Desconfiado

1423 Words
Madeleine Thomas Sério, qual é o problema dele comigo? Nós interagimos apenas uma única vez e eu sequer tive tempo de estragar as coisas com ele, mas aparentemente apenas a minha presença é o suficiente para que ele se sinta irritado. A voz dele naquele dia e o jeito que ela me arrepiou me fez questionar o quão louca eu estava por pensar que ele era legal. Agora a sua hostilidade parecia sem motivo e me fazia questionar o que eu poderia ter feito para merecê-la. Também havia uma pequena voz na minha cabeça que sugeria que talvez, apenas talvez, houvesse algo mais por trás da atitude dele. Talvez houvesse uma história ou uma experiência passada que o fizesse reagir dessa maneira. — Olá, pessoal! — falou Suzy com um sorriso caloroso ao se sentar ao nosso lado e jogando o cabelo preto para trás. Ela estava muito bonita com um top branco até metade da barriga e uma saia preta de cintura alta, com uma meia preta fina e saltos baixos. Ela olhou ao redor da mesa, fazendo Nicolas e Kenny se entre olharem. — Espero não estar interrompendo nada importante. Eu apenas sorri enquanto ela se sentava. Era legal ter outra garota na sala, especialmente uma tão positiva e prestativa quanto Suzy. — Claro que não, Suzy. — respondeu Nicolas, sorrindo de volta. — Estamos apenas revisando alguns conceitos sobre as fases da lua e suas influências em nossas habilidades. — Ótimo! — disse ela, pegando um livro da mesa. — Adoro esse tópico. A lua cheia realmente me dá uma sensação de poder incrível. — Isso é porque você é uma das melhores em canalizar essa energia. — comentou Kenny, piscando para ela. — Nem todos nós temos essa habilidade tão bem desenvolvida. Suzana riu, os dentes brancos expostos dando um toque de perigo ao rosto angelical. — Obrigada, Kenny. — Achei que você estaria lá em cima com o Mark e a Anita. — Nicolas falou cruzando os braços e se encostando na cadeira. Os cabelos castanhos caindo na frente de seu rosto estupidamente bonito. — Eu estava. — ela respondeu já folheando um dos livros, — mas eles estão brigando de novo. — ela revirou os olhos e soltou um suspiro. — Não quero ficar no meio desse drama novamente. Kenny riu e alisou o cabelo preto para trás. — Eles ainda estão brigando? Ele perguntou franzindo a testa e em seguida dando uma risada baixa. Nicolas olhou para ele e riu também. — Isso é comum? — eu perguntei. — Não, porque não temos muitas novatas aqui. — Suzy respondeu, — Mas ela é uma ciumenta de primeira linha e desde que você chegou eles não param de discutir. — Ma-Mas… Ele nem falou comigo ontem, porque ela está com ciúmes? — eu franzi o cenho, sem entender. — Eu nem sabia que anita tinha um namorado, mas vou me manter distante se isso for um problema. Os três se entreolharam e gargalharam sem me dar nenhuma resposta. Certo. Aparentemente, não tinha uma explicação lógica, Anitta apenas estava com ciúmes à toa. Nicolas foi o primeiro a se recompor das risadas e voltou sua atenção para mim. Ele empurrou os óculos para o alto do nariz e disse: — Não se preocupe, Madeleine. É apenas uma fase. Anita tende a exagerar um pouco quando está com ciúmes, mas ela vai superar. — E Mark sabe lidar com isso — acrescentou Suzana, balançando a cabeça com um sorriso compreensivo. — Eles já passaram por coisas piores. Foi o mesmo comigo e com a Angela quando chegamos. Eu suspirei pesadamente. Eu não vim para causar problemas. Na verdade, eu vim para solucionar os meus problemas. — Ótimo! Eu não preciso de mais nada mesmo! Já não basta o Christian?! — eu perguntei, mudando de assunto. — Aliás, qual é o problema dele comigo? Suzana trocou um olhar com Nicolas e Kenny, e por um momento, pensei que eles iriam rir novamente, mas ela apenas suspirou. — Christian... é complicado. — disse Suzy— Não leve ele muito a sério, porque não acho que é algo haver com você em particular. Ele é muito protetor com o clã e desconfia de qualquer um que ele acha que possa ser uma ameaça. — Mas eu sou parte do