CAPÍTULO IV

4876 Words
♥♥♥ – Any, o Well é um gostosão, não acredito que não ficou com ele. – Ficou me espionando do carro, é? Saímos de lá para ter privacidade, achei que estivesse com a boca ocupada. – Falo tomando um café. – Amiga, eu queria ver os dois se pagando e esperava que ele voltasse para o carro e falasse para o Léo que iria dormir com você. – Ah... Talvez outro dia. – Falo pegando um pedaço de bolo e mordo a parte da calda. – Tivemos que levar Well para casa antes de irmos para o Motel. – O carro não é dele? - Sento à mesa. – Sim, mas ele emprestou pra gente poder f***r. Gargalhamos juntas e pegamos mais um pouco do bolo. – Como foi a noite? – Pergunto. – Foi ótima. Estou morrendo de sono e minha coluna está formigando. Fiquei de quatro várias vezes e estava tão bom. Agora que o corpo esfriou que eu estou sentindo as consequências. – Dou risada e prendo o cabelo. – Por que não ficou com ele? Por causa do Noah? – Pergunta e eu fico triste. Fecho a cara e olho para baixo. Passo a mão na minha nuca e depois apoio meu rosto nela com o cotovelo na mesa. Cloe me olha preocupada. Abaixo a xícara e a apoio na mesa. – Ele te fez alguma coisa? – Ontem, ele me destratou na frente da... Ficante, namorada, amiga ou sei lá o que aquela praga é dele. Ela me deu um intimato para ficar longe dele e disse que sou desesperada. Eu retruquei algumas coisas, não ia ficar calada, ele praticamente me mandou calar a boca e pediu pra ela entrar no apartamento. Ela o beijou na minha frente, foi na bochecha, mas ele ficou parado e nem desviou o rosto. É como se tivesse concordado com tudo, sabe? – Que horror, Any. Que i****a. Que horas isso? – Toca em minha mão segurando firme. – Quando cheguei do trabalho. – Está sem falar com ele, né? – Sim, estou evitando. Ele está tentando falar comigo, mas eu não respondo. – Se precisar de algo, sabe que pode contar comigo. Se eu soubesse, teria marcado o jantar para outro dia. – Diz e bebe seu café. – Notei que você ficou bem alheia algumas vezes. – Relaxa. Foi bom o jantar e Well foi incrível. Adorei. Até já pensei que talvez renda alguns dias de prazer. – Sorrio e ela dá risada. – Ah, que safada. – Mordo o lábio. Voltamos ao trabalho e terminamos tudo antes do fim do expediente. Passamos no Starbucks e tomamos um café. Nosso almoço foi substituído por bolo e donuts. Gosto de conversar com Cloe. Qualquer dia vou convidá-la para ir almoçar em casa, vou amar cozinhar para ela, mas primeiro vou deixar mais ajeitado. Assim que as portas do elevador se abrem no andar, vejo em cima da mesinha feia uma caixa. Reviro os olhos e sinto um frio na barriga. O que foi dessa vez? Paro em frente e vejo uma caixinha de papel com a tampa transparente. Tem docinhos dentro. O que ele pensa que está fazendo? A Lady começa a latir e ouço o barulho da porta destrancando. Noah aparece sem camisa, descalço usando uma bermuda moletom e com o cabelo um pouco bagunçado. Ele respira fundo ficando em minha frente. Lady vem me cumprimentar e eu faço carinho nela como sempre. Levanto depois que dou um "oi" e pego minhas chaves na bolsa. – Any. Eu comprei docinhos para você. Não vai pegar? – Fala e eu destranco a porta. – Fala comigo, deixa eu me desculpar com você, pequena. Pego a caixa de doces e jogo em seu peito com raiva. Os doces caem todos no chão com o impacto. Piso em um deles amassando e o pego levantando deixando em frente aos seus olhos mostrando. – Pede desculpas e vê se ele fica redondo de novo. – Digo com raiva. Noah pega o doce da minha mão e boleia ele novamente. – Palavras talvez não adiantem, mas um pouco de carinho e arrependimento