02 - Mais Além...

1216 Words
As palavras ditas por Christian martelavam sem parar em minha cabeça. Algo dentro de mim insistia em achar que havia alguma coisa mais além. O caso poderia apenas se resumir em um homem, com ou sem problemas mentais, que havia matado mais de seis pessoas, sem que tivesse uma conclusão final dada pela polícia? As provas que Matt havia dito nem sequer foram divulgadas uma única vez. Estavam mantendo Christian preso em um hospital que a família havia escolhido. Mas se ele era o culpado, por que simplesmente abafaram o caso? E justo quando policiais e investigadores estavam próximos de solucionarem o caso, por que eles simplesmente desapareciam? Definitivamente algo não estava certo. — Jade Chapelle? Seu pai está a chamando à sala dele. Um dos policiais avisou, acordando-me daqueles questionadores pensamentos. Direcionei os meus passos da entrada da delegacia até a sala do delegado. Alexander estava lá dentro e a expressão facial de meu pai não estava nem um pouco amigável. ― Mandou me chamar? ― fechei a porta após entrar. ― Precisamos conversar, Jade. ― Respondeu e olhou para Alexander. ― Deixe-me sozinho com a minha filha. Alexander lançou um olhar preocupado em minha direção, mas apenas concordou com o que o meu pai havia dito e se posicionou para sair da sala. ― Sobre o que quer falar? ― perguntei e cruzei os braços. Pigarreando um pouco e se acomodando mais em sua cadeira, Michael me lançou um olhar de quem havia sido confrontado. ― Eu soube que você foi visitar Christian Cooper. ― Iniciou. ― Eu disse para você ficar fora disso. ― Logo eu serei uma policial! ― defendi-me. ― Eu terei que lidar com esse tipo de caso. ― Se o seu objetivo para se tornar uma policial era para me confrontar... É melhor que desista logo, antes que eu a expulse da central! Fechei os meus olhos por alguns segundos enquanto respirava profundo. ― Então, por que não resolvem esse caso de vez? Por que não dão uma conclusão final? ― Jade! ― bufa. ― Por que essa obsessão por Christian Cooper? Desde mais nova você quer se aprofundar nesse caso. Eu já disse que a quero fora disso! ― Por que não me deixa participar? Há algo que eu não possa saber? ― estreitei meus olhos. ― Há algo que ninguém saiba? ― Christian Cooper matou o próprio pai. E mataria a sua madrasta também, se ela não tivesse sido rápida e o entregado para a polícia. ― Passou a mão entre os seus cabelos, parecendo um pouco cansado daquele assunto. ― Christian Cooper é um assassino, Jade. Até mesmo alguns dos policiais foram mortos por ele. ― Você diz, os policiais que desapareceram? ― Nunca mais os vimos, e como sempre, apontou Christian Cooper como o culpado. E eu não posso fazer nada enquanto ele não se manifestar ou que o diagnóstico dele seja concluído. ― Mas não parece estranho? Fazem seis anos que tudo isso aconteceu e nada foi resolvido. ― Pausei um pouco, pensativa. ― Já parou para pensar que talvez há mais coisas que não sabemos? E se o Christian não for o único culpado? E se por acaso... Ele estiver sendo culpado no lugar de outra pessoa? ― Jade! ― vocifera. ― A vida não é como um filme que vemos na televisão! Se sentirmos pena de alguém só porque ela não parece culpada, e esquecer o que ela já fez de ruim... Nós que seremos os culpados. Porque estamos deixando alguém cometer a mesma ação. Os encobertando. E o nosso objetivo, não é acobertar. É parar! ― Eu sei pai, mas... ― Mais nada, Jade. ― Interrompeu-me. ― Eu já disse. Fique fora disso! Soltei um suspiro e me virei para a saída da sala. Ouvi meu pai chamar por meu nome, mas eu simplesmente o ignorei. Por que eu não poderia participar daquele caso? O que havia demais naquilo? Bufei e me encostei na parede do lado de fora da sala. ― Como foi lá dentro? ― Alexander perguntou se aproximando. ― Michael não me deixa participar do caso. Alexander me olhou com uma cara de "eu avisei". ― Porque é realmente perigoso, Jade. Os policiais e os investigadores que se envolveram nisso... Acabaram nunca mais voltando. ― Só que o quanto mais parece perigoso... Mais se torna interessante. E é quase impossível controlar a nossa curiosidade! ― Curiosidade demais pode acabar nos matando, Jade. ― É uma pena que eu não pense dessa forma, Alexander. Talvez a curiosidade possa ser o nosso único estímulo para persistir. ― No seu caso... Persistir na morte. Isso sim. Fomos interrompidos por algumas pessoas que entravam na delegacia. Uma delas era a mulher que eu havia visto mais cedo. A madrasta de Christian. ― A família de Christian Cooper está aqui. ― Disse Alexander. ― O que aconteceu dessa vez? Sra. Cooper? ― Alexander se posicionou para se aproximar da mulher. ― Policial Clifford! ― Sra. Cooper o cumprimenta com um imenso sorriso nos lábios. ― O que fazem por aqui? ― indaga Alexander. Os observei distante. Alexander conversava com a Sra. Cooper como se já se conhecessem há muito tempo. Aliás, a mulher conversava com todos os policiais como se já houvessem vários anos de i********e. ― Sim. Essa é a Srta. Chapelle. Ela quem visitou o seu filho no hospital. ― Alexander apontou para mim. ― Srta. Chapelle. ― Sorriu gentil. ― Eu gostaria de agradecer o seu apoio a família. Mesmo que você não faça parte do caso do meu menino. ― Se aproximou. ― Como eu posso retribuir o seu ato? Na verdade... Como eu posso retribuir o ato gentil de todos vocês? ― Sra. Cooper, não há necessidade para isso. ― Alexander respondeu. ― É o nosso trabalho. ― Então... O que acham de eu pagar café para todos? Huh? Gostaram da ideia? Todos pareciam satisfeitos com a proposta da Sra. Cooper. Menos Matt. Ele era o único a permanecer neutro. Sorri agradecida para a Sra. Cooper e me afastei dela, indo em direção a Matt. Ele estava um pouco afastado de todos. ― Não irá comemorar como eles? ― perguntei. ― Deveria? ― Não sei. ― Dei de ombros. ― Pensei que gostasse. ― Encostei-me na mesma mesa que ele. ― Os agrados da Sra. Cooper não a fazem a melhor pessoa do mundo. ― Disse. ― É fácil comprar a amizade dos policiais com café e rosquinhas. Deslizei o meu olhar até um envelope sobre a mesa de Matt. ― É o caso de Christian Cooper? ― peguei-o nas mãos. ― O que você estava fazendo com isso? ― Você disse que era o trabalho da polícia, não disse? É o que eu estou fazendo. ― Você descobriu mais alguma coisa? ― Você voltará àquele lugar, não é? Matt perguntou, mas eu não sabia se eu deveria contar, já que da mesma forma que o meu pai, Matt também era contra eu me envolver no caso de Christian Cooper. ― Eu sei que vai. ― Disse, sem esperar que eu o respondesse. ― Nesse envelope somente tem o que já sabemos. Se tivermos algo que queremos saber, apenas Christian Cooper poderá nos dizer. ― Você está dizendo que... ― Christian Cooper também é as nossas respostas. 
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