Madeleine Thomas
O sol se punha no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados. O meu coração batia ansiosamente. Espere? Batimentos cardíacos? Meu coração ainda estavam funcionando? Eu não estava louca afinal?
— Olá! Quem é a nova transformada? — A garota parecia tão empolgada com a minha presença que o sorriso no rosto dela estava me deixando ansiosa.
— Sim, tenho que apresentar vocês formalmente. — Respondeu Samuel, assumindo a palavra. — Mas ela está um pouco fraca ainda.
— Oh! Quanto tempo faz desde o drink até agora? — Ela franziu a testa, alternando entre encarar Samuel e eu.
— Não muito. Esse é o primeiro passeio oficial. — Ele se aproximou de Angela e olhou para ela com curiosidade. — Ela escolheu se transformar e vir morar conosco, embora o motivo escape à minha compreensão e eu considere raso.
— Pare de ser chato, não somos tão ruins assim! — Ela resmungou dando um soco leve no ombro dele. — A propósito, meu nome é Angela. E o seu? — disse ela, estendendo a mão em direção a mim.
— Sou Madeleine — falei sofregamente, ansiosa por conhecer melhor a nova personagem.
Angela sorriu calorosamente para mim e disse:
— Então seja bem-vinda a bordo, Madeleine. — Angela, me observou por um momento antes de abrir o sorriso mais largo que eu já vi.
— Obrigada. — respondi, apertando a sua mão e me sentindo um pouco mais à vontade.
Samuel nos conduziu até uma sala próxima, e Angela seguiu até o fim do corredor que dava para a saída do castelo De Lorn.
— Como ela sabia o que eu era? — questionei Samuel, enquanto caminhávamos. Curiosa sobre como ela sabia que eu era uma recém-transformada.
Samuel sorriu, divertido, e me respondeu:
— Seus olhos. Estão vermelhos, quase alaranjados, por causa do veneno. É um sinal evidente de que você passou pela transformação recentemente.
— Ah, bom saber! — respondi num tom desanimado e um pouco irônico, me sentindo um pouco exposta. Queria disfarçar melhor meu estado.
Curiosa sobre Angela, decidi continuar a conversa:
— O que ela é? Vampira? Bruxa? Fae?
Samuel me olhou com surpresa, como se eu tivesse dito algo inapropriado, e respondeu com cautela: — Não. Ela não é vampira. Angela é uma bruxa, descendente das bruxas do sul, muito poderosa. Ela trabalha para o meu pai. É melhor não a irritar. Ela parece bem humorada, mas pode lhe rogar uma praga ou duas.
Percebendo a preocupação no seu rosto, fiz questão de tranquilizá-lo:
— Não se preocupe, vou tomar cuidado.
Ele assentiu, o olhar ainda cauteloso, e seguimos em frente. O corredor se abria para uma grande sala, decorada com tapeçarias antigas e móveis de época. No centro da sala, uma grande mesa de madeira escura estava coberta com um mapa detalhado da região.
— Esta é a sala de reuniões do clã — explicou Samuel. — Aqui discutimos os nossos planos e estratégias. Agora, é hora de você conhecer os outros membros.
Enquanto ele falava, outros vampiros começaram a entrar na sala, seus olhares curiosos voltados para mim. — Bem, seja bem-vinda ao clã, Mad.
Havia algumas pessoas que eu não conhecia, mas também vi alguns amigos ali. Maxwell, sempre elegante em seu traje clássico, com seus cabelos escuros e seu jeito sério. Liana com seus olhos cor de prata-amarronzados arregalados e vestindo um belo vestido escuro. Ela era um sangue puro assim como a pequena Nidia, que estava vestida como uma princesa espanhola, seus cachos escuros brilhando sob a pouca luz.
Bartolomeu, irmão gêmeo de Maxwell, estava no outro canto da sala, o seu olhar sério no seu smoking elegante ao lado de Anna, a sua esposa e o doutor Stuart sentado mais adiante.
Nidia foi a primeira a correr em minha direção, me envolvendo em um abraço caloroso. Enquanto isso, os outros permaneceram paralisados, observando-me com curiosidade.
— Oi, Nidia! — Eu disse, pegando-a no colo com carinho. O salão estava repleto de membros do clã, suas vozes ecoando suavemente no ambiente. Os móveis antigos e os tapetes luxuosos conferiam ao lugar uma atmosfera misteriosa e acolhedora.
