Joshua se recusava a erguer seus olhos para encarar o seu pai. A dor excruciante estava no seu peito martelando e lhe avisando o que estava para acontecer.
Não queria aceitar, pelo menos não agora. Não no momento em que acertou as arestas com o seu pai. Não por ele estar doente, mas porque Alfred se arrependeu ao perceber que a vida é como um sopro e que devemos valorizar cada momento unicamente.
Porém, o preço a se pagar veio alto. Tão alto que já não tinha mais como pedir perdão por tudo o que fez. Se pudesse, ah se pudesse, regressar ao tempo, com certeza teria feito diferente. Alertaria a esposa de que a cunhada não estava com boas intenções de uma forma a pôr sem ao menos a esposa intervir para fora da sua casa a cunhada que tanto queria ferir a própria irmã por mera inveja. E ele, mais do que ninguém, não traria tanta dor e destruição ao casamento por ter se deixado levar pir alguns momentos que até mesmo a esposa o proporcionava.
Agora era tarde e só restava pedir ao universo e a Deus, que se houver uma outra vida além daquela, que reencontrasse com a sua amada quando ela partisse e reencarnasse, faria tudo diferente para não magoa-la e a amaria como se deve, sendo venerada.
Sua mão fria e fraca, envolve as costas do filho que chora sobre seu abraço em que as lágrimas derramam sobre sua bata hospitalar e com a pouca força que lhe resta, acaricia as costas do filho tentando lhe passar coragem.
- Shiii. Não se preocupe nem fique assim meu filho, está tudo bem. – Sua voz sai fraca tentando parecer forte para Joshua.
Alfred sabia o quanto o seu filho estava sofrendo, não só por ele, mas pela separação com Carly que somente ele além do casal, sabia do inevitável, divórcio. Só que da parte da família da sua ex nora, Brenda que era sua confidente e amiga além de cunhada, sabia também o que acontecia.
Fungando, Joshua levanta a sua cabeça com seus olhos opacos e sem vida, somente brilhando pelas lágrimas que derramava. Enxugou o rosto abruptamente com a sua palma, pois, não queria deixar o seu pai pior do que estava.
Seu pai lhe sorriu ternamente. Antes que não aguentasse mais, murmurou mais algumas palavras.
- Sei que lhe pedi antes, mas te peço perdão mais uma vez. E não esqueça, seja melhor que um dia eu fui.
Pressionando os lábios para conter que as lágrimas rolassem por seu rosto inutilmente falhando, apenas balançou a cabeça confirmando.
Uma enfermeira acabava de entrar no quarto e colocando a bandeja de metal sobre a mesinha ao lado da cama, pega a seringa com um medicamento para acalmar e anestesiar para que o pai de Joshua não sentisse dor. Eram muitas emoções e mesmo que sabiam do quadro clínico de Alfred, estavam tentando ao máximo mantê-lo vivo.
Assim que ela saiu, Joshua beijou a testa do seu pai e com as testas encostadas, murmurou antes que o pai adormecesse.
- Descansa pai e não me peça mais perdão. Já o perdoei de coração.
Seu pai sorriu e os olhos pesaram até que os fechou e adormeceu.
Enxugando seu rosto, olhou mais uma vez para o pai e saiu. Ao estar fora do quarto, sua irmã se aproximou e ambos se abraçaram.
Ao se afastarem, seguiu até a mãe e Philip e os abraçou.
Pediu licença aos três e saiu corredor a fora para fazer uma ligação. Precisava falar com alguém e seria a sua ex-esposa.
Com os dedos trêmulos, discou o seu número e esperou que a mesma o atendesse.
No terceiro toque, atendeu a sua ligação um tanto impaciente.
- Joshua, estou trabalhando. Se não for importante, vou desligar.
- É o meu pai. Ele está morrendo.
Houve um silêncio do outro lado. A dor cada vez mais era lacerante no seu coração. Estava em frangalhos.
- Aonde você está?
- No hospital central em Springfield.
Por mais que Carly não quisesse contato, jamais o abandonaria nesse momento, afinal, tinham uma amizade antes de iniciarem o namoro e agora, precisava manter pelo menos a boa convivência pelo bem do filho que teriam.
Suspirando, respondeu.
- Estou indo para aí.
Antes que Joshua pudesse protestar para que Carly não viesse devido ao seu estado, ela já havia desligado. Restava agora esperar.
Voltou para onde sua irmã, mãe e padrasto estavam e se sentou. Ficou imerso nos pensamentos que nem ouviu a sua mãe o perguntar sobre a nora. Philip, vendo o seu estado cochichou algo com a esposa que se calou abraçada ao marido.
