Carly já estava de volta a sua rotina. Trabalhou até o último paciente um menino surdo e mudo que estava sentindo dores no abdômen e como se especializou em libras, conseguiu conversar com o menino e descobriu através de um exame que explicou ao mesmo que faria e que não doeria, no exame de ultrassom, detectou uma pequena hérnia que queria se romper.
Imediatamente, foi encaminhado ao centro cirúrgico e o que a surpreendeu, foi um garoto de 1.45m de 8 anos ter aparecido no hospital sentindo dores sem a presença de um responsável.
Passado alguns minutos que a cirurgia foi concluída, já que não podiam perder tempo naquela situação e a mesma se responsabilizou pelo seu paciente, a mãe do garoto de nome Michael chegou do trabalho desnorteada.
A mãe havia informado a Carly que mesmo sendo sua folga, precisou cobrir uma colega no mercado onde trabalha. Deixou o menino sob os cuidados da vizinha que sempre que precisava, ficava com o filho como babá.
Não sabia o que houve para o menino ter vindo sozinho e com isso, Carly a informou todo o procedimento que foi feito e como era algo emergencial, interviu como sua médica naquele momento.
Muito grata, a mãe de Michael a abraçou no meio do corredor deixando-a vermelha por ser pega desprevenida e por ser tímida.
Entraram juntas no quarto do menino que estava levemente sedado. Carly explicou tudo e passou todos os procedimentos pós cirúrgicos para quando tivesse alta.
Assim que acabou de conversar com a mãe, pediu licença e saiu do quarto os deixando a sós.
Passou a mão por seus cabelos e fez um coque frouxo saindo em seguida para o vestiário após olhar o relógio e ver que já estava dando a sua hora.
Em passos razoáveis, chegou ao seu destino e quando pôs a mão na porta para adentrar, foi barrada por alguém que acabava de chegar perto dela.
- Já está indo doutora Carly? – Sorriu sem mostrar os dentes para ela.
Olhando-o de relance, bufou. Sabia bem que aquele tom lisonjeiro tinha algo por trás. Conhecia bem aquela pessoa que tanto a encarava para saber que o tom cínico era até mentido naquela curva feita nos seus lábios para indicar um sorriso.
- Sim diretor Christian. Estou indo embora.
Empurrando a porta, Christian continuou a falar.
- Sabe, o pai do meu amigo está nas últimas. Você não vai até Springfield para vê-lo, afinal, vocês estavam casados e como está grávida, terão um filho.
Revirando os olhos, virou-se com um sorriso forçado nos lábios. O encarou por alguns segundos em silêncio buscando as palavras certas e respondeu.
- Eu sei diretor e daqui estarei indo até lá, não se preocupe. Com licença.
Elevando as mãos em rendição, sorriu em deboche e saiu.
Já Carly, adentrou o vestiário praguejando e enraivecida pela forma como foi abordada e como aquele homem era tão irritante quanto o ex-marido.
Assim que pegou suas coisas no armário e guardou o seu jaleco, pendurou sua bolsa no ombro e saiu após bater a porta de metal e automaticamente sendo trancada.
Deu um profundo suspiro e saiu passando por algumas enfermeiras que a cumprimentavam recebendo um sorriso e acenar de cabeça como resposta.
Assim que pôs os pés para fora do vestiário, deu de cara com Ander que já a esperava arrumado.
- Está pronta?
- Sim. Vamos.
Percebeu Carly estranha, mas não quis perguntar naquele momento. Podia ser algo da sua cabeça ou preocupação mesmo com relação ao ex-sogro. m*l ele sabia que aquela mudança de humor, se deu pelo encontro desagradável com Christian.
Seguiram em silêncio até o carro e continuou do mesmo jeito o trajeto até Springfield.
A viagem demorou algumas boas horas, que devido a gravidez, Carly acabou dormindo no banco do carona com a cabeça encostada na janela fechada do carro.
Virava e mexia, Ander a olhava de soslaio e voltava sua atenção a estrada até que fizeram uma parada num posto de gasolina e conveniência.
