Capítulo 5

1468 Words
Sou guiada pelo Senhor Augusto, nossos braços estão entrelaçados, ele me obrigou, disse que se eu fizesse uma cena no meio do salão não iria me escutar e que hoje somente por hoje eu seria a noiva perfeita que ele sempre quis ter... Descemos a escada e logo uns convidados vieram nos complementar. — Augusto, meus parabéns, adiantado é claro, quase não chego a tempo... Que Deus lhe dê muitos anos de vida. — Obrigado Senhor Jerson! — E que linda jovem hein! É sua? Hahaha... Esse senhor abusado se afastou de nós já estava bêbado. — Nao liga pra ele Letícia... Quero que dance uma valsa comigo. — Bom pelo que parece não estou em posição de negar nada, mas uma dança não vejo problema, porém ,estou com pressa e preciso urgentemente falar a sós com vo... Augusto nem esperou terminar a frase, puxando-me contra seu corpo. Começamos a dançar, rodopiando com todos os convidados nos olhando sorrindo. Parecia que estava em um pesadelo, mas para ele, era como um sonho, porque não para de sorrir pra mim. Elegante e sedutor. Augusto, não aparentava ter essa idade. Nos seus 41 anos estava muito bem conservado, alto devia ter 1.85 de altura, sustentado por um porte atlético que alegrava as moças e as mulheres da região. Presumia enquanto me encarava firme, confiante. Durante a dança acabou pondo uma mão na minha cintura, e a outra levou ao seu peito e lá segurou com força. O toque ficou firme, urgente, apertando a silhueta. Sendo indevidamente imprensada contra o volume asqueroso do meio da sua calça. Jurei internamente que se isso continuasse nesse ritmo iria gritar aqui mesmo, terminando seu espetáculo. Augusto enxergava meu desconforto, e disse para não ficar tão séria, em decorrer se aproximou do meu ouvido. Continuava tendo repulsa dele, mesmo ele sendo um homem atraente. — Minha amada Letícia sei que está confusa... mas eu sei de tudo... Sei que você se casou com aquele cara e eu sempre soube aonde te encontrar. Queria que você voltasse pra fazenda espontaneamente, sem te força a nada. Era o mínimo que devia a você, e sim, sei sobre o tumor cerebral do seu marido. Mandei um homem de confiança te seguir... Você nunca saiu da minha vista. Revelou-me alisando o meu rosto, enquanto olhava perplexa, assustada. Me afastei dele, interrompendo a dança aos gritos. — Quem você pensa que é!!? Seu canalha!!! — Olha a boca menina! Sou o seu futuro esposo! Me respeita! — Falou enfurecido, como se tivesse algum direito. — Seu louco já sou casada! O que está acontecendo aqui!? Esse é o seu mundinho particular é!? O que você quer de mim porr.a!!? — Quero que todos os convidados saíam!! Agora!!! Augusto falou aos berros, muito nervoso. Todos saíram imediatamente em obediência ao Senhor da casa, logo nos encontramos sozinhos no salão. Olhei para ele com lágrimas. — Mas a pergunta certa Letícia é: O que você quer de mim? Porque o que eu quero de você é... Disse apontando para mim, sentando no seu sofá branco. Veio um copo de uísque em sua mão fornecido por um empregado que apareceu do nada, mas que logo foi embora nos deixando sozinhos novamente. Augusto bebeu todo o uísque de uma só golada, mantendo contato visual, o olhar queimando sobre mim. Colocou o copo sobre a mesinha de vidro de frente a ele. — É bem simples o que vou lhe dizer, se ama mesmo o seu querido Eduardo você irá se separar dele agora mesmo. Disse-me olhando dentro dos meus olhos. — Se aproxime por favor, eu não mordo não! Lógico só se você me pedir, hahaha. Vem, sério! Se preferir pode sentar nessa poltrona aqui! Sentei-me na poltrona indicada por ele. — Isso, muito bem! — Deu um largo sorriso. — Bom aqui está o seu papel do divórcio, assina agora mesmo que eu p**o a cirurgia dele, e é lógico, depois da cirurgia Eduardo vai ficar mas um mês em recuperação no hospital, antes dele se recuperar totalmente nós estaremos casados e em lua de mel. Me recusava a acreditar no que estava ouvindo. Não peguei os papéis que queria me entregar, desistindo, coloca na mesinha de vidro. Ele continuou a falar. — Essa lua de mel vai durar uns 3 meses, assim será tempo suficiente para se esquecer de vez por todas desse babaquinha que você se