Com os braços erguidos em rendição, Aysha caminha na direção de Joshua o encarando maliciosamente.
O mesmo se mantém do mesmo jeito, com os punhos cerrados e o maxilar travado. Era nítido a sua raiva por aquela mulher.
Ela segue num andar sensual até a cadeira frente a sua mesa. Senta-se de forma depravada cruzando as suas pernas mas antes, com a sua saia lápis preta justa ao seu corpo com curvas avantajadas, mostrou estar sem calcinha. E então, deu aquela cruzada fazendo Joshua engolir em seco.
Desviou o seu olhar para encara-la. Mesmo com a sua voz falha e rouca, ele resolveu deixar bem claro que não haveria mais nada entre eles, o que de fato desde o seu casamento que o caso já não existia mais.
- O que você está fazendo aqui Aysha? Já disse a você que não haverá mais nada entre nós. Tudo o que houve foi um erro. – Fala com tanta convicção que mais parecia fazê-lo acreditar naquelas palavras do que a ela.
Rindo abafado, Aysha meneia a cabeça negando a acreditar naquelas palavras. Sabia bem que não foi um erro, ou mesmo estava tentando se enganar.
Não estava disposta a terminar algo que lhe fazia bem. Ao invés de responde-la, preferiu como resposta, fazer uma pergunta.
- Do que você tem medo? – As suas mãos estão unidas na altura dos seus s***s com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira.
Joshua ficou atordoado com a pergunta. Desviou o olhar e ficou pálido. Ao recuperar-se do seu atordoamento, estrondou dando um murro na mesa a fazendo dar um pulo na cadeira.
- Como ousa me afrontar desse jeito?! Eu não tenho medo de nada Aysha. Não teste a minha paciência e nem pague pra ver com esse seu joguinho ridículo!
Os olhos estavam arregalados o olhando assustada. Aysha sentiu o medo percorrer por todo o corpo. Gaguejando, ela tenta virar o jogo.
- Não estou jogando. (Respirou fundo afim de controlar as emoções e continua). – Estou apenas constando os fatos. – Se ajeitou na cadeira se sentindo incomodada pelo olhar que Joshua lhe lança.
Com a sobrancelha arqueada, Joshua sente vontade de rir da sua convicção e postura de quem está no comando. Girou a sua cadeira erguendo o seu corpo atlético e forte.
Em passos lentos, caminhou até Aysha que o olhava atenta e sentia o coração disparar a cada passo que ele dava em sua direção.
Inclinou o seu corpo ficando com o seu rosto da mesma altura que o dela. Colocou uma mão de cada lado nos braços da cadeira e a encarou. Os olhos cristalinos de Aysha tinha um vislumbre do medo lhe percorrer.
- Você se acha muito confiante não é?! Acredito que você tenha os seus medos e não eu. Ora, eu posso perder a minha esposa caso você revele sobre o que tivemos, mas e você, o que perderá? Além da amiga, o que você pensa que me chantageando eu vou ceder e não vai me perder. Mas não se pode perder aquilo que não tem. – A sua voz é fria e indiferente.
Antes que pudesse se afastar, mesmo que aquelas palavras fossem como facas afiadas no seu coração, ela o puxou.
Colou os seus lábios ao dele mesmo que fosse a repelir, precisava tentar. Para a sua surpresa e frustração, ele o fez.
Mas o que lhe doeu, foi o que fez a seguir. Passou o dorso da sua mão sobre os lábios e se afastou furioso com cara de nojo.
- Nunca mais, ouça bem, nunca mais ouse me beijar, você entendeu?
Aysha estava estática. Tentou falar algo mais a voz não saía. Sentiu a rejeição com aquele ato e o pior, ele sentia nojo dela. O seu olhar enojado a deixou perplexa e sem reação alguma.
Foi preciso ele gritar para que ela despertasse da sua inércia.
- Aysha!
- Hum... – Resmungou.
- Você está me escutando, eu disse para você nunca mais fazer isso entendeu?
Ela apenas balançou a cabeça afirmando e de modo automático, saiu do escritório de Joshua sem olhar para trás ainda trêmula. O mesmo ficou a observando sair e suspirou passando a mão pelos cabelos.
- Mulher maluca. Depois dizem que os homens tem que entender que não é não, mas e as mulheres, não tem que entender o mesmo quando dizemos não?!
Por fim, ajeitou as suas coisas, deu de ombros e ao pegar as suas chaves, passou pela porta e cumprimentou a secretária despedindo-se para retornar para casa.
Joshua estava tentando ser fiel a sua esposa, mas estava ficando cada vez mais difícil essa situação, queria falar para Carly que a sua amiga o estava assediando mas os medos que estavam o rondando vieram a sua mente com força total. Sabia que se revelasse algo do tipo, poderia colocar o seu casamento em risco, mas não era bem isso que queria. Então, achou melhor deixar de lado por enquanto essa opção em lhe falar a verdade, até porque, ele havia colocado um ponto final na relação deles e esperava que agora, Aysha o deixasse em paz.
Durante o caminho, sentiu que estava muito ausente na relação e resolveu seguir até uma floricultura e comprar flores para a sua esposa.
