A MANSÃO DE CAINA - 05

1387 Words
Enquanto se aproximava do “shopping”, Sandrine sentia uma euforia borbulhante dentro de si, como se estivesse prestes a embarcar numa aventura emocionante. m*l conseguia conter o entusiasmo que a tomava ao pensar em encontrar as suas queridas amigas da faculdade e envolver-se completamente naquela atmosfera de moda e diversão. Ao chegar ao seu destino tão esperado, deparou-se com a suas amigas reunidas animadamente em frente à entrada principal, todas elas exalando expectativas e sorrisos contagiante. Era o começo de um dia cheio de risadas, compras e memórias inesquecíveis. - Sandrine! – Exclamou uma delas, acenando efusivamente. – Estávamos a achar que você ia dar para trás! Vamos arrasar hoje! - Eu? Deixar de vir ao “shopping” com vocês? – Sandrine abre um sorriso radiante, diante daS suas duas melhores amigas da faculdade – Mas nem se chovesse granizo, gelo, neve e torrões de água suja ao mesmo tempo! Com um sorriso contagiante, Sandrine se juntou ao grupo, sentindo-se completamente envolvida pela energia positiva das suas amigas. Juntas, elas adentraram o “shopping”, prontas para explorar cada canto e desfrutar de todas as aventuras que aquele dia prometia. Em meio ao brilho deslumbrante que inundava cada loja de cada canto do “shopping”, Sandrine se aventurava pelos corredores como se estivesse a explorar um reino encantado, onde cada passo a levava a novas maravilhas e cada olhar revelava segredos de um mundo mágico. O mármore reluzente do piso, sob a dança das luzes cintilantes, parecia convidá-la a deslizar como uma bailarina num palco de sonhos, criando uma atmosfera de pura magia e encantamento. As “vitrines”, em vez de meros expositores de produtos, eram como portais para um universo de “glamour” e sofisticação, onde cada peça tinha o brilho de uma estrela e contava uma história fascinante de elegância e estilo incomparáveis. Acompanhada das suas amigas, ela mergulhava nessa jornada repleta de emoção e diversão, onde as risadas contagiantes e os comentários animados sobre as últimas tendências da moda eram como melodias que ecoavam no ar, criando uma sinfonia de alegria e camaradagem. Cada passo era uma descoberta, cada conversa uma oportunidade de se deixar levar pelo fascínio que emanava do ambiente, fazendo com que cada instante se tornasse uma memória preciosa. Entre murmúrios animados e risos alegres, elas entregavam-se ao prazer inebriante de estar juntas, transformando aquele momento numa verdadeira escapada da rotina, um refúgio onde a amizade florescia como um jardim em plena primavera. Longe de ser apenas um lugar de compras, o “shopping” se revelava como um santuário de felicidade e amizade, onde o tempo parecia desacelerar, como se quisesse prolongar cada segundo para permitir que elas desfrutassem de cada instante com a intensidade de um sonho realizado. E, enquanto exploravam os corredores repletos de tentações e encantos, era impossível não se deixar envolver pela sensação inebriante de que, ali, entre tantas opções deslumbrantes, o mundo estava repleto de possibilidades infinitas, como um mar de oportunidades esperando para serem exploradas. Cada “vitrine”, cada corredor, cada risada compartilhada era um convite para viver plenamente, para mergulhar de cabeça num universo onde a magia da amizade e a beleza da vida se entrelaçavam de maneira única e sublime. Entretanto, num instante de puro choque, o mundo de Sandrine, repleto de brilhos capitalistas e distrações, foi abruptamente confrontado com a crua realidade. Foi como se uma rajada de vento gelado tivesse dissipado as ilusões que a envolviam. No meio da agitação das lojas, algo capturou o seu olhar, fazendo-a estremecer até a alma: seu próprio pai, envolvido em um cenário de opulência e traição matrimonial, foi visto por Sandrine em uma das mais caras e renomadas joelharias da cidade. Ali estava ele, envolto numa aura de riqueza corrompida, oferecendo joias cintilantes a duas mulheres desconhecidas para a jovem, enquanto recebia das mesmas, gestos afetuosos e beijos nos lábios, sem nenhum pudor. Dava para ver nitidamente que não eram apenas gestos de amor, mas sim troféus de uma infidelidade do pai, que agora se desvelava diante dos olhos atônitos da filha. Trocas de olhares cúmplices, sorrisos disfarçados... Cada