casou. Olha Letícia, tenho a completa certeza que posso fazê-la esquecer do Eduardo. E ainda mais você salvará uma vida! Alegre-se! Vale a pena esse seu sacrifício! Olhava com toda a prepotência de um homem que tinha plena convicção que havia ganhando o jogo. — Salve a vida do seu amor Letícia e se case comigo, farei você me amar e te darei tudo o que desejar, de tudo mesmo. — Usou um tom de ternura. — Já fiz até exames para saber como andava minha saúde. Sorriu. — Posso te dar filhos, sou bastante fértil.. Fiz exames de cabeça, coração e de todos os meus órgãos, tudo saudáveis. Sempre te amei Letícia, na verdade desde quando você nasceu e... Depois de ouvir tudo isso e a última frase, me encontrava tonta. Mesmo assim me levantei da poltrona em completa agonia. Interrompendo sua lorota canalha. — Nao Augusto !! Eu não posso fazer isso, nunca vou me separar de Edu para me casar com você!! Seu... seu pedófil.o de merda! Se levantou rapidamente do sofá reagindo bruscamente, com raiva nos olhos, na intenção de falar no mesmo tom. — Eu sei bem o que eu sou tá!!! Sou uma pessoa doente sei dos meus pecados... Mas eu me afastei de você quando ainda era uma criança, e antes disso nunca abusei de você fisicamente!! Sim sou um ser desprezível, monstro! — Ditou enojado de si mesmo. — Foram anos de terapia e nada!! Sabe porque Letícia, a minha doença, acabou virando também a minha cura, que é você. Ditou com suavidade as últimas palavras, e por incrível que pareça havia um certo sentimento no olhar... mas continuava indiferente a esse fato. — Sabe como é querer muito uma coisa e ter a consciência que isso é errado? — Gesticulou passando as mãos no cabelo, desalinhando os fios. — Me culpei durante anos, mas aprendi a esperar. Ergueu um dedo. — Sabia que o meu desejo por você não seria errado pelo resto da minha vida, esperei por você na sua mocidade, estava tudo sendo bem direcionado. — Trincou os dentes fechando a mão e punho, a força foi tamanha que até estalou as juntas. — Mas aquele carinha pervertido entrou na minha frente!! O odio pelo meu Eduardo escorria daquela face. Augusto parecia sofrer de bipolaridade extrema, visto as mudanças drásticas de humor na sua personalidade. — Então foi preciso esperar mais um pouco até você alavancar a idade perfeita. — Se recompôs ajeitando a vestimenta de gala. — Faltando um dia para o seu aniversário, pedi a sua mão em casamento aos seus pais que ficaram muito confusos, inicialmente, mas confiavam em mim plenamente. Aliás a permissão para que vocês dois namorassem foi dada por mim, eu que convenci os seus pais. Que a Letícia poderia namorar o perrapado do Eduardo, o carinha que não tinha onde cair morto, um pobre coitado sem futuro nenhum. Deixei minha futura esposa se divertir um pouquinho, mas é claro, com uma restrição, né querida!? Achou graça. — E naquela maldita noite em que seus pais me concederam a sua amada filha... Você me provocou, perdendo a linha!! — Esbugalhou os olhos, dando vasão a sua loucura. — Sua culpa!! Por ser tão fogosa e gostosa!! Se aproximou radicalmente, exibindo um olhar de odio e tesã.o. Desviei-me de suas garras, desesperada. Meu Deus! Eu amo Edu, mas me casar com esse monstro era demais até para mim. — Não me toque!!! Levantou as mãos em sinal de rendição, porém rapidamente as abaixou. Sentou novamente no sofá, mais controlado de suas emoções. Olhando-me colocou a mão fechada segurando o queixo, conversando como se estivesse falando com ele mesmo. Pensativo. — Por fim dei graças a Deus a surra que levei, não me perdoaria se tivesse cometido esse crime. Talvez até me matari.a depois. Permanecia de pé sendo testemunha de como esse homem era abominável. Olhava-me com ternura de novo, enquanto fitava-o cheio de asco. Tirou a mão do queixo, cruzando os braços sobre o peito. Recostou no sofá normalmente. — Por isso que digo, Letícia, me dê uma chance, é só o que te peço, e se disser que sim! Serei o homem mais feliz do mundo e o meu tormento terá acabado. O que me diz, Letícia? Se o ama mesmo, aceitará ser minha para o resto da sua vida? Ou prefere que Eduardo morra por sua causa?
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