DESTEMIDA

Capítulo 10: O mau humor de Joshua

Enquanto bebiam, apreciavam os petiscos e conversavam animadamente, Joshua se mantinha calado com um semblante carregado.

Os únicos que perceberam o seu mau humor foi Aysha e Park que virava e mexia, o olhavam de relance sem levantar nenhuma suspeita o desconforto para Carly.

- Bem, eu vou esquentar o jantar. Estava tão ansiosa que preparei um pouco cedo. Espero que gostem, fiz comida simples, mas muito saborosa. – Disse levantando-se e seguindo para a cozinha.

- Com licença, vou ver se Carly precisa de ajuda. – Colocou o seu copo de marguerita na mesinha e seguiu a amiga deixando os dois homens na sala.

Joshua, seguiu Aysha com os olhos até perde-la de vista. Bufou enraivecido e virou num só gole o vinho na sua taça de vez. Os olhares atentos do amigo, percebeu que tinha algo errado. Preocupado, o indagou ao colocar a mão sob o seu ombro.

- Joshua, está tudo bem meu amigo?

- Sim, está. – Suspirou passando a mão pelos cabelos.

Mesmo sabendo que o amigo não estava bem, não quis entrar em detalhes e nem o questionar mais. Tomou mais um gole do seu vinho e deliberadamente, viu o amigo encher mais uma taça da garrafa que estava sob a mesa já na metade.

Enquanto isso, as mulheres estavam num papo agradável sobre algumas coisas do dia a dia, quando Carly resolveu engatar uma conversa a respeito da amiga com Park, e então perguntou enquanto resolveu de última hora fazer mais uma salada com alface, agrião e rúcula.

- E então Aysha, gostou do Park?

Sorrindo maliciosa, Aysha bebe um gole da sua marguerita e assente.

- Gostei, mas creio que não vai rolar. – Fez um beicinho.

De relance, Carly a encara sem entender, já que percebeu que os dois só eram olhares e sorrisos.

- Porque diz isso? Ele parece muito que gostou de você e não venha dizer o oposto da sua parte, porque percebi o seu jeito de olhar para ele também. Safada! – Sorriu.

Uma sonora gargalhada jogando a cabeça para trás, Aysha dá e após se recompor, olha fixamente para a amiga com um brilho diferente no olhar que nem mesmo Carly fora capaz de identificar.

- Não amiga. Ele é bonito e também interessante, mas confesso que não vai rolar porque antes de chegar aqui, lembra do namorado que tinha na faculdade e quando começamos a residir no hospital?

- Sim e me lembro até que ele era uma incógnita já que nunca o vimos e não só eu como Joshua e acredito que a universidade inteira, pensava que ele não existia. – Um riso nasalado, é ecoado.

Aysha força um sorriso e cerra os punhos. Estava com raiva por sua amiga falar com tamanha zombaria a despeito do namorado que tinha. Só que não deixava de ter razão já que não podia o apresentar por ser um homem compromissado com outra e que só terminaram porque ele foi quem deu um ponto final para se casar e por crise de consciência. Mas agora, faria diferente.

Principalmente, porque não admitia o término assim tão fácil. Caso não desse mais certo, era ela quem deveria terminar e não o oposto.

- Mas dessa vez é diferente. Nos encontramos e resolvemos nos dar novamente uma chance. Em breve você saberá quem ele é. – Mente com um sorriso largo e dá uma piscada para a amiga que sorri.

Colocando a outra salada pronta sobre a ilha, Carly lava as mãos na pia e ao enxugar no pano de prato que estava pendurado ao lado, fitou a amiga e com um sorriso meigo e doce, colocou o pano sobre o porta-toalhas e a abraçou pegando-a desprevenida.

Aysha demorou alguns segundos para retribuir o abraço, não esperava por aquela reação de Carly a sua amiga. Sentiu até uma angústia no peito ao ver o quanto a amiga era tão boa e não merecia o que já fez e confabula fazer novamente.

- Fico feliz que você o tenha encontrado de novo e se darem uma chance. Mas não deixe ele fazer mais isso de novo.

Com o nó na garganta e se sentindo um lixo, abraçou mais apertado a amiga por cobiçar tanto um homem que nunca foi dela. Que nunca lhe deu o devido respeito e nem a namorada e depois noiva e agora esposa foi dado, senão, não havia a traído com ela.

- Pode deixar, não vou.

