✔ 36. Recepcionados por Julieta:
✔ 36.1. Algumas vassouradas:
A chegada a casa da família foi exatamente como Benjamin previa, a avó ficando feliz em o ver chegando, assim como a repreensão por ter ficado tanto tempo sem fazer uma visita.
A senhora quando viu a camionete estacionando observou estreitando os olhos, ficando surpresa e imensamente feliz com a surpresa.
Felicidade que não a impediu de o acertar com o cabo da vassoura.
_ BENJAMIN!
Gritou descendo os últimos degraus, caminhando em sua direção.
_ Benjamin, finalmente se lembrou que tem família, pensei que você somente voltaria a casa da sua velha vovó, no dia em que eu estivesse dentro...
Fez o sinal da cruz, levantando as mãos para o alto, ainda segurando a vassoura.
_ Repreenda, Senhor. Sou velha, mas estou nova para deitar na cama de madeira, para dormir o sono eterno. Tenho muito que ensinar a este neto desnaturado e ingrato que se esquece da sua vovozinha. Se esquece que ela sente saudades dele.
_ Vovó...
_ Agora é vovó seu desnaturado ingrato...
Acertou o cabo da vassourada em Benjamin.
_ Aí! Que isso vó? Se soubesse que seria recebido a vassouradas não teria vindo.
Benjamin dava risadas da fúria da pequena senhora raivosa à sua frente, segurando o cabo da vassoura como se fosse uma espada, pronta para o picar em pedacinhos.
_ Isso é para você aprender a não ficar tanto tempo sem visitar sua avó, seu desnaturado. Você tem família, não pode ser esquecer.
Outra vassourada.
Aurélia observava assustava a cena, jamais imaginou que uma senhora com aparência de vovó bondosa poderia ficar furiosa daquela forma.
Benjamin não deixou de sorrir, conhecia bem a avó que tinha, imaginava ser recebido com um puxão de orelha ou alguns tapas, não a vassouradas.
Com cuidado para não a machucar, segurou a vassoura, sem fazer força.
_ Agora que já extravasou sua raiva me acertando vassouradas, não acha melhor abraçar o seu neto?
Perguntou fazendo cara de bom moço, trazendo de volta a vovó carinhosa, que largou a vassoura e abriu os braços para o receber.
_ Meu menino, a vovó estava com saudades!
Benjamin, jogou a vassoura no chão para poder a abraçar.
_ Benjamin, você não pode fazer estas coisas com sua vovó, ficar tanto tempo sem vir fazer uma mísera visita. Fico com saudades e com raiva, que quando eu o vejo a primeira coisa que desejo é acertar umas cacetadas em você.
Ela o beijou.
Benjamin continuava sorrindo, abraçado a mulher que tinha como mãe, mas por ser um cabeça dura optou por viver afastado. Ele sofria, ela sofria, o pai sofria, o afastamento não era bom para nenhum deles.
_ Vó, a senhora não pode me bater assim, já sou um homem.
_ Será sempre o meu menino.
Julieta não desfazia o abraço, como se estivesse recuperando todo o tempo em que não pode o abraçar.
_ Assim a senhora me envergonha. O que minha convidada pensará ao ver minha avó me receber a vassouradas?
_ Acompanhante? Que acompanhante?
Desfez o abraço perguntando assustada, procurando pela acompanhante de Benjamin.
Quando seus olhos encontraram Aurélia, parada ao lado do carro, ficou de boca aberta, colocando uma mão de cada lado das bochechas.
_ Minha nossa!
Se ajeitou, alisou o vestido passando as mãos algumas vezes, naqueles poucos segundos analisou Aurélia, tirando suas conclusões.
_ Benjamin, você me envergonha, não n**a que puxou aquele traste do seu avô, se comportando igual àquele infeliz.
Repreendeu o neto.
_ Poderia ter telefonado avisando que traria sua namorada para nos apresentar, teria preparado um delicioso café da manhã para vocês.
Sorriu para Aurélia, que estava corada ao perceber que a senhora entendeu que ela era namorada do seu neto.
