ALEXIS GALLAGHER
Depois de ter uma manhã um tanto quanto confusa e complicada, eu precisei tomar um pouco de ar antes de começar a minha reunião com Lewis. Porque eu sabia que no estado em que a minha cabeça se encontrava, nada de bom sairia.
Lewis até mesmo foi gentil o suficiente para dizer que eu poderia ter uma folga naquele dia em questão, mas não era apenas no projeto que eu possuía com ele em que eu trabalhava, eu ainda tinha as minhas empresas, e claro, as da família para lidar, para ter certeza que tudo estava correndo como deveria correr.
Mas no meio disso tudo? Uma ligação de Dylan veio parar no meu celular, e se ele estava me ligando… bom sinal não era. Porque por mais que esse ser fosse um grande amigo meu, eu também tinha noção que ele era um presságio, tal qual as pragas do Egito.
— Alô? — Falei com um tom ríspido, o que fez com que ele já começasse a rir como uma hiena.
— Pra quê tanto mau-humor? Você não estava fudendo com a LeBlanc? — Ele zombou, e eu ouvi o rangido daquela cadeira de couro que ele tinha, o que provavelmente indicava que ele estava sentado nela, se inclinando para colocar os pés na mesa.
— Não enche… — bufei ao dizer, — você sabe muito bem que você nunca liga pra mim para desejar felicidades.
— Não seja tão mau comigo, eu ainda lembro do seu aniversário. — Ele brincou ao dizer, os seus dedos agora parecendo dedilhar em sua mesa, — mas você tem razão, eu não vim te trazer boas novas, príncipe de Gallagher.
— Príncipe de Gallagher? Que apelido novo e esquisito é esse? — O questionei, porque além de tosco, aquilo parecia de um mau gosto gigantesco.
— É como estão te chamando no “hot tea”, i****a. — Ele explicou, o que me fez suspirar de forma pesada, — estão te chamando assim por teoricamente ter ajudado a indefesa senhorita LeBlanc — Dylan soltou aquilo com claro sarcasmo, descaso, — das garras de George Collins.
Tive que me forçar a respirar fundo naquele momento, porque aparentemente, nem mesmo nos bailes eu parecia ter alguma folga da mídia.
Mas que m***a…
— Tá, mas o que isso tudo tem haver com você ter me ligado? Vai me dizer quem vazou tudo para eu poder m***r por acaso?
— Claro que não, bonitinho… você sabe muito bem que a pessoa encarregada de se livrar do lixo, sou eu. — Ele parecia orgulhoso de dizer aquilo, como de costume, — e outra, você é muito frouxo, não deve nem saber atirar.
Eu até pensei em responder que esse não era o caso – porque eu era levado para caçar quando menor –, porém… eu ainda precisava saber o que esse i*****l queria me dizer desde o começo.
— Bom, que seja… apenas me diga o motivo de ter me ligado. — Comecei a massagear as minhas têmporas.
— Ah, claro… o Collins foi atrás da sua princesa encantada, ele veio me pedir a localização dela mais cedo, — ele falou aquilo como se não fosse nada demais, nada de importante, — ele ainda acha que pode voltar com a ex, acredita? Eu já sabia que ele era iludido, mas acho que a idade realmente afetou o pequeno cérebro dele.
— Céus… me fala que você não passou o lugar onde ela estava…
— E por que eu faria isso? Te dei a chance perfeita para você ser o príncipe encantado dela de novo. — Ele pareceu entusiasmado ao dizer aquilo, e eu não sabia se era por ter nitidamente me irritado, ou apenas pela diversão que ele tinha por brincar de deus como bem entendia.
Por que de tantas pessoas para ter uma amizade… eu fui escolher logo um maníaco com complexo de deus?
— Onde ela está agora? — Eu peguei o meu blazer para sair da casa, além de ter avisado para Lewis que algo urgente aconteceu, e eu precisava ir, — anda logo, Gianni! Eu preciso de um endereço!
