Capítulo 03

2051 Words
Pamela narrando Acordei 6 da manhã, hoje eu pude acordar mais tarde, ainda bem, porque geralmente eu levanto as 5h, então que seja uma horinha a mais pra mim já é lucro, levantei sem fazer barulho, fiz minhas higienes, preparei um café pra minha bi, arrumei a cozinha dele que estava uma zona, e fui arrumar minhas coisas no isopor pra poder descer pra praia Depois de tudo pronto eu arrumei a mesa do café pra bi tomar, tomei um gole também com um pão com ovo, e fui me vestir, coloquei meu biquíni, uma saída de praia, passei protetor no meu corpo todo, principalmente no rosto, depois coloquei meu boné prendendo o meu cabelo, meu documento na bolsinha, troco pra dar para os clientes, e meu celular quebradinho mesmo que é o que tenho e fui chamar a bi se não ele perde a hora - bi acorda já tô saindo - chamo ele se remexe na cama e senta devagar coçando os olhos - aí biiii quero um homem rico que me banque e me coma todo dia - ele fala e eu gargalho com ele fazendo drama na cama - tô indo viu bom dia pra você, tem café na mesa já - falo e ele me deseja um bom dia também Desço a favela e tá geral subindo do baile doidão, eles começam a me zoar e eu abaixo a cabeça apressando os passos - fala rainha do valao- um dos vapor grita tirando onda comigo - gostosinha fode comigo, eu te p**o um pino- o outro gargalha - vem pro bacanal nas casinha gostosa - um noia vem na minha direção e eu apresso os meus passos já com o choro entalado na garganta Desço rápido e encontro o bk saindo do baile montado na sua moto discutindo com a arlequina, que é a filha do dono tá aqui que tá preso, mas ela se acha a rainha da favela, ridícula, ela tem a minha idade quase, mas parece bem mais velha, o bk me encara e fala algo com ela que volta pro baile pisando fundo e eu vou descendo - aí valao - ele para do meu lado - teu coroa tá devendo na boca de novo como nós fica - ele fala puto e me repara de cima abaixo - eu já pedi pra não venderem pra ele, eu não tenho dinheiro hoje - falo com o ódio tomando conta de mim - fica sussa gatinha se tu quiser tu me paga de outro jeito pô, nós desenrola essa ideia - ele fala sugestivo e eu n**o - fala o valor bk, eu vou dar o meu jeito - falo irritada encarando ele - mil prata - ele fala e eu não tenho nem reação, só concordo e ele me segura pela cintura descendo da moto - mas eu posso perdoar a dívida pô só tu aceitar a dar um rolê comigo - ele fala e eu n**o me afastando - o que tu tá fazendo do lado dessa p**a do valao bk - ouço o grito da arlequina e aproveito pra sair descendo o morro enquanto eles discutem lá pra cima Sete horas da manhã e eu já tô chorando, sabendo que todo o dinheiro que eu ganhar hoje já está comprometido por conta das dívidas do meu pai, que merda de vida Passo na frente do posto é estranho o Breno estar no posto hoje, assim que ele me vê ele vem na minha direção - bom dia minha princesa - ele vem me abraçando mesmo eu com os dois isopores no ombro - bom dia meu amigo como você tá ?- eu pergunto a ele - tô bem, você já comeu ?- ele pergunta e eu confirmo vendo ele me olhar desconfiado - de qualquer forma eu trouxe um lanche pra você comer na praia tá, tá levando água pra você né - ele fala todo preocupado - tô amigo, tô sim muito obrigada- falo e ele n**a me dando um beijo na testa - vou lá tá tenho que pagar uma dívida já assim que subir o morro de volta - falo e elementar com a cabeça Vou andando e pego uma van até a praia, hoje tá cheio de turista, é feriado prolongado, o bagulho tá lotado, já parei no ponto onde eu sempre fico e já foi chegando muita gente, hoje graças a Deus foi um dia abençoado - que preta linda amei seus cachos- uma moça super gente boa fala comigo comprando umas latinhas de cerveja - muito obrigado - falo atendendo ela e na hora de pagar ela me dá 100,00- vou te dar seu troco - falo e ela n**a - compra uma água de coco pra você meu amor, hoje o sol tá demais - ela fala e eu concordo agradecendo Tomei bastante água e como o lanche que o Breno mandou, o sol tava quase indo embora mas a praia tava lotada, não podia perder, corri num mercado baratinho que tem a uns quarteirões e enchi meus isopores e subi o preço pra poder tirar o lucro né, tenho uma dúvida pra pagar e tenho que fazer um dinheiro Quando deu oito da noite o meu celular não para a de tocar, eu já estava cansada, minhas costas doendo, meus pés inchados e eu já estava com fome, encerrei assim que vendi as últimas três latinhas, peguei minhas coisas e fui pegar a van pra voltar pro Salgueiro, minha marquinha tá estalando, mesmo passando protetor toda hora não dava conta, me hidratei demais e tomei muito banho de mar hoje durante todo o dia, cheguei no pé do Salgueiro e tenho que subir a pé, mas como hoje foi um dia muito bom eu tenho o dinheiro pra pagar a dívida do meu pai na boca Morro hoje estava estranho, tava super lotado, muita moto subindo e descendo, mulheres todas arrumadíssimas, mas que eu saiba o baile foi ontem - bi tá onde ?