sim. – Ele me mostra o doce redondo novamente. Pego de sua mão e taco no chão com raiva. – Você me humilhou na frente daquelazinha. Ninguém nunca me destratou desse jeito e você tem feito isso desde que nos conhecemos. Você deixou que ela me chamasse de desesperada e praticamente me mandou calar a boca e ficar quieta. Tem noção? – Noah passa a mão no rosto e olha para o chão – Noah você me magoou demais. Eu fiquei com raiva e péssima. Me senti humilhada. Você não me defendeu ou talvez se tivesse pedido para ela parar, não sei, eu talvez não me sentiria tão m*l. – Meus olhos se enchem de lágrimas e eu tento não deixa-las cair, mas simplesmente acontece. – Eu posso explicar. Se conversar comigo pelo menos. – Não quero. Você fica aí me tratando m*l e depois quer me dar mimos como se nada tivesse acontecido. – Limpo uma lágrima e ele me observa com arrependimento. Noah junta as sobrancelhas e molha os lábios olhando para baixo novamente. – Se eu aceitar, você sempre vai fazer isso. E eu não estou afim de uma relação abusiva. Quase estive em uma e não quero realmente estar. – Any – Ele tenta tocar em meu rosto, mas eu tiro sua mão. – Não. Só não fala comigo e finge que a gente não se conhece. Vai ser melhor. Eu fico longe das suas grosserias e é tempo suficiente pra eu parar de me sentir i****a e esquecer aquele Noah que estava aqui comigo. Ele foi soterrado por brutalidade, arrogância e rudez. – Desculpa. Desculpa fazer m*l pra você – Ele agacha e começa a pegar os doces do chão colocando na caixa. Lady comeu alguns pelo visto. – Vou ficar longe e te deixar em paz. Prometo. Respiro fundo e entro em casa chorando. Fecho a porta deixando para trás. Coloco minha bolsa na mesa de centro e despenco no sofá. Ponho as mãos no rosto e choro. Não era assim que eu imaginava essa nova etapa da minha vida. Não mesmo. Sinto um nó na garganta e fico péssima. Aí que ódio. Odeio brigar com as pessoas e eu estava começando a gostar dele. Que ridícula que eu sou. Gostar de um homem grosso que só me trata m*l. Sou uma i****a. Mereço coisa melhor e fico pensando nele. Tenho que deixar tudo isso para trás e seguir minha vida. Pelo menos eu pude falar o que penso e sei que não fiquei calada. Decepcionante! ••• Estou exausta! Parece que carrego um elefante nas costas todos os dias quando acordo. É como se alguém me puxasse de volta para a cama. Acordar 5h da manhã tem sido péssimo. Na verdade, eu deveria acordar essa hora, mas estou ficando com tanto sono e tão cansada que acordo 05h40 para sair de casa às 6h10. O trabalho tem sido cansativo demais essa semana. Cloe e eu estamos nos virando. Eu não estou mais em treinamento, estou ficando sozinha então o trabalho dobrou. Está insano. Well tem me mandando mensagens e eu estou conversando com ele. Ele realmente é um cara legal e estou começando a gostar dele. Mas nada demais, eu disse que não estava tão no clima e ele disse que tinha seus rolos. Acho ótimo, ele não espera por mim e eu fico numa boa sendo amiga dele. A semana pelo menos passou rápido. Cloe veio aqui em casa umas 3 vezes dentro dessas duas semanas que passaram. Cloe amou quando cozinhei para ela. Ela disse que tenho mãos de ouro e que se eu abrisse um restaurante ela iria todos os dias. Ela também me ajudou com a decoração. Minha mesa nova chegou, as cortinas brancas e longas da minha sala, meu tapete novo do quarto, alguns utensílios de cozinha e também ganhei um jogo de taças da Cloe. Ele ganhou de um namorado rico que ela tinha, mas como em sua casa já tem, ela resolveu me ceder. Eu amei, já ia comprar um e esse aqui é bem mais caro do que eu