01 - Visita ao Cooper

2045 Words
― Solicitação para visitar Christian Cooper. ― Diz o policial. ― Srta. Chapelle? ― arqueou as sobrancelhas ao me ver se aproximar. ― Foi você quem solicitou a visita ao Sr. Cooper? Concordei com as suas palavras. O policial me olhava surpreso. Quem seria tão e******o ao ponto de se aproximar de um criminoso, justo quando não possuía experiência o suficiente para saber como se defender? ― O que quer remexendo em um caso antigo? Você sabe o quanto perigoso é. ― Disse. ― E ainda mais... ― Abaixara um pouco o tom de sua voz. ― Você sabe que o seu pai não é a favor disso. ― Alexander. O meu pai não precisa saber de tudo. O caso do Sr. Cooper é interessante. Eu me tornarei uma policial em breve, então... Eu preciso entender como tudo funciona. Além de que é apenas uma visita. Irá ficar tudo bem. ― Ainda não estou de acordo com isso. ― Respirou fundo. ― Você ainda não é uma policial. Ainda está em treinamento! Você pode não saber como se defender. ― Não me subestime, Policial Clifford. Posso não ter experiência o suficiente para me defender, mas sei como usar uma a**a. Alexander solta um suspiro. ― Então... Leve dois de meus meninos com você. Mesmo que tenha uma grande p******o naquele lugar, você estará sozinha com ele dentro de uma sala fechada. ― Tudo bem, Alexander. ― Sorri agradecida. (...) Talvez muitos não me entendessem. Talvez eu fosse mais louca que o próprio louco. Mas casos em que nem mesmo a polícia consegue resolver, sempre me chamaram a atenção. Christian Cooper foi um destes. Há seis anos, ele foi levado pela família para uma clínica de reabilitação por se envolver com drogas. Até então, poderia ser algo comum, mas inexplicavelmente, Christian Cooper passou a não ser apenas mais um dependente químico, mas a m***r pessoas. O impressionante é que ele não tinha rastros de alguém com algum distúrbio psicótico. E por algum motivo, a própria família o acusou e entregou o caso para a polícia. E após isso, os fatos só vieram aumentando e ficando cada vez piores. Mais mortes surgiram e todas apontavam para ele, mesmo que ele estivesse sob o monitoramento da polícia. Meu pai era a favor de que Christian Cooper fosse morto. Segundo ele, Christian já estava um psicopata completo, e se não fosse parado o quanto antes, coisas piores iriam acontecer, porém, meu pai não poderia fazer nada até o momento em que o próprio Christian se manifestasse. E ninguém, nem mesmo a polícia em peso, conseguiu fazê-lo falar algo. O resultado não seria ele culpar a si mesmo, mas contar o porquê de ele vir matando as pessoas sem motivo algum. Se ele ainda não foi diagnosticado com uma doença psicológica, o que o levou a se apresentar com uma? ― Srta. Chapelle? ― diz a enfermeira ao me ver se aproximar da recepção do hospital psiquiátrico. ― Você é quem irá falar com Christian Cooper? ― perguntou e eu afirmei. ― Eu te levarei até a sala de visitas. Ele já se encontra lá. Eu, junto aos dois policiais que Alexander havia mandado, seguimos a enfermeira por um longo corredor a caminho da sala de visitas. ― Ele pode estar meio sonolento agora. Tivemos que aplicar um sedativo mais cedo. ― Avisou a enfermeira. ― Sempre que a madrasta vem visitá-lo, ele fica um pouco agressivo. Abrindo a porta da sala, logo dei de vista com o intrigante homem. Ele estava sentado em uma cadeira, e seus pulsos estavam presos com algemas, sendo um método que a polícia havia sugerido ao hospital para que Christian não causasse problemas. Como a enfermeira havia avisado, ele estava meio sonolento. Adentrei e me aproximei do jovem homem sentado ali. O seu olhar com as pálpebras pesadas se direcionou até mim. ― Sr. Cooper? ― sentei na cadeira de frente a sua. ― Você não me conhece, mas... Eu me chamo Jade Chapelle. ― Sorri fraco. ― Eu não irei fazer nada contra você. Apenas... Quero que me responda algumas perguntas. Christian encarou-me seriamente. Ele ainda parecia sonolento, mas aquilo não o impediu de me ver como uma ameaça. ― Srta. Chapelle, eu acho que ele não dirá nada. ― Policial Ponzio disse atrás de mim. ― O que eu devo fazer para que fale algo? ― perguntei. O olhar de Christian deslizou para os dois policiais atrás de mim, e assim apontou com a cabeça. Logo entendi o que ele queria dizer. Talvez ele não falasse nada se os policiais estivessem ali. ― Saiam. ― O que? ― os dois falaram juntos. ― É perigoso, Srta. Chapelle. ― Disse o policial Ponzio. ― Ele pode se tornar agressivo. ― Ele está sonolento o suficiente para tentar algo. ― Como sabe? ― Matt, o segundo policial, se manifestou. ― Por favor, Matt. ― Suspirei. ― Me deixem sozinha. Os dois fizeram silêncio por um momento, mas logo foi feito uma quebra com a voz do Policial Ponzio. ― Se ele tentar algo, grite. Estaremos na porta. Avisou e os dois saíram. ― Pronto, Sr. Cooper. Está mais confortável agora? Christian ajeitou-se na cadeira, sentando-se de forma ereta. O seu olhar ainda estava fixado profundamente em mim, mesmo ainda com vestígios do sedativo. Ele continuava sem dizer uma só palavra. ― Talvez você não esteja entendendo o porquê de eu estar aqui. E muito menos o motivo de tantos interrogatórios que vieram te fazendo durante todos esses anos. Você deve estar amedrontado. Confuso. Eu sei como você se sente... ― Não. Você não sabe como eu me sinto. Surpreendi-me ao ouvi-lo dizer as suas primeiras palavras. O tom de sua voz soara baixo, era notável o tom de fúria que ela repassava, mas ao mesmo tempo, assemelhava-se a um tom... Debochador? ― Sr. Cooper... Você se sente culpado? Demorou um momento, mas logo um sorriso de canto de boca transpareceu em seus lábios. ― Pelo que eu me sentiria culpado? ― sua voz dessa vez soou intensa, deixando claro o tom de deboche. ― Não se sente culpado por todas as mortes que o senhor cometeu? Por todas as vidas tiradas? ― perguntei frustrada. ― Não. Ele havia sido breve. Sincero. E frio. Parecia que não havia pensado antes de dar a sua resposta. ― Eles não podem me prender. ― Sorriu. — Quem prenderia um doente mental? ― Então você pensa dessa forma? ― Por mais que eu fale... ― Mordiscou o seu lábio. ― Eles não acreditarão. ― O senhor foi acusado de m***r cerca de seis pessoas... Sr. Cooper. Dentre elas, estava o seu pai. Sua madrasta ficou aterrorizada, mas mesmo assim ela ainda o visita. Não sente culpa por ter tirado a vida do marido dela? Do seu pai? ― Como os boatos correm rápido. ― Tombou a sua cabeça para trás, gargalhando. ― Sr. Cooper, você se diverte com isso tudo? Irá querer passar o resto de sua vida como um criminoso? Ele voltou a me olhar. Um sorriso largo se estampou em seu rosto. ― É assim que me veem, não é? Por que eu mudaria isso? ― arqueou as sobrancelhas. ― Por que, Sr. Cooper? Por que de repente se tornou alguém assim? Christian deslizou o seu olhar para o chão, e de repente, o sorriso que estava em seus lábios se desfez aos poucos. ― Porque é assim que ela quer que seja. ― Sussurrou. ― Eu o vilão. E ela... A viúva indefesa. ― Como assim? O que disse? ― Não procure saber mais. ― Olhou-me. ― Se preza por sua vida... Fique longe de mim. ― O seu caso pode levar a morte, Sr. Cooper. ― O que adiantaria eu continuar vivo... ― Apertou os seus punhos. ― Se tudo em mim está morto? Senti por um momento, como se o seu olhar pedisse por ajuda. Sua feição não parecia de um doente, muito menos de um assassino. Christian parecia apenas mais uma criança amedrontada. Alguém que... Havia sido alvo de quem sabia como manipulá-lo. Mas