Mas é como o ditado diz, quando se tem algo errado acontecendo ou aprontando e isso envolve até a consciência pesada, o parceiro sempre irá trazer presentes e para te agradar sem nem ser uma data comemorativa ou especial quando não tem o costume de não o fazer.
Comprou um grande buquê de peônias e colocou no banco do carona para entregar-lhe assim que chegasse.
Na sua casa, Carly havia acabado de chegar e estava muito cansada. A sorte que ela faz o preparo das refeições para a semana e só restava esquentar sendo mais prático e rápido.
Por estar muito cansada, estranhou porque o dia não foi tão puxado como nos últimos dias. Talvez fosse pela noite que teve com o seu marido que lhe sugou as energias. Sorriu ao pensar no que aconteceu noite passada.
Subiu para o quarto e tomou um belo e bom banho. Vestiu o seu pijama de algodão de short e camiseta verde prendendo os cabelos num coque frouxo e seguiu para a cozinha.
De repente, sentiu um aperto no peito como um pressentimento de algo aconteceria, mas logo espantou aquela sensação e se focou em esquentar o jantar. O seu celular que estava sob o balcão, apitou. Era uma mensagem.
Estranhamente se sentiu incomodada ao ver o nome da amiga brilhando. Ao abrir, ficou surpresa por nesses últimos tempos, a sua amiga estar tão solícita. Viu na mensagem a sua amiga pedindo dicas de como seduzir um homem e aquilo soou de forma bem esquisita.
“Como assim ela quer que lhe passe dicas sobre isso, se ela mesma quem foi sempre a mais atirada pros homens?” – Pensou.
Respondeu a amiga que não sabia bem o que ela queria saber na mensagem mas nem prolongou muito a conversa por ouvir a porta da sala se fechando.
Deixou o celular de lado e viu quando seu marido chegou com um imenso buquê de flores.
- Oi amor. Como foi o seu dia? – Se aproximando do marido lhe dando um selinho rápido admirando o imenso buquê nas suas mãos.
Retribuindo o selinho com uma das mãos segurando a sua cintura, os lábios se afastam e Joshua lhe entrega o buquê. O brilho e sorriso da esposa eram únicos e aqueceu o seu coração.
- Para você meu amor.
- São lindas. – Diz se afastando com o buquê nas mãos levando-os ao nariz e sentindo o seu suave perfume.
Foi até a cozinha com o seu marido a seguindo. Pegou um grande vaso de vidro craquelado transparente do armário enchendo-o de água e colocando sobre o balcão, desfazendo o buquê e colocando cada item no vaso. Joshua pegou uma jarra de água sobre o balcão e despejou um pouco do líquido sobre o copo e levou a Boca.
Pensando em algo, Carly olhou para o marido e perguntou.
- É alguma ocasião especial para receber essas lindas flores querido?
Joshua achou estranho a pergunta, mas não percebeu nada nas entrelinhas e respondeu tranquilamente.
- Não, por que? – Tomou um gole da sua água a olhando desconfiado.
Carly dá de ombros e continua.
- Dizem que quando o companheiro dá algo a sua parceira sem ser uma ocasião especial, é porque esconde algo da esposa.
“Splat”, o baque do copo socado no balcão e se espatifando assustou Carly.
Ela deu um pulo e ao olhar em direção ao marido o viu ofegante com um olhar sombrio a encarando.
- Não sabia que dar um presente para minha esposa daria o direito de pensar errado de mim, o que, não posso mais te presentear agora sem ser uma ocasião especial?!
- Joshua! – Espantada com a sua atitude, só conseguiu pronunciar o nome do marido com dificuldade.
- O quê?! – Murmura.
- Eu só falei brincando amor. Não precisava disso.
Joshua suspirou pesado e a encarou com cara de poucos amigos.
- Vou subir. Não dormirei essa noite no mesmo quarto que você. Irei para o quarto de hóspedes.
Assustada, Carly o indagou.
- Joshua, não precisa disso amor. Só foi um m*l entendido.
- Sendo ou não um m*l entendido estou chateado com isso. Boa noite e ah, não me espere para o jantar. Perdi a fome.
Abriu a mão deixando cair os cacos que estavam na sua palma e alguns deles com um pouco de sangue deixando uma Carly boquiaberta. Não entendia porque ele estava fazendo isso, mas se sentiu culpada por ter feito aquela brincadeira sem sentido.
Joshua, girou os calcanhares e subiu para o quarto de hóspedes. Antes, passou no seu quarto pegando seus produtos de higiene, a sua toalha e roupas e foi para o quarto ao lado. Trancou a porta com o trinco por dentro para que Carly nem pensasse em abri-la usando a chave reserva.
Tomou o seu banho, fez de qualquer jeito um curativo na mão, deitou na cama e dormiu.
Já Carly, depois que o marido “explodiu” com a sua brincadeira, limpou os cacos jogando-os no lixo e subiu para o quarto. Teve esperanças de que o marido estivesse lá, mas ao ver o cômodo vazio, suspirou sentindo a tristeza tomar conta do seu coração.
Deitou na sua cama em posição fetal e chorou até dormir. Naquela noite, nenhum deles comeu nada e dormiram em quartos separados.
Continua...