Amigos.

1116 Words
Camila Narrando Quando Tártaro abriu a porta do quarto, os filhos dele se assustaram, os quatro estavam na porta, olhei para eles sorrindo, Jovens. — Seus filhos estavam espiando? — perguntei, encarando ele com a sobrancelha arqueada, já sabendo a resposta. Ele soltou uma risada abafada. — É bem capaz — disse, sem dar muita importância. — Mas não se preocupe. Eles têm coisas melhores para fazer do que ficar escutando atrás da porta. Claro, pensei comigo mesma. Eles podem não estar interessados no que está acontecendo no quarto, mas estão definitivamente interessados em qualquer coisa que envolva o pai. E, principalmente, em qualquer pessoa que se aproxime dele. Tártaro, como sempre, estava no comando da situação. Ele andou até a gaveta da mesa e tirou um telefone pequeno, discreto. — Aqui — ele estendeu o aparelho para mim. Com certeza é um aparelho manipulado, ele jamais deixaria se grampear, ele não é bobo, Se fosse não teria chegado onde chegou. Aceitei o telefone sem questionar. Tártaro não dá ponto sem nó, e se ele achava que eu precisava disso, era porque a situação estava mais tensa do que eu imaginava. Preciso fazer uma ligação urgente, e ele sabia disso. Digitei o número de Cecília. Como eu previa, ela atendeu no primeiro toque, a voz embargada de preocupação. – Camila? Onde você está? O que está acontecendo? – ela disparou perguntas antes que eu pudesse sequer respirar. – Calma, Ceci – respondi com a voz mais tranquila que consegui forjar. Mentir para ela sempre doía, mas era necessário. Não por medo do que ele faria comigo, mas pelo que ele poderia fazer com ela ou, pior, com o Cássio que já está sobre o seu poder. – Tá tudo bem, eu reencontrei um amigo e estamos juntos. – Você sumiu do nada! Cami, não faz isso, poxa, e de que telefone você tá ligando? Eu sabia que ela estava à beira de um colapso, e parte de mim queria contar tudo. Mas eu não podia. Tártaro tem muito poder em suas mãos. Ele controla uma parte significativa do Rio de janeiro, é o líder da maior facção em atividade. Desafiar isso seria uma sentença de morte para o Cássio, e talvez até para a própria Cecília. – Eu sei, eu sei. Mas acredita em mim, tá tudo sob controle. Volto logo para casa. – As palavras saíam como uma facada no peito, cada mentira enterrada profundamente na minha consciência. – Camila... – ela sussurrou, em um tom que me fez quase ceder. Quase. – Eu prometo, Eu te amo, Mana, se cuida e cuida do nosso bebê – finalizei antes de desligar rapidamente. Eu não podia continuar aquela conversa. Assim que tirei o telefone do ouvido, e digitei o primeiro número do telefone da Ludmilla, senti um puxão brusco. Tártaro arrancou o celular da minha mão, o rosto sério e severo. — E o Cássio? – perguntei, mudando de assunto, tentando manter o controle da conversa. _ Posso ver ele? — Não – ele respondeu de imediato, sem nem pestanejar. — Por quê? — Eu sabia a resposta, mas queria ouvir. Tártaro pareceu estar com ciúmes, primeiro rasgou meu pijama, agora não quer que eu veja o Cássio. Ele se aproximou de mim, pegando meu rosto, apertando com força. Seus lábios encostaram nos meus, e eu, como sempre, cedi por um segundo. O gosto dele, a sensação de controle que emana, tudo isso é excïtante. Quando me afastei, fui até a janela. Lá fora, homens passavam de um lado para o outro, claramente armados, em um movimento constante. Comecei contar em voz alta, Tártaro bufou, eu sorri, e continuei. Enquanto eu olhava para o lado de fora, minha mente estava em outro lugar. Precisava me concentrar no que realmente importa: pegar o assassino do meu tio. Eu não posso perder o foco. Tudo que eu estou fazendo é por ele, para resolver essa situação e finalmente encontrar paz. Sei que não posso baixar a guarda até que tudo esteja concluído. Mas olhando para o Tártaro agora, não sinto mais aquele ódio de antes, preciso me centralizar novamente. De repente, a porta do escritório se abriu com um estrondo, me fazendo virar rapidamente. Lá estava, uma menina loira, com o rosto tão perfeito quanto um anjo. A filha de Tártaro, a mesma que eu havia visto no baile há algumas noites. Ela olhou de mim, e para o pai, claramente surpresa, talvez até um pouco assustada. — Quem é a magrela? — Ela perguntou, me medindo dos pés à cabeça, sem disfarçar. A garota me encarou por um momento. Não deve ter mais de 20 anos, e claramente não estava acostumada com esse tipo de situação. — Essa é uma Amiga do papai, filha — Ele disse e eu não aguentei, Gargalhei. — Prazer, Camila — Falei sorrindo e estendi a mão. — Meu nome é Beatriz, satisfação — disse ela, cheia de confiança. — Você é ficante do meu pai? — Ela perguntou em seguida, enquanto me entregava uma sacola de uma loja de grife. Peguei a sacola, sorrindo, e olhei diretamente para o pai dela. Tártaro estava parado, me encarando com aquela típica expressão de quem acha tudo muito curioso, uma sobrancelha arqueada como se estivesse se divertindo tanto quanto eu. — Seu pai é meu amigo, não é, Tártaro? — respondi, com um tom de brincadeira. Ele não respondeu, mas eu sabia que ele tinha entendido o recado. O que não esperava era o que aconteceu logo em seguida. De repente, a porta se abriu e um grupo de homens entrou na sala. Não eram quaisquer homens, eram trigêmeos idênticos, mas cada um deles carregava uma aura diferente. Mesmo mais velhos, os três tinham uma postura que impunha respeito. São influentes no crime e nas bocas do Comando Vermelho: Mensageiro da Morte, Coringa e Gaelzinho. Dei um sorriso discreto. Fiz o dever de casa direitinho, sei exatamente quem eles eram e o que representam. Eles me olharam de cima a baixo e depois voltaram seus olhares para Tártaro, esboçando sorrisos sutis, quase cúmplices. Respirei fundo, tentando manter a compostura no meio daquela energia pesada. "Preciso me vestir para essa ocasião". Pensei, me afastando um pouco. "Não é todo dia que a nata do Comando Vermelho se reúne aos meus olhos. Enquanto me preparava para sair, meus pensamentos corriam mais rápido do que eu podia controlar. Toda essa situação me deixava desconfortável, mas ao mesmo tempo tem algo que eu não conseguia evitar. Entre todos os homens que estavam ali, o único que realmente me interessava era ele. Tártaro. O homem com quem eu estou tränsando. E o pior? Eu não deveria está fazendo isso.
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