clã agora, não sou? — eu perguntei encarando os três. — Sim, você é. — respondeu Nicolas com um sorriso reconfortante. — Mas ele ainda está se acostumando com a ideia. Dê-lhe tempo. Todos nós tivemos um pouco de receio quando soubemos que você se juntaria a nós. — Mas vocês não estão hostis comigo. — Eu ressaltei, — Até o Patrick foi legal. Kenny acenou em concordância. — Christian pode parecer duro, mas ele é leal e justo. Ele só precisa ver que você está aqui para ficar e que não representa um risco para nós. — Além disso, — Suzana acrescentou com um brilho travesso nos olhos, — ele não sabe lidar com novas dinâmicas sociais. Ele é o mais reservado de nós, então, ele provavelmente está apenas tentando entender onde você se encaixa. — Então, eu só preciso ser paciente com ele? — eu perguntei. — Exatamente. — respondeu Suzy, apertando minha mão. Eu acho que esse seria meu grupo de amigos aqui. Esses três foram legais, me faziam sentir confortável. Kenny olhou para o relógio e fez uma careta. — Infelizmente, nosso tempo de estudo acabou por hoje. Precisamos nos preparar para a reunião do clã mais tarde. — Reunião do clã? — eu perguntei, surpresa. — Eu não sabia que tínhamos uma reunião hoje. Nicolas sorriu. — É uma reunião mensal. Maxwell quer discutir algumas coisas sobre a segurança do clã e a nova divisão de tarefas agora que você chegou. Íamos deixar você descansar um pouco antes de convidar você para participar. — Foi gentil. — eu respondi me ajeitando para sair, — Mas se eu quiser participar dessa primeira eu posso? — Claro. — Os três responderam ao mesmo tempo. — Ótimo. — eu respondi, — Só preciso passar no quarto para pegar umas coisas, tudo bem? — Perfeito! Kenny pode acompanhar você depois para a sala de reuniões. — Suzy respondeu, passando o braço em volta do de Nicolas, — Tenho um assunto para falar com Nick em particular. — Claro, será um prazer! — Kenny respondeu piscando um olho e me estendeu a mão. — Madame? Eu assenti lentamente para Suzana e encarei a mão de Kenny estendida mordendo o interior da minha bochecha. Eu hesitei por um instante antes de estender a mão de volta para ele. Nicolas cerrou os olhos em nossa direção, mas não disse nada. Se virou e seguiu com Suzy na direção contrária. Nós caminhamos alguns minutos. Devo admitir que ele me deixa tensa e de algum modo ele percebeu, — Então… Maddy, você está interessada em alguma área específica dos estudos vampíricos? — Kenny perguntou, quebrando o silêncio. — Ah, eu gostaria de conhecer minhas habilidades e aperfeiçoá-las. Você sabe, eu vim para me tornar mais forte e conseguir minha vingança. — Entendo, mas de quem você quer se vingar exatamente? — Bom… Há um ano eu me casei com o meu primeiro amor, Tiago. Eu tinha acabado de descobrir que teríamos um filho e estava animada com a ideia de formar uma família. — Eu comecei a falar — Eu não tenho uma boa relação com a minha família, mas o meu casamento foi apoiado e as coisas estavam começando a se ajeitar. Estávamos de mudança para o interior de São Paulo quando nosso carro capotou e explodiu. Eu por algum motivo consegui escapar, mas perdi meu filho e meu marido no processo. Eu olhei para o chão sentindo um peso crescer no meu peito. Eu sentia falta deles. Sentia falta da minha família. Kenny tocou meu ombro e sorriu gentilmente, — Eu sinto muito por sua perda. Eu sorri de volta, — Obrigado. Não lembro do que aconteceu naquele dia. Minhas memórias estão bagunçadas. — Admiti — Eu esperava que me transformar trouxesse algumas daquelas memórias de volta. Tentei não começar a chorar, mas isso foi completamente anulado por Kenny quando ele me abraçou. Eu congelei no início, sentindo o choro embargado na minha garganta e depois ele acariciou minha cabeça e então as lágrimas caíram e eu afundei meu rosto no peito musculoso de Kenny, enquanto ele apertou meu corpo junto ao dele tentando me dar algum conforto. — Ora, ora. O que temos aqui?
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