— Calma aí, estressadinho! Eu acabei de te mandar o endereço do lugar. — Ele falou enquanto ria, — mas cuidado para não ter nenhum acidente de trânsito, eu não lembro quando foi a última vez que você colocou as mãos no volante.
— Vai se fuder, Gianni! — Falei ao entrar dentro do meu carro, colocando aquele maldito endereço no meu GPS.
— Eu queria, inclusive… sua prima tá no país? Ela é mó gostosa. — Ele falou com aquele tom de Don Juan barato, que apenas me fez querer dar ainda mais na cara dele.
— Gianni, não me faça esquecer que eu gosto de você… — rosnei enquanto dava a partida no carro e puxava a marcha.
— Você nunca esquece, Gallagher. — Ele ronronou, como o filho da p**a que era, — mas assim, eu acho que ele já chegou no lugar, ele parecia ter se levantando para se arrumar enquanto eu falava com ele.
— Você me ligou assim que desligou a chamada com ele?
— Claro, você sabe como eu sou.
— Você é tão falso. — Eu não evitei de rir enquanto ia para o meu destino, enquanto olhava para a estrada, e então para o GPS, — você não tem vergonha na cara não?
— E você tem? Ainda fala comigo mesmo sabendo que eu não presto, — ele soltou, — me diga com quem tu andas, que eu digo quem tu és, meu caro.
Dei de ombros naquele momento, porque eu sabia que era verdade, mas no fim… eu tinha algo que Dylan não tinha, que eram princípios.
Ou pelo menos… eu gostava de me iludir, achando que eu tinha.
De qualquer forma, eu acabei chegando em dado momento naquele lugar, e como eu sabia que Dylan era um fofoqueiro, eu desliguei o meu celular assim que eu entrei, e avistei o carro do Collins na entrada do restaurante.
Ele parecia ter acabado de chegar assim como eu – pelo fato de eu não ter visto ele com Claire ainda, e assim como o pai, ela parecia ter a mania de sempre se sentar próxima a janela.
Então, assim que eu entrei… eu tive que me deparar com aquela cena, em que Ethan Lombardi encarava Collins com desprezo genuíno, e Claire? Apenas o encarava com puro cansaço.
O quão inconveniente ele queria ser para ela?
— Claire, você precisa me ajudar… — ele falava com aquele tom de um cachorro que caiu da mudança, provavelmente para ver se Claire tinha alguma pena de sua alma medíocre, — eu preciso que você vá a público comigo, para…
— Para o que? Para desmentir que você está com Vanessa? — Ela soltou com nítido rancor, nem mesmo se dando ao trabalho de se levantar, — George, apenas esqueça! Eu não vou a público para desmentir nada!
— Por que não?
— Porque ela não precisa. — Eu brotei como um fantasma atrás de Collins, o que quase o fez dar um sobressalto, — por que você quer continuar incomodando ela? Não vê que ela não quer?
— E você não vê que é o meu amigo? Você deveria estar do meu lado! — Ele falou como um moleque mimado de sete anos, — não agindo como um stalker que sempre está onde ela está!
— Eu moro com ela agora, Collins. — Simplesmente falei, sem me importar como ele entenderia aquilo, — e você quer mesmo chamar o que tínhamos de amizade? Você do nada começou a falar comigo, e começou a querer pegar tudo o que eu fazia, roubando investimentos, contatos. — Tentei explicar, para ver se aquilo entrava em sua pequena cabeça lerda, — e outra, quer mesmo me culpar por algo? Você é quem deveria se culpar por sempre ficar trocando de garota a cada semana, foi apenas por isso que eu não sabia que Claire era a sua noiva quando eu voltei ao país.
Ele piscou, aqueles olhos azuis olhando para mim, e depois olhando para Claire, como se pudesse explicar.
Bom, era claro que ele não podia, e sinceramente? Eu apenas me sentia mais leve, por finalmente poder tirar aquilo dos meus ombros.