_ Pedro ficará feliz em saber que finalmente está namorando.
Caminhou em direção a Aurélia.
_ Agora quero ver aquela futriqueira da Enriqueta, falar que meu neto não é homem. Quero só ver!
Os problemas de Benjamin estavam apenas começando.
_ Bom dia, moça! Sou Julieta, avó do desnaturado do seu namorado.
Julieta estava empolgada, ostentando um largo sorriso.
_ Bom dia, senhora! Meu nome é Aurélia. É um prazer conhecê-la.
Respondeu durante o abraço apertado que recebeu.
_ Vó, Aurélia não é minha namorada.
_ Como não? Você nunca trouxe nenhuma mulher a nossa casa, agora que traz, não é sua namorada, como assim?
_ Uma longa história, depois explico tudo com calma.
_ Benjamin, o que você andou aprontando com está moça?
Com as mãos apoiadas da cintura, estava pronta para dar um sermão.
_ Não se preocupe, não aprontei nada. Aurélia precisa da minha proteção, depois explico tudo com calma, teremos tempo, vim com a intenção de passar um mês.
_ Um mês?
Pensou não ter ouvido bem.
_ Sim, um mês.
Julieta ficou ainda mais feliz, ter o neto ao seu lado durante um mês, para poder o mimar, cuidar e brigar. Adorava o exibir para as suas amigas.
Seu filho também ficaria feliz.
_ Vamos entrar, seu pai deve estar terminando de tomar o café da manhã. Imagino que vocês ainda não tomaram e se tomaram irão tomar novamente.
Benjamin cuidou de retirar as malas da camionete, estava feliz por estar na casa que cresceu.
Decidiu ficar afastado, por medo de sofrer, foi muito difícil lidar com a morte da mãe, acreditava que se manter afastado era melhor para todos, assim sofreria menos no caso da partida de alguém. Mas a autoproteção também causou sofrimento com o afastamento.
Julieta era uma mãe e avó carinhosa, uma leoa quando se tratava de defender sua prole, somente ela podia brigar, gritar e bater na família. Qualquer outra que ousasse falar um mísero "A" que fosse de sua família, conhecia a sua fúria, as vassouradas que acertou em Benjamin, não eram nada perto ou comparado com o que ela era capaz de fazer. Ela se transformava para os defender.
✔ 36.2 Aurélia observando:
Aurélia, ficou impressionada com o comportamento de Julieta, quando Benjamin pediu para não reparar nos modos da avó, não entendeu. A primeira impressão ao vê-la varrendo as escadas, foi de uma avó normal que poderia ser carinhosa, meiga, que mimava os netos, não de uma senhora brava, capaz de receber o neto a vassouradas, porque o mesmo demorava a visitar.
Foi engraçado assistir o primeiro contato dos dois, ver como em momento algum Benjamin se exaltou, se mantendo relaxado, sorrindo, mesmo quando apanhou. O cuidado que teve em segurar a vassoura para não a machucar, o modo como a abraçou, ele até poderia ter aparência de bruto, mas com a avó não usou em momento algum truculência, não a respondeu de forma ríspida. A beijou, como o neto amado que era.
No curto intervalo de tempo conseguiu imaginar em como deveria ser bom ter uma avó como a de Benjamin, que pelo pouco que notou era uma senhora esperta e ativa. Brava e amorosa.
Joana, sua avó, era o oposto de Julieta, nunca a defendeu da mãe, mesmo a vendo triste, mesmo percebendo que Aurélia não estava feliz.
A senhora entrou na casa primeiro para contar a novidade para Pedro, seu filho.
_ Pedro! Pedro! O nosso meni...
Gritou ainda na varanda.
_ Sua avó possuí muita energia.
Comentou.
_ Ela é agitada, um pouco brava, mas é amorosa.
Aurélia acompanhou Benjamin, levando uma de suas bolsas, enquanto ele carregava as malas.
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Julieta não comentou nada sobre o vestido que Aurélia usava, mas não se aguentaria quieta por muito tempo. Na primeira oportunidade, faria seus questionamentos.
Uma vovó apocalíptica.