eu não podia tirar conclusões antes de possuir certeza sobre o seu caso. Era difícil acreditar, mas... Talvez ele soubesse como ocultar a verdade. (...) Saí da sala de visitas e caminhei pelo corredor em direção a recepção do Hospital, mas durante o caminho, encontrei-me com Matthew. ― Onde está o Policial Ponzio? ― questionei. ― Foi buscar o carro. ― Ok. Irei marcar outra visita para ver o Sr. Cooper. Avisei e me preparei para continuar com o meu caminho, mas Matt me puxou pelo braço. ― Você não vai continuar com isso. ― Disse. ― Isso é muito perigoso para você, Jade. ― Christian não me pareceu perigoso. ― Isso porque ele estava sonolento. Você ainda não o viu totalmente consciente. ― Respirou fundo. ― Esqueça isso. ― Esquecer como todos fizeram? Você já parou para pensar que talvez Christian não seja tão culpado assim? Quem sabe ele esteja pagando por outra pessoa? ― Temos provas dos crimes. E todos interligam ele! ― Mas o engraçado... ― Ri nasalado. ― Que mesmo possuindo todas essas provas que dizem ter, não vi ninguém fazendo nada até agora. Dizem que ele é o culpado, mas por que ele ainda está aqui? Sei que o diagnóstico para provar que ele tem uma doença mental ainda está em andamento. Mas já se fazem seis anos. Seis anos! E nada foi confirmado. ― Deixe que a polícia, de verdade, cuide disso. ― Nada é mais como antes, Matt. Ou você mata, ou você morre. ― Você sabe o que eu penso sobre isso tudo. ― Você não é o meu pai. ― Desviei o meu olhar do seu. ― Não sou mais uma adolescente, Matt. Eu consigo me virar sozinha agora. Não confunda trabalho, com o que você sente. Acabou. Você não precisa continuar com o pensamento de que deve me proteger. Você segue o seu rumo... E eu o meu. ― Soltei a sua mão de meu braço. ― E voltando ao caso, que eu acho que você precisa saber, é que Christian citou uma tal de "viúva inocente". Talvez isso possa ajudar vocês. Dessa vez, pude prosseguir com o meu caminho até a recepção. ― Sra. Cooper? Você por aqui novamente? ― a enfermeira recebeu a mulher com um alegre sorriso no rosto. ― Eu vim ver como o meu menino está. ― Sorriu. ― Ele se acalmou, não é? ― seu tom de voz parecia preocupado. ― Sim. Eu apliquei um sedativo nele. ― Confirmou a enfermeira. ― Ele até reagiu bem a moça que veio visitá-lo. Veja. Aqui está ela. As duas mulheres direcionaram o seu olhar para mim. ― Você veio visitar o meu menino? ― perguntou a mulher assustada. ― Por que? ― o seu olhar deslizou até Matt que se aproximava de nós. ― São da polícia? ― Sim. Bem... Quase. Eu logo terei um distintivo. ― Sorri. ― O meu menino fez algum m*l? O que aconteceu? Ele falou algo? A jovem mulher parecia mais surpresa do que preocupada. ― Ele estava um pouco sonolento. Mas... Ele apenas falou o que deveria. ― p***e do meu menino. ― De repente, a mulher me abraça. ― Ele era um bom garoto. E-E de repente... Virou isso. O que eu faço? ― a mulher se pôs a chorar. ― Eu acredito que ainda exista algo bom dentro dele. Eu acredito! ― Fique calma senhora. Tudo se resolverá. ― Tentei consolá-la. ― O meu menino possui a herança do pai, mas... Eu não sei o que fazer. Ele não quer que eu tenha acesso a ela. O dinheiro não é tão importante quanto ele. Se eu pudesse usar este dinheiro para voltar no tempo... Com certeza eu usaria. ― Desfez o abraço. ― Eu só queria agradecer todos os esforços que os policiais estão fazendo. ― Não é mais que o trabalho da polícia. ― Olhei rapidamente para Matt e logo voltei a centralizar o meu olhar na mulher em minha frente. ― Temos que ir agora, mas logo estaremos de volta. ― Despedi-me dela com um sorriso. Matt e eu saímos do hospital em encontro com Policial Ponzio que havia ido buscar o carro. 
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