KIRA
Olho o mar. Tenho medo do desconhecido, no entanto sempre tive medo do conhecido também. A realidade é que eu sempre soube que meu destino estava traçado quando dei o azar de nascer mulher.
-Nem pense em pular. Iria até as profundezas para buscá-la.
Viro para trás e vejo aquele selvagem acompanhado de um velho com cabelos longos brancos e diversas marcas de cortes em sua face.
Sou deixada sozinha com ele.
-Não precisa ter medo de mim minha jovem – surpreendo-me com seu inglês perfeito
-Seu inglês…
-Já vivi muitos anos em sua terra quando mais novo.
-Qual seu nome?
-Ivor. Qual o seu?
-Senhorita Green – esse é muito formal… - Pode me chamar de Kira.
-Pessoa jovial e cheia de disposição. Aquela que é alegre e divertida – ele me olha e finaliza com um ar triste – Realmente é um belo nome.
-Obrigada.
Clarisse se aproxima olhando para o senhor Ivor desconfiada. Corro e a abraço.
-Clarisse, fico grata aos céus por estar mais corada.
-Obrigada Kira, me sinto mais disposta. Mas ainda odeio o mar.
-Logo você se acostuma – o senhor fala e ela o fita surpresa.
-O bárbaro fala inglês?
-Não sou nenhum bárbaro, senhorita….
-Clarisse.
-É um prazer conhecê-la senhorita Clarisse.
-O que quer conosco? - pergunta o encarando com seus olhos azuis tempestuosos.
-Clarisse…
-Não Kira, não podemos confiar nestes bárbaros.
-Só quero ajudá-las a aprender a língua de nossa terra.
-Não queremos sua ajuda.
-Lógico que queremos Clarisse. Olhe em volta, estamos longe de casa e cercada por vikings.
Ela faz o que digo e volta-se para Ivor.
-Qual o preço por sua ajuda? - fala cortante
-Não quero nada, apenas ajudá-las.
Ela ri com escárnio.
-Não me faça de boba viking, se você fala tão bem nossa língua, com certeza já teve sangue derramado em nossa terra. Por quê ajudaria duas inimigas?
-Não são vocês minhas inimigas. Não foram vocês que me machucaram e escravizaram – seu olhar é melancólico.
Meu coração se parte e vejo que Clarisse também ficou triste, mas tenta manter a postura firme.
-Desculpe-me
-Não é necessário senhorita Clarisse, eu lhe entendo. Está com medo. Você me lembra quando era mais novo e fui preso.
-Muito obrigada senhor Ivor por nos ajudar.
Ficamos conversando o resto do dia. Ás vezes Axel e seu amigo ruivo, que descobri ter o nome de Bjorn, se aproximavam.
Horas se tornavam dias e minha esperança diminuía cada vez mais. Minha amiga está cada vez mais ansiosa e aflita.
Aprendemos muito com o senhor Ivor.
-Já perdi as esperanças de escaparmos.
-Não diga besteiras Kira. Ouvi dizerem que estamos chegando em terras nórdicas.
-Estou com medo.
-Assim que o navio atracar fugiremos destes demônios musculosos.
-Como sobreviveremos em terras estranhas?
-Nosso salvador Jesus nos guiará – espero que ela esteja certa, o frio fica cada vez mais intenso conforme nos aproximamos.
Olho para o bastardo que me colocou nessa situação. Ele está andando com seus passos determinados, sua presença é dominante por onde passa.
-Mulher não deveria pensar tanto. -diz em nórdico e graças a Ivor entendendo.
-E bastardo não deveria se aproximar de uma dama. -respondo em nórdico
-Vejo que as aulas surtiram resultado.
Bufo e reviro os olhos o ignorando.
Ele se aproxima rápido e segura minha cintura puxando-me para si. Sinto sua respiração e seus lábios se aproximam dos meus. Não sinto frio, nem o balançar do navio.
Um aperto é presente em minhas partes íntimas.
Seus lábios se encontram com os meus e sua língua invade minha boca me possuindo.
Após um tempo recupero a razão e o empurro.
-Você é minha, Kira.
AXEL
Esta mulher me deixa louco, essas três semanas me levarão ao extremo várias vezes. O tanto de beleza que possui é o equivalente a teimosia.