pensava e poderia comprar. As bordas tem detalhes em ouro. Ouro. Chamei mamãe para almoçar aqui junto com meu pai. Vou cozinhar para eles, mas ainda não defini o dia. Vou esperar eu ficar menos cansada. Aí faço tudo com mais carinho. Ambos são divorciados, mas eu tenho certeza que ainda rola alguma coisa. Por exemplo, se ficarem sozinhos eles transam. Pelo menos eu acho. Eles brigavam muito e se divorciaram se amando. Eu tinha 16 anos quando aconteceu. Acho eles engraçados juntos. Faz tempo que não vejo Noah. Nos encontramos outro dia na academia, ele falou "Oi" para mim e eu respondi por educação. Ele ficou me encarando quase que o treino todo. Mas ainda bem que não falou comigo. Também o encontrei outro dia. Eu estava saindo para trabalhar e ele chegando, eu estava atrasada e checando tudo em minha bolsa para eu ver se peguei tudo. Nos esbarramos no elevador, mas desta vez eu não cai no chão. Ele me segurou firme e eu fiquei cara a cara com ele. Soltei-me rapidamente, pois tive a impressão de que ele iria querer conversar de novo e também eu estava atrasada. Não tenho mais ouvido também o latido da Lady. Faz uns três dias mais ou menos. Ele sai toda a tarde no mesmo horário, fica um tempo fora e depois volta. Sinto falta dela. Lady me ouvia chegar em casa e arranhava a porta dele sempre querendo sair. Também arranhava a minha e chorava ao lado dela toda vez que eles saiam ou voltavam de algum lugar. Eu ficava com vontade de abrir a porta só para dar carinho e "Oi" para ela. Decidi vir ao mercado novamente. Mercadinho na realidade. Preciso urgente comprar um carrinho de feira pelo menos ou começar a pegar um Uber. Saio de lá com as sacolas cheias. Eu comecei a dosar o que compro e tem dado certo. Mas desta vez eu exagerei como na primeira vez. Faço o mesmo esquema que antes, dou alguns passinhos e solto as sacolas quando ficam muito pesadas para meus dedos. Não trouxe meu celular dessa vez, esqueci, senão eu pediria logo o Uber. Quando estou quase chegando um homem de capuz, com as mãos nos bolsos do moletom passa me encarando. Ando mais rápido, mas preciso soltar as sacolas. Olho para trás e vejo que ele volta olhando para os lados. Não tem uma alma na rua e apesar de ter estabelecimentos abertos, está escuro e ele vai me roubar aqui. Merda, tenho certeza. Ele vai roubar. Ninguém nem vai ver. Droga. Olho para minhas mãos vermelhas e fico com um frio na barriga. Ele está voltando. Pego as sacolas e quando dou alguns passos sinto uma mão no meu braço. – Não grita. – Ponho as sacolas no chão – Não grita. Fica quieta e me passa o celular. – Olho para ele – Anda, garota – Ele me mostra uma faca pequena e olha ao redor. – Eu juro que não está comigo. Eu não tenho aqui. Não tenho nada – Falo rapidamente e com a voz trêmula. – Anda. Me dá o celular, cara lho – Ele aperta meu braço mais forte. – Se não der o celular, eu te arrasto para o canto e vai me dar outra coisa. Anda. – Não, eu não tenho. Juro. – Falo depressa e ouço as batidas rápidas do meu coração. Droga, começo a suar e olho ao redor, não passa carros e nem ninguém. – Eu vou te cortar aqui mesmo, c****a. – Eu... - Gaguejo, olho para a faca e fico com medo. Um carro preto enorme, um Range Rover, passa pela gente e depois para bruscamente. Os vidros estão bem escuros e não dá para ver quem está dentro. A porta do motorista se abre e eu vejo o Noah descer com pressa. O assaltante solta meu braço e tenta mostrar a faca para Noah que não se amedronta e anda na direção dele com firmeza e seriedade. Bem intimidador. – Sai de perto dela. – Diz num tom alto e grosso, e com muita habilidade, segura