Madeleine Thomas
Outra garota se aproximou. Seus olhos eram de um azul intenso, quase elétrico, e sua pele tinha um tom de oliva que parecia brilhar sob a luz suave das velas. Ela vestia um vestido vermelho que acentuava suas curvas, transmitindo uma confiança inabalável.
— Olá, querida. Seja bem-vinda. Eu sou Suzana, mas pode me chamar de Suzy. — disse ela com um sorriso sedutor. — Você vai se acostumar rápido com os rapazes, tenho certeza.
— Espero que sim. — eu respondi com um sorriso apertando a mão dela.
— Suzy é uma das nossas melhores instrutoras. — Afirmou Nicolas, — Ela vai ajudar você a se familiarizar com suas novas habilidades e a entender melhor a nossa vida aqui.
— É verdade. — confirmou Su, inclinando a cabeça de leve. Se sentindo orgulhosa — E se precisar de algo, qualquer coisa, não hesite em me procurar
Eu assenti me sentindo grata.
— A primeira coisa que você deve entender, Maddy, é que cada vampiro tem habilidades únicas. — explicou Su, sua voz calma — Seus sentidos são mais aguçados agora, e você precisará aprender a controlá-los para evitar se sentir sobrecarregada.
Os outros membros do clã se acomodaram ao redor de nós.
— Meditação é uma ótima maneira de começar. — continuou Su. — Ela ajuda a acalmar a mente e a controlar suas novas habilidades. Vou te ensinar algumas técnicas simples que você pode usar sempre que se sentir sobrecarregada.
— Entendido. — eu respondi — Não se preocupe, eu vou me acostumar rápido. Há quanto tempo foram transformados?
— Samuel aí está você. — disse Anita olhando sobre os ombros de Bartolomeu.
Samuel voltou com uma taça de cristal cheia de um líquido vermelho profundo. Ele me entregou com um olhar compreensivo.
— Aqui, isso deve ajudar com a ardência na garganta. — disse ele suavemente.
Peguei a taça com mãos tremulas e bebi lentamente, sentindo o líquido fresco aliviar a sede ardente que me consumia. Enquanto bebia, percebi que os olhares dos presentes não eram apenas de curiosidade, mas também de aceitação e acolhimento.
— Agora que você está mais confortável, vamos começar com sua primeira lição. — disse Liana, com um sorriso encorajador. — Existem muitas coisas que você precisa aprender sobre a sua nova vida, mas elas podem esperar. Você terá uma eternidade para treinar, Maddy. Essa noite, nós vamos jantar e nos conhecer. Apenas isso.
Eu assenti me sentindo um pouco envergonhada por estar tão ansiosa.
— Trouxe bebidas para todos nós? — perguntou Maxwell, quebrando o silêncio.
— Sim, pai. — Samuel respondeu.
— Então vamos ao brinde! — eu sugeri
— Vamos brindar a quê, papai? — Perguntou Nidia
— A tudo. — Respondeu Anita
— Ela vai beber? — perguntei espantada
— Claro! Ela também merece brindar conosco. — disse Maxwell claramente.
— Mas ela é apenas uma criança. — Perguntei novamente
— Ela é uma de nós também. Ela continua na fase infantil e não se transformou, mas se alimenta como nós. Afinal ela é minha filha. — disse Bartolomeu
— Havia me esquecido desse detalhe. — eu respondi.
Samuel entregou taças para todos, enquanto esperávamos Maxwell ditar o brinde. Ele e meu pai sempre foram amigos, então eu estava familiarizada de como as coisas funcionam para ele.
— Um brinde à nossa nova irmã, Madeleine, e à nossa eterna união. — declarou Maxwell, levantando sua taça. Seu olhar firme e sério suavizou-se ao se voltar para mim, demonstrando um acolhimento — Seja bem-vinda a família. Agora você é sangue de nosso sangue. Vida da nossa vida. Nós a protegeremos e cuidaremos de você e de sua linhagem, assim como você a nossa. Será da nossa mesa e terá a nossa vida. A Madeleine!
