por acaso ele era algum tipo de stalker obcecado pela minha noiva? Um maníaco que não saia de perto dela nem por um único segundo?
Porque o fato dele estar morando com ela – mesmo que fosse chocante – explicava ele estar naquele dia do jantar com ela, no baile, mas isso dele aparecer do nada? Isso era sério? Ele por acaso tinha uma escuta no corpo de Claire ou um localizador em seu celular para sempre vir correndo ao seu resgate, como um cavalheiro errante com armadura brilhante?
“Deve ser a tática dele para tirar ela de mim!” Pensei comigo mesmo, já que essa era a única razão que eu conseguia pensar para que esse doido, sempre fizesse questão de sempre vir em momentos como esses ao encontro de Claire,
E ele ainda fez a porcaria do favor de explanar o meu passado sombrio na frente da minha noiva. O que ela pensaria de mim depois desse comentário infeliz? Como eu iria convencer ela de vir a público comigo para desfazer esse m*l entendido?
— Claire, eu posso explicar… — falei junto de um tom tremûlo, para ver se ela tinha dó da minha pobre alma, — foi em outra época…
Ela soltou um riso bufado, e Ethan se colocou em sua frente, praticamente querendo avançar no meu pescoço — como o maluco que ele era.
— Você tem algum problema, Collins? — Um arquear se formou naqueles lábios finos, aqueles olhos verdes me olhando com nítido desprezo, — por acaso os seus neurônios se perderam enquanto você fodia com a desgraçada da Vanessa? Ou pegou alguma DST que afeta o funcionamento do seu cérebro?
Claire colocou um dos braços em sua frente, dando alguns passos para ficar diante de mim.
— Dessa vez não, Ethan. Eu vou resolver isso. — Ela falou junto de um sorriso largo, um que não possuía alegria alguma, — e bom, George, se pode explicar, vamos começar com o básico, como o fato de eu ter te pegado fudendo com a minha amiga, na noite do meu baile. Baile esse aliás, que você sabia o quão importante era para mim.
Senti a minha garganta fechar com aquelas palavras, que eram tão carregadas de rancor, raiva.
— Claire, eu já te disse antes, isso não voltará a se repetir… — tentei jogar a minha última cartada, para ver se alguma parte da minha noiva ainda possuía nem que fosse uma migalha de amor por mim.
— Você está se escutando? — Aquela voz que antes era tão melodiosa e doce ao falar comigo, agora estava completamente ríspida, fria como uma lâmina, — não voltará a se repetir? Você sequer acredita no que está dizendo? — Ela revirou os olhos ao dizer, os seus braços se cruzando sob o peito, — vai me dizer agora que também parou de falar com Vanessa? Que nunca mais vai voltar a falar com ela? Se encontrar com ela? — Aqueles olhos cinzentos olharam para mim com um brilho que se assemelhava a uma chama prateada, — que mentira vai me contar dessa vez, George?
Eu senti aquelas palavras me atingirem como um t**a na cara, um daqueles ardidos que faziam a sua bochecha doer por horas.
Como ela podia dizer aquelas coisas pra mim? Ela realmente tinha parado de acreditar em mim? De pensar em mim como o seu noivo? Como alguém que ela amava? Ela… sequer podia parar para olhar o meu lado? Me entender nem que fosse um pouco?
— Meu amor… — Soltei aquelas palavras, como se elas fossem uma espécie de âncora para mim, uma que estava me impedindo de me ajoelhar no chão, e implorar a ela para que me perdoasse, — por favor, eu…
— Por favor digo eu, George. — Aquela mão esguia começou a massagear as próprias têmporas, — você já não arruinou a minha refeição o suficiente? Por acaso, sente esses olhares que estão vindo na nossa direção? — Novamente, aquele sorriso largo apareceu em seu semblante, — acha que eles são de admiração? De orgulho por você estar tentando me arrastar para algo que claramente foi um erro seu. Um que não somente vai me deixar com problemas na mídia, e provavelmente vai me impossibilitar de ter algum convívio decente em sociedade, mas que além disso, você quer que eu piore a minha situação, apenas para limpar a sua imagem, que você mesmo fudeu?
Engoli em seco naquele instante, pensando em como eu responderia a todas aquelas perguntas, de preferência… de uma forma que a convencesse a me socorrer.
— A sua situação não vai ser piorada, eu juro… — tentei argumentar, apenas para ver o semblante dela ficando completamente enrijecido.
— Chega. — O seu tom se tornou mais grave, o seu corpo se levantando daquela cadeira, — vamos embora, Ethan… e Alexis, eu iria agradecer se pudesse me levar para casa.
— Por que o Alexis deveria te levar para a casa? — Entrei no meio do caminho dela, — se for voltar com alguém para casa (que não sou eu), deveria pelo menos ser o seu amigo maníaco.
Eu senti uma t**a vir diretamente na minha cara, um que me fez cambalear de tão forte que foi.
— Repita. — Ela rosnou, aqueles olhos agora me olhando com puro escárnio, — fale mais alguma coisa de Ethan, e eu te juro… que o seus problemas com a mídia, vão ser o menor dos seus problemas.
A minha espinha gelou, e eu pude ver por conta da sua expressão que ela não estava me ameaçando apenas para me assustar.
Claire realmente queria dizer cada uma daquelas palavras.
— Alexis, me leve pra casa, agora. — Ela falou ao me empurrar para o lado, como se eu fosse algo insignificante, como um saco de esterco, — eu perdi a fome.
Vi as costas de Claire se afastando de mim pouco a pouco, com a mão de Alexis pousada na mesma, guiando ela até o seu carro.
Por que ele sempre conseguia tudo? O que ele tinha de tão especial para tudo de bom ir parar em seu caminho a todo momento? Como se ele fosse uma espécie de imã para o sucesso?
Meu maxilar travou.
Agora, tudo o que eu desejava, era a cabeça de Alexis Gallagher.