Caminhos cruzados: O amor proibido no morro

Capítulo 04

Digao narrando

Liberdade, a ligação do meu advogado foi pra confirmar aquilo que eu já estava esperando a muito tempo, minha tão sonhada e querida liberdade, p***a não via a hora de sair dessa jaula, ver o sol de forma descente, voltar pro meu morrão, minha favela, aí que saudade do meu Salgueiro

Pedi que ele viesse me buscar pois não queria ninguém do morro sabendo da minha chegada antes, todos teriam uma surpresa, e assim foi feito, meu advogado me buscou, como pro meu morrão é assim que passamos pela barreira os vapores param o carro e eu os encaro

- estão brecando o patrão é isso mesmo ?- eu pergunto e os novos ficam sem entender, os antigos ficam em choque me cumprimentando

- passa aí patrão é festa na favela p***a - eles comemoram e eu indico o advogado a ir direto pra boca

Chegando lá já vejo a rafa se pegando com meu sub, o short pior que de uma p**a, com a parte de cima de biquíni, ela colocou silicone, se encheu de tatuagem, o cabelo preto puxou da mãe, e com um batom vermelho na boca hora dessa, se bobiar não tirou nem a maquiagem do baile

- cheguei p***a - falo descendo do carro e ela fica pálida assim que me ver e disfarça vindo correndo na minha direção

- pai que saudade - ela fala me abraçando - mamãe já sabe que você está solto ? - ela comenta e eu reviro os olhos

- e por que ela saberia ?- eu pergunto na ignorância e ela se cala

- por que não me avisou que estava livre ? Eu iria mandar alguém buscar o senhor - ela fala passando a mão na coxa como faz quando está nervosa

- você tinha mais com o que se preocupar, agora eu vou tomar conta do meu morro e ver as coisas que aconteceram já que tinham quatro dias que você não falava comigo né - falo e ela engole seco

- fala irmão suave - bk fala apertando a minha mão- que bom que tá na pista - ele fala e eu concordo sério e chamo o foguete que estava mais afastado só encarando a cena

- fala patrão bem vindo de volta - ele fala comigo e eu concordo

- valeu, depois cola na minha sala que vamos trocar uma ideia - falo e ele concorda já sabendo do que se trata

- pai não vai curtir o seu dia antes de voltar ao trabalho ?- Rafaela me pergunta e eu n**o olhando para ela

- são oito anos fora, tenho muito o que fazer - falo sério e entro na minha sala com os dois

Eles começam a me chamar passar as coisas e tudo que leio não fecha a conta com o que está escrito, e eles falam como se fosse a coisa mais certa do mundo e isso começa a me irritar

- ok podem sair e chamar o foguete por favor - falo sério e eles me encaram sem entender

- como assim patrão ?- bk me pergunta com um baseado na boca

- assim, a sala é minha, eu estou de volta, podem me dar licença e chamar o foguete - falo sério e a Rafaela apoia as mãos na mesa

- o senhor ficou fora oito anos, nós temos coisas a fazer hoje, temos um roteiro, o senhor chegou não tem meia hora e já tá tirando nós dois que corremos esse tempo todo do seu lado pra escanteio ?- ela fala e eu passo a mão na cabeça pra não me irritar

- Rafaela, você estava de frente mas quem resolvia a p***a toda sempre fui eu, quem sempre fez tudo fui eu mesmo de lá de dentro- falo me levantando - tem seis meses que você não vê a sua avó e ela mora na rua de cima da sua casa Rafaela, você acha que eu não sei das coisas que acontecem no meu morro - falo encarando ela que sai batendo porta

- coe irmão o que tá acontecendo pô ?- bk insiste e eu encaro ele - é porque eu tenho um lance com a rafa?- ele pergunta e eu n**o

- quanto a isso eu nem me preocupo, você e ela sabem o que fazem da vida de vocês - falo com ele - eu tenho muita coisa pra resolver e eu quero ficar a par de tudo do meu jeito - falo com ele que concorda - foguete entra na minha sala- pego um rádio na mesa e o bk sai da sala confuso

- fala patrão - foguete entra quando eu tô encarando os números

- essa p***a tá toda errada meu parceiro - falo e ele concorda

- patrão eu só faço o recolhe e o repasse, enquanto tá na minha mão tá certo, mas quando eu passo pra cá começa a faltar, começa a sobrar droga, eu não tô entendendo nada - ele fala e eu bufo bolado

- vamos fazer o seguinte, tu vai me ajudar - falo sério com ele- vamos contabilizar tudo, do que tem aqui e na rua, vamos contar todo o dinheiro e fazer o balance, e a partir daqui só vai passar da minha mão pra tua e da tua pra minha até eu acertar o que ficou pra trás - falo e ele concorda

- conta comigo patrão, eu vou fazer o recolhe da rua agora, de todas as bocas, e vou deixar zerado por enquanto, aí o senhor já separa aí pra mim que quando eu voltar o que sair já vai tá contabilizado, e depois que eu distribuir eu volto pra cá e fazemos o balance - ele fala e eu concordo liberando ele

Tranco a minha porta e começo a separar o que vai pra cada boca, anoto tudo, em seguida o foguete chega e já começamos a trabalhar juntos, ficamos a tarde toda conferindo tudo, fazendo a boca quase do zero, depois de tudo pronto ouço o meu rádio tocar

- pai estamos no bar do seu João, churrasco pra comemorar sua volta, vem pra cá - ouço a voz da rafa e não respondo nada

- patrão o que o senhor precisar é só me acionar, eu vou em casa e depois eu broto lá no bar - foguete faz o toque comigo e vai embora

