Todos conversavam mesmo que o clima ainda estivesse pesado na casa. Entre risos e piadas, conseguiram ter uma boa refeição com exceção de Carly que m*l tocou na comida.
Aysha, no fundo se arrependia de tudo o que já fez a amiga sem que ela soubesse e mais ainda por hoje, não deveria ter ido como afronta e nem se insinuado daquela forma para Park.
Mas, imaginava que Joshua não ficaria com ciúmes o que ela achou absurdo. Mas no fundo, não era ciúmes que Joshua sentia e sim medo de que ela enfiasse os pés pelas mãos e perdesse a vida que tinha com a esposa e todo o amor que ela tinha acabasse e não estava preparado para perde-la.
O mesmo quase deslize que Joshua cometeu ao quase falar o que não devia. A raiva era tanta pela afronta de Aysha com ele, que quase fez a esposa sofrer ainda mais do que já estava sofrendo.
Enquanto os convidados ainda estavam na casa, Joshua não desceu. Estava envergonhado pela crise desnecessária que teve na frente, principalmente do amigo e ao ver o olhar assustado da esposa, se sentiu m*l por tudo o que causou.
Após o jantar e sobremesa, não havia mais clima para estenderem a noite em uma conversa. Park tratou logo de se despedir após uma xícara de café e Aysha aproveitou a deixa para sair também.
Como ambos vieram de carro, saíram nos seus veículos rumo a lados opostos. Naquela noite, Park esteve pensando e percebeu que o amigo não estava irritado com a esposa e sim com a amiga deles. Aquilo o deixou intrigado, mas resolveu deixar para lá pelo menos por enquanto já que não era da sua conta.
Mandou uma mensagem para o amigo agradecendo pelo jantar e que em breve seriam convidados para um, em retribuição pela hospitalidade. Não quis ser indelicado ou invasivo se metendo ou até mesmo pondo mais sal na sua ferida. Quis ser gentil como sempre.
Viu que o amigo visualizou e não respondeu, o que para ele foi normal a atitude já que mostrava estar com vergonha. Colocou o celular na mesinha de cabeceira foi tomar um banho para descansar já que no dia seguinte iria voltar para a sua cidade.
Já Aysha, enviou uma mensagem para a amiga avisando que havia chegado em casa e perguntou se ela estava bem. Carly, assim que ouviu o celular vibrar sobre a bancada da cozinha, já que estava lavando os pratos e guardando o restante da comida que sobrou em potes para pôr na geladeira, enxugou as mãos e se sentiu triste ao ler a mensagem.
Respondeu a amiga que estava bem mas no fundo ainda estava abalada com que aconteceu. Carly deixou de colocar os pratos e panelas na máquina de louça só para lavar cada uma ao nível de extravasar a sua tristeza.
Lágrimas rolam por seu rosto pensando no que tinha feito ou que aconteceu para Joshua estar daquele jeito. Não entendia como ele estava tão bem para de repente se transformar.
O seu celular mais uma vez toca e era o seu pai. Enxugou o rosto mesmo com a mão úmida já que havia enxugado com o pano de prato e atendeu.
Tentou parecer calma, feliz, mesmo que estivesse se sentindo a pior do mundo.
- Oi pai!
- Filha, que saudades! Como você está?
Por mais que ela tentasse o enganar, o seu pai conhecia e muito a filha que tem e sabia que Carly não estava bem. O silêncio por alguns segundos se manteve entre eles e após ouvir um longo suspiro, escutou a voz da sua filha tentando parecer mais animada.
- Estou só cansada pai. Tive um dia cansativo e hoje, jantamos eu, Joshua, Aysha e um amigo dele da faculdade que vieram.
O senhor Clifford assim como não gostava de Joshua, apesar que se davam bem, havia algo nele que não inspirava confiança, mas pela filha fazia de tudo para vê-la bem e feliz. Já Aysha, ele também não gostava e não fazia a menor questão em demonstrar o seu descontentamento pela amizade delas. Sentia naquela mulher, a inveja e que não é verdadeira com a filha há léguas de distância.
Revirou os olhos ao ouvir falar o nome dela, mas para não aborrecer a filha não dizer o que pensa sobre Aysha, resolveu perguntar como foi o jantar.
- E como foi o jantar?
- Ah... foi tudo maravilhoso! – Mente.
Pelo tom de voz da filha, foi imperceptível perceber algo. Mas continuou a indaga-la pois, queria estar presente na sua vida mesmo que estejam longe.
- Conta mais filha. Esse amigo do seu marido é um homem bom. Qual o nome dele?
- Ele se chama Park. E sim, ele é um homem bom. Gentil, educado e respeitador.
- Diferente do seu marido né minha filha! – Torceu a boca por não conseguir deixar de alfinetar sobre Joshua.
- Pai! – O repreendeu sorrindo.
Carly sabia da implicância do pai e ao seu ver, o seu marido era um homem bom e como nem todos são iguais, tinha o seu jeito diferente dos outros mas nada alarmante.
- Ah, esqueça! Você está tão encantada por esse homem, que não vê o óbvio.
Agora ela ri abafado.
- Senhor Clifford não muda hein. Sempre o ciumento em grau máximo na minha vida.
Ambos riram, até que o seu pai que não queria falar sobre Aysha a perguntou curioso.
- E a sua amiga, não se interessou pelo amigo do seu marido não?! Apesar que acho que o coitado sofreria, mas...
- Papai! O senhor e a sua língua hein. – Ela o interrompe e continua. - Mas, ela até que se interessou, mas ela voltou para o namorado que tinham brigado.
- Ah filha me desculpa, mas essa sua amiga não me desce. Mas, você falou que ela voltou para o namorado. E desde quando ela namora?
- Pai o senhor está impossível! Ela namora como todo mundo apesar de nunca tê-lo conhecido ainda.
Eliot Clifford achou estranho e apenas murmurou um “Hum”, como se a informação fosse algo irrelevante. De fato era, mas agora queria mesmo conversar com a sua filha que agora estava do jeito que sempre a viu. Calma e feliz.
Conversaram mais algumas coisas e mesmo a contragosto pelo seu pai, encerraram a ligação.
De volta a pia, colocou o celular na ilha e terminou de lavar as louças. Respirou fundo pegando o aparelho de volta e apagou as luzes seguindo para a escada que dava para os quartos.
Subiu como se Carly se arrastasse presa a algo nas pernas. Na verdade, estava adiando encontrar com o marido e agora não havia mais jeito. Mesmo chateada, precisavam conversar. Nunca o vira assim antes.
A porta do quarto estava entreaberta com a luz de um dos abajures ligado deixando a meia luz no ambiente. Viu de imediato o seu marido cabisbaixo, segurando a cabeça com as suas mãos que estavam com os cotovelos apoiados sobre as pernas.
Mesmo sendo uma casa nova, o ranger da porta denunciava a chegada de Carly naquele quarto. Ergueu a sua cabeça e olhos envergonhados a fitaram naquele momento.
Percebendo o semblante da esposa decepcionado e tristonho, sentiu-se m*l por ser o causador daqueles sentimentos.
O abrir de boca, fez com que Carly o encarasse séria e espalmasse a mão no ar para que ele não falasse nada naquele momento.
- Vou tomar banho e já volto para conversarmos. – Disse seca.
Entendendo o seu gesto, se encolheu e fechou a boca balançando a cabeça concordando. Carly fechou a porta do quarto e caminhou em passos largos até o banheiro sem olhar para o marido para não fraquejar, já que sentiu o coração apertado por vê-lo daquele jeito, com o semblante derrotado.
Mas, como queria lhe dar um castigo, seguiu de cabeça erguida passando por ele ouvindo o seu suspiro pesado e se trancou. Retirou aquela roupa, se olhou no espelho e viu na sua imagem que ela também estava com o semblante diferente, até o brilho no olhar havia sumido. Respirou fundo e entrou no box. Ligou o chuveiro e por alguns longos minutos, tomou o seu banho, imersa nos seus pensamentos sobre aquela noite.
Assim que terminou, se enxugou, passou o seu hidratante no corpo e vestiu um roupão de banho. Saiu do banheiro e ao passar por ele, sentou distante na poltrona que havia em frente a cama. Os dois se olharam em silêncio até que a mesma o quebrou com uma voz fria.
- Agora podemos conversar.
Joshua suspirou a assentir. Depois do vexame, era o momento de enfrentar a vergonha depois do ato, melhor dizendo, depois da tempestade...
Continua...
Pelo visto, depois disso tudo, levantará suspeitas na mente da Carly ou será que não?
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