o pulso dele e tira a faca de sua mão. O assaltante tenta brigar, mas Noah é muito bom nisso e com apenas uma mão, UMA mão quebra o pulso dele. O cara grita e segura a mão gemendo de dor. Noah dá um soco bem forte em seu rosto que o faz cair no chão. Ponho as mãos na boca e olho como ele faz tudo isso com naturalidade e confiança. Que isso, gente? O grandão guarda a faca no bolso, levanta o cara pegando forte em sua nuca e o encosta na parede com força. – Você nunca mais vai aparecer aqui. E se pensar de novo em tocar nela eu mato você, seu filho da p**a. Eu devia arrancar seus dedos só por ter pensando em encostar nela. Vaza daqui. Anda. – Solta sua nuca com força empurrando-o, ele sai correndo bem desnorteado segurando o pulso e se escorando nas paredes. Meu coração fica acelerado e eu respiro fundo. Noah olha para mim e chega perto. Trêmula e suando frio, olho para ele de volta. – Pequena, você está bem? Ele te machucou? – Pergunta passando suas mãos enormes em meus braços me acalmando. – Estou. Ele só pediu o celular e apertou meu braço. – Noah olha para onde eu aponto. Ele faz carinho e me abraça. Noah me engloba em seu corpo enorme e eu não o impeço. Eu deixo que ele me proteja e me acalme. Noah olha para mim de cima e eu fico com as mãos em seu peito. – O que faz aqui a essa hora, Any? Está tarde. – Eu tive que ir comprar algumas coisas. E só tive tempo agora. Acabou tudo em casa. – Ele olha para as sacolas no chão, solta meu corpo devagar e pega as duas com apenas uma mão. – Veio carregando essas as sacolas? – Pergunta abrindo o porta malas e colocando lá dentro. – Vim, eu não tenho carro. Tenho que comprar as coisas aos poucos no mercadinho. Eu pretendia ir a um mercado maior, mas não tenho como trazer tudo. – Faz sempre as compras assim? Any, por que não me falou? Eu te ajudaria. – Ele fecha o porta malas e fica me olhando. – Você sabe, Noah. Não nos falamos por semanas e... Você sabe – Ele respira fundo e toca em meu ombro. – Vem, vou te levar para casa segura. – Me guia até o banco do passageiro e me ajuda a entrar. Noah coloca meu cinto, fecha a porta e dá a volta. O carro dele é grande como ele. E cheiroso. O AP não é tão longe, ele dirige por duas quadras e logo entra no estacionamento coberto. Eu não sabia que ele tinha carro. Noah estaciona em uma vaga com o número 69 pintado de amarelo no chão. Tem uma motona ao lado e reparo que também está escrito 69. Eu não sabia que ele tinha moto. É que eu só o vi saindo algumas vezes a pé. Saio do carro ainda em silêncio e ele pega minhas sacolas. Entramos no elevador e eu só tomo coragem para agradecê-lo quando chegamos na porta de casa. Não ouço os latidos da Lady e gostaria de saber onde ela está, mas não pergunto nada. – Obrigada por trazer minhas sacolas e por me livrar de levar uma facada. Eu realmente agradeço – Olho em seus olhos verdes e ele põe as mãos no bolso. Noah usa calça jeans preta com os joelhos rasgados, suas coxas são grossas e ficam bonitas em jeans. Ele usa também uma blusa preta da Calvin Klein que fica colada em seu peito e braços por mais larga que seja. Em seu pé, usa um Air force one branco. Seu cabelo está lindo e dá para perceber que ele fez a barba e raspou o cabelo dos lados recentemente, pois está tudo alinhado. Até suas sobrancelhas estão bem feitas e impecáveis. – Realmente fico agradecida. – Jamais te deixaria ali. Gosto de você. – Não parece muito, mas não quero entrar no assunto. Já tive emoções de mais por hoje. Obrigada mais uma vez por espantar aquele cara. – Destranco a porta e ponho as sacolas para dentro. Noah dá alguns passos em minha