✔ 35. Uma nova fase:
✔ 35.1. A vida estranha de Aurélia:
Tudo estava acontecendo de uma forma estranha, estar na mira de um assassino, precisar de proteção, ficar hospedada no apartamento do delegado mais admirado do país. Tudo estranho, mas o fato de estar longe das garras da mãe, era um sonho realizado para Aurélia.
Ninguém poderia a chamar de filha ingrata, quando tudo o que Aurélia desejava era ter uma vida normal, sem o excesso de regras a seguir, aonde tudo era errado, pecado ou imoral. Amava a mãe, entretanto odiava viver sendo repreendida, sufocada, reprimindo seus desejos. Não aguentava mais ser limitada ao desejo da mãe, ao que ela julgava certo.
O pai apoiava a esposa, dizendo que ela sabia o que era melhor para a filha.
Sua vida era estranha no todo, o modo em que viveu durante seus quase vinte e quatro anos.
Tudo estranho, mas dentro da normalidade que era sua vida, em que nada acontecia da forma normal ou convencional. As roupas esdrúxulas que usava, até mesmo o seu primeiro beijo, que aconteceu porque pediu a Benjamin que a ensinasse a beijar.
Não reclamava, estava segura, livre da pressão diária da mãe e protegida pelo delegado que era considerado um herói, o príncipe das moças indefesas.
Durante os primeiros dias, Aurélia, lamentou a morte das seis mulheres e agradeceu por estar recebendo proteção, evitando ser a sétima.
Sentia-se estranha por estar gostando de ficar afastada da família, e mesmo sem sair do apartamento, sentia-se bem como nunca. Nos primeiros dias, sentiu vergonha, ainda sente, ter o famoso delegado Benjamin Baumann, por perto a deixava com a sensação de borboletas no estômago.
Apesar da ansiedade causada pela viagem na manhã seguinte, Aurélia teve uma boa noite de sono.
✔ 35.2. Benjamin antes da viagem:
Assim como Aurélia, Benjamin também estava ansioso com a viagem, há muito tempo não visitava a sua família. Sempre os via, porque eles sempre iam a capital e o visitavam. Quando precisava de ajuda com algo do apartamento, não exitava em telefonar para a avó, mesmo sabendo que ouviria alguns desaforos. Julieta ajudava o neto com prazer, viajava do Vale dos Lírios para a capital, somente para o ajudar, não antes de fazer um pequeno drama digno de uma novela.
Benjamin se preparava mentalmente para o encontro, com certeza a avó lhe acertaria um tapa ou agarraria uma das suas orelhas como se ele ainda fosse um menino. Também cogitava a hipótese dela entender que Aurélia não era somente sua protegida e que não a levou para Vale dos Lírios para a treinar. Se a avó entendesse que eles poderiam ser um casal, viveria dias difíceis.
Na realidade os seus dias não estavam sendo fáceis, desde o dia em que Aurélia sentou-se ao seu lado em seu carro e a levou para o seu apartamento. Desde aquele dia passou a viver atormentado, seu corpo queimava a desejando. Antes não fazia questão de voltar cedo para casa, mas com Aurélia em seu apartamento, passou a apreciar o momento em que retornava para o seu lar. Em muitos momentos durante o dia, pensava no momento em abriria a porta do seu apartamento e a veria sentada em uma das poltronas lendo algum livro de romance, ou na sua cozinha preparando o seu jantar. Desde o dia que Aurélia entrou em seu apartamento passou a fazer refeições decentes, os lanches foram extintos do seu cardápio. O apartamento sempre estava organizado, com um cheiro bom, melhor que o cheiro do seu apartamento era o cheiro dela. Gostava tanto do seu cheiro que chegava a fechar os olhos quando estava próximo a ela, inspirando lentamente, apreciando o aroma que exalava da sua pela.
Da sua boca nunca saiu um único resmungo quando recebia uma mensagem o pedindo para passar no supermercado e comprar alguma coisa para o jantar ou almoço do outro. Ainda sorria quando lia. Em alguns dias foi ele quem enviou a mensagem ou telefonou perguntando se ela precisava de algo. Teve também o dia que ao passar em frente a uma livraria, lembrou que ela gostava de ler, entrou comprou alguns livros de romances para a presentear.
Samuel um dia o viu sorrindo olhando para o celular, com cara de bobo, não entendendo nada.
_ Imagino que a mensagem recebida seja muito interessante.
Benjamin, que sorria ao ler um pedido para comprar batatas, ficou sério, guardando o aparelho celular.
_ Tem uma imaginação muito fértil, Samuel. Agora me diga se a relação dos proprietários...
Desconversou.
Sorrir por um pedido para comprar batatas e frango, concluiu que definitivamente não estava bem.
Se com o amigo já não era fácil esconder o desejo por Aurélia, com a avó e o pai seria muito mais.
Prévia dias difíceis.
✔ 35.3. Os cuidados de Delegado:
Mesmo com a decisão repentina em sair de férias, pensou em todos os detalhes, não poderia descuidar da segurança de Aurélia. Somente Samuel conseguiria falar com ele de forma rápida.
Também pensava em sua segurança, não podia descuidar, a profissão e a fama conquistada o colocavam em perigo. Conquistou muitos admiradores por seu trabalho, assim como muitos desafetos que o desejavam morto. Sempre recebia ameaças, incluindo tentativas de agressões e dois atentados contra a sua vida.
Sempre trocava de carro ou usava um reserva, para a viagem optou por usar sua camionete, para poder levar sua moto.
Saíram ainda de madrugada, antes do nascer do sol nascer. Também optou por não sair pela entrada principal do condomínio, usou a saída dos fundos. Antes de chegar a rodovia deu algumas voltas, observando se não era seguido.
Chegaria de surpresa à casa em que o pai morava com a avó.
✔ 35.4. A chegada a Vale dos Lírios:
A viagem aconteceu de forma tranquila, Benjamin era um exímio motorista, sempre cuidadoso e atento, não negava que gostava de acelerar um pouco, mas não colocava a vida de outras pessoas em risco.
Aurélia contemplava a paisagem dispersa em seus pensamentos, tentava imaginar como seria recebida pela família dele. Em alguns momentos Benjamin a observava disfarçadamente, em alguns momentos, admirando suas reações.
A cidade era encantadora, fazia jus ao nome, linda como lírios.
A família Baumann, não morava na cidade e sim em uma pequena fazendo, situada a cinco quilômetros da segunda entrada da cidade.
Um lugar perfeito para o treinamento de Aurélia.
Quando Benjamin estacionou próximo à residência da família, não conteve o sorriso ao ver Julieta segurando o cabo de uma vassoura ao varrer as escadas que davam acesso à varanda da casa.
_ Chegamos! Espero que não repare os modos da minha avó...
Pensou um pouco formulando o que ia dizer.
_ Ela não é uma senhora que segue os padrões que está acostumada.
Alertou Aurélia. Esperava que ela não ficasse ofendida, pois conhecendo a avó como aconhecia, imaginava que ela implicaria com o vestido de Aurélia usava naquela manhã.
Antes de descer do carro respirou fundo, não era bom chegar e encontrar Julieta Torres com uma vassoura.
Vassouradas poderia ser distribuídas.
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É corretor dizer que Benjamin não estava errado, e uma vassourada não era nada comparado ao que a avó aprontaria nos próximos dias.
Uma vovó terrível.