- minha vida me liga assim que eu passo da barreira escutando as mesmas piadinhas de todo dia - acabei de chegar na favela - falo respondendo ele - vem aqui em casa, toma um banho e se arruma que hoje tem churrasco e bebida na praça por conta do patrão que foi solto - ele fala e eu n**o - tô desde as sete trabalhando bi tô cansada e sem um real- falo e ouço ele reclamar até me convencer ir pra sua casa pelo menos Assim que passei pelo bar estava cheio dos vapores e gerentes do morro o bk, a filha do dono e a mãe, e eu acho que o dono no meio, pelo jeito que as pessoas estão o rodeando - o filhona tenho que falar contigo mesmo e p**a do valao - a filha do dono vem na minha direção e eu já respiro fundo pra não mandar ela ir tomar no cu - quero receber meu bagulho - ela grita e eu vejo o que eu desconfio ser o seu pai nos encarando Pego o dinheiro que eu já havia separado e coloco na mão dela e na mesma hora vejo o dono do bar expulsando o meu pai que sai gritando mas para assim que me ver, todos já estão me encarando e eu já quero sumir pois sei a vergonha que eu vou passar - aqui sua filha da p**a vai pagar a minha conta agora anda- meu pai fala me empurrando pra dentro do bar e eu saio tropeçando e já me segurando pra não chorar Trabalhei o dia todo, tô exausta, chego aqui pensando que vou poder pelo menos tomar um banho, descansar seja da forma que for porque amanhã eu tenho que trabalhar ainda mais, sou obrigada a passar por isso - quanto ele tá devendo seu João ?- pergunto e todos encaram rindo com deboche - trezentos reais e eu quero receber agora - o velho fala cheio de soberba Eu tiro o dinheiro da bolsa com ódio, não sobrou nada, só o troco pra amanhã, um dia que foi tão abençoado é tão bom de vendas, acabou no primeiro lugar que eu passei, que raiva, assim eu não vou conseguir sair daqui nunca - tá aqui seu João - falo entregando três notas de cem - agora se o senhor vender qualquer coisa pra ele ou pra minha mãe, a partir de hoje, saiba que eu não tenho nenhuma responsabilidade, a dívida é dele e não conte que eu vou pagar porque eu não vou - falo alto já irritada e olho pro bk que me encara fumando um cigarro - bk eu já pedi uma vez e vou pedir a última, a dívida tá paga, não venda nada pra ele contando que eu vou assumir porque eu não p**o mais nada nem pra ele e nem pra minha mãe, ele que arque com o vício dele, nunca mais me para na rua pra me cobrar dívida que eu não comprei, e eu não consumi- encaro o seu João e todos ficam de cara feia pra mim e eu saio do bar pisando duro vendo todos me encara é só sinto um solavanco no meu cabelo - escuta aqui sua p**a você tem a obrigação de me bancar sim - meu pai me dá um soco no olho que dói muito na mesma hora - eu não tenho obrigação de nada, eu só não sai daquela casa porque vocês colocaram medo nas pessoas de me alugar o kitnet que for, mas eu não tenho obrigação de sustentar viciado e nem vagabundo, chega - grito e vejo o dono do morro se levantar de cara feia Antes que eu ouça mais gracinha eu viro as costas e subo direto pra casa da minha bi e tento não demonstrar nada pra ela - vai tomar um banho pra gente sair vai - ela fala tirando os meus isopores do braço e já colocando as cervejas que eu trouxe pra amanhã no freezer pra gelar- foi bom hoje cadê a parte pra eu guardar - ela fala empolgada e eu olho pra ela já com os olhos cheios de lágrimas e ela me encara com as mãos na cintura e eu conto tudo - aí minha princesinha, já te chamei tantas vezes pra morar aqui comigo, mas você é tão teimosa e não vem - ela fala me abraçando e eu só choro - eu tô cansada de trabalhar tanto é só receber humilhação, eu não aguento mais - falo e ela beija a minha testa - vai tomar um banho e melhorar essa carinha, pelo menos você tomou coragem e cortou as asinhas deles- ela fala e eu encaro - eu quero ver o que eles vão aprontar comigo por ter feito isso - falo e minha bi me olha preocupada - olha de coração vai lá curtir com o seu boy que estava lá no bar também de cara feia pra situação mas ele não podia fazer nada, e eu vou tomar um banho e vou pra casa - falo e ela nega - você vai dormir aqui, e eu vou pra casa do boy com ele, mas lá pra cima hoje você não vai- minha bi fala e eu concordo agradecendo Tomo um banho e lavo a roupa que eu estava usando e vou estender no varal vendo que minha vida lavou até meu uniforme, visto uma lingerie preta, um short molinho preto e um top faixa branca e subo pra vista, preciso pensar um pouco, não tô nenhum pouco legal Chego na vista e começo a chorar me sento na pedra colocando tudo pra fora, ainda bem que não tinha ninguém aqui - meu Deus porque eu tenho que sofrer tanto, por que eu não consigo sair desse lugar mesmo trabalhando tanto, eu só quero paz meu Deus, viver a minha vida sem precisar passar por isso - falo baixo conversando com Deus enquanto as minhas lágrimas caem Ouço um barulho e olho pra trás assustada mas não vejo ninguém, fico ali mais um tempo me sentindo observada, fico com medo e decido ir embora pra casa da minha vida de volta, amanhã tenho mais trabalho pra fazer, não tenho pra onde correr infelizmente
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD