Língua Perigosa

1364 Words
Camila Narrando Eu dei um passo para frente, sentindo o peso da arma na minha mão como uma extensão de mim mesma. Meus olhos não saíam dele. O Tártaro, Ele estava ali, com a pistola firme na mão, mas curiosamente mantinha o braço abaixado, quase como se não se importasse. Talvez achasse que eu não teria coragem. A verdade é que ele não sabe nada sobre mim. — Eu vou te matar — minha voz soou firme, embora dentro de mim um furacão estivesse prestes a explodir. — Acho que chegou a sua hora, Otávio, ou melhor, Tártaro. Vi seu olhar vacilar por uma fração de segundo. Ele me encarou, confuso, tentando decifrar algo? Talvez como sei o seu nome. Uma risada baixa escapou dos meus lábios, e eu mordi o canto da boca, saboreando o momento. O poder que eu tinha sobre ele, naquele instante, era quase intoxicante. — Como você sabe o meu nome? — ele perguntou, com a voz grossa, um tom de ameaça implícita. Eu dei um sorriso de puro deboche. Era engraçado, quase irônico, o quão pouco ele sabia sobre mim, enquanto eu sei cada detalhe da vida miserável que ele leva. Eu passei tempo demais à sombra dele, tempo demais estudando a vida de Otávio Fernandes. — Sei mais do que você pode imaginar — sussurrei, saboreando as palavras. — Sei onde te encontrar, sei tudo sobre a sua família, seus negócios sujos, sobre a sua vida, você é um livro aberto, Tártaro da Rocinha. Foi nesse instante que ele se mexeu. Como um anïmal selvagem, avançou em minha direção com uma rapidez que eu não esperava, a mão forte e pesada fechando-se em volta do meu pescoço antes que eu tivesse tempo de reagir. Soltei um gritinho de surpresa, meus dedos apertando a arma com mais força, mas meu braço estava preso entre nós. Ele apertava mais e mais, e a dor irradiava pela minha garganta, dificultando a respiração. — Quem é você? – ele rosnou, seus olhos queimando de raiva, a voz cheia de veneno. Ele queria respostas. E rápido. Mas eu não ia dar a ele o gostinho. Mesmo com a dor latejando, minha mente permanecia clara, focada. Olhei dentro dos olhos dele, sentindo o ódio fervendo em minhas veias. Estava Cara a Cara com o assassino do meu tio, eu queria me soltar e, acabar com a raça dele ali mesmo. — Eu sou — tentei falar, mas a pressão no meu pescoço tornava tudo mais difícil. Mesmo assim, consegui forçar as palavras para fora. — A sua sentença de morte. Ele apertou ainda mais, e por um segundo, tudo ficou turvo. Mas, então, eu consegui mexer meu braço. O suficiente para pressionar a arma contra o abdômen dele. Senti a surpresa passar pelos olhos de Tártaro quando percebeu o que eu estava prestes a fazer. — Você acha que vai me derrubar? — ele sibilou, com um sorriso nos lábios. Aquele momento foi surreal. Um segundo atrás, eu estava tentando me livrar das mãos de Tártaro no meu pescoço, o ar escapando dos meus pulmões como se fosse a última vez que eu iria respirar. Cada tentativa desesperada de puxar o ar era inútil, e tudo o que eu sentia era o calor de sua palma pressionando minha pele, minha cabeça girando, meu corpo se enfraquecendo. Mas então, como um estalo, ele me soltou. Foi tudo com uma rapidez que eu nem tive tempo de processar. Num piscar de olhos, Tártaro me desarmou, como se eu fosse uma criança brincando de lutar. Meu peito arfava, tentando captar o ar que eu tanto precisava, enquanto ele apenas me observava com aquele olhar que parecia devorar cada parte de mim. Antes que eu pudesse reagir, ele agarrou meu cabelo. A dor aguda percorreu minha nuca, mas logo foi substituída por uma sensação estranha, quase excïtante. Seus dedos firmes me puxaram para mais perto, forçando meu rosto a encarar o dele, nossos olhos se encontraram por um instante que pareceu eterno. Tártaro não disse nada. Não precisava. O silêncio entre nós era tão denso quanto a tensão no ar. E, então, ele me beijou. Eu