direção e beija minha testa. – Fica bem, tá – Faz como se fosse um adeus e pega suas chaves. Fecho a porta junto com ele e respiro fundo. Ainda sinto seu perfume. E também sinto seus lábios em minha testa. Droga eu gosto mesmo dele, mas é uma pena que ele seja assim. Bom e depois r**m. Me ajuda e depois pisa em mim. Ele é meio sombrio, tem um ar intenso e está sempre sério. Deve guardar alguma coisa dentro dele que não conta para ninguém. Talvez uma mágoa, raiva, vingança, tristeza ou dor. Não sei e nunca vou descobrir. Guardo minhas compras e tomo um banho para dormir. Apesar de ele ter me ajudado não vamos voltar a ser amiguinhos como antes. A vida vai seguir normal, ainda estou chateada pelo o que aconteceu. Então não quero muito papo. Outro dia a loira veio aí falar com ele, faz uns dias já, bateu na porta, ligou e tocou a campainha, olhei tudo pelo olho mágico e notei que ele não atendeu a porta, mesmo estando em casa. Eu o ouvi chegar umas horas antes e Lady fez o maior barulho. Ela foi embora pisando duro e claramente com raiva. Bom, problema dele e dela. Minha curiosidade só me fez olhar mesmo. ••• Lady voltou para casa faz uns 4 dias, ela voltou a arranhar minha porta e hoje pela primeira vez eu arranhei de volta. Ela ficou doida e toda animadinha, mas eu não abri. Noah daria um jeito de falar comigo e não quero. Sei que já se passaram algumas semanas, mas ele me magoou de verdade. Meu celular toca e vejo que é um número desconhecido. Na verdade, é o mesmo número que tem me ligado. Começou antes de ontem quando eu estava voltando para casa. Depois ontem quando eu estava fazendo almoço e agora. Quem que está me ligando às 5h da manhã? Resolvo atender desta vez, deve ser alguém ligando enganando, não é possível. – Alô – Falo, mas não tenho resposta – Alô? – Sua voz ainda é muito gostosa – Reconheço quem me liga e fico paralisada na cozinha com meu copo de água na mão. – Hum, fala de novo. – O que você quer Marco? Como conseguiu meu número? – Eu estou com saudade. Só isso. – Marco – Digo incomodada com a situação – Eu vou desligar. – Não... Não vai. – Tchau – Desligo na mesma hora. Ponho o celular em cima da bancada e vejo que ele me liga de novo. O que ele quer? Não quero falar com ele e não quero nenhum contato com meu ex. Minhas mãos tremem e deu bloqueio seu número. Como ele conseguiu meu número? E por que está me ligando? Sinto um fio de medo passar pela minha espinha e termino de beber minha água. Não quero ele perto de mim e nem voltar a ter contato. Ele é perigoso, na verdade, se tornou perigoso e não quero me atormente. Arrumo-me para ir trabalhar e saio de casa 6h em ponto. Enquanto espero o elevador, Noah sai também e se junta a mim. Seu perfume de homem gostoso domina o ambiente e eu inspiro fundo. – Bom dia. – Ele diz com uma voz rouca. – Bom dia – Respondo. O elevador chega e noto que tem algumas pessoas. Noah entra primeiro ficando no fundo e eu fico em sua frente. Ele chega perto e estica o braço para apertar o subsolo. Paramos em mais dois andares e outras pessoas entram. Sou obrigada a dar alguns passos para trás e sinto seu corpo. Minha b***a fica quase em seu pacote, minhas costas em sua barriga definida e ele beija o topo da minha cabeça. Respiro fundo e sinto borboletas na minha barriga, mas por que? Molho os lábios e olho para trás. Ele põe meu cabelo para atrás da orelha e me cheira. Fico arrepiada e me odeio por isso. Ainda tenho raiva dele e me sinto magoada sim, mas ainda me lembro daquele Noah sorridente, engraçado e bêbado que estava comigo em casa outros dias. Aquele Noah provavelmente nunca mais vai se