Toda vez que olho para seus olhos esmeraldas e lábio rosados sinto vontade de possuí-la como um urso selvagem.
Essa praga desperta o meu pior e melhor lado.
-Você é minha, Kira.
-Nunca serei sua, bárbaro nojento.
-Assim que chegarmos em terra farei de você minha mulher de todas as maneiras possíveis. Irei montá-la e mostrar a quem pertence.
Pelo visto ela entendeu tudo o que disse, já que seus olhos se arregalaram.
Antes que possa responder algo atrevido que me dê vontade de lhe dar uns tapas, saio.
Todos estão ansiosos com a chegada em nossas terras. Não negarei que pela primeira vez estou ansioso para chegar e assim finalmente possuir o que me pertence.
-Vejo que as coisas estão esquentando entre vocês – meu amigo diz arrumando os cabelos ruivos rebeldes.
-Logo estarei marcado nela por toda a vida.
-Também farei daquela loira maluca apenas minha. Aquela mulher é o cão.
Olho-o surpreso nunca o vi se dirigir a um r**o de saia de tal maneira.
-Qual a da vez?
-Não vai acreditar, aquela mulher mordeu minha língua – ele coloca a língua para fora mostrando-a machucada.
Não resisto e rio.
-Ri mesmo, também rirei quando a sua inglesa lhe morder.
-Aquela lá terei o prazer de morder e tomá-la.
-Vamos fazer uma aposta – seu tom é animado e ergue uma sobrancelha.
Já tenho uma ideia do que apostará.
-E qual seria essa aposta, meu amigo?
-Quem conseguir domar sua mulher primeiro ganha o corcel n***o.
Sabia. Bjorn ainda luta pelo meu corcel n***o, é assim desde que éramos mais jovens.
-Sabe que não dispenso um bom desafio – ele gargalha apertando minha mão.
-Por Odin, a que ponto chegamos. Apostando quem domará a mulher primeiro.
-Ao anoitecer chegaremos em terra e levaremos mais três dias para chegarmos as terras de nosso clã.
-Pensas que seu pai ainda esbanja saúde?
-Espero que sim, não espero tomar seu lugar tão cedo.
-Mas logo esse dia chegará e você será nosso grande líder, o senhor de nosso clã.
Aceno com a cabeça.
-Meu pai possui três esposas, mas aquela que ele quer nunca terá. E isso o consome até hoje o levando para o abismo.
-Que Odin nos proteja desse m*l.
-Acho que a deusa Freyja já nos amarrou nessa armadilha. - falo de olho em minha concubina de cabelos negros.
O que me tira de meus pensamentos é a risada de Bjorn.
Capítulo 7
AXEL
Já sinto o cheiro de minha amada terra. Todos meus homens estão preparando para atracar.
A bravinha está enrolada na pele que dei a ela para se aquecer, ao seu lado está a mulher de Bjorn. As duas conversam baixinho e estão atentas a tudo, principalmente a loira.
Preciso ficar de olho nas duas, mas ainda tenho que dar as ordens aos meus homens. Dai-me paciência.
Chamo o jovem Ivar para ficar e olho nelas. Ele é o mais jovem e esperto de meus homens.
-Preste atenção, quero que fique de olho nas inglesas.
-Sim meu senhor, não falharei nessa missão – diz alto e todos que estavam próximos ouvem.
Tenho certeza que não falhará, afinal o que duas mulheres poderiam fazer?
Vejo ele se aproximar das mulheres e vou ajudar os outros a descarregar.
-Esta noite acamparemos aqui perto e amanhã conseguiremos cavalos.
-Vou adorar cavalgar com minha loira. - meu amigo diz animado
-Cuidado para ela não te empurrar do cavalo.
-Não seja bobo Axel, ela me ama.
-Claro, ama tanto que te mataria dormindo.
Ele suspira cansado
-Que eu tenha forças para enfrentar a fera.
Meus pensamentos vão para a beldade que hoje se tornará minha mulher.
-Hoje nada irá me impedir de tomar o que me pertence.
Bjorn me lança um olhar desconfiado.
-A tomará a força?
-Apenas tomarei o que é meu de direito.
Olho em volta e vejo que Ivar está de olho nas inglesas.
-Vamos trabalhar para acabar logo com isso. - falo pegando uma baú do chão.