A FESTA DOCE - 04

1300 Words
Envolta na efervescência da festa, Sandrine mergulhou nas ondas de risos e conversas que preenchiam o ambiente, como se flutuasse em um oceano de alegria e frivolidade. Ela se entregou ao ritmo contagiante da música, deixando-se levar pelos passos de dança que fluíam com uma sinistra naturalidade, como se estivesse dançando ao som de uma melodia macabra, composta pelos sussurros de almas perdidas. O calor humano, porém, tornou-se sufocante, uma atmosfera opressiva que a fez sufocar, como se estivesse aprisionada em um caixão estreito, cercada por sombras que ameaçavam devorar sua alma. Cada riso parecia ecoar como o tilintar de correntes enferrujadas, arrastadas por um espectro invisível, enquanto cada conversa soava como murmúrios vazios, sussurrados pelos lábios pálidos de espectros famintos por sua vitalidade. Decidida a buscar um alívio para essa tortura, ela se desvencilhou delicadamente da multidão, que parecia se contorcer como uma massa disforme de sombras dançantes, e atravessou a penumbra da casa em direção ao exterior, como se estivesse adentrando o abismo de sua própria angústia. Ao emergir no jardim, um frescor noturno acolheu-a, acalmando seus sentidos agitados, mas mesmo a brisa suave parecia carregar consigo um sopro de desespero, como se fosse o último suspiro de uma alma condenada. Contudo, o que inicialmente parecia ser um refúgio sereno revelou-se como uma cena inesperada, uma visão digna das mais sombrias narrativas de horror gótico. À sombra de uma árvore frondosa, um trio se entregava a manifestações de afeto intensas, mas não eram gestos de amor inocente e puro. Dois rapazes e uma jovem se enredavam em abraços apaixonados, em uma dança de mãos e lábios que parecia transcender as convenções sociais, mas que também tinha o sabor amargo do pecado e da decadência, como se estivessem brincando com as chamas do inferno, ignorando as advertências das almas atormentadas que clamavam por redenção. A visão deixou Sandrine atônita, seu coração pulsando descompassado diante daquele quadro de i********e exposta, como se estivesse diante de uma pintura macabra, retratando os tormentos do amor proibido. Ela se sentiu como uma intrusa acidental em um momento tão íntimo, uma espectadora não convidada de um espetáculo de amor e desejo que ultrapassava os limites da moralidade e da razão. Recuando discretamente, ela buscou um espaço mais distante, onde pudesse contemplar a cena sem interferir, envolta em um misto de curiosidade mórbida e desconforto, como se estivesse presenciando um sacrifício humano em honra aos deuses das trevas. - Nossa... Aqui rola mesmo de tudo, como o cara da pista de skate tinha dito. O crepúsculo, como um manto sombrio, se estendia sobre a cidade adormecida, envolvendo-a em sua aura gótica. À medida que a luz do dia desaparecia, a escuridão, qual amante indesejado, se insinuava pelas vielas e becos, espalhando um ar de mistério e melancolia. Foi então que, como um lamento profundo que rompe o silêncio sepulcral, um rugido discreto ecoou, reverberando entre as paredes decrépitas das casas antigas. A sombra de um veículo se projetava sinistra contra o horizonte, um Corolla n***o que parecia ter emergido dos recônditos mais sombrios da imaginação humana. Seu último suspiro de vida mecânica conferia-lhe uma aura de decadência, uma presença ameaçadora que contrastava com a pacatez da paisagem suburbana. O carro avançou como um predador silencioso, deslizando pelas ruas desertas até alcançar seu destino final: a casa de Sandrine. Ali, onde as trevas pareciam se reunir em uma dança macabra, o veículo estacionou com um suspiro de seus freios enferrujados. Os vidros elétricos desceram com um gemido melancólico, revelando um vislumbre da luz interna que projetava sombras distorcidas e fantasmagóricas. Do banco do passageiro emergiu Larry, cuja figura se erguia como um espectro da noite, acompanhado por uma mulher cuja beleza exalava uma aura sobrenatural. Era uma loira de semblante enigmático, seus cabelos dourados como os fios de ouro dos contos mais sombrios. Seus