A chegada

1301 Words
KIRA Olho o mar. Tenho medo do desconhecido, no entanto sempre tive medo do conhecido também. A realidade é que eu sempre soube que meu destino estava traçado quando dei o azar de nascer mulher. -Nem pense em pular. Iria até as profundezas para buscá-la. Viro para trás e vejo aquele selvagem acompanhado de um velho com cabelos longos brancos e diversas marcas de cortes em sua face. Sou deixada sozinha com ele. -Não precisa ter medo de mim minha jovem – surpreendo-me com seu inglês perfeito -Seu inglês… -Já vivi muitos anos em sua terra quando mais novo. -Qual seu nome? -Ivor. Qual o seu? -Senhorita Green – esse é muito formal… - Pode me chamar de Kira. -Pessoa jovial e cheia de disposição. Aquela que é alegre e divertida – ele me olha e finaliza com um ar triste – Realmente é um belo nome. -Obrigada. Clarisse se aproxima olhando para o senhor Ivor desconfiada. Corro e a abraço. -Clarisse, fico grata aos céus por estar mais corada. -Obrigada Kira, me sinto mais disposta. Mas ainda odeio o mar. -Logo você se acostuma – o senhor fala e ela o fita surpresa. -O bárbaro fala inglês? -Não sou nenhum bárbaro, senhorita…. -Clarisse. -É um prazer conhecê-la senhorita Clarisse. -O que quer conosco? - pergunta o encarando com seus olhos azuis tempestuosos. -Clarisse… -Não Kira, não podemos confiar nestes bárbaros. -Só quero ajudá-las a aprender a língua de nossa terra. -Não queremos sua ajuda. -Lógico que queremos Clarisse. Olhe em volta, estamos longe de casa e cercada por vikings. Ela faz o que digo e volta-se para Ivor. -Qual o preço por sua ajuda? - fala cortante -Não quero nada, apenas ajudá-las. Ela ri com escárnio. -Não me faça de boba viking, se você fala tão bem nossa língua, com certeza já teve sangue derramado em nossa terra. Por quê ajudaria duas inimigas? -Não são vocês minhas inimigas. Não foram vocês que me machucaram e escravizaram – seu olhar é melancólico. Meu coração se parte e vejo que Clarisse também ficou triste, mas tenta manter a postura firme. -Desculpe-me -Não é necessário senhorita Clarisse, eu lhe entendo. Está com medo. Você me lembra quando era mais novo e fui preso. -Muito obrigada senhor Ivor por nos ajudar. Ficamos conversando o resto do dia. Ás vezes Axel e seu amigo ruivo, que descobri ter o nome de Bjorn, se aproximavam. Horas se tornavam dias e minha esperança diminuía cada vez mais. Minha amiga está cada vez mais ansiosa e aflita. Aprendemos muito com o senhor Ivor. -Já perdi as esperanças de escaparmos. -Não diga besteiras Kira. Ouvi dizerem que estamos chegando em terras nórdicas. -Estou com medo. -Assim que o navio atracar fugiremos destes demônios musculosos. -Como sobreviveremos em terras estranhas? -Nosso salvador Jesus nos guiará – espero que ela esteja certa, o frio fica cada vez mais intenso conforme nos aproximamos. Olho para o bastardo que me colocou nessa situação. Ele está andando com seus passos determinados, sua presença é dominante por onde passa. -Mulher não deveria pensar tanto. -diz em nórdico e graças a Ivor entendendo. -E bastardo não deveria se aproximar de uma dama. -respondo em nórdico -Vejo que as aulas surtiram resultado. Bufo e reviro os olhos o ignorando. Ele se aproxima rápido e segura minha cintura puxando-me para si. Sinto sua respiração e seus lábios se aproximam dos meus. Não sinto frio, nem o balançar do navio. Um aperto é presente em minhas partes íntimas. Seus lábios se encontram com os meus e sua língua invade minha boca me possuindo. Após um tempo recupero a razão e o empurro. -Você é minha, Kira. AXEL Esta mulher me deixa louco, essas três semanas me levarão ao extremo várias vezes. O tanto de beleza que possui é o equivalente a teimosia. Toda vez que olho para