Eu saio da boca e geral me dá as boas vindas de volta, pego minha moto que já mandaram colocar aqui na frente e vou na minha mãe, minha coroa tem um bagulho de rezar as crianças aqui do morro, cheguei em casa tava saindo uma mulher de lá com um bebê cheio de brotoejas

- meu filho amado- ela junta as mãos no rosto chorando e eu a abraco - aí que felicidade meu filho você tá de volta meu amor - ela fala chorando e me reza todinho

Eu não acredito em nada não, acredito em Deus, mas eu faço tudo o que minha mãe manda eu fazer, não brinco com esses bagulho não, se ela manda eu faço e nem questiono nada, depois dela me rezar eu me molho no chuveirão que tem do lado de fora e ela joga as ervas todas em mim e entramos na casa dela

- tem um bolo fresquinho de fubá e um café do jeito que você gosta - ela fala arrumando a mesa e ficamos ali conversando um tempão

Tudo que ela me falou só ouvia reclamações da Patrícia e da Rafaela, Rafaela tá se denominando a dona do morro e a Patrícia primeira dama, mas as duas sabem que comigo aqui o buraco é muito mais baixo, ou anda na linha ou perde tudo

Saio da casa da minha mãe depois de me encherem muito o saco pelo rádio, me arrumo na minha casa que pelo menorá do jeito que eu gosto, certeza que isso é obra da minha coroa, coloco meus ouros que eu estava com saudade e vou pro bar

Chegando lá todos fazem o toque comigo, tinha pagode ao vivo, e a Patrícia lá toda se achando, com uma saia enfiada no cu e os p****s quase de fora

- que saudade - ela vem me abraçando e eu afasto ela - tô feliz que você tá de volta - ela fala tentando me beijar e eu me afasto dela que fica com cara de tacho perante a todos

Sento na cadeira me servindo uma cerveja e vejo um velho muito bebado no balcão causando, eu não gosto dessas coisas na minha favela não, tem que ter disciplina no bagulho, não importa quem seja

- esse velho vai morrer daqui a pouco- rafa fala e eu só escuto- se aquela p**a da filha dele não me pagar hoje morre os dois - ela fala e eu a encaro

- quem diz se morre ou não sou eu Rafaela - corto a graça dela que faz um bico do tamanho do mundo

Não demora muito a Patrícia cola do meu lado e eu vejo várias loiras siliconadas, pronta pra me dar, mas mantenho a postura, me espanto quando vejo uma moreninha linda, subindo a favela com dois isopores no ombro, cara de cansada, de vestidinho de praia e dava pra ver a marquinha de cima estalando nela, não sei porque me deu um tesao só de olhar, mas fiquei puto na mesma hora que ouvi geral zoando ela, a Rafaela roncando pra cima da mina, a mina tirando um bolo de nota da bolsinha, a cara de choro, a humilhação entre o seu pai e o dono do bar, o constrangimento de forma geral que ela passou, não gostei disso é só encarei toda a cena no ódio

Mas teve uma coisa que eu gostei, quando ela entrou no bar e eu pude ver melhor o seu corpo pelo desenho do vestido, nunca me interessei por uma morena, sempre foi a p***a do padrao, tirando um pouco a Patrícia que tem o cabelo escuro, mas essa morena quando deu o papo eu gostei pra c*****o, ela saiu do bar pra ódio, suas olheiras são enormes, não n**a o cansaço estampado no seu rosto

O pai dela fez um barraco, quase bateu na menina na frente de geral, e todos do bar comemorando, a Rafaela rachando o bico de tanto rir, e eu me levantei puto e fui na direção do velho

- e aí - falo parando na frente dele que fica me olhando com os olhos arregalados

- fala patrão bem vindo de volta - ele fala esticando a mão e eu soco a sua mão pra baixo

- a próxima vez que tu causar na favela desse jeito, ou eu ver tu batendo nessa menina dessa forma tu vai pro desenrolo- falo apontando o dedo na cara dele- seja sujeito homem e pague as tuas dívidas sem ter que meter ninguém nos seus rolo- falo e ele engole seco- droga pra tu aqui no meu morro só a vista e não tem quais quais quais- falo e dou as costas voltando pro bar e todos me encaram

Vejo o foguete sair do bar de cara fechada e me questiono se ele tem algo com a mina, porque ele foi o único que não zoou, e ficou de cara feia a todo tempo

- seu João, tudo na minha conta até o bar fechar, só mandar a conta pra boca - falo e ele concorda e viro as costas saindo do bar

- digao me espera - Patrícia vem atrás e eu subo na moto - vamos matar a saudade, tem tanto tempo - ela fala esfregando as pernas e eu ligo a moto e acelero deixando ela ali sozinha no meio de geral, não tenho nada com ela e nem quero

Começo a dar um giro pelo morro quando passo na frente da casa do foguete e vejo ele entrando com outro homem e pareciam bem íntimos um do outro, acho que entendi, e não me importo com isso, pelo menos ele não tá com a moreninha, subo as vielas e vejo a morena subindo pra vista, paro algumas ruas antes e fico só observando ela, quando já deu tempo dela chegar lá eu subo a pé e ouço ela conversar com Deus e me dói ouvir as suas palavras, mas uma coisa eu garanto, do Salgueiro ela não sai de jeito nenhum, eu não permito

Ela quase me vê, se assusta procurando, mas não me acha e em seguida vai embora com cara de assustada e quando ela passa por mim eu sinto o seu cheiro doce e fico intrigado com essa menina linda, preciso saber mais dela