As duas sorriem em meio ao abraço. Percebendo a demora de Carly e Aysha, Joshua pediu licença ao amigo alegando que ajudaria a esposa mas ao entrar na cozinha, se deparou com uma cena que fez o seu humor ficar ainda mais ácido.

- Que palhaçada é essa aqui? – Vocifera com os olhos injetados de raiva.

As amigas que estavam abraçadas, se assustam com o rompante de Joshua que chegou como se estivesse possuído. Ambas se afastaram com olhos arregalados e Carly se aproximou lentamente do marido que encarava naquele momento Aysha que engoliu em seco e respirava com dificuldade.

- Amor, o que foi. Porque você está desse jeito? – Colocou a mão em seu rosto tentando acalma-lo.

Estreitando os olhos, Joshua encarou a esposa com uma raiva que ela nunca tinha visto antes que a deixou estranhamente apreensiva por medo de ter feito algo que o aborrecesse e abruptamente, retira a sua mão com violência do seu rosto. Passou a mão por seus cabelos várias vezes e riu ironicamente.

- Que jeito que eu estou?! Você gostaria de me ver atracado assim com algum “amigo” escondido? – Está totalmente transtornado.

Não só Carly, mas Aysha ficaram incrédulas com aquele rompante e totalmente envergonhadas com a atitude de Joshua. Além de estar alterado pela bebida, estava sendo totalmente s*******o com aquela atitude.

- Joshua, acho que não precisa disso tudo, eu e a Carly estávamos apenas conversando e nos abraçamos como sempre fizemos. Afinal, sempre fomos amigas.

Rindo com escárnio, Joshua olha em direção a Aysha com desdém.

- Grande amiga é você que sempre corre atrás...

Ele ia falar além do que devia que Aysha arregalou os olhos ainda mais e boquiaberta não acreditava que Joshua seria capaz, mas sim, ele seria. Se não fosse Park adentrar na cozinha preocupado pelos gritos que chegaram a sala.

- Com licença, está tudo bem aqui?

Joshua, percebendo a gravidade do que ele faria se não fosse interrompido, se calou e deu uma lufada de ar violenta olhou para as duas mulheres que estavam paradas sem entender o seu rompante, meneou a cabeça e saiu indo em direção a escada para o banheiro que há no corredor jogar uma água no rosto.

Enquanto isso, Carly levou a mão ao coração ainda trêmula pelo jeito agressivo que o marido estava e Aysha colocou a mão na testa e respirando aliviada por Joshua não ter dito nada.

Park olhou ao redor e em seguida os seus olhos intercalava entre as meninas, foi ao armário que acreditava ter copos e por coincidência abriu a porta certa. Pegou os copos e foi ao filtro que já acoplado na torneira e colocou água para as duas.

Entregou a cada uma o líquido transparente e Carly pelo nervosismo, acabou desabando sob uma cadeira da pequena mesa que há no canto da parede na cozinha. Agradecidas, beberam a água e Park puxou uma cadeira sentando frente a esposa do amigo.

- Vocês estão bem. Está melhor Carly? Posso chama-la assim?

Sorrindo fraco, Carly apenas balançou a cabeça concordando e bebendo o restante da água e agradeceu.

- Obrigada! Já estou melhor. Me desculpe, mas nunca vi Joshua assim antes.

- Está tudo bem. Não se preocupe. – Disse gentil.

Percebendo Aysha quieta olhando para o nada, Park a indagou.

- Você está bem Aysha?

Voltando a si, Aysha sorriu e assentiu. Bebeu a sua água e colocou o copo na pia.

- Bem, vamos jantar então Carly?

Não tinha mais clima. O marido havia estragado tudo e a mesma nem sabia o porquê. Estava com os olhos marejados e fungou. Tinha vontade de fugir para o quarto e se trancar lá. Mas não podia fazer desfeita aos amigos. Não depois do que Joshua fez.

Enxugou o rosto que nem percebeu que havia deixado algumas lágrimas cair e sorriu para os dois que a observavam em expectativa.

- Quer saber... vamos jantar! – Se pondo de pé e parecendo tirar a poeira do vestido.

Park e Aysha se olharam e sorriram. A amiga não perdeu tempo em elogia-la.

- Isso mesmo amiga! Nada de deixar a peteca cair.

Mesmo triste, Carly sorriu e assentiu. Aysha e Park a ajudaram levando as travessas para a mesa.

Após aquele incidente na cozinha, Joshua não desceu mais até que não houvesse além dele na casa, a esposa. A sua vergonha era tamanha que não conseguia encarar ninguém depois do vexame.

Continua...