olhos, ocultos sob uma névoa misteriosa, brilhavam com uma intensidade que desafiava as próprias sombras, como se carregassem consigo segredos insondáveis dos abismos mais profundos da alma humana. Naquela rua repleta de sombras e mistérios, onde a luz do sol parecia rejeitada, ela surgiu como uma aparição, desafiando as leis do tempo e da decadência. A mulher, de semblante enigmático e olhos que pareciam guardar segredos milenares, possuía uma beleza que transcendia as fronteiras da mortalidade. Sua presença era como uma nota dissonante em meio à monotonia da vida cotidiana, um eco de um passado obscuro e esquecido. Cada movimento seu era um poema em si, uma dança macabra entre o êxtase e a melancolia. Seu vestido, uma tapeçaria de seda n***a, parecia tecido pelas próprias mãos da morte, envolvendo-a em um abraço sinistro que a separava do mundo dos vivos. Seus gestos, suaves e calculados, deixavam no ar um aroma de mistério e perigo, como se cada palavra que saía de seus lábios fosse um convite para o desconhecido. Era impossível não se sentir cativado por sua presença, mesmo que o coração sussurrasse advertências sombrias. Pois aquela mulher não era apenas uma criatura deste mundo, mas sim uma entidade ancestral, uma sombra do passado que retornara para assombrar os vivos com sua beleza macabra e sua aura de eternidade. E naquela rua sombria, ela reinava como uma rainha solitária, envolta em seu manto de mistério e desespero, esperando por almas perdidas que se aventurassem em seu reino de sombras e esquecimento. - É ele! No momento da despedida, um silêncio denso se apodera do ambiente, como se os próprios espectros do destino pairassem nas sombras, aguardando para testemunhar aquele derradeiro momento. Sandrine, com olhos que parecem atravessar a própria essência das trevas, observa com uma intensidade quase sobrenatural cada movimento, como se estivesse decifrando os enigmas de uma pintura feita pelas mãos do próprio ébano. Os olhos de Sandrine capturam um lampejo de i********e na troca fugaz de carícias entre a loira e Larry. Um toque que ecoa como um suspiro proibido, um laço invisível entre os dois que ela desvenda com uma sensibilidade quase dolorosa. O toque sutil da mão da loira na coxa de Larry é como o solfejo de uma melodia sombria, um detalhe que ressoa no vazio da noite, mas que permanece oculto aos olhos alheios, exceto aos daquela que enxerga além do óbvio. Larry, sem mais delongas, desliza para fora do veículo, mergulhando na escuridão como se fosse um protagonista de um drama maldito, cujos capítulos se desenrolam em sombras e mistérios. Ele atravessa a entrada da casa, seu semblante uma máscara de confiança e enigma, como se guardasse segredos profundos sob aquela serenidade enigmática. Seu caminhar ecoa no silêncio da noite como o passo de um condenado em direção ao desconhecido, enquanto Sandrine, observando da penumbra, sente que algo sombrio se insinua na trama do destino, um presságio de desgraça iminente que permeia o ar noturno com sua presença sinistra. Dentro dos velhos e sombrios salões da casa de Berenice, os ecos da festa ecoavam como um sussurro sinistro. Uma sinfonia distorcida de risos, música distante e conversas em murmúrios ressoava pelas paredes de pedra, lançando sombras dançantes que pareciam se contorcer em agonia. Larry, de semblante másculo, deslizava pela multidão como uma sombra fugaz, seus passos ecoando como os de um espectro em busca de sua presa. Seu sorriso, em vez de cativante, era enigmático, carregado de uma atração misteriosa que sugava as almas dos incautos ao seu redor. Enquanto isso, Madana, a governante do macabro recinto, exalava uma aura de elegância, embora envolta em um manto de melancolia. Seus olhos, sombras profundas em seu rosto pálido, iluminavam-se ao vislumbrar Larry, e ela se movia como uma sombra em direção a ele, envolvendo-o em seus braços frios. Seus lábios tocavam sua pele em um gesto de afeto macabro, enquanto suas mãos frias o guiavam através dos corredores sombrios, onde a luz m*l ousava penetrar.
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