ALEXIS GALLAGHER
Assim que eu escutei aquele diálogo, eu saí dali no mesmo instante, e eu honestamente não sabia dizer se havia sido por um motivo nobre — como não querer escutar uma conversa que eu claramente não deveria, porque tinha o meu nome no meio — ou eu apenas havia saído de lá. pela simples razão de ter medo, medo de ouvir coisas que eu não queria.
Isso era algo um tanto vergonhoso — principalmente se eu juntasse o fato de eu estar na casa dos 23 anos —, mas mesmo assim, a minha cabeça ainda estava se questionando sobre o que tudo aquilo queria dizer. Porque ao mesmo tempo que ela parecia sentir algo, a confusão parecia tomar conta de tudo.
E sim, eu sabia o que eu havia estabelecido para mim mesmo, porém, eu estava quase jogando isso tudo para o ar, apenas para a conquistar de vez, e fazer ela esquecer de qualquer dúvida que ela pudesse ter.
— p***a, Alexis! Não é assim que funciona! — Falei para mim mesmo, as minhas mãos se entrelaçando aos meus próprios fios, por conta de pura frustração.
Uma parte minha, queria muito fazê-la esquecer de tudo o que aconteceu, queria simplesmente mostrá-la que eu era bem superior a qualquer homem que poderia aparecer na vida dela, e a outra? A outra gritava para eu ser uma pessoa decente, que levava os sentimentos dela em consideração.
Merda.
Eu já deveria ter aceitado que ser uma pessoa boa… não era pra mim.
De qualquer forma, eu me levantei do chão e fui até o chuveiro, para ver se a minha mente derretia junto com a água quente, e levava a voz demoníaca que existia dentro de mim, para longe dos meus pensamentos, porque antes de mais nada, eu não queria ser outro m***a na vida de Claire LeBlanc, eu não podia me permitir ser isso.
Contudo, quando eu notei, eu estava dando voltas e mais voltas debaixo daquele chuveiro, ao ponto de conseguir sentir as minhas costas quase queimarem por terem ficado tanto tempo em contato com aquela água excessivamente quente.
Saindo do chuveiro, apenas me vi mais confuso do que quando eu havia entrado, e pelos infernos, o que eu fazia com tudo isso? Não eram questões de empresa que eu poderia simplesmente resolver com facilidade, não eram negociações que em minha cabeça tinham uma solução fácil. Não. Era toda uma outra questão, uma que eu nunca tinha lidado antes.
— Você está colocando peso demais nisso, Alexis… — suspirei ao olhar para o meu reflexo, enquanto tentava evitar que as gotas de água caíssem em meus olhos, — apenas continue como estava, ela está confusa como viu antes…
Respirei fundo ao tentar enfiar aquelas palavras em minha cabeça, isso enquanto me sentia um completo i****a por parecer que eu estava demorando demais para processar algo tão incerto, de certo modo.
Sofrer por antecipação.
Sim, era isso, eu estava sofrendo por antecipação, assim como um adolescente i*****l.
Eu deveria tomar vergonha na cara.
Ou pelo menos, foi o que eu pensei até escutar o meu telefone tocando, o número aparentemente, sendo desconhecido.
— Alô? — Falei assim que atendi, apenas para escutar um forte bufar.
— Boa tarde, Alexis. — Eu ouvi aquela voz familiar e desagradável dizer, a de uma certa criatura chamada George Collins (da qual aparentemente, tinha ligado de algum lugar, que não era o próprio telefone), — eu vi sobre a sua coletiva de imprensa hoje.
Sorri.
— Gostou do que viu, meu querido? — Falei com nítido deboche e sarcasmo em minha voz, — porque olha, eu tenho que te falar… não foi nada fácil conseguir aquelas fotos sozinho.
— Sozinho? Me faça rir, Alexis! Você nunca consegue nada sozinho. — Ele começou a gargalhar, ao ponto de parecer que estava quase perdendo o ar, — me conta vai, qual foi a p*****a que trabalhou para você dessa vez?
“Se Gianni estiver escutando essa ligação agora, ele deve estar querendo te m***r” pensei comigo mesmo, o que e fez soltar uma leve risada, porque conhecendo aquele bisbilhoteiro do c*****o, ele com certeza estava escutando tudo, enquanto se segurava para não nos interromper, e falar que p*****a, era ele que ainda parecia precisar do dinheiro da Claire pra viver.
Achava pesado? Sim. Eu discordava de alguma maneira? Claro que não.
— Do que está rindo, huh? Eu falei algo engraçado? — Ele questionou, enquanto parecia um daqueles vilões caricatos de desenho, que queria ser desesperadamente levado a sério.
— Olha, se você considerar o patamar que a minha suposta “p*****a” está… sim, isso é um tanto engraçado. — Confessei.
— Quer me dizer que se envolveu no mundo do crime agora? Eu sabia que você não era nenhuma flor de lótus. — Collins soltou com claro deboche, o que me fez suspirar.
Porque honestamente, era surpreendente como ele estava tanto tempo ao lado de Dylan, para nem sequer questionar como ele conseguia todas as informações que ele tinha, além de claro, toda a suspeita que teve um tempo atrás com a família Gianni.
Mas… quem disse que eu seria o delator que diria para Collins, que o meu querido amigo vinha de uma extensa linhagem de mafiosos?
— Pelo menos não sou eu que sigo a minha ex-noiva, como se fosse um stalker. — Zombei, — isso também é crime, sabia? Pode dar dois anos de cadeia.
— Eu não sou um stalker, eu estou apenas tentando ter ela de volta! — Ele falou, o que me fez arquear uma das sobrancelhas, — eu amo ela! Amo de um jeito que eu sei que você nunca vai conseguir!
— Realmente, eu não sou doente. — Falei com certo sarcasmo, — mas agora, se me dá licença.
— Pode ficando ai, Alexis, porque eu não acabei!
Respirei fundo.
— O que mais você tem a falar, huh? Que vai arruinar a minha vida?
— Eu sei que você e Claire não tem um relacionamento de verdade! Confesse de uma vez! — Ele claramente tentou dizer de forma autoritária, porém, não funcionou.
— Está me dizendo isso para ver se consegue um bom áudio para mandar para a mídia? — Brinquei, — porque mesmo se esse não for o caso, Collins… eu e Claire estamos em um relacionamento sim.
Senti certa satisfação ao dizer aquilo — mesmo sabendo que não era verdade —, porque de alguma forma, aquilo me fazia sentir que… era real.
Céus.
Amor realmente deixa as pessoas idiotas, não é?