Retirou o cinto e quando colocou a mão na maçaneta para abrir a porta, Carly segurou o seu pulso o fazendo parar e olhá-la.
- Desculpa, sei que percebeu que estou estranha, mas tive um pequeno desconforto com o Christian na porta do vestiário e não fiquei muito bem com a sua abordagem.
Franzindo o sobrolho, a indagou preocupado.
- E o que aquele cara falou? Te ofendeu? - Pergunta irritado.
- Não me ofendeu, mas foi a forma com a qual ele insinuou sobre o pai do Joshua estar doente praticamente nas últimas o que tornou toda aquela informação, desprezível. – Dá de ombros indiferente.
Retirando a sua mão do seu punho, levou aos lábios e beijou o dorso da mesma. Timidamente, Carly sorriu corada, deixando Ander com um sorriso bobo no rosto. Ficava sempre assim ultimamente que via a sua amada com o rosto e até mesmo o corpo tendo total reação prazerosa ao seu toque.
Os dois ainda não tinham avançado além de beijos, mas não era por falta de desejo e volúpia, mas por aquele belo médico respeitá-la.
Suspirou apaixonada, pois, sim, estava apaixonada por aquele homem novamente. Fez em tão pouco tempo, o seu coração bater descompassado, as borboletas no estômago e a calmaria de um relacionamento cheio de carinho e atenção, muito mais do que quando estava com Joshua.
- Vamos comer alguma coisa minha mocinha linda? – Mordeu o lábio com os seus olhos brilhando a apreciá-la.
Com um sorriso largo, aquele mesmo sorriso que sempre lhe lança e que deixa seu coração derretido, o responde manhosa.
- Com certeza! Vamos comer meu lindo. – Levou a sua mão ao seu rosto e o mesmo, fechou os olhos apreciando o seu toque e suspirou.
Ao abrir os seus olhos, viu o mesmo brilho que via nesses dois meses em que estão juntos sem que ninguém saiba. Era muito recente o seu divórcio e não queriam ser falatório para quem quer fossem e além do mais, Ander era um amante a moda antiga. Queria tudo certo conforme manda o figurino, pois, tinha pretensão de casar com a sua amada.
Sorriram para o outro e abriram a porta saindo do carro. Seguiram para uma lanchonete que tinha ao lado da loja de conveniências e foram fazer um lanche caprichado. Ainda faltava uma meia hora, para chegarem a Springfield.
...~~~~~~~~~~~~~~~~~~
...
Por mais que não quisesse aceitar, Joshua sabia que daquela noite, seu pai não passava.
Sua irmã estava inconsolável, sua mãe estava triste, afinal, foram casados por anos e nos últimos meses em que Alfred descobriu a sua doença, se aproximou ainda mais da sua mãe e do atual companheiro Philip.
O mesmo, depois da conversa que teve com Alfred ao qual pediu que cuidasse e amasse como a sua ex-esposa merecia, o homem que Joshua conheceu por anos desde que a conheceu e começou um relacionamento com a sua mãe como um pai, tentou através de amigos, conseguir uma nova opinião quanto ao seu quadro clínico, desmotivando todos com a mesma resposta.
Agora, estavam ali, solidários uns aos outros e mesmo que Alfred tenha errado e muito com a sua família, não estava sozinho no final da sua jornada.
De repente as portas se abriram e o médico saiu do quarto em que Alfred estava.
Pelo seu semblante quando todos o fitavam, já sabiam que teriam que lidar com a dor da partida...
...~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
...
Alguém muito ansiosa, acabava de chegar em Shelburn Falls. Suas mãos suavam e empurravam as cutículas de suas unhas. Uma mão forte e quente como o dono a tocava, para lhe passar confiança e o melhor de tudo, a segurança que precisa.
Seus olhos se encontraram e o mesmo lhe sorriu.
- Preparada?
Engoliu em seco, pois, não estava preparada, mas precisava tentar. Tentar consertar o que fez de errado no seu passado e um presente ainda recente. Assentiu.
- Sim.
- Então vamos. – Beijou os seus lábios e segurou na sua mão caminhando juntos até o seu apartamento.
O mesmo que estava fechado há meses.
continua...