seus olhos esmeraldas e lábio rosados sinto vontade de possuí-la como um urso selvagem. Essa praga desperta o meu pior e melhor lado. -Você é minha, Kira. -Nunca serei sua, bárbaro nojento. -Assim que chegarmos em terra farei de você minha mulher de todas as maneiras possíveis. Irei montá-la e mostrar a quem pertence. Pelo visto ela entendeu tudo o que disse, já que seus olhos se arregalaram. Antes que possa responder algo atrevido que me dê vontade de lhe dar uns tapas, saio. Todos estão ansiosos com a chegada em nossas terras. Não negarei que pela primeira vez estou ansioso para chegar e assim finalmente possuir o que me pertence. -Vejo que as coisas estão esquentando entre vocês – meu amigo diz arrumando os cabelos ruivos rebeldes. -Logo estarei marcado nela por toda a vida. -Também farei daquela loira maluca apenas minha. Aquela mulher é o cão. Olho-o surpreso nunca o vi se dirigir a um r**o de saia de tal maneira. -Qual a da vez? -Não vai acreditar, aquela mulher mordeu minha língua – ele coloca a língua para fora mostrando-a machucada. Não resisto e rio. -Ri mesmo, também rirei quando a sua inglesa lhe morder. -Aquela lá terei o prazer de morder e tomá-la. -Vamos fazer uma aposta – seu tom é animado e ergue uma sobrancelha. Já tenho uma ideia do que apostará. -E qual seria essa aposta, meu amigo? -Quem conseguir domar sua mulher primeiro ganha o corcel n***o. Sabia. Bjorn ainda luta pelo meu corcel n***o, é assim desde que éramos mais jovens. -Sabe que não dispenso um bom desafio – ele gargalha apertando minha mão. -Por Odin, a que ponto chegamos. Apostando quem domará a mulher primeiro. -Ao anoitecer chegaremos em terra e levaremos mais três dias para chegarmos as terras de nosso clã. -Pensas que seu pai ainda esbanja saúde? -Espero que sim, não espero tomar seu lugar tão cedo. -Mas logo esse dia chegará e você será nosso grande líder, o senhor de nosso clã. Aceno com a cabeça. -Meu pai possui três esposas, mas aquela que ele quer nunca terá. E isso o consome até hoje o levando para o abismo. -Que Odin nos proteja desse m*l. -Acho que a deusa Freyja já nos amarrou nessa armadilha. - falo de olho em minha concubina de cabelos negros. O que me tira de meus pensamentos é a risada de Bjorn. Capítulo 7 AXEL Já sinto o cheiro de minha amada terra. Todos meus homens estão preparando para atracar. A bravinha está enrolada na pele que dei a ela para se aquecer, ao seu lado está a mulher de Bjorn. As duas conversam baixinho e estão atentas a tudo, principalmente a loira. Preciso ficar de olho nas duas, mas ainda tenho que dar as ordens aos meus homens. Dai-me paciência. Chamo o jovem Ivar para ficar e olho nelas. Ele é o mais jovem e esperto de meus homens. -Preste atenção, quero que fique de olho nas inglesas. -Sim meu senhor, não falharei nessa missão – diz alto e todos que estavam próximos ouvem. Tenho certeza que não falhará, afinal o que duas mulheres poderiam fazer? Vejo ele se aproximar das mulheres e vou ajudar os outros a descarregar. -Esta noite acamparemos aqui perto e amanhã conseguiremos cavalos. -Vou adorar cavalgar com minha loira. - meu amigo diz animado -Cuidado para ela não te empurrar do cavalo. -Não seja bobo Axel, ela me ama. -Claro, ama tanto que te mataria dormindo. Ele suspira cansado -Que eu tenha forças para enfrentar a fera. Meus pensamentos vão para a beldade que hoje se tornará minha mulher. -Hoje nada irá me impedir de tomar o que me pertence. Bjorn me lança um olhar desconfiado. -A tomará a força? -Apenas tomarei o que é meu de direito. Olho em volta e vejo que Ivar está de olho nas inglesas. -Vamos trabalhar para acabar logo com isso. - falo pegando uma baú do chão.
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