detalhe contribuía para uma trama de traição que dilacerava o coração de Sandrine, tal como se fosse uma ferida aberta, infectada, já gangrenada e cheia de vermes. A jovem permaneceu imóvel, oculta entre os transeuntes que compravam, cheios de sacolas e carrinhos, como uma sombra desapercebida diante do brilho ofuscante das joias que mais pareciam correntes a prender a alma. Uma torrente de emoções tomou conta do seu ser, inundando-a com uma mistura sufocante de raiva e desamparo, pois a imagem da sua mãe, laboriosa e dedicada, agora parecia uma aparição fantasmagórica na sua mente, contrastando brutalmente com a extravagância indulgente do seu pai e daquelas duas mulheres, como se o próprio espectro da traição arrastasse Sandrine para um abismo de desespero e desolação. Os ecos daquele vislumbre de traição do seu pai reverberavam incessantemente pelos recônditos sombrios da sua alma dilacerada, como lamentos agonizantes ecoando numa caverna de desespero sem fim. A jovem estava naquele momento, incrédula ao ver que o seu pai viveu anos de fingimento meticuloso tecido numa teia de ilusões, envolvendo cruelmente a sua mãe e ela num véu de mentiras, enquanto o coração enegrecido do seu pai escondia segredos tão obscuros que desafiavam até mesmo a penumbra mais profunda do abismo insondável da sua própria consciência. Cada respiração da jovem era um suspiro pesado, carregado de culpa e cada batida do coração, uma martelada ensurdecedora de ódio. E ali, no precipício da sua própria ruína moral, Sandrine se via perdida num labirinto de autoengano e dor, sabendo que jamais poderia desfazer a imagem da traição do seu pai, que a mesma deixara para trás, assim que saiu do “shopping”. Sandrine, mergulhada nas sombras dessa teia emaranhada de mentiras, sentia-se como se estivesse enredada num labirinto sufocante de desespero. Cada gesto supostamente paterno, cada olhar gentil que o seu pai tinha, agora se metamorfoseava numa adaga afiada, dilacerando cruelmente a sua alma, deixando-a sangrar num mar infindável de desilusão lancinante. A confiança outrora cega, como pétalas desabrochando em primavera, desfeita em cinzas, espalhando-se como brasas sobre a sua pele, agora consumia-a numa agonia insuportável. O amor do seu pai, que uma vez foi seu porto seguro, agora era apenas uma âncora pesada, arrastando-a para o abismo da desesperança. Em meio a esse oceano de tormento, a jovem se via perdida, lutando contra as correntes que a arrastavam para o vazio, sem nenhuma esperança de salvação à vista. Enquanto se arrastava pelas ruas ao redor do “shopping”, antes iluminadas, mas agora sombrias, as lágrimas nos olhos de Sandrine teimavam em turvar a sua visão, como se o próprio universo compartilhasse da sua tristeza. A luz pálida da lua, na sua dança sinistra, parecia ecoar o vazio que tomava conta do seu coração. Cada passo era um peso insuportável, uma luta contra a correnteza de emoções turbulentas que ameaçavam afogá-la. As sombras, outrora apenas obstáculos físicos, agora se transformavam em manifestações tangíveis dos seus tormentos internos. Cada esquina, cada beco, era um lembrete c***l da sua solidão e desespero. E isso sem contar o vento, que sussurrava segredos obscuros no seu ouvido, como se tentasse arrastá-la para um abismo sem fim. A voz do seu pai na sua mente, uma vez tão suave e calorosa para com ela e tão rígida para sua mãe, agora ecoava com o tom áspero da traição. Os seus pensamentos, outrora preenchidos com a doçura da juventude, agora eram dominados pelo amargor da desilusão. Não era ela a mulher traída, mas estava profundamente amargurada de ódio, como se fosse. Sandrine amaldiçoava o seu pai com uma intensidade que parecia incendiar o seu próprio ser, pois cada palavra carregada era pura dor e ressentimento. O amor que um dia nutriu por ele agora era apenas uma lembrança distante, uma chama extinta pela frieza das suas mentiras e traições. Cada juramento quebrado, cada promessa vazia, era como uma faca cravada no seu coração, sangrando a esperança que um dia alimentou. E enquanto ela continuava a sua jornada solitária, o peso da sua angústia parecia sufocá-la lentamente, como uma corrente de ferro ao redor do seu pescoço, arrastando-a para o abismo da desesperança.
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