AURORA
De todas as incontáveis vezes que o Francesco me agrediu, essa foi a vez que eu tive mais certeza de que ele queria me matar.
Nem quando ele ficou dando socos e pontapés na minha barriga até me fazer perder o meu bebê, eu vi ele tão decidido a acabar com a minha vida.
Por que esse homem me odiava tanto? Por que ele me tirou de Roma da casa da minha família para fazer uma atrocidade atrás da outra comigo?
Ele era carinhoso no início, ele dizia que havia se apaixonado por mim a primeira vista, me levava para jantar fora, me dava flores, comprou um anel de diamantes para me pedir em casamento... Só tinha um sinal que estava ali o tempo inteiro, mas eu ignorei, o ciúme possessivo.
O Francesco espancou um homem até deixa-lo desacordado, porque supostamente o tal homem havia olhado para mim. Eu fiquei tão assustada que eu quis terminar o relacionamento, ele me pediu perdão e disse que não faria mais aquele tipo de coisa.
Nos casamos dois meses depois e ele me trouxe para essa cidade e para aquela casa afastada de tudo, onde ninguém poderia escutar os meus gritos.
Não tivemos lua de mel, ele é o delegado dessa cidade e havia acontecido um crime bárbaro. Um grupo de três pessoas que eram acusados de depredar comércios e em seguida atear fogo neles pelos comerciantes terem se negado a pagar a extorsão que eles estavam pedindo, foram mortos e as mãos dos três foram cortadas.
Um vídeo com uma pessoa de luva preta e jaqueta de couro cortando as mãos dos três homens foram enviadas para a delegacia e o crime foi atribuído ao Guepardo, famoso justiceiro da região.
Nessa mesma noite quando voltou da delegacia, o Francesco estava muito bêbado e foi a primeira vez que ele me espancou. E sabe qual a motivação? Apenas por eu ter perguntado qual o motivo dele ter bebido tanto.
Um mês depois eu descobri que estava grávida, e na minha inocência eu acreditei que talvez, só talvez, a notícia de ser pai pudesse transformá-lo em alguém melhor, já que eu havia perdido as contas de quantas surras eu havia levado naquele primeiro mês.
Ele recebeu a notícia puxando o meu cabelo até me deitar no chão, em seguida deu várias pontapés na minha barriga.
Eu comecei a sangrar pelo meio das pernas e depois de mais de uma hora sentindo dores cortantes, ele decidiu me levar para o hospital.
Antes de chegar, obviamente que ele ameaçou que se eu contasse alguma coisa, ele me mataria.
Ao chegar lá eu pude perceber o quanto ele era querido por todos. O desgraç@do chegou implorando para que salvassem a pobre moça e o seu filho, e por conta disso uma comoção se formou no hospital.
É sério? Ele fingiu que eu não era a sua esposa? Com que espécie de monstro eu me casei?
Quando foi constatado que eu havia perdido o meu bebê, a médica que me atendeu chegou a conversar com ele, informando que a paciente que no caso era eu, havia passado por agressão física e que provavelmente essa tenha sido a causa do abort0. Ele na maior cara de p@u disse que iria correr atrás para responsabilizar o culpado.
M@l sabia ela que o delegado Francesco era um lobo em pele de cordeiro e o assassin0 do próprio filho.
Meu coração estava dilacerado, eu m@l tinha descoberto que estava grávida e já tinha perdido o meu bebe graças a mald@de daquele monstr0.
Assim que casamos, a primeira coisa que ele fez quando eu cheguei nessa cidade foi tirar de mim o meu celular. Ele me mantinha em cárcere privado, e quando ele me autorizava a sair para algum lugar, eu tinha que ir acompanhada de dois p@u mandados que trabalhavam para ele.
Eu não sei que tipos de negócios ilícitos ele faz, eu só sei que várias vezes por semana, geralmente a noite, uns homens bem m@l encarados vão até a casa para conversar com ele no escritório de portas fechadas.
No dia que ele tentou me espancar até a morte, antes eu estava decidida a sentar e ter uma conversa definitiva com ele. Eu pedi que ele me deixasse ir e prometi que eu jamais contaria para ninguém nada do que havia acontecido.
Olhando agora eu vejo o que foi uma ideia bem estupid@, mas eu estava desesperada, já havia tentado todos os meios para fugir, mas sempre tinha um dos capangas dele me vigiando.
Naquela noite, a pior de toda a minha vida, eu só consegui fugir porque depois de ser espancad@ e violentad@ de todas as formas que se possa imaginar, eu corri até às escadas na tentativa de fugir, só que ele conseguiu me alcançar, e nesse momento eu arranjei forças de onde não tinha e empurrei ele da escada.
Ele chegou lá embaixo desacordado e eu não fazia a menor ideia se ele estava vivo ou se havia morrido, mas eu não iria pagar para ver, então peguei o molho de chave que estava no cós da calça dele e saí correndo, escondida e me rastejando pelos fundos, e para ir até a parte da frente sem ser vista, eu fui me rastejando pela lateral, para que o homem que estava vigiando na frente da casa não me visse.
Eu só comecei a correr depois de uma certa distância. Eu não poderia correr o risco dele me ver, eu não teria outra chance dessas.
Quando já estava bem próximo à pista eu vi a claridade de um farol e corri ainda mais rápido para chegar a tempo de parar aquele carro. Qualquer pessoa que estivesse dentro dele, seria melhor do que continuar naquele inferno para morrer.