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Em Shelburn Falls, Carly estava distraída quando Ander se aproximou.
Ambos estavam no seu intervalo após uma micro cirurgia num bebê recém-nascido que tinha uma cardiopatia congênita e precisavam fazer uma cerclagem pulmonar de emergência, já que o bebê estava cianótico no ato do nascimento quando Joshua ligou e irritada por nem bem terem se divorciado e já estava ligando, respondeu rispidamente.
Quando soube que o ex-sogro estava morrendo no hospital, teve a certeza de que Alfred não estava mesmo bem ao perceber o quão pálido e magro estava ao vir falar com ela.
Agora estava ali, entre a cruz e a espada para ir até Springfield prestar solidariedade a alguém que querendo ou não fez parte da sua vida como casal e fará como pai do seu filho.
- O que foi minha linda que está pensativa? – Beijou a sua bochecha.
Carly estava tão distante que não se importou quando Ander a beijou no rosto estranhando ela estar assim.
De repente, seu rosto se virou na sua direção e o indagou.
- Ander, você topa ir comigo a Springfield? O pai de Joshua está morrendo e queria que fosse comigo.
Mesmo que não gostasse muito da ideia, entendia a atitude da amada. Sorrindo, assentiu colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
- Sim, vou com você, até o fim do mundo se preciso fosse.
Dando um leve tapinha no seu ombro, Carly ri.
- Bobo!
Seus olhos brilharam e então, continuou. Sorriu agradecida.
- Muito obrigada Ander. Vou ao vestiário me trocar, sairemos no final do plantão está bem?
Ele apenas acenou a cabeça concordando.
Carly seguiu para o vestiário e Ander estava intrigado. Quando ligou para Christian para avisa-lo. Mesmo com os dissabores que tinham, não seria alguém sem coração nesse momento.
Já Carly, assim que chegou ao vestiário para trocar sua roupa cirúrgica pela que veio de casa e o seu jaleco, se escorou na parede sentindo uma cólica levando as mãos a barriga.
Fez o processo de inspirar e expirar algumas vezes para manter a calma e também tentando controlar a dor.
Logo, o seu rosto ficou pálido e com os olhos fitando o teto do vestiário ate que os fechou, e depois de várias tentativas, a dor foi se esvaindo e seu corpo foi se acalmando.
Levou as mãos ao meio das pernas como sinal de alerta e respirou aliviada por não ter nada de anormal. Sorriu e deu de ombros, deveria ser somente o útero expandindo para acomodar bem o seu bebê, afinal, em breve, faria 4 meses. Pelo menos era o que pensava.
Abriu o seu armário e então pegou as suas coisas e foi se trocar. Ainda teria atendimento até o final do expediente e depois de fazer o seu trabalho passaria na sala de Christian e depois sairia com Ander rumo a Springfield. Mesmo que Joshua não gostasse, teria que entender que agora não eram mais casados e por enquanto, estaria indo com Ander como amigo, mas logo as coisas mudariam...
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Já era meio da tarde quando Aysha recebeu uma ligação. Era Catarine quem estava ligando.
Vendo quem era, ignorou a mensagem e continuou a preparar a sua mala para a viagem que faria no fim de semana até que chegou uma mensagem.
“Vou me vingar da sua amiga. Por culpa dela, fui suspensa"
Franziu o cenho ao ler aquela mensagem. Não acreditava que Carly fosse alguém que gostasse de prejudicar alguém, mas conhecia bem aquela enfermeira para saber o quanto ela era venenosa com a língua e as palavras.
Agora estava ali indecisa se ligava ou não de volta até que antes de tomar tal decisão, a porta do seu quarto se abriu. Era a sua prima que a olhava em desaprovação.
- Julie não fique assim. Eu vou com David ele prometeu que iria comigo. Então não há o que se preocupar.
Dando de ombros, tentou parecer indiferente.
- Se você está dizendo...
Aysha sorriu e caminhou até a prima a abraçando. Deu um estalado beijo na sua bochecha e parecia que a prima começava a amolecer.
- Você não deixe de me ligar assim que chegar lá e qualquer coisa já sabe...
- Que eu ligue para você e a terapeuta. Não se preocupe, vai dar tudo certo.
Não muito convencida disso, Julie acaba concordando. Tem esperanças de que a prima desista de ir, mas a mesma sente a necessidade já que soube que Carly está grávida e os dois se divorciando se é que já não haviam o feito.
Continua...