Capítulo 23

1304 Words
CLAIRE LEBLANC Quando eu finalmente achei o meu pai dentro da mansão, eu o chamei para se sentar na sala para eu explicar tudo, enquanto pedia por um chá, para poder conversar com o meu pai com certa calma. E sim, eu sabia que o meu pai seria a última pessoa que não compreenderia toda aquela situação, ou até mesmo me impediria de fazer tal coisa. Porém, mesmo tendo esse conhecimento, eu ainda me senti um tanto apreensiva, ansiosa. Sendo assim, primeiro eu expliquei sobre as fotos que acabaram se espalhando, para depois dizer sobre o que eu tanto Alexis estávamos planejando, e tudo o que o meu pai fez, foi sorrir. Ele sorriu. O que isso queria dizer? Por que ele estava demorando para falar alguma coisa? — Está bem. — Foi o que ele se dignou a dizer, depois daquela maldita pausa dramática, — Alexis é o nosso atual parceiro de negócios, o que faz dele um ótimo candidato, — ele se interrompeu para tomar um gole de chá, — inclusive, se vocês quiserem realmente se tornar um casal, eu não iria reclamar, sempre quis um lugar na mesa dos Gallagher. Arqueei uma das sobrancelhas pela cara de p*u que o meu pai estava demonstrando que tinha. — Isso é tudo o que tem a dizer? — Sim, ou você quer que eu faça um discurso conservador? — Ele me respondeu com aquele bom-humor costumeiro, — pelo amor de deus, filha… você já é uma adulta, e sinceramente? A única coisa que me importa, é que você seja feliz. Sorri com aquele comentário, porque no fim, o meu pai continuava sendo o meu pai, ou seja… extremamente fofo e compreensível. — Mas… você já pensou como vai dizer isso para a sua mãe? O meu corpo gelou. Não, eu não sabia, até porque… fazia tempos que a minha agenda não coincidia com a da minha mãe, ou seja… fazia tempo que não nós falávamos. Até porque desde que eu fiz 20 anos, e o noivado com George aconteceu, a minha se sentou comigo para conversarmos sobre ela voltar a trabalhar – já que por conta do meu nascimento, ela escolheu ficar mais em casa para me dar uma figura materna presente –, porém, a minha mãe não era completamente do tipo dona de casa, ou seja… assim que ela voltou aos negócios, ela praticamente triplicou a renda da nossa família. Claro, ela ainda aparecia em eventos importantes para mim, como o baile que eu havia dado, ou quando eu estava em apuros e ligava para ela, mas tirando isso, ela praticamente não parava em casa, e até mesmo virava noites em seu escritório. O que eu admito que de certo modo, virou grande inspiração para mim. Mas esse não era o ponto, o ponto era… como eu diria para Ivy LeBlanc que a sua preciosa filha, da qual ela cuidou com tanto amor e carinho, se meteu em algo do gênero? Como eu explicaria para ela que eu me enfiei em um relacionamento com o m***a do George, para depois a convencer a não m***r o desgraçado – que agora era o meu ex-noivo? Seria uma tarefa quase impossível, tanto que quando eu liguei para a sua secretária, eu já comecei a me preparar psicologicamente para a sua chegada em casa. Fui até o meu quarto ficar com Ethan depois da conversa que eu tive com o meu pai, porém qualquer som de carro, ou de porta que eu ouvia, já me faziam dar um sobressalto. — Claire, ela é a sua mãe, não é um monstro de nove cabeças! — Ethan acabou soltando em dado momento para mim, — ela vai entender. — O problema não é ela entender, e ela não querer pegar os contatos que ela tem, pra m***r ele! — E daí? Se ele estiver morto, é um problema a menos pro mundo, — Ethan deu de ombros, — por que se importa tanto? — Porque a minha mãe claramente poderia ser uma suspeita! Já escutou a fama antiga dela? — Falei com certo desespero, — eu não quero que isso aconteça. — Sua mãe é inteligente, nada vai acontecer com ela. — Ele simplesmente falou como se aquilo fosse algo óbvio, — dê um voto de confiança para ela. Apenas suspirei, porque por mais que eu soubesse que a minha mãe não era nenhuma doida, eu ainda me preocupava com o que ela poderia fazer, afinal… ao contrário do meu pai que sempre me dava algo quente para beber e me consolava, a minha mãe era mais o tipo de pessoa, que preferia acabar com o m*l pela raiz. E honestamente? Eu duvidava muito que em pouco tempo, ela tenha mudado algo assim. — Claire? — Escutei a voz da minha mãe chegar até mim, enquanto ela batia na porta, — posso entrar? — Claro. — Respondi ao arrumar a minha postura, o que fez Ethan apenas rir da minha cara, continuando deitado. — Estou entrando. — Ela anunciou, aqueles olhos cinzas como os meus, indo em direção a Ethan, — Ethan, você continua sempre onde o caos está, não é? — A senhora sabe que sim. — Ethan disse ao se levantar, — mas mesmo sendo caótico, eu vou deixar vocês a sós para conversarem. Xinguei Ethan mentalmente naquele momento, porque eu não queria que ele me deixasse sozinha, não naquele momento. — Obrigada, querido. — Minha mãe o agradeceu, os seus olhos agora vindo para mim, — bom… suponho que queira me dizer sobre as notícias daquele tal de “hot tea”, certo? — Então… você já sabe… — desviei o olhar. — Eu sempre preciso saber das notícias para ver o melhor lugar para investir, querida… e claro, eu sempre vejo se não tem nenhuma polêmica no nome da minha filha, afinal… eu me preocupo com você, — ela disse ao colocar a sua mão sobre a minha, o seu corpo se sentando na cama, ao meu lado, — mas imagino que tenha me chamado para dizer o que irá fazer sobre isso, estou certa? Assenti com a cabeça, suspirando. — Vou entrar em um relacionamento de fachada com Alexis Gallagher. — O loiro bonito que dançou junto com você? — Ela sorriu ao perguntar, aqueles olhos agora se assemelhando a prataria recém polida, — achei vocês tão lindos dançando juntos… como ele é? O rapaz é gentil? Educado? “Como um príncipe encantado…” Veio em minha mente, o que me fez corar de imediato, e automaticamente… também me fez lembrar de tudo o que havia acontecido nessa noite, hoje de manhã. As minhas bochechas agora, queimavam. — Sim, ele é… — tentei fingir naturalidade, — ele me salvou naquele dia do evento, também me consolou no dia em que descobri sobre a traição de George. — Parece até destino. — Minha mãe riu, claramente já shippando nós dois, — bom, se este for o caso, creio que não tenha problema nenhum. E pelo o que ouvi, Alexis é um rapaz centrado, nunca se meteu em nenhum escândalo. — Sim, ele é perfeito para se fingir um relacionamento, ele inclusive está fazendo negócios com o papai atualmente. — Expliquei, e ela apenas assentiu. — Sim, eu ouvi ele me dizendo isso ao telefone. Mas agora… — o seu olhar escureceu no mesmo instante, o seu tom se tornando frio, — o que pretende fazer com George Collins? Ali estava. Ivy LeBlanc… realmente não sabia deixar nada que ferisse as pessoas que ela amava de lado, mas o pior de tudo, era que ela não parecia querer m***r ou ferir ninguém naquele momento, apenas… parecia disposta a pegar o nome Collins, e o afundar na lama do esquecimento da alta sociedade. E honestamente? Eu não sabia qual dos destinos era pior.

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