encontrar comigo e eu ainda fico pensando nele. Quando chega no térreo, algumas pessoas saem e eu também tento, mas Noah me segura no lugar e eu me viro para olha-lo. – O que está fazendo? – Pergunto. – Vou te dar uma carona. Você disse que trabalha na Paulista, vou passar por lá. – Não precisa. Eu vou de metrô. – Falo tentando sair do elevador, mas ele fica me segurando pela mão. – Eu insisto. – Diz e a porta se fecha. Vamos juntos até seu carro e ele pega dois capacetes. Noah coloca um corta vento bem bonito e percebo que desta vez ele sai apenas com uma mochila e não com sua bolsa enorme. Ele se veste bem e está sempre bonito e cheiroso. A não ser quando sai com suas roupas de corrida e com a bolsa enorme. Aí ele não passa perfume. Noah me olha e percebe que eu estava encarando-o. – Não estou tentando me fazer de bonzinho, se é isso que está pensando, mas já que estou indo para lá, não acho seguro que você saia agora de madrugada. Se pode ir em segurança, você vai. Além disso, é melhor ir de moto do que de metrô, certo? – Pisca para mim. – Certo.– Para minha sorte, hoje uso uma calça flair creme que combina com meu blazer. É um conjunto. Se eu estivesse de saia, eu não poderia aceitar a carona. Ele coloca o capacete em mim e ajusta. Sorri e se contém para que não dê risada. – Quer rir por que, Noah? – Pergunto. – Por causa da sua cabecinha pequena. – Dou um tapinha nele e sorrio também. Ele põe a mochila para frente e monta em sua moto. Monto logo em seguida com a ajuda dele. A moto é alta e mesmo com os saltos eu tive que dar um pulinho. É uma moto grande igual ele e bonita. Tenho que admitir ele fica um gostoso em cima de uma motona assim. Noah segura meus joelhos e me puxa para bem perto dele. Solto um gritinho e dou um pulo. Seguro em sua cintura, mas ele pega minhas mãos e me faz abraça-lo. Seu tronco é grande e confesso que tocar em sua barriga definida é do cara lho. Aí que corpo que esse homem tem. – Posso? – Pergunta e olha para mim. – Pode. Em menos de 40 minutos Noah já estava estacionando na Paulista. A moto dele corre demais e faz um barulho incrível. É suave embora poderoso. Não é barulhenta como aqueles motos que dão vergonha. É música para os ouvidos. Desço da moto com a ajuda dele novamente e ele tira meu capacete. – Obrigada por me trazer. – Falo – Muito gentil. – De nada. Você sai que horas? – Às 13h, mas não precisa vir eu... – Eu venho te buscar. – Vou ter que dar um fim nisso. – Noah, não precisa e é melhor não. – Falo olhando para baixo e ele tira o capacete. Ele respira fundo e mexe no cabelo. Passa a mão no rosto e olha ao redor. – Eu sei que está brava comigo, tenho noção disso e não estou agindo como se eu não tivesse sido um escro...to com você. – Ele molha os lábios – Eu só quero ajudar você. Não quero que fique brava comigo para sempre, mas não quero que se sinta forçada a falar comigo também. – Ele faz carinho em mim e eu toco em sua mão. – Almoça comigo hoje, vai? Vamos conversar. Uma hora vamos ter que conversar. – Eu sei. Mas é melhor não. – Falo e tiro devagar sua mão de meu rosto. – Hoje não – Ok. – Diz chateado. – Obrigada mesmo por me trazer – Digo novamente – Bom trabalho – Ele se inclina e beija minha bochecha, não me esquivo e até deixo que ele me dê mais alguns. – Obrigado. Para você também. Entro na empresa e fico sentada nas poltronas confortáveis da sacada que há na copa esperando dar a hora. Cheguei bem cedo e tenho tempo de comer um pouco. Conto para Cloe o que aconteceu e ela fica confusa assim como eu. Ela disse que na minha situação não saberia o que fazer. Bom, eu também não, mas afasta-lo