Era uma noite sombria e gélida, onde até as estrelas pareciam esconder-se do terror iminente que pairava no ar. As sombras dançavam sinistras, como se fossem espectros ansiosos por envolver tudo em trevas eternas. Nessa atmosfera impregnada de medo e desespero, Sandrine ousava adentrar os corredores labirínticos da universidade, onde cada passo ecoava como um eco de sua própria angústia.
Cada gotejar da névoa densa que a rodeava parecia ecoar os lamentos dos perdidos e desafortunados, como se as almas aprisionadas no limbo, clamassem por sua libertação. Sandrine, envolta na névoa densa da incerteza, sentia o frio gélido penetrar sua pele, como se fosse a própria mão do destino a guiá-la rumo ao abismo.
Os corredores frios e impiedosos da universidade se estendiam como túmulos de conhecimento, onde os segredos ancestrais sussurravam segredos proibidos aos ouvidos mortais. Os murmúrios do saber reverberavam como o lamento de almas atormentadas, ecoando através dos séculos para atormentar os vivos com sua amargura.
E assim, a jovem avançava com seu coração em uma batida frenética de temor, enquanto os deuses antigos pareciam observá-la com olhos cruéis, sussurrando presságios de desgraça aos mortais incautos. Cada sombra, cada sopro de vento, era um aviso sombrio, uma advertência do destino implacável que aguardava aqueles que se aventuravam além dos limites do conhecido.
Seis semanas se haviam esvaído, escuras como as sombras que dançavam ao redor dela em um novelo intrincado de dúvidas e angústias. Como um barco à deriva em um oceano tempestuoso, Sandrine se encontrava perdida na busca incansável por aquele amante ideal para sua mãe. Cada dia, uma dança macabra de tentativas fracassadas, onde os pretendentes se desfaziam como ilusões fugazes diante de seus olhos, pois tal como uma peça final de um imenso quebra-cabeças, nenhum deles se encaixavam.
Sua determinação já não era mais apenas uma força impulsionadora, mas sim uma força sombria e voraz que devorava sua mente. O que antes era um sonho alcançável agora se transformara em uma obsessão doentia, uma ânsia que a consumia por dentro, corroendo qualquer vestígio de sanidade. Suas esperanças, outrora brilhantes como estrelas no céu noturno, agora se desfaziam como fumaça em um firmamento desolado, sem sequer um lampejo de luz para guiá-la.
Cada pensamento era um mergulho mais profundo em um labirinto sinistro de desespero, onde as paredes se erguiam como sentinelas implacáveis, fechando-se ao seu redor com um abraço sufocante. Cada passo, cada respiração, era como lutar contra correntes invisíveis que a arrastavam para um abismo de angústia e desolação. O peso do fracasso pendia sobre seus ombros como uma sentença inexorável, enquanto ela se debatia na escuridão sufocante de sua própria mente, sem esperança de encontrar uma saída.
A tentação de trilhar os caminhos sombrios da moralidade era constante, como uma voz sussurrante ao seu ouvido, tentando seduzi-la para o abismo. Sandrine flertava com a ideia de recorrer a um obscuro mercenário do prazer, um vendaval de paixão fabricada para satisfazer os desejos de sua mãe. Contudo, mesmo essa solução, por mais tentadora que fosse, revelava-se como uma porta trancada em um castelo amaldiçoado. O ouro, esse metal cobiçado, tão escasso em seus bolsos naquele momento, transformava-se em grilhões invisíveis, aprisionando-a em sua própria agonia.
Seu amado, uma sombra pálida na penumbra de suas preocupações, tentava em vão penetrar o véu de sua determinação. Suas palavras de carinho, seus gestos de amor, tudo se perdia na tempestade que assolava sua mente. Cada desculpa inventada, cada mentira tecida com fios de desespero, eram tijolos adicionados à fortaleza que erguia ao redor de seu objetivo, protegendo-o das armadilhas e tentações que ameaçavam desviá-la de seu propósito sinistro. O desespero já começava a se insinuar, agarrando seus pensamentos e apertando seu coração. Cada vez mais perto da beira do abismo da desistência, ela se sentia à beira de abandonar todo o plano. Era como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros, empurrando-a para baixo.
Então, quando a escuridão parecia prestes a engoli-la, um raio de esperança surgiu do nada. Uma colega de curso, cujo nome ela m*l reconhecia - Madana -, aproximou-se furtivamente. Seus lábios moveram-se em um sussurro, quase inaudível, mas carregado de uma urgência que a fez estremecer. Era como se o destino, personificado na figura de Madana, estivesse intervindo no momento exato, puxando-a de volta das profundezas do desespero:
- Escondam suas rainhas dentro do guarda-roupa, pois lá vem o ladrão de coroas!
Naquele ambiente sombrio, onde a luz m*l ousava penetrar, o silêncio era tão profundo que parecia ser possível escutar até mesmo o eco de um coração entristecido, perdido na vastidão da solidão. Foi então que uma única frase, como um raio cortante, perfurou o vazio, suas palavras encontrando morada na mente dela, como agulhas delicadas a se enterrar nos cantos mais sombrios da alma.
Aquela frase, tão leve quanto o sopro do vento, trouxe consigo um peso indescritível, como se cada palavra fosse um fardo a ser carregado, e cada sílaba um golpe direto no âmago de sua existência. O ar ao redor tornou-se denso, saturado com a sensação sufocante de desespero, como se uma névoa gélida se espalhasse por toda a atmosfera, envolvendo tudo em seu abraço gelado.
Enquanto o tempo parecia desacelerar diante da figura que se movia pelas sombras do corredor, cada passo arrastado ecoava como o som de uma sentença proferida por um destino implacável. Era como se o próprio ambiente se curvasse diante da presença daquele homem enigmático, cuja aura sinistra lançava um véu de temor sobre tudo o que tocava.
Seus olhos, profundos e enigmáticos, pareciam conter segredos ancestrais, como se cada olhar pudesse revelar os mistérios mais obscuros do universo. Sua postura imponente e intimidadora desafiava qualquer tentativa de resistência, como se ele fosse uma força da natureza, inevitável e incontestável.
Enquanto ele avançava pelas sombras com a serenidade de quem conhece os segredos mais sombrios do tempo, cada passo era como uma dança macabra, uma melodia sinistra que anunciava a chegada iminente do infortúnio. Não havia pressa em seus movimentos, apenas a certeza calma de que cada momento era uma eternidade de tormento, uma etapa inevitável no caminho para o desconhecido.
Ela observava, cativa da própria angústia, enquanto ele se movia como um espectro entre as trevas e a luz, como se fosse um emissário do além, vagando pelo limiar entre a vida e a morte. Seu semblante, marcado por traços de perversidade e malícia, ainda assim exalava a podridão de um coração corrompido, como se fosse um eterno enigma a ser desvendado pelos incautos que se atrevessem a encará-lo de frente.
No obscuro recanto dos corredores sombrios, onde a luz vacila entre o efêmero e o eterno, seus olhos se cruzaram em um instante fugaz. Naquele breve momento, ela sentiu-se envolta por uma aura de mistério, como se tivesse adentrado um enigma a ser desvendado, uma narrativa sinistra a ser desenterrada dos abismos do tempo. A vida, suspensa por uma fração do que parecia ser uma eternidade, contemplou a figura enigmática que, com um simples gesto, transformou a passagem sombria em um palco de maravilhas e segredos ocultos.
Sua presença evocava um eco de tempos antigos, onde os suspiros das almas perdidas vagavam entre as sombras, buscando redenção ou condenação eterna. Seus olhos, profundos poços de mistério, pareciam conter segredos ancestrais, narrativas de amor e tragédia tecidas nas teias do destino. Cada gesto era carregado de significados ocultos, como se ele fosse um personagem de um conto macabro, pronto para desafiar as fronteiras entre a realidade e a imaginação.