*Atenção*
Esse capítulo pode conter gatilhos de agressão física e psicológica. Tenha cuidado ao ler.
Clara
Eu demorei para entender o que estava acontecendo quando dois homens me seguraram pelos braços e me arrastaram por um corredor comprido. Eu não conseguia entender o que o Davi falava para o Dom, porque ele estava falando em um italiano muito rápido. A única coisa que eu sabia é que ele estava tentando me proteger, e eu só entendi do que quando me enfiaram dentro de uma sala que era nitidamente uma câmara de tortura.
- ME SOLTEM. - Depois que me dei conta do que aconteceria, eu passei a me debater violentamente, e atacar os homens que me seguravam. Acertei um deles no meio das pernas e soquei o outro, em seguida mais dois surgiram e me atacaram. Um deles me travou pelo pescoço enquanto o outro me amarrava com uma corda nos pulsos. Eu chutei o ar violentamente, tentando me desvencilhar deles. Alguém me amordaçou e eu não conseguia mais mover as pernas. O pânico ia me sufocar quando alguém me prendeu de bruços em uma superfície lisa. Eu continuei me debatendo, e tentando gritar, mesmo com um pano preso na minha boca.
- Ah criança, eu odeio punir os meus. - A voz do Dom surgiu atrás de mim e uma dose extra de adrenalina entrou na minha corrente sanguínea. - Você não conseguirá se soltar, muitos homens tentaram. As mulheres nunca tiveram chance.
Virei o rosto, tentando ver o que ele ia fazer, perdendo completamente o controle das minhas forças.
Eu vou estripá-lo! Acabar com a vida dele assim que eu tiver chance!
- Eu sou o Dom, quem manda aqui. O seu erro foi me provocar. - Ele sussurrou no meu ouvido. - Pagará por isso com a sua carne, é assim que fazemos as coisas aqui. - Eu estremeci completamente.
Ele ia me matar, eu não teria chance. O Ricardo ficaria maluco e morreria buscando vingança.
Eu senti ele rasgar o meu vestido, deixando as minhas costas nuas, e depois expondo a minha bund4.
Memórias dolorosas voltaram para a minha mente. A imagem do Everton completamente demoníaco surgiu e eu quis desesperadamente morrer antes dele fazer qualquer coisa.
Uma dor enlouquecedora surgiu em uma das minhas nádegas, me fazendo urrar contra o tecido que prendia a minha boca. Ele estava me batendo. A dor voltou, mais forte, em cima da primeira. As lágrimas escorreram dos meus olhos ferozmente, e eu não conseguia controlar os tremores de medo e desespero que corriam pelo meu corpo. Ele bateu uma terceira vez, agora na outra nádega, me pegando de surpresa. Era como se ele tivesse cortado a minha pele e músculos com uma faca.
- Nunca mais me desafie. - Ele falou, calmo. - Essa punição foi leve perto do que eu gostaria de fazer. - Ele passou alguma coisa no meu rosto, e eu não conseguia enxergar, devido às lágrimas descontroladas.
Um chicote, uma vara… Eu estremeci quando ele desceu o objeto pelas minhas costas e me açoitou mais uma vez, agora no meio das costas. Eu urrei e inclinei o corpo para trás, sentindo o meu corpo sair completamente do meu controle, até que a escuridão me engoliu.
…
Dor.
Eu me tornei um amontoado completo e emaranhado de dor.
Eu não era mais a Clara, ou a Chefe Truck. Eu não era mais a Rhay, nem a noiva do Ricardo. Eu não era mais uma mulher ou um ser vivo.
Eu era apenas dor, límpida e ardente, por todos os lados eu sentia, vivia e era isso. Dor.
Em meio aquilo eu me vi perdendo a vida, as emoções e a vontade de lutar. Eu deixei a escuridão me engolir e ela foi um alívio completo para toda aquela dor. Eu me deixei afundar e ser guiada para o fundo daquele poço de dor, que me cobriu completamente.
A dor intensificava e aliviava conforme as coisas ao meu redor aconteciam. Eu fui movida, solta e carregada, e a dor ainda controlava todo o meu corpo.
Eu não era mais nada e duvidava muito que conseguiria me recuperar daquilo.
Eu me perdi em meio a dor e não tinha vontade nem força para voltar.