— Oi, Madeleine, que bom que você acordou! — Nidia respondeu, segurando meu rosto. Seus olhos brilhavam com afeto e alívio. — Ficou dormindo lá um tempão! Está se sentindo bem?
Nidia era muito fofa. Apesar de ter a minha idade ela ainda era considerada um bebê para os da sua espécie.
— Só estou com uma ardência na garganta. — Eu confessei, minha voz rouca ecoando pelo salão.
— Ah! Deve ser sede. Samuel, meu filho, traga algo para ela beber — Liana interveio, segurando meu braço com gentileza. Seu vestido escuro, com detalhes delicados, contrastava com a pele pálida e os olhos prateados que pareciam capturar a luz ao redor.
Enquanto esperava pela bebida, meus olhos percorreram o salão, observando os rostos dos presentes, todos com os olhos arregalados. As velas acesas em candelabros dourados espalhavam uma luz suave e tremeluzente, revelando os detalhes esculpidos nas paredes de pedra.
— Quem são esses? — Perguntei a Liana, me referindo aos novos rostos que ainda não conhecia. Minha voz ecoou pelo salão, misturando-se ao som suave da música clássica que tocava ao fundo.
Liana sorriu e começou a apresentá-los, enquanto os outros membros do clã observavam com interesse:
— Bom, esses são Christian, Patrick, Nicolas, Kenny, Susana e Mark. Eles são novos no clã, assim como você! — Ela disse suavemente. — Sinta-se em casa, estamos todos aqui para nos apoiar e compartilhar nosso mundo.
— Olá, senhorita Madeleine. Seja bem-vinda. — disse ele com uma voz suave e cortês. Christian, o primeiro a se aproximar, tinha uma postura imponente e serena. Seus cabelos loiros estavam cuidadosamente penteados para trás, destacando os traços finos de seu rosto. Ele parecia ser o tipo de pessoa que sempre mantinha a compostura, não importa a situação. Seus olhos azuis, quase hipnóticos, analisavam-me com uma curiosidade contida.
Ele era simplesmente perfeito, impecável e extremamente atraente. E aquela voz… Àquela voz me causava arrepios.
— Obrigado, Christian. — Respondi meio sem jeito, sentindo-me um tanto intimidada por sua presença marcante.
Patrick, ao lado dele, contrastava fortemente. Seus cabelos ruivos eram uma bagunça rebelde, e ele tinha um ar despreocupado e jovial. Vestia uma camisa branca desabotoada no colarinho, dando-lhe uma aparência descontraída e quase desleixada. Seus olhos verdes brilhavam com uma energia contagiante, como se ele estivesse sempre pronto para uma nova aventura.
— E aí, Madeleine! — cumprimentou Patrick com um sorriso largo e sincero. — Espero que você goste daqui, porque nós somos um bando bem divertido!
Nicolas, de pé um pouco atrás, parecia mais reservado. Seus cabelos castanhos estavam cortados curtos, e ele usava óculos de aro fino que lhe davam um ar intelectual. Ele vestia um suéter cinza e jeans escuros, transmitindo uma sensação de conforto e praticidade. Os seus olhos castanhos eram observadores, como se ele estivesse constantemente analisando tudo ao seu redor.
— Prazer em conhecê-la, senhorita Madeleine. — disse Nicolas, acenando com a cabeça. — Se precisar de algo, estou sempre por perto.
Christian bufou uma risada quando ele estendeu a mão para beijar a minha e eu posso jurar que senti as minhas bochechas corando. Ele levantou uma sobrancelha na direção do homem, — Quer falar alguma coisa, Christian?
Christian deu de ombros e estalou o pescoço.
Kenny riu e se aproximou. Ele parecia um modelo de academia com a sua aparência musculosa e tatuagens cobrindo os braços, tinha um ar de durão. Os seus cabelos negros estavam raspados nas laterais, e ele vestia uma t-shirt preta justa que ressaltava os seus músculos. Apesar da aparência intimidadora, havia um brilho amigável nos seus olhos castanho-escuros.
— Ei, Mad. Bem-vinda ao clã. — disse ele com uma voz profunda, mas amigável. — Se alguém te incomodar, só me avisar, ok?
— Pode deixar! — Eu respondi, sorrindo.