deveria ter resistido, deveria ter afastado ele, mas meu corpo parecia trair qualquer lógica que minha mente gritava. O beijo dele não era gentil, nem cauteloso. Era bruto, intenso, e tinha uma força que me arrancava da realidade. Sua língua explorava a minha boca de um jeito que me fazia esquecer que, há poucos segundos, ele quase tinha tirado minha vida. O gosto dele era forte, másculo, e me invadiu de um jeito que fez meu corpo inteiro vibrar. Cada célula em mim parecia acordar ao mesmo tempo, como se fosse puxada para o abismo que é o Tártaro. Eu não estava beijando um inimigo. Eu estava sendo tomada por ele, de uma maneira que nunca imaginei que poderia acontecer. Tártaro me levantou como se eu não pesasse nada, meu colocou sentada no capô, e eu senti o metal frio se espalhando pelas minhas pernas, contrastando com o calor que ele irradiava. Ele ficou entre minhas pernas, e eu o envolvi automaticamente, sentindo a dureza de seu corpo contra o meu. Meu coração batia em descompasso, tão forte que eu podia ouvi-lo ecoar nos meus ouvidos. As mãos de Tártaro apertaram minhas coxas, subindo com uma lentidão agonizante, e ele intensificou o beijo. Sua boca dominava a minha com uma urgência que só aumentava o fogo que queimava dentro de mim. Eu deveria estar pensando em como sair dali, em como resistir, mas tudo o que conseguia fazer era sentir. Quando ele finalmente desceu seus lábios pelo meu pescoço, eu me arqueei involuntariamente, oferecendo mais da minha pele para ele. O jeito como ele mordia e lambia me fazia perder qualquer noção de certo ou errado. Eu estava entregue a ele, sem defesa, sem medo. Cada beijo no meu pescoço era como uma corrente elétrica que corria direto para o centro do meu corpo. Minhas mãos foram parar na sua cabeça, puxando seus cabelos, e eu o pressionei mais contra mim, sem saber se queria que aquilo acabasse ou continuasse até eu explodir. Seus lábios continuaram sua descida, traçando um caminho quente pelo meu corpo. Quando ele chegou no vale dos meus seïos, um gemido escapou da minha boca antes que eu pudesse controlar. A sensação era avassaladora, como se cada beijo fosse um golpe direto no meu autocontrole. Eu nunca pensei que me sentiria assim com ele, nunca imaginei que esse homem, que tantas vezes eu odiei, pudesse despertar algo tão real dentro de mim. Tártaro não parava. Sua boca continuava a explorar cada centímetro de pele, suas mãos viajavam pelo meu corpo, me puxando mais para ele, enquanto suas pernas mantinham meu corpo preso ali, completamente à mercê dele. Eu sentia sua respiração quente contra minha pele, o peso de seu corpo contra o meu, e a dureza de seus músculos me pressionando. Era como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido. Não havia mais som, mais perigo, mais nada. Só ele. Só nós. E eu queria mais. Minha mente gritava que aquilo era errado, que ele ainda é meu inimigo, mas meu corpo já tinha se rendido há muito tempo. Não havia como negar a excitação que tomava conta de mim, a sensação inebriante de ser dominada por alguém tão forte, tão inabalável. Meu sangue fervia, e eu me via desejando o que ele fazia, esperando por cada novo toque, cada novo beijo. Ele voltou a subir, sua boca encontrou a minha novamente, e o beijo foi ainda mais feroz do que antes. Eu o beijei de volta com a mesma intensidade, minhas mãos percorriam suas costas, apertando e puxando, como se eu quisesse marcar aquele momento em sua pele. Cada segundo com ele era uma mistura de raiva e desejo, eu me perdia cada vez mais naquela língua perigosa. Ele soltou os meus lábios, enquanto eu ainda estava ofegante, ele encostou os lábios na minha Orelha: — Agora tu vai me dizer o que tu quer comigo, e depois. Eu vou te fuder até não aguentar mais, só depois eu penso se te mato ou não.
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