2º Capítulo - Convivência

1011 Words
 Guilherme — Sua maluca! Onde você se enfiou? — Diega gritava, mas no fundo isso era apenas preocupação. — E por que você está toda molhada? — Eu pulei no mar. — O que? Ficou doida? O mar é perigoso essa hora, e você tem medo de água. Por que cargas d'água você faria isso?  — Deu vontade. — Mia deu de ombros. — Se não se importa, vou tomar banho, antes que eu pegue uma pneumonia. Ela nem esperou a resposta e subiu as escadas, a Diega deu uma crise de histeria e ficou gritando com o Matheus, que apenas a abraçou. Fui até a cozinha e encontrei a Ana bebendo um copo de suco, com um ar meio desesperado. A segurei em meus braços e suas lágrimas caíram. — Foi minha culpa, se eu não o tivesse deixado sozinho. — Dizia ela, entre soluços.  Ana tinha um irmão mais novo, de dezesseis anos, ele também quis nos ajudar. A princípio ela não deixou, mas depois de muita insistência o garoto colocou o dedo no gatilho. Ela o deixou sozinho em um beco e foi subindo mais o morro, para ajudar a Mia, e então seu irmão tomou dois tiros no peito.  — Não fique se culpando, foi escolha dele entrar na troca de tiros. A Mia precisava de você. — Foi sim, eu tinha que ter ajudado ele. Encostei meus lábios em sua testa, e aos poucos ela foi se acalmando.   Matheus  O dia seguinte amanheceu nublado e chovia bastante, por volta das nove da manhã o telefone tocou, eu já esperava notícias ruins, já que era o que mais aparecia. — Alô? — E aí irmão. — Reconheci a voz de Carter, tinha um misto de animação com angústia no tom da sua voz. — Fala Carter, e aí o que tá pegando? — Um avião irmão e você? — O quê? Mentira! — Gritei. — E o Brian, já largou a tal mulher? — Falei a última frase mais baixo, Mia ainda não tinha acordado mas todo cuidado é pouco. — Esse é o problema cara. —Porque? O que aconteceu? — Ele a pediu em casamento. Abafei um grito. — Você está bem? — Ana me perguntou desviando os olhos da tevê. — Sim, estou. — Sorri e voltei minha atenção para o telefone. — Como assim cara? E vocês vão voltar sem ele? — Mais ou menos. Conseguimos convencê-los a passar uns dias no Brasil, antes de voltarem para se casar.  — Pera aí, vocês vão trazer o encosto? — A garota é até legal, cara. Mas eu sei o quanto é barra. — Ela não vai poder ficar aqui, a Mia vai enforcá-la. — E você já contou pra ela? — Não tive coragem. — Se você não contar antes da gente chegar aí ela vai se sentir traída. — Eu sei... Quando vocês vem? — Amanhã estaremos aí. — É bom saber disso, sentimos falta de vocês. — Vou desligar, a chamada custa os olhos da cara. — Falou irmão, com Deus. Boa viagem.     Fiquei remoendo tudo aquilo até a Mia levantar, o que foi por volta das onze da manhã, esperei ela tomar café e me sentei ao seu lado no sofá.  Troquei um olhar com a Diega, que entendeu e se sentou do outro lado. — E aí, o que tá pegando? — Ela disse meio desinteressada. — Vocês estão tensos pra c*****o. — Mia, precisamos te contar uma coisa. Ou melhor duas. — Pode falar. — Bom, o Carter e a Sara estão pegando um avião pro Brasil essa noite. — O quê? E o Brian? — Mia, eu sinto muito. — Ele morreu??? — Ela se levantou gritando.  — Não! — Mordi o lábio inferior. — Mia, ele está noivo. — Como assim noivo?   — Quando ele acordou do coma, conheceu outra mulher — ela colocou as mãos na cabeça e fechou os olhos — os dois virão para o Brasil também. — Sua expressão mudou, para raiva. — O quê? E onde eles vão ficar? — Eu não sei. Ela se levantou, chutou um móvel e subiu em direção ao quarto. Eu imaginei que ela choraria horrores, mas foi melhor do que pensei. — Ela vai superar. — Diega se aproximou e abraçou-me. — Não tenho tanta certeza disso. Seus lábios tocaram minhas bochechas, em seguida ela se levantou e saiu do cômodo.   Carter  Quando atravessamos a porta da sala, me senti 50% em casa e 50% aliviado. Mas quando percebi que Mia não se encontrava junto aos outros, senti um nó se formar em minha garganta.  — Onde está Mia? — Sara pergunta, como se lesse meus pensamentos. — Não sabemos, ela saiu quando o sol ainda não havia nascido. — Matheus encarou as mãos dadas de Brian com Ashley. — Se lembra de mim? — Brian fez que não com a cabeça. — Como você tem coragem de esquecer seu melhor amigo? — Brian soltou as mãos de Ashley e sorriu, Matheus foi até ele e os dois se abraçaram. — Eu te conheço desde moleque, não me esquece vai. Ashley sorria com a situação, era uma boa pessoa, não tinha culpa de nada. E ela gostava do nosso amigo. Depois de nos acomodarmos e tomarmos café Mia apareceu, me cumprimentou como costumava cumprimentar a muito tempo, com um toque de mãos, deu um beijo na bochecha da Sara, e então, viu Brian, e Ashley. Quando Brian a viu ficou encarando-a por muito tempo, tempo o suficiente para ficar um clima tenso. — Oi, eu sou Ashley. — Ela sorriu e estendeu a mão para Mia, que a apertou com educação. — Mia Divine. É um prazer, te conhecer. — Ela deu um sorriso tão falso que meu estômago embrulhou.  Brian continuava encarando, como se sua memória estivesse voltando, mas creio eu, que jamais voltaria. — Perdeu alguma coisa? — Ela ergueu uma sobrancelha, se virou e subiu. — Você acha que ela vai ficar bem? — Sara sussurrou no meu ouvido. — Não faço ideia. 
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