Romance e sorrisos

837 Words
O apartamento dele era simples e aconchegante. Ele não tinha muitos móveis, apenas coisas necessárias para uma pessoa viver. A sala continha um sofá preto e uma mesa de centro, que abrigava um mapa de Napolés, a direita havia uma cozinha americana com o mínimo necessário e no fundo era possível ver uma grande cama de casal, devidamente posta com almofadas e travesseiros. - Aconchegante. - Falei sem pensar. - E humilde… Sei que não é o que está acostumada, mas queria vir para um lugar mais privado. - Segurei ele pelo queixo, vendo pontos de vergonha nos olhos dele. - É perfeito, assim como você. - Aos poucos aqueles pontos brilhantes de vergonha diminuiram. - Você cresceu como uma princesa… - Ele caminhou até a cozinha com calma. - Essa casa é o suficiente para que eu viva enquanto estou aqui. Observei mais de perto o mapa da cidade e percebi anotações em volta da Mansão Lussuria. Pontos de fuga. - Eu estava estudando formas de tirar a Clara de lá. - Ele explicou e eu assenti. - Quero fazer isso logo, antes que o Ricardo incendeie toda a Italia. - Eu entendo. - E realmente pensei naquilo por um tempo. Se por algum acaso do destino o Nicolas se tornasse prisioneiro do meu avô eu não teria um momento de paz até conseguir tirar ele de lá. - Eu também entendo, mas estamos falando dos Camorras… - Eu sentei no sofá, que era muito mais confortável do que aparentava e tentei ignorar os pensamentos pecaminosos que corriam pela minha cabeça. - Quer beber alguma coisa? Ele segurava uma lata de refrigerante em uma mão e uma garrafa de água na outra. Os olhos cautelosos, a voz calma e completamente lindo. Será que ele sabia o efeito que causava nos meus nervos? - Eu sou a primeira visita que recebe? - Ele sorriu. - Não traria mais ninguém aqui. - A certeza nas palavras dele me atingiu. Eu não duvidava disso e ele reforçar aquilo me dizia o quanto ele estava comprometido comigo, com o que nós éramos. - Você deveria fazer amigos… - Falei sorridente, mantendo o assunto em curso. - Você também. - Apontei para a água e ele me entregou. - Vamos falar da confusão de mais cedo? Respirei fundo antes de beber, e ele sentou ao meu lado, o calor do corpo dele ao alcance das minhas mãos. O que aconteceu naquela manhã parecia ter acontecido em outra vida. - Eu sou temida, apenas por ser eu. - Ele assentiu, me incentivando a continuar. - As pessoas sabem quem são os meus pais e o meu avô e isso garante uma distância segura. - Isso não deve ser confortavel. - Mordi a boca, lembrando da sensação de ser observada constantemente. - De fato não é. Os olhares e os cochichos acontecem sempre. Talvez eles pensem que se me fizeram algo vão acabar em uma vala… - Aquela garota poderia acabar em uma vala se te tocasse. - Eu balancei a cabeça. - Ela me tratou como se não soubesse quem eu era, e acredito que ela não saiba mesmo. Ela é uma aluna nova que não deve saber como as coisas funcionam aqui. - Nesse momento acredito que as pessoas já atualizaram ela. - Sim, certamente. - Ele sorriu para mim. - Ela ter sido grossa, me ameaçar era a chance de demonstrar que as pessoas podem se aproximar e ser elas mesmas sem medo de morrer. - E eu destruí isso com a minha entrada triunfal. - Sim. - Respondi, sorrindo, para assegurar que ele não achasse que eu estava brava ou algo assim. - Desculpe. - Ele apoiou a mão no meu rosto, carinhosamente e um choque diferente percorreu o meu corpo. - Tudo bem. Não ficarei aqui por muito tempo mesmo. - Ele sorriu levemente com o meu comentário. - Certo, o que quer fazer? - Ele colocou uma mexa do meu cabelo para trás da minha orelha. - Podemos fazer o que você quiser. Podemos… - Ele olhou ao redor, como quem estuda possibilidades. - Jogar cartas, dançar ou assistir um filme. - Levantei as sobrancelhas para ele, as ideias do que eu queria fazer eram muito diferentes das dele. - Suas opções são estranhas. - Eu não consegui conter o riso. - Estou pensando coisas que casais de namorados normais fazem. - Pisquei, uma, duas vezes. - Namorados? - Ele me olhou, um susto novo no rosto. - Desculpe se me precipitei… - Não se desculpe. - Eu me aproximei dele, deitando no ombro dele. - Eu apenas não tinha definido na minha cabeça isso. - Tem razão… - Ele me puxou para os braços dele, me fazendo olhar para ele. - Você quer me namorar? - A apreensão na voz dele era intensa e quase palpável. Era uma pergunta real, e o poder estava nas minhas mãos. - Eu quero muito mais que isso Nicolas. - E eu o beijei, querendo atividades que namorados normais fazem.
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