e deixá-lo longe me pareceu a melhor coisa a ser feita. Eu sinceramente não confio nele e não quero ele me maltratando de novo. Ainda conversando com Cloe antes do expediente começar. Acabo não contando sobre a ligação perturbadora do meu ex. Acho que isso vou guardar para mim e espero que ele não me ligue mais. Eu nunca deveria ter atendido! Mas como eu saberia que era Marco do outro lado da linha? Não quero nada com ele, Marco trabalha para a polícia e não é o tipo de policial bom. Respiro fundo. Descobri isso quando estávamos quase para acabar o namoro. Ele foi acusado de acobertar uns traficantes e ser comprado por eles. Obvio que não aconteceu nada com ele. Perguntei se era verdade, olhei em seus olhos e pedi que me contasse, mas ele disse que era mentira e a gente acabou brigando, ele reverteu a situação se fazendo de vítima e me acusou de não confiar nele e duvidar de sua índole. Ele me acusou de mais coisas também, disse que eu não era parceira o suficiente e que eu deveria apoia-lo mais. Mas como eu poderia? Depois que o conheci melhor, eu finalmente enxerguei que ele exalava uma má conduta. ••• – Mãe, você disse que voltaria para casa amanhã. – Falo. – Eu sei, abelinha. Mas a vovó quer que eu fique mais uns dias – Diz e parece colocar algo na boca para comer. – Mas eu vou almoçar aí na sua casa com você e o pilantra do Max. – Não chama o papai assim – Dou risada e estico meus pés na minha mesinha de centro – Vocês se gostam que eu sei. – Sim, mas brigamos muito. Fim de papo. – Dou risada. – Você ainda acha o papai gostoso? – Any, que tipo de pergunta é essa? – Ela solta uma risadinha – Não acho nada. – Mentir é feio. – Falo. – Olha, acho, mas isso fica aqui entre nós. – Ele também te acha gostosa, mãe. – Falo. – Acha, é? – Ah, com certeza. – Gargalhamos juntas. – Você vem mesmo almoçar, né? – Sim, vou. Quando eu voltar. Aí te mando mensagem. – Está certo, então – Suspiro e nós desligamos o telefone. Olho no relógio e vejo que são 23h45. Estou caindo de sono, mas ainda bem que amanhã eu não tenho que ir trabalhar. Estou de folga. Glória. Adoro. Ouço a Lady latir e depois que a porta ao lado se abre ela arranha minha porta. Ultimamente eu não tenho arranhado de volta, mas como dessa vez ela late e arranha mais forte do que o usual eu cogito em abrir. – Garota, entra. – Noah fala claramente bravo e ela continua. Abro a porta e dou carinho para ela por um tempinho. Mas quando olho para Noah meu sorriso se desfaz. Seu rosto está sujo e machucado. Noah tem o nariz vermelho, o lábio cortado, sua maçã do rosto está sangrando e ele tirou a barba. Quando? Até ontem quando ele me levou ao trabalho sua barba estava intacta. Sua sobrancelha também está sangrando e tem um corte sua testa. Lady para de latir e fica chorando entre nós. Ah, por isso ela estava mais agitada que o normal. Queria me mostrar. Levanto e continuo encarando-o. Chego perto, mas com medo de ele... Sei lá. Fazer ou falar alguma coisa que me magoe. O que será que ele fez? Com quem brigou? Por que brigou? Noah, não está nada bem e precisa de cuidados. Ele precisa cuidar desses machucados, precisa de um banho quente e descansar. Caram...ba! No que que esse homem anda se metendo, hein? *** ps: o próximo capítulo está bem caro, por algum motivo eles começaram a cobrar a partir do 5 cap. era para ser a partir do 6. a política da Dreame é essa. 5 primeiros caps grátis. mas no meu livro não foi assim. os outros caps estão bem mais baratos. variam entre 14 e 17 moedas. apenas esse 5 que está um absurdo. beijos. espero que gostem.
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