— A Madeleine! — repetiram todos em uníssono, erguendo suas taças.
Enquanto brindávamos, aproveitei a oportunidade para observar melhor os rostos dos membros do clã. Havia algo reconfortante em ser observadora nata, eu poderia mapear as pessoas com mais facilidade. E eu m*l podia esperar para conhecê-los melhor.
Nicolas, se aproximou de mim. Ele era alto, muito mais alto que eu pelo menos. Seus olhos azuis eram profundos e gentis, e havia uma tranquilidade neles que me fez relaxar quase que imediatamente.
— Faz tempo que Samuel não nos traz uma nova integrante. — disse ele com um sorriso em minha direção — Tenho certeza de que você se adaptará rapidamente.
— Obrigada, Nicolas. — respondi, — Estou ansiosa para aprender as coisas e poder concluir os meus planos.
— Oh, você vai. — ele disse dando mais um gole na sua taça, — Todos aqui entraram com um objetivo que foi concluído. Qual o seu?
— Vingar a morte do meu marido. — eu respondi casualmente. Não consegui me senti triste. — Eu não iria conseguir nada sendo humana. A polícia mesmo não conseguiu nada em meses. Eu cansei de esperar por uma solução.
— Entendo, — ele disse colocando uma mão na minha. Foi um gesto simples, mas me fez ter um pequeno tremor. Daqueles que se tem quando se gosta de alguém.
Que diabos? O que havia de errado?
Do outro lado da sala, Christian, com sua postura rígida e olhos escuros penetrantes, observava a cena com um semblante sério. Eu podia jurar que ele estava rosnando para Nicolas.
— Christian pode parecer intimidador, mas ele é um dos mais leais entre nós. — Ele sussurrou quando percebeu que o outro homem estava encarando.
— Ele não gosta quando você interage comigo. — eu ressaltei, — Vocês têm algum romance?
Nicolas engasgou, cuspindo um pouco da sua bebida. — Santo Deus! Não, Mad. Eu não sei o Chris, mas eu gosto de moças. Talvez ele tenha gostado de você.
Eu balancei a cabeça e peguei minha taça novamente, bebendo com mais confiança dessa vez. O líquido desceu suavemente, acalmando a ardência na garganta e me dando uma sensação de vigor renovado. Ignorando a informação dele.
Depois do líquido digerido, Nidia e Susana me levaram a um quarto na alta torre do imenso castelo. Parecia estranho que eles se vivessem numa atmosfera medieval, mas Maxwell me explicou que era mais seguro, pois estava situado a uma distância considerável do povoado nos lados das montanhas.
Quando me refiro à longe quer dizer fora da pequena cidade de Fitch River.
Abri uma maleta enfeitada com seda e fitas coloridas e peguei o caderninho lilás que ganhei da minha irmã Catherine de presente de aniversário no ano anterior.
Quando abri reconheci muito bem a caligrafia esquisita que em suas páginas davam vida ao meu passado.
Querido diário,
Não sei a data de hoje por tanto ficarei devendo isso.
Faz apenas algumas horas que despertei do sono mortal sinto um poder emergindo da minha alma, coisas que não consigo descrever perfeitamente surgem em mim. Como poderei explicar como isso está sendo sem parecer mais louco que tudo que já escrevi aqui?
Sinto dentro mim sensações estranhas como se eu estivesse me redescobrindo. É como se o meu corpo estivesse aprendendo se mexer, como se os meus olhos estivessem aprendendo a ver, os ouvidos a escutar e a minha boca a falar.
É tudo muito novo é tudo tão diferente. Tão novo. Conheci alguns dos membros do clã. Acho que Nicolas e Susana gostaram de mim, mas sinto que Christian vai ser um problema porque tudo que ele fez após ser